Laura estava ansiosa pelo primeiro dia em que trabalharia tão perto de Ester. Ter a jovem ali, sob sua supervisão direta, seria uma excelente distração em meio às intermináveis papeladas. Mas, mais do que isso, era uma vitória. Um prazer sutil e perigoso de poder tê-la por perto. Ainda assim, manteve-se firme, autoritária, caminhando pelo prédio com seus saltos ecoando pelos corredores, anunciando sua aproximação.
Ester, por sua vez, mal pregou os olhos durante a noite. A dúvida corroía sua mente. Ainda dava tempo de desistir? Ou deveria enfrentar Laura de frente, conquistar o respeito dela e provar que não seria facilmente dobrada? Com o pensamento oscilando entre medo e desafio, levantou-se cedo, afogando-se em café para manter-se alerta. Aproveitou o tempo extra para limpar sua mesa no antigo setor e levar suas coisas para a nova estação de trabalho, estrategicamente posicionada bem em frente à sala de Laura. Ao chegar, encontrou um pequeno post-it amarelo colado ao telefone. As palavras escritas com uma caligrafia elegante fizeram seu estômago se contrair: "Estou ansiosa para trabalhar com você." No final da frase, um coração desenhado sem muito capricho. Pequeno, quase displicente, mas carregado de intenções. Ester sentiu o estômago revirar. Sua mão hesitou antes de arrancar o bilhete. O papel fino parecia quente em seus dedos, como se carregasse a intenção de Laura. Sem pensar duas vezes, amassou e jogou no lixo, respirando fundo. Precisava se concentrar no trabalho. Foi quando ouviu. Os passos. Ritmo firme, controlado, ecoando no piso como uma batida lenta e calculada. Seu coração acelerou sem permissão, e ela soube antes mesmo de levantar os olhos. Laura estava ali. Quando ergueu os olhos, encontrou a gerente já parada diante dela, observando-a com um sorriso pequeno, quase imperceptível. Ester sentiu o olhar dela passear por seu corpo, como uma avaliação silenciosa, que a fez endireitar a postura automaticamente. - Espero que tenha dormido bem - disse Laura, sua voz baixa, rouca o suficiente para soar íntima. Ester umedeceu os lábios, prendendo os dedos no tampo da mesa. - Dormi o suficiente- respondeu, mantendo o tom neutro. Laura ergueu uma sobrancelha, claramente se divertindo com o esforço de Ester para manter a compostura. - Ótimo. Quero você alerta hoje. O jeito como enfatizou “quero você” fez com que um arrepio percorresse a espinha de Ester. Ela desviou o olhar, fingindo organizar alguns papéis. - Sempre estou alerta - murmurou. Laura inclinou a cabeça, o sorriso aumentando levemente. - Veremos. Então, virou-se, entrando em sua sala com a naturalidade de quem sabia exatamente o efeito que causava. Com Ester podendo em fim soltar o ar que nem percebeu que estava segurando. A garota tentava, a todo custo, manter a mente no trabalho. Tentava ignorar a presença de Laura, o som dos saltos elegantes cruzando o escritório, o perfume marcante que parecia envolver tudo ao seu redor. Mas era impossível. Desde o momento em que entrou naquele setor, sentia-se sob constante observação. Laura não precisava dizer nada. Seu olhar falava por si. Avaliador. Certeiro. Consciente do poder que tinha. O telefone tocou, arrancando-a dos pensamentos. - Ester, venha até minha sala. Agora. A ligação foi curta. Precisa. Engolindo em seco, pegou seu bloco de anotações e foi. Bateu na porta de vidro, ouvindo a voz de Laura autorizá-la a entrar. Assim que passou pela entrada, notou como a sala parecia maior do que imaginava. Janelas amplas, móveis minimalistas e uma poltrona imponente onde Laura estava sentada, as pernas cruzadas, a postura impecável. - Feche a porta. Ester hesitou um segundo antes de obedecer. - Sente-se - Laura indicou a cadeira à sua frente, mas Ester permaneceu de pé. - Prefiro ficar assim. Um sorriso quase imperceptível brincou nos lábios de Laura. - Claro que prefere. Mas quero que sente. A ordem veio sem pressa, sem tom autoritário, mas carregada de certeza. Um jogo sutil, e Ester percebeu que já estava perdendo. Mordeu o lábio e se sentou. - Está se adaptando bem? - Laura perguntou, os olhos analisando cada detalhe de sua expressão. - Sim - Ester respondeu, tentando soar segura. Laura inclinou-se ligeiramente, apoiando os cotovelos na mesa. - Escolhi você porque confio no seu trabalho. Mas também porque sei que pode lidar com... pressão. O jeito como ela disse aquilo fez o estômago de Ester revirar. - Sei lidar com muitas coisas - retrucou, mantendo o olhar fixo. Laura sorriu. Lento. Provocativo. Por um instante, o silêncio entre elas pareceu pesado demais, carregado demais. Ester apertou a ponta da caneta entre os dedos, como se precisasse de algo físico para se ater à realidade. Laura deslizou um papel pela mesa. - Preciso que organize isso para mim. E quero que me entregue pessoalmente. Ester pegou o documento e se levantou rápido, querendo sair dali antes que sua pele entregasse o calor que começava a subir. Mas, antes que alcançasse a porta, ouviu Laura chamar seu nome. - Sim? Laura observou-a por um segundo a mais do que o necessário. - Nada. Pode ir. Ester saiu sem olhar para trás. Mas sentiu. Sentiu o olhar de Laura cravado em suas costas, como uma promessa silenciosa. Laura observou Ester sair de sua sala sem pressa, o som dos passos dela sumindo pelo corredor. Quando a porta se fechou, um sorriso quase imperceptível surgiu no canto de seus lábios. Sabia exatamente o que estava fazendo. Escolher Ester para aquela posição poderia ter parecido uma decisão racional para qualquer um de fora, mas Laura não era tola. Poderia ter selecionado alguém com mais experiência como secretária, alguém que não a desestabilizasse tanto. Mas onde estaria a graça nisso? Ela se inclinou na cadeira, passando os dedos lentamente pela mesa de madeira. Não havia nada nos papéis que realmente exigissem sua supervisão pessoal. Mas queria vê-la voltar. Queria observar de perto a forma como Ester tentava desesperadamente manter a compostura, como seus olhos evitavam contato prolongado, como a respiração dela vacilava por frações de segundo sempre que Laura se aproximava demais. Havia uma tensão ali. Uma linha tênue entre resistência e entrega. Girou levemente a cadeira, deixando o olhar vagar pela vista panorâmica da cidade através das janelas. Sabia que deveria estar focada na pilha de relatórios sobre a mesa, nas reuniões programadas para aquela semana, nos desafios do novo cargo. Mas sua mente insistia em voltar para Ester. Para o jeito que ela umedeceu os lábios antes de responder. Para o breve atraso em sua respiração quando fechou a porta. Laura gostava de ter o controle das coisas. E Ester... bem, Ester ainda não percebeu que fazia parte da distração de Laura. Laura descruzou as pernas lentamente, seus dedos tamborilando suavemente sobre o tampo da mesa enquanto aguardava. O relógio marcava cada segundo com precisão, e ela sabia que Ester voltaria a qualquer momento. O que ela não sabia, ou fingia não saber, era o motivo exato daquela impaciência dentro de si. O som firme dos saltos no corredor anunciou a chegada de Ester antes mesmo da batida na porta. Laura endireitou a postura, deixando um sorriso discreto curvar seus lábios. - Entre. A porta se abriu, e Ester apareceu segurando os documentos organizados em uma pasta impecável. A jovem manteve o olhar firme, como se tentasse provar que nada ali a afetava. Mas Laura notou. Notou a rigidez na postura. Notou a forma como os dedos seguravam a pasta com força demais. Notou como a respiração de Ester hesitou ao pisar dentro da sala, como se a atmosfera ali dentro fosse diferente. Laura adorava isso. - Aqui estão os documentos - Ester disse, sua voz controlada. Laura não respondeu de imediato. Em vez disso, levantou-se devagar, dando a volta na mesa. Parou ao lado de Ester, mas não pegou a pasta. - Quero que me explique o que organizou - disse em um tom propositalmente baixo. Ester não recuou, mas Laura viu a hesitação em seus olhos antes de desviar o olhar para os papéis. - Separei os relatórios das não conformidades por criticidade, e destaquei as reincidentes. Também adicionei os planos de ação pendentes e os prazos para cada setor responder. A voz de Ester soava profissional. Segura. Mas Laura queria testar. - Ótimo trabalho - murmurou, finalmente pegando a pasta das mãos dela. Seus dedos roçaram os de Ester, e o contato foi mínimo, quase acidental. Mas não foi. Ela sentiu. E soube que Ester sentiu também. O silêncio que se seguiu pareceu denso. Laura abriu a pasta, folheando as páginas devagar, permitindo que o espaço entre elas se reduzisse sem pressa. Não precisava olhar diretamente para saber que Ester estava tensa. - Gosto de pessoas organizadas - comentou, sem pressa. - Que sabem exatamente o que fazer. Ester manteve-se imóvel. - Eu procuro sempre fazer o melhor. Laura ergueu os olhos, encontrando os de Ester. O azul intenso carregava algo que poderia ser desafio. Ou defesa. Ambos a intrigavam. - Eu sei - Laura disse, e então fechou a pasta, pousando-a sobre a mesa. Os olhos de Ester brilharam por um instante, mas ela desviou o olhar rapidamente. Laura sorriu, satisfeita. - Tenho outra reunião agora. Mas depois quero que traga um café para mim. Na minha mesa. Foi um comando. Simples. Mas carregado de algo que ia além do tom profissional. Ester assentiu, virando-se para sair. Laura a observou caminhar até a porta, apreciando o jeito preciso de seus passos. Mas, pouco antes de Ester girar a maçaneta, ela falou novamente: - Ah, e Ester… A jovem parou. - Sim? Laura segurou o próprio sorriso antes de responder: - Eu prefiro sem açúcar. O silêncio de Ester durou um segundo a mais do que deveria. Então, ela saiu. Laura soltou um suspiro longo, passando a língua pelo lábio inferior enquanto se recostava na mesa. Aquilo ainda ia ser muito divertido. Ester soltou um suspiro pesado assim que saiu da sala de Laura. Seus ombros estavam tensos, como se tivesse segurado a respiração o tempo inteiro lá dentro. Precisava de um momento para si. Caminhou até a copa, onde o som baixo das conversas de outros funcionários se misturava ao ruído da máquina de café. Pegou uma caneca e encheu com a bebida quente, inalando o aroma forte antes de dar o primeiro gole. O calor espalhou-se por seu peito, mas não foi suficiente para dissipar a sensação que Laura deixava em sua pele. O jeito que ela falava. O jeito que ela olhava. O jeito que se aproximava apenas o suficiente para testar limites.Ester respirou fundo, tentando afastar a lembrança. Encostou-se na bancada e fechou os olhos por um instante, aproveitando a breve solidão.Júlia descobriu que Ester havia aceitado a “promoção” por acaso.Ela precisava de alguém para cobrir uma demanda urgente e, por hábito, foi direto até a mesa da garota no setor administrativo. Mas o espaço estava vazio. Nenhum sinal dos objetos pessoais de Ester, nenhuma xícara de café esquecida ao lado do monitor, nenhuma bolsa jogada sobre a cadeira.Só então se lembrou dos rumores que tinham começado a circular pela empresa na última semana.Ester tinha mudado de setor.Não qualquer setor.O setor de qualidade.O setor que agora era da Laura.Júlia cruzou os braços e sorriu de canto, uma satisfação irônica crescendo dentro dela.“Interessante.”Depois de garantir que outra pessoa assumisse sua demanda, seguiu para o setor de qualidade e, de longe, observou Ester trabalhando. A nova mesa estava organizada, cada coisa em seu lugar. A postura de Ester era firme, tentando se encaixar naquele ambiente como se pertencesse a ele.Júlia não precisava chegar perto para sentir a tensão no ar
Ricardo já estava acostumado a ser invisível.Trabalhando com TI, ninguém se importava o suficiente com sua presença, até que algo parava de funcionar. Era sempre assim. E, sinceramente, ele preferia dessa forma.A matriz da empresa era diferente da unidade onde trabalhava antes.Os corredores eram movimentados, as conversas pareciam carregadas de algo mais do que simples rotinas de trabalho. Como se sempre houvesse uma disputa silenciosa acontecendo.E ele estava ali apenas para garantir que os sistemas funcionassem.No primeiro dia, passou boa parte do tempo no departamento de TI, conhecendo os processos internos, verificando chamados pendentes. Nada fora do comum.No segundo dia, começaram os pedidos.- Ricardo, meu e-mail bloqueou.- Ricardo, o sistema caiu, não consigo acessar os relatórios.- Ricardo, esqueci minha senha de novo.Era sempre a mesma coisa.Com paciência, ele foi resolvendo um problema de cada vez. Alguns eram fáceis, outros exigiam um pouco mais de investigação,
Bruno ainda estava pensativo sobre a reunião, sobre a pequena derrota que sofreu. Sentia o gosto amargo de ter sido colocado no lugar, de ter perdido o controle da situação.Mas, antes de tomar qualquer decisão precipitada, uma daquelas que ele sabia que se arrependeria depois, pegou o celular e, digitou uma mensagem para Ester."Oi. Eu não queria ser tão protetor com você, mas algo dentro de mim passa à frente da minha razão, e eu não sei como negar ou reprimir isso..."Respirou fundo antes de enviar.O que estava tentando dizer, afinal?Ele sabia que estava exagerando. Sabia que a forma como reagiu à nova posição de Ester não tinha sido justa. Mas, mais do que isso, sabia que havia algo nele que não conseguia aceitar a ideia de vê-la tão próxima de Laura.No setor de qualidade, Ester estava concentrada em mais uma pilha de papéis quando sentiu o celular vibrar sobre a mesa. Pegou-o sem muita pressa, mas ao ver o nome de Bruno na tela, hesitou por um segundo antes de desbloquear a te
Júlia perambulava pelo prédio como se não tivesse obrigações, como se o trabalho fosse apenas um detalhe irrelevante em seu dia.A verdade? Boa parte das pessoas se perguntava como ela ainda mantinha o emprego.Mas Júlia sabia exatamente o que estava fazendo.Ela sempre soube.E agora, enquanto cruzava o corredor do RH com passos silenciosos, seu olhar estava fixo num único objetivo.Ao contrário de outros setores, onde fazia questão de ser notada, ali ela movia-se com discrição. Passou pela mesa de Letícia, vazia, como previa. Provavelmente estava em alguma reunião, o que lhe dava tempo suficiente para o que queria.Parou diante da porta do supervisor do RH e bateu três vezes.Batidas pausadas. Conhecidas.Uma voz rouca respondeu do outro lado.- Entre.Júlia abriu a porta e deslizou para dentro, fechando-a atrás de si com um clique suave.- Oi, amor - disse, um sorriso jogado nos lábios. - Estava com saudades.O homem atrás da mesa ergueu os olhos do computador, e um sorriso lento s
Ester voltou para o escritório no carro de Bruno, mas saiu antes que ele pudesse estacionar no prédio. Precisava de um momento para si, para recompor a expressão antes de atravessar aqueles corredores e encarar o que quer que estivesse à sua espera.Ainda sentia o gosto do beijo dele nos lábios.E o peso da decisão nos ombros.Já estava quase se acostumando com essa sensação, o arrependimento silencioso que vinha depois de cada escolha impulsiva. Mas saber que teria que encarar Laura pelo resto da tarde fazia tudo parecer ainda pior.Ao chegar à sua mesa, tentou se concentrar, mas o telefone tocou antes mesmo que pudesse abrir um único documento.O visor mostrava o ramal de Laura.Ester fechou os olhos por um segundo antes de atender.- Sim?Ela tentou soar neutra, mas sabia que seu tom entregava algo. Algo errado.E Laura, percebeu.- Na minha sala. Agora.A ordem veio rápida, firme, sem espaço para discussão.A ligação foi encerrada antes que Ester pudesse responder.Ela suspirou, p
Ester caminhou de volta à sua mesa sem realmente enxergar o que estava ao seu redor. Seu coração ainda batia rápido demais, o corpo carregava a tensão do que havia acontecido na sala de Laura.As palavras dela ainda ecoavam em sua mente."O que aconteceu hoje?"Ester apertou os lábios, sentindo o peso daquele olhar que parecia atravessá-la sem esforço. O pior de tudo era saber que Laura não tinha feito uma acusação direta. Não precisava. Apenas insinuava, pressionava, deixava no ar a dúvida que fazia tudo se embaralhar dentro dela.Sentou-se e respirou fundo, tentando se concentrar nos documentos à sua frente. Mas suas mãos estavam trêmulas.Ela se sentia exposta.- Precisa de um minuto?A voz veio de um ponto próximo, e Ester ergueu os olhos rapidamente, surpresa.Ricardo estava ali, encostado de leve na lateral da mesa, com uma expressão neutra, mas com os olhos atentos demais para alguém que apenas passava por ali.- O quê?Ele inclinou ligeiramente a cabeça, como se estudasse sua
Júlia já sabia há tempos que informação era poder na GT Corporation.Não importava se era um simples boato ou um fato concreto. No final, tudo podia ser usado da maneira certa para conseguir o que queria. Uma frase fora de contexto, um olhar mal interpretado, uma aproximação inesperada... Qualquer detalhe poderia se transformar em vantagem, se usado com inteligência.E, naquele momento, ela tinha em mãos algo que valia ouro.De onde estava, recostada contra a bancada da copa, no canto da sala, quase escondida, observava Ester e Ricardo sentados próximos, em uma conversa que claramente ultrapassava o simples profissionalismo.Ester estava visivelmente tensa, os ombros rígidos, os dedos inquietos sobre a mesa, a expressão carregada de algo que Júlia não via com frequência nela. Insegurança? Preocupação? Um segredo não dito?Mas Ricardo...Ricardo parecia saber exatamente como fazê-la falar.Ele mantinha a postura relaxada, um dos braços apoiado casualmente na mesa, o corpo levemente inc
Letícia estava na sala do RH, terminando a análise de registros quando algo incomum chamou sua atenção.Um pedido de análise de pessoal do setor de TI.Isso, por si só, não era estranho. A GT Corporation fazia reavaliações periódicas para garantir eficiência nos departamentos. Mas o que a fez parar foi o nome listado como possível realocação: Ricardo.Ela franziu a testa.Isso não faz sentido.Ricardo tinha sido transferido há pouco tempo e já havia resolvido inúmeros problemas técnicos que antes ficavam pendentes por semanas. Seu desempenho era excelente, e ela sabia que a matriz não estava com problemas de orçamento para justificar cortes.Curiosa, Letícia acessou os registros internos e verificou as métricas de produtividade do TI. Os números eram claros:Ricardo era essencial para a equipe.Ele não estava sobrando. Ele estava incomodando alguém.Apertando os lábios, abriu o histórico do pedido, procurando saber de onde essa solicitação havia partido.Rolou a tela com calma, seus o