O entra e sai de pessoas na sofisticada bomboniere da senhora Justine, era constante. Era a mais movimentada de Roania e famosíssima pelos seus bolos e tortas memoráveis. Inúmeras encomendas eram feitas a todo instante. Muitos clientes costumavam deliciar- se ali mesmo, mesinhas estavam dispostas para que os mesmos pudessem degustar aqueles apetitosos quitutes e passarem agradáveis momentos durante seu dia na Justine Bolos e Cia.
Era um local de muito prestígio e plenamente respeitado. Contudo algo duvidoso andava intercorrendo lá dentro que era de total desconhecimento dos outros cidadãos de Roania. A proprietária do estabelecimento iniciou uma sequente série de reuniões noturnas. Nelas costumavam estar presentes seu filho, Arnaldo. Ernesto, o coveiro da cidade. Rose, uma jovem professora de jardim de infância e Rodolfo.
Pela manhã, no templo, Ciro e Rodolfo preparavam tudo para mais uma das celebrações rotineiras. Rodolfo, como sempre não exprimia muitas palavras, desempenhava suas tarefas de modo mecânico, assemelhava-se a um robô.Ciro, inverso ao seu colega, era constantemente mais indulgente, sempre à disposição. Andava muito preocupado com o clérigo, que já não desbaratava mais sua alegria costumeira. O homem estava ofuscado por ler todos os jornais e ouvir os noticiários. Tinha grande apoquentação em relação a cidade, temia que algo maléfico pudesse acontecer.—Não fique assim, padre. Não irá acontecer nada de ruim. Tenha fé nisso. —Um misto de culpa e preocupação dominavam o cerne do jovem Ciro.
A cidade havia amanhecido movimentada. Rodolfo cursava sua trajetória habitual ao templo, quando defrontou-se com carros de bombeiros dobrando a esquina da alameda por onde ele andejava. Ele seguiu na mesma direção, quando deparou-se com a sorveteria em frente a loja de bolos de Justine, em chamas.O jovem casal proprietário do local estava ao lado de fora, olhando todo o alvoroço. Estavam desalentados, pois aquele comércio era a fonte de renda deles. Amigos tentavam aplacar-lhes ao padecimento.Rodolfo parou por alguns instantes e atentou-se a toda balburdia que acontecia por ali. Por alguns segundos viu Merônia e Maiityh saírem de dentro daquele espaço, em meio às línguas de fogo. Notou que Merônia não estava mais atadas às suas correntes. Elas eram perceptíveis apenas a Rodolfo
Ernesto já estava ciente dos acontecimentos que apontavam o início do triunfo sendo alcançado por Justine e seu filho, assim como Rodolfo. Estava ansioso por bons ventos soprando a seu favor também. Parte de seus desejos estava realizando-se. No dia posterior ao pacto, Maiityh apossou-se do princípio vital de sua esposa, Catarina. O coveiro presenciou ao momento em que o ser maligno aproximou-se da mulher e assim como fez com a jovem Kátia, sussurrou ao seu ouvido. A jovem senhora sentiu um grande mal estar e desfaleceu no mesmo instante. Ernesto acudiu-lhe prontamente, ficou um pouco assustado. Chegou inclusive a duvidar da decisão que tomou ao selar o perverso acordo. No entanto, sabia que não havia mais volta. Estirou Catarina em sua cama e ficou ali assistindo a mulher empalidecida e de lábios desidratados por mais de quarenta minutos, quando a mesma finalmente acordara. Aos
Na cidade de Roania, as notícias propagavam-se demasiadamente célere, assim como em qualquer lugar pequeno. Era de conhecimento de todos o enriquecimento do coveiro, o triste acontecimento aos pais de Rose e todos os tópicos alusivos a este grupo. Os comentários em torno desses assuntos eram geralmente de inveja, despeito ou mesmo de inconformidade, principalmente no que dizia respeito a Arnaldo. Diversos cidadãos não conseguiam conceber como ser humano como ele adquiria tantas coisas sem esforço algum. Contudo uma pessoa entre todas, não compartilhava dos mesmos sentimentos dos outros, só adquiriu enorme tristeza em seu coração. Era Pilar que através de outras amigas elucidou o namoro de Kátia e Rodolfo. O seu adorado Rodolfo. A moça ficou muito desapontada, pois além do desengano amoroso em relação ao rapaz, desmedido dissabor rompeu em seu cerne, considerava Kátia uma de suas
A vida fluía perfeitamente bem aos conluiados dos demônios. Estavam todos contentes a exceção de Rose. No entanto o mais feliz de todos era Rodolfo, que apesar de não ter exigido bens materiais, ter Kátia ao seu lado era para ele, enorme riqueza.Kátia, por sua vez, não era mais a mesma pessoa. Antes, uma garota gentil, tímida e amigável. Agora portava-se de maneira áspera, desinibida e transbordava vaidade. Dentro de casa, não colaborava com os afazeres domésticos como antes, tampouco habilitava— se em ajudar Akemi na lojinha. Preocupava-se apenas com frivolidades ou em passar seu tempo ao lado de Rodolfo.Akemi andava muito chateada com sua irmã, muitas vezes acabavam por discutir. O senhor Alcebíades estava ainda mais desolado. Logo sentiram que o namoro da garota com Ro
Arnaldo estava cada vez mais chafurdado em negócios obscuros. Tinha ao seu lado de todos os tipos de pessoas de índole duvidosa. Cada dia uma mulher diferente estava com ele ou até mesmo várias mulheres ao mesmo tempo, exatamente como ele queria. Havia noites em que ficava incalculavelmente bêbado. Sua vida resumia-se a esbórnia. Acabava de comprar um carro magnífico que custou-lhe uma razoável fortuna. Sua vida estava perfeita em sua opinião.O sujeito investia em noites de orgias extremas, não importava-se nem um pouco com a sua moral. Por vezes, ele até deleitava-seem farras desatinadas com Maiityh e Merônia. Os seres mundanos divertiam-se com a perversão humana. Ele praticava sexo deliberadamente com as sucubus, por vezes até com as duas ao mesmo tempo.O problema de Arnaldo, é
Pilar estava em seu lindo quarto que se assemelhava a uma casa de bonecas, deitada por sobre sua cama adornada de um lençol cor de rosa e inúmeros bichos de pelúcia. Ficou o dia inteiro trancada em seu aposento. Estava ainda tentando assimilar toda a fantasia que acabara de presenciar. Seus pensamentos estavam divididos em contar ou não a Ciro. Tentava livrar-se do sentimento negativo que nutriu por ele quando o mesmo declarou seu amor por ela. Um sentimento de gratidão começava a brotar em seu íntimo. Sabia que no fundo, ele era um bom rapaz. Como pude pensar tão mal de Ciro? Definitivamente ele não queria se aproveitar de mim, eu é quem sou a pessoa mais burra do planeta.Grande ímpeto dominou seu coração, levantou-se de sua cama, abandonando um pequeno urso encardido ao qual estava abraçada. Opto
Rose não estava mais aguentando o conflito de sua consciência. Além de frequentemente deparar-se com os demônios que faziam questão de sempre estarem por perto de seus discípulos. A professora não queria mais vê-los, ouvi-los ou senti-los.Estava prostrada, precisando de qualquer suporte. Resolveu ir ao templo de Cirana, talvez rezar um pouco e pedir perdão pelos seus erros. Quem sabe isso fizesse-lhe bem, foi o que pensou. Aproveitou o horário em que não haveria movimentação de pessoas por lá, pegou seu velho carro e dirigiu-se até lá. Sentiu um certo alívio ao adentrar no local. Estavam o padre, Ciro e o professor de artes marciais e ex-segurança da urna, Romualdo conversando.Rose apenas acenou com as mãos ao rapazes e sentou-se em um banco adjunto a