Bruno
— Comprei as passagens. Pegaremos o vôo amanhã — informei Aina, que estava sentada na beira da minha cama.
— Tudo bem. — Ela suspirou e encolheu os ombros, enquanto observava as folhas das árvores através janela de vidro que havia em frente à cama.
Aina parecia chateada com alguma coisa e eu temi que fosse por causa dos últimos acontecimentos com Helena. Me sentindo preocupado, caminhei até a cama e sentei ao seu lado, deixando minha mão correr em suas costas para confortá-la.
— O que está te incomodando? — indaguei, enquanto fitava o rosto da mulher.
Aina suspirou e voltou seu olhar at&e
AinaAcomodei minha cabeça na bolsa de praia que Ivete me emprestou e suspirei enquanto sentia o sol da tarde queimando as minhas costas. Ao meu redor havia areia, vendedores ambulantes e crianças correndo por todos os lados. A batida de um funk tocava em uma caixa de som Bluetooth que pertencia a um grupo de pessoas acomodadas sob um guarda-sol à nossa frente. Um oceano azul se estendia além do meu campo de visão e o cheio da maresia misturado com o camarão que estava sendo vendido próximo dali preenchia o meu nariz. Atrás de mim erguiam-se prédios e hotéis onde pessoas da classe alta e celebridades se hospedavam. No final da areia, seguindo na direção da pista onde os veículos transitavam, havia o famoso Calçad&ati
AinaQuando chegamos em casa, encontramos Yago e as gêmeas assistindo TV. Contei a eles sobre a tarde maravilhosa que passei com Bruno — é claro, tomando cuidado para omitir alguns detalhes obscenos — e Yago explodiu em risadas quando mencionei que quase tive o celular levado.— Estou dizendo, ele era idêntico a você — repeti, com a atenção voltada para o meu novo cunhado. Eu estava sentada na poltrona, no colo de Bruno, que sorria enquanto acompanhava a conversa.— Devia ser bonito — Saori deixou escapar, e pareceu envergonhada quando notou que ouvi o seu comentário. Yago realmente não era de se jogar fora, mas na minha opinião, o prêmio de "irmão nem guindaste" definitivamente pertencia ao
AinaCerca de cinquenta horas depois, Bruno estacionou o jeep em frente ao chalé e um sentimento de nostalgia me atingiu. Parecia que ficamos fora por meses e não apenas alguns dias.Assim que desci do veículo senti o vento abafado que soprava por ali. Já estávamos no fim da tarde e o sol começava a se pôr. Corri para abrir a porta do chalé e esperei na entrada, enquanto Bruno retirava a nossa bagagem do porta malas. Quando ele se aproximou, me coloquei na ponta dos pés para lhe dar um beijo na bochecha que o fez sorrir.— Está feliz por voltar para casa? — perguntou, enquanto cruzava o batente da porta.— Estou, mas... aqui não é a mi
AinaA manhã estava quente. Bruno e eu paramos em baixo de uma árvore, no meio de um pasto de grama ressecada, onde conseguimos um pouco de sombra para descansar. Mais cedo, deixamos o jeep na beira da estrada e percorremos um longo caminho a pé para observar alguns antílopes. Agora, estávamos voltando até o carro para buscar o nosso almoço.— É impressão minha, ou a estrada parece mais distante do que eu me lembro? — perguntei, ofegante pelos quilômetros de caminhada sob o sol quente.— Já posso ver o jeep daqui. Não estamos muito longe — Bruno respondeu enquanto tirava a mochila preta que carregava em suas costas e a colocava no chão de grama ressecada. Lá dentro tinha uma garrafa d'água, um binóculo e a nova
AinaQuando estacionei na porta do hospital, desci do veículo em prantos, enquanto gritava por ajuda. Eu mal conseguia andar e fui amparada por uma das enfermeiras enquanto os paramédicos de emergência tiravam Bruno do veículo e o colocavam em uma maca.— Vocês precisam ajuda-lo... ele não pode morrer! — implorei, para um dos homens que levavam a maca para dentro do hospital.Meu desespero aumentou quando colocaram um balão de oxigênio em Bruno e outra enfermeira começou a medir sua pressão arterial. Ela fez uma careta e lançou um olhar estranho para o médico que se aproximava. O senhor de cabelos grisalhos veio ao meu encontro e perguntou calmamente o que havia acontecido. Dei um breve relato, torcendo para que ele entendesse a minha explicação, apesar dos soluços causados pelo choro. Depois d
AinaQuando entrei no quarto 91, percebi com alívio que Bruno já estava acordado. Ele se encontrava sentado na cama, com um travesseiro enorme apoiado em suas costas, enquanto assistia TV. Ao perceber que eu estava ali, seu rosto se iluminou com um sorriso que aqueceu o meu coração. Não pensei duas vezes. Corri até a cama e me inclinei para abraçá-lo. Depositei um beijo suave em seus lábios e logo me afastei para analisa-lo melhor. Parecia que tudo estava bem, a não ser a mão onde ele foi picado, que agora se encontrava enfaixada.— Como você está, Bruno? — perguntei, com a voz trêmula. Eu ainda chorava, mas agora era de alívio e alegria por vê-lo acordado.— Ficarei melhor se me der outro beijo. — Ele sorriu maliciosamente.
BrunoFiquei extremamente aflito, enquanto esperava Aina pegar o seu diploma dentro do carro. Os pais dela me encaravam de cima a baixo sem se preocuparem em disfarçar e eu não fazia ideia de como reagir.Devo puxar algum assunto ou permanecer em silêncio?— O carro é seu? — o pai de Aina perguntou, voltando seu olhar para o jeep que estava estacionado há alguns metros.— Sim — respondi. Eu estava fazendo um esforço sobre-humano para não deixar que o nervosismo ficasse nítido em minha voz. Receber a aprovação dos pais de Aina era algo muito importante para mim e eu não queria que tivessem nenhuma im
Bruno5 meses depois...Tirei a camiseta branca que eu vestia e a pendurei na cadeira livre que havia ao meu lado. Era fim de tarde, mas estava quente como se fosse meio dia. Coloquei minha câmera em cima da mesa da cozinha onde eu trabalhava, conectei seu cabo no notebook e esperei pacientemente pela transferência dos arquivos da filmagem que fiz mais cedo— eu estava monitorando a migração dos antílopes em busca de água desde o começo da estação seca e precisava enviar alguns vídeos para o editor analisar.Olhando para o relógio esportivo que estava em meu pulso, notei que faltavam dez minutos para as cinco da tarde