Aina
Mais um dia trabalhando no mercadinho da minha família. Nunca fui muito fã de ficar o tempo inteiro sentada atrás de uma caixa registradora aguardando que as pessoas fizessem suas compras, mas infelizmente era o único emprego que estava disponível no momento. Eu queria aventura, emoção e o mais importante: queria ajudar a proteger os animais que sempre admirei desde pequena. Por esse motivo, me formei em zoologia pela universidade de Nairóbi aqui no Quênia. Meu sonho de infância sempre foi ajudar na reabilitação de espécies em extinção e auxiliar com o seu retorno à natureza.
Apesar de ter passado os últimos meses enviando currículos, eu não consegui emprego nas reservas locais. Os líderes das instituições estavam em busca de pessoas competentes e com experiência na área, não estavam interessados em contratar uma recém formada que nunca tinha exercido a profissão. Então, eu permaneci em minha cidade natal, Nakuru, trabalhando em meu antigo emprego de caixa e morando na casa dos meus pais até que houvesse uma segunda opção.
O mercado de trabalho é engraçado, querem que as pessoas tenham experiência, mas ninguém se dispõe a contratar um iniciante para que ele alcance o nível de sabedoria desejado. — Enquanto eu refletia sobre a minha carreira incerta, o sino que ficava acima da porta tocou, avisando que tínhamos um cliente.
Ergui meus olhos por cima do livro de biologia que eu estava lendo e vi Kieza, uma mulher de meia idade que morava há alguns quarteirões daqui e era boa amiga da minha mãe. Ela exibia com orgulho os padrões coloridos da kanga que usava amarrada ao redor da sua cintura e tronco e seus cabelos crespos e cheios estavam presos em um coque, deixando à mostra as argolas de ouro que ela usava em suas orelhas.
—Boa tarde, Aina — Kieza me cumprimentou com um sorriso. — Ainda tem açafrão?
—Boa tarde. Está no segundo corredor, à esquerda — Sorri de volta para a mulher, que assentiu e caminhou para a sessão de condimentos.
O mercado da minha família não era muito grande, mas tinha uma extensa variedade de alimentos — o suficiente para que os moradores pudessem comprar ali sem precisarem se locomover até o bairro vizinho. A casa dos meus pais ficava em cima do estabelecimento, no segundo andar. Morávamos ali há muito tempo, desde que meus avós eram vivos. Foram eles que compraram a residência depois de muito esforço e a transformaram em um pequeno mercado com o passar do tempo. O comércio acabou se tornando a herança da minha família e também o nosso ganha pão, com o dinheiro dele consegui custear a minha faculdade e eu era grata por isso.
Embora eu gostasse de morar ali, meu coração pedia que eu fosse além. Eu queria seguir meu sonho de infância e cuidar da fauna em extinção, mas para isso, precisaria encontrar alguma coisa que deixasse o meu currículo atraente para os administradores exigentes do santuário local.
Enquanto eu me distraía com meus pensamentos, o sino tocou outra vez. Sorri ao ver meu irmão, Akin, entrando no estabelecimento com uma mochila pendurada em seus ombros. Ele era sete anos mais novo que eu e estava no último ano do ensino médio. Akin queria cursar economia para ajudar na contabilidade do nosso comércio.
—Como foi a aula? — perguntei, deixando meu livro de lado no balcão.
—Estou começando a repensar sobre a minha formação. — Ele ajeitou o óculos quadrado que usava. — A matéria de cálculos está acabando comigo.
—Não desista do seu sonho por causa de uma nota ruim. Eu era péssima em ciências durante o ensino médio. Só não deixe que a mãe veja a sua nota vermelha quando ela voltar da viagem.
Akin me deu um sorriso cúmplice e assentiu.
—Obrigado pelo conselho, vou dar descarga no boletim e falar que perdi no caminho de casa.
—Não foi o que eu quis dizer... — tentei me explicar.
—Aina, eu quero te pedir um favor — ele mudou de assunto e puxou uma das minhas trancinhas box braids. Era um gesto que fazia desde a infância.
—E quanto esse "favor" vai me custar?
—Nada... Será de graça, eu juro — ele fez uma pausa e hesitou por alguns segundos. — Só preciso que cubra o meu turno hoje à noite. Eu tenho um encontro...
—Um encontro? Quem é a doida? — brinquei, na tentativa de disfarçar a minha surpresa. Meu irmão desajeitado conseguiu chamar a atenção de alguma pessoa? Bem, eu é que não impediria esse evento raro.
Há alguns anos, criamos um horário para cuidarmos do mercado e conseguirmos estudar. Eu ficava no caixa durante a manhã e Akin assumia o meu posto do início da tarde até às dez da noite, quando estava no horário de fechar.
—Por favor, Aina... — ele insistiu.
—Está bem, pode se divertir — suspirei. — Mas também exagere, estou nova demais para ser tia.
—Nova? Você tem vinte e cinco, em breve, já está passando da idade de ser mãe.
— E o que você tem a ver com isso? Vá logo antes que eu mude de ideia — falei, irritada.
Akin me deu um sorriso e correu em direção às escadas no fundo do estabelecimento que levavam para a nossa casa no andar superior.
Fiquei em silêncio por alguns segundos enquanto as palavras do meu irmão martelavam em minha cabeça. Eu não estou velha demais para construir uma família, estou? Ainda há tempo para eu encontrar um cara legal, me casar e ter filhos, não é? Era muito difícil ter uma perspectiva do quão avançada eu estava em minha vida. Ao mesmo tempo que haviam mulheres da minha idade solteiras, também haviam algumas casadas que já possuíam uma penca de filhos.
—Aqui, querida... — Kieza chegou no balcão. Ela me entregou um pacote de condimentos e um naco de pão branco para que eu pudesse registrar.
—82 xelins quenianos — cobrei, enquanto guardava as coisas em uma sacola de papel.
—Pode ficar com o troco — a mulher me entregou 85 xelins e pegou a sacola. — Mande lembranças à sua mãe quando ela retornar da viagem.
—Obrigada, Kieza. — Sorri e guardei o dinheiro na caixa registradora.
Olhei para o relógio e vi que faltavam dez minutos para as quatro da tarde, seria terrivelmente entediante ficar aqui até às dez, mas eu não diria ao meu irmão que mudei de ideia. Ao contrário dele, eu não tenho nenhum compromisso importante então terei tempo de sobra para ficar cuidando do mercadinho.
Com um suspiro entediado, voltei a ler meu livro de biologia que contava sobre algumas espécies de aves. Estava pensando em iniciar outra faculdade no próximo semestre — talvez, me especializar em veterinária — assim, eu enriqueceria o meu currículo e teria mais opções de trabalho.
*****
Era 21h30 e nenhum cliente apareceu desde que Kieza foi embora. Estava começando a pensar que devia fechar mais cedo quando o sino tocou e um homem estranho entrou no lugar. Ele era estrangeiro, percebi pelo tom pálido da sua pele e os fios dourados que se sobressaíam em seu cabelo castanho preso em um coque samurai. O cara também tinha uma barba que parecia estar ali há mais de um mês e carregava uma expressão sombria no rosto.
Me sentindo um pouco receosa, agarrei o bastão que ficava escondido em baixo do balcão para usá-lo caso o homem procurasse encrenca. Apesar de estar um pouco nervosa, tentei manter a calma e não entrar em pânico. Meus pais não estavam em casa há alguns dias, eles saíram da cidade para uma segunda lua de mel e eu fiquei sozinha aqui, já que meu irmão saiu para o seu encontro.
Após me olhar brevemente, o homem de barba se dirigiu até o primeiro corredor onde ficavam as cestas de compras e pegou uma. Nunca vi aquele cara em toda a minha vida, mas estava claro que aquela não era a primeira vez que o sujeito vinha aqui. Ele entrava em cada corredor específico e colocava os alimentos dentro da sua cesta como se fizesse parte da sua rotina. Talvez, fosse voluntário em um dos projetos sociais da nossa cidade vizinha que enfrentava sérios problemas com a seca. Não... os voluntários estão sempre arrumados e bem vestidos. Esse homem usa roupas de segunda mão e está totalmente desmazelado com a aparência. Parece mais um caçador. Franzi o cenho ao pensar que ele podia ser um homem clandestino no país, que estava ali apenas para roubar mais animais da nossa fauna ameaçada.
Fiquei tão distraía em meu devaneio que não percebi quando o homem parou em frente ao balcão e colocou sua cesta de compras ali.
Depois de alguns segundos, o estrangeiro pigarreou para anunciar sua presença. Voltei minha atenção para ele e senti um breve arrepio quando meu olhar encontrou seus olhos cor de âmbar. Talvez, fosse o meu medo ou curiosidade com aquele rosto novo, mas senti uma onda estranha de emoções me atingindo.
Rapidamente, comecei a registrar os itens para que aquele homem intimidador fosse embora o mais rápido possível e eu pudesse fechar o mercadinho. Evitei fazer contato visual mantendo a minha atenção nas compras que eu guardava na sacola, mas podia sentir o peso do olhar daquele estrangeiro sobre mim.
—Onde está o rapaz que trabalha aqui? — meu corpo estremeceu ao ouvir sua voz grave e profunda.
—Ah... meu irmão teve um compromisso, estou cobrindo o turno dele. — respondi, com a voz trêmula pelo estranho nervosismo que eu sentia naquele momento.
O homem não disse nada, então me apressei em avisar o total das compras.
—Dois mil cento e sessenta xelins — cobrei, empurrando a sacola em sua direção.
—Está tudo aí. — Me entregou o dinheiro que havia no bolso da sua calça verde musgo surrada.
Apesar do que ele disse, ainda conferi as cédulas para ver se o sujeito não estava me enrolando.
—Sim, está — deixei escapar e guardei o dinheiro na caixa registradora. — Tenha um boa noite. — Forcei um sorriso amarelo, na esperança de que o homem fosse embora, mas ele permaneceu ali, observando o ambiente ao seu redor.
Merda, será que ele está checando para ver se temos câmeras de segurança antes de cometer algum crime?
Como se o meu pesadelo se tornasse realidade, o homem abriu o colete que usava e puxou algo dali de dentro. Meu peito congelou e minhas pernas bambearam. Prendi a respiração e me preparei para o pior.
—Coloque isso no quadro de anúncios. — Ele tirou um papel de dentro do seu colete marrom estilo pescador e eu suspirei, aliviada. Eu tenho que parar de assistir filmes de ação.
—C-claro — gaguejei. Quando peguei o papel, nossas mãos se esbarraram brevemente e um estranho arrepio percorreu o meu corpo. Engolindo em seco, me atrevi a erguer meu olhar para o sujeito e percebi que ele também estava me encarando. Nossos olhos se encontraram por um mísero segundo e eu senti meu rosto queimar.
Com um movimento rápido, o homem pegou a sacola de cima do balcão e saiu do mercadinho em passos largos, sem olhar para trás. Em todos os anos que trabalhei como caixa, esse sujeito foi a o cliente mais estranho que já passou por aqui.
Bem, ao menos, ele foi embora. — Pensar naquilo me causou um pequeno arrependimento. De um jeito estranho, eu me senti culpada por não ter sido mais receptiva com o homem misterioso. — Se bem que ele também não parecia afim de conversar.
Odiava admitir, mas eu estava curiosa para saber quem era aquele estrangeiro. Será que ele vinha aqui todas as noites e por isso conhecia o meu irmão? — Eu podia cobrir o turno de Akin na próxima noite para ver se o sujeito apareceria novamente e... não... definitivamente não! Depois desse perrengue, eu nunca mais pegarei o turno da noite, não importa o quanto o meu irmão implore ou o quanto eu esteja curiosa para tentar descobrir mais sobre esse homem rude e estranho.
Enquanto eu tentava me esquecer do último cliente da noite, lembrei que ainda estava segurando o papel que ele me deu para colar no quadro de anúncios. Curiosa para saber o que era, desdobrei o panfleto que parecia ter sido feito às pressas e li:
"Aprenda a sobreviver na Savana e conheça mais sobre a fauna da região
em um curso de biologia avançado.
Oportunidade para estudantes ou curiosos que possuem interesse no assunto.
Vagas por tempo limitado!
Interessados, entrem em contato pelo e-mail: odevoradordeleoas23cm.hotmail.com"
Devorador de leoas? Nome estranho para um e-mail de curso. E eu prefiro não comentar sobre a parte dos "23cm".
Infelizmente, ler o panfleto me trouxe mais perguntas do que respostas. — Quem está oferecendo esse curso? Será que o estrangeiro é um dos professores de lá? Não, ele parece rude demais para ensinar qualquer coisa. Talvez, só estivesse divulgando o panfleto para alguém... De qualquer forma, esse curso pode ser exatamente o que estou procurando. Sobrevivência na savana e biologia especializada na fauna local? Talvez, isso chame mais atenção para o meu currículo.
Apesar de me sentir um pouco apreensiva, deixei minha emoção falar mais alto e decidi que entraria em contato com o e-mail estranho assim que eu fechasse o estabelecimento.
Quando corri até a porta do mercadinho para trancá-la e pendurar a placa avisando que já estávamos fechados, vi Akin descer da moto de uma garota bonita com longos cabelos cacheados e roupas de couro. Ele deu um selinho de despedida na motoqueira e veio na minha direção com um sorriso tão grande que me assustou.
—Como encontrou aquela garota? — perguntei, incrédula com a pretendente que meu irmão tinha arranjado.
—Nos conhecemos no centro da cidade, mas sendo sincero, eu não faço ideia do que ela viu em mim. — Ele puxou uma das minhas tranças e entrou no mercado. — Já está fechando?
—Sim. Há uns dez minutos veio um homem estranho aqui...
—Ele te incomodou? — Akin ficou preocupado.
—Não, mas tinha um jeitão que me deixou apreensiva. Era um estrangeiro. Inclusive, ele perguntou por você.
—Ah... deve ser o Bruno — meu irmão relaxou visivelmente e me ajudou a colocar a tranca na porta.
—Você o conhece?
—Mais ou menos, ele faz compras aqui toda semana. Chega sempre alguns minutos antes de fecharmos e vai embora sem falar muita coisa. Acho que não é muito sociável, ouvi dizer que ele mora em um chalé isolado nos limites do parque de Nakuru.
—Bem, seu amigo antissocial deixou um panfleto sobre um curso de biologia. Confesso que fiquei interessada. — Fui até o balcão e entreguei o papel para Akin, que leu em silêncio.
—Eu não entendo de biologia, mas parece uma boa ideia. — Deu de ombros. — Você podia se matricular.
—Não sei... esse e-mail me parece um tanto duvidoso.
—Estamos no século 21, é difícil achar e-mails que podem ser classificados como normais. — Ele me devolveu o panfleto. — Se eu fosse você, não perderia essa oportunidade.
—Mas se eu fizer o curso, quem ficará no meu lugar enquanto a mãe e o pai não voltam?
—Posso falar com a Zuri.
—Zuri? Deixe-me adivinhar, é a sua amiga da moto?
Akin me deu um sorriso cúmplice.
—E essa Zuri não estuda?
—Ela terminou o ensino médio no ano passado. Agora está tentando entrar na universidade.
Dei de ombros.
—Fale com ela então, mas deixarei isso sobre a sua responsabilidade.
—Não esquenta, vai ficar tudo sob controle. — Akin me tranquilizou. — É melhor se matricular antes que as vagas acabem.
—Tem razão, vou tomar um banho e farei a minha inscrição. Você termina de fechar?
—Claro. — Ele sorriu e foi em direção ao caixa para fazer o balanço do dia.
Me despedi com um aceno e subi para o segundo andar.
Aina Enquanto eu deixava a água quente do chuveiro lavar o meu suor do dia, tive uma pequena recordação do rosto daquele sujeito mal encarado. Akin disse que ele se chamava Bruno... é um nome bonito para um sujeito tão estranho— pensei, distraída. Deixando minhas lembranças de lado, saí do chuveiro e me enrolei na toalha lilás e felpuda que havia ali. Como nossa casa não era muito grande, todos nós dividíamos o mesmo banheiro. Eu não reclamava, pois tinha um quarto só para mim e isso bastava para que eu tivesse a minha privacidade. Caminhei rapidamente pelo corredor estreito que levava em direção ao meu quarto e uma vez que estava dentro do
Bruno Caralho, no que eu fui me meter?— bati a porta com força e me sentei no sofá verde que havia na minha pequena sala. Minha casa não era muito grande, na verdade, estava mais para uma kitnet. Em um único cômodo havia a cama de casal onde eu dormia, um fogão, geladeira, uma mesa de bétula com duas cadeiras e o sofá de três lugares onde eu estava sentado. Não havia paredes para separar as coisas, mas a colocação dos móveis estava muito bem organizada. Eu não gostava de bagunça ou coisas fora do lugar e só estava desleixado com a minha aparência por um motivo simples: afastar a atenção das mulheres. Se elas não se aproximassem se mim, eu ficaria bem. Ao menos, era isso que eu pensava até encontrar Aina. A mulher não saía da minha cabeça
Aina Não entendi porque Bruno correu para o banheiro. — Talvez esteja com dor de barriga?— pensar naquilo me fez rir. O homem era um ignorante, mas eu precisava admitir que ele sabia cozinhar. Acho que nunca comi uma omelete tão boa em toda a minha vida, mas eu não diria isso para ele, é claro — pelo menos, não até que o homem começasse a usar alguns hábitos de boas maneiras. Terminei minha refeição em silêncio enquanto pensava em tudo que aconteceu no dia e comecei a me sentir exausta. Agora que eu estava relaxada, comecei a sentir os efeitos da longa caminhada que fiz mais cedo. Minhas pernas doíam e meus pés latejavam, eu não estava acostumada a percorrer longas distâncias a pé. Bruno estava há mais de meia hora no banheiro e eu não sabia quando ele sairia de lá, então lavei o prato que comi e resolvi deitar na cama que havia ali. Ela era espaçosa e estava forrada por um cobertor verde musgo. Como o lei
AinaFicamos em silêncio pelo resto da viagem, até que o jeep entrou em uma estrada repleta de acácias com folhas ressecadas pelo calor do verão. Assim que o veículo se estabilizou, um sol forte atingiu meus olhos e eu precisei protege-los com as mãos. Bruno deu uma breve risada com a minha reação.—É por isso que estou de óculos — concluiu. — Precisa conseguir um para você.—Acho que tinha um óculos de sol dentro da minha bolsa — recordei enquanto minhas mãos protegendo o meu rosto da claridade. — Por falar nisso, o que fez com as minhas roupas?—Pendurei no varal atrás da casa para que pudessem secar durante o dia.—Obrigada — deixei escapar. — E por falar em coisas molhadas, acho que meu celular estragou por causa da água. Poderia me emprestar o seu para
Aina —Vamos mais à frente — Bruno chamou a minha atenção e caminhou cautelosamente até o meio da pradaria, onde dezenas de cudos e gnus pastavam tranquilamente. —Nunca fiquei tão perto de animais selvagens — admiti. —Há sempre uma primeira vez para tudo. — Ele estendeu sua mão para acariciar um pequeno filhote de cudo. — O importante é não permitir que os animais te vejam como uma ameaça. Evite olhar nos olhos deles ou encará-los por mais tempo que o necessário. Concordei em silêncio. —Acho que vou precisar de um caderno para anotar essas dicas — comentei.
AinaBruno passou o resto da manhã listando todos os tipos de biomas que existiam na região e dando informações detalhadas sobre os animais que viviam em cada um deles. Fiquei aliviada por ter aquela agenda para anotar o que eu ouvia, pois meu cérebro não estava guardando nada. Eu não conseguia deixar de pensar no que aconteceu mais cedo, no fato de que Bruno já foi casado e ficava todo irritado quando mencionava a sua ex-esposa. Estava claro que ele odiava a mulher e comecei a me perguntar se ela não seria a causa do seu mau humor constante.Será que ela fez algo que o homem não gostou?Para a minha tristeza, havia uma grande chance de que minhas perguntas nunca fossem respondidas, Bruno não parecia disposto a se abrir e estava mais sério que antes.Por mais que eu quisesse me concentrar no curso e deixar de me meter nos problemas de ou
AinaObservei com medo enquanto o homem girava a chave, mas o motor do jeep não fazia nenhum som. O guepardo ainda batia ferozmente na janela ao meu lado e eu temia que aquele vidro se quebrasse a qualquer momento.Assustada, me encolhi para longe da janela e depois de mais alguns segundos o carro finalmente ligou. Bruno pisou no acelerador com força e o jeep deu um solavanco para a frente e para trás, fazendo com que a minha testa se chocasse contra o painel de plástico duro. Uma terrível tontura inundou a minha cabeça, mas tentei me manter acordada, eu não podia me dar ao luxo de desmaiar naquele momento. Quando me dei conta, já estávamos na estrada de terra e o homem ao meu lado praguejava enquanto olhava pelo retrovisor. Virei meu rosto para trás e arquejei quando vi que o guepardo estava a poucos metros do jeep, nos perseguindo a todo vapor. Ele era um animal veloz
AinaMeu ventre se apertou e minhas pernas bambearam assim que eu fechei a porta do banheiro. Deixei meu corpo escorregar até o chão e me sentei ali enquanto tentava assimilar o que acabou de acontecer. — Bruno queria transar comigo? Sério? — Por mais estranha e repentina que fosse aquela ideia, ela me deixou terrivelmente excitada. Eu podia sentir a umidade em minha calcinha aumentando conforme eu pensava no ocorrido.—Mas eu não posso ficar excitada pelo cara que tecnicamente é o meu professor, ou posso? Se bem que ele não se importou em ficar excitado na minha presença.Bruno morava sozinho aqui até eu chegar, então provavelmente ele não gostava de companhia o tempo inteiro. —Tal