O sol está para se pôr. A maioria dos visitantes já foi embora e os que ficaram se despedem de Aislan e Skoob. A porta da varanda da vizinha está fechada. Aislan lamenta por Luna estar lá trancada com a víbora em forma de gente. Ele não entende como uma pessoa pode ser tão egoísta, furiosa e curiosa também. É muita coincidência ela estar colocando o lixo pra fora bem na hora que ele está para adentrar a casa... Ou não?
— Skoob, eu não consigo entender qual é dessa mulher. Ela demonstra me odiar, mas não perde uma chance para ver o que estou fazendo. Bisbilhoteira e fuxiqueira. Deve estar falando mal de mim nas redes sociais. Ela não sai da frente das telas. Quando não é no notebook é no celular. Ela deve estar com os dedos duros de tanto escrever fofocando sobre mim, mas deixe estar. Eu vou fazer só um teste. Se ela continuar a me vigiar, ela vai ter o que merece... Um presentinho de boas-vindas...
Com o seu plano em mente, Aislan adentra a casa e saí abrindo todas as janelas. A casa está um forno por ter passado, bem dizer, o dia todo fechada. Ele mantém as luzes apagadas só deixando acesa a do banheiro onde toma um banho gelado e demorado. Ao sair do banho ele passeia pelos cômodos, acende as luzes e finge procurar por algo. Como esperado, a vizinha está andando pela casa, falando ao celular e de segundo em segundo olha pela janela de cada cômodo, o observando. Vendo que ela cairia na armadilha, Aislan novamente apaga as luzes de toda a cada com exceção da sala onde ele inicia uma série de exercícios físicos. Não deu outra e a vizinha senta-se no sofá colocando o notebook em seu colo.
— O show vai começar.
Como quem não quer nada, Aislan continua a se exercitar, mas em certo momento ele se retira da sala. As luzes dos outros cômodos permanecem apagadas. Na casa ao lado, a vizinha se divide em observar a tela do notebook e a olhar pela janela. Tudo vai bem. Aislan está sem camisa, mas está vestindo uma bermuda branca. Tudo certo. Ele volta para a sala e a levantar os pesos. Skoob está na cama, dormindo, vencido pelo o cansaço. Aislan resolve ligar o som e verifica se a vizinha está a lhe observar... Sim! Ela está! Disfarçando, mas está. Ele também disfarça e se abaixa. Acho que para soltar os pesos, não? Não! Ele se abaixa e quando se levanta está totalmente nu. A vizinha ainda não percebeu, mas ele insiste e leva uma boneca inflável, o tal presente deixado por Henrique, lembram-se? Até o batente da janela. Ali ele inicia os atos libertinos com a boneca.
A vizinhança está silenciosa. Os quiosques já foram fechados e o único som ouvido é da respiração ofegante e exagerada de Aislan. Claro! Ele quer chamar a atenção e chama. Em instantes a vizinha crava seus olhos na imagem mais horrenda que já vira em sua vida: O vizinho tendo relação com uma boneca horrível, diga-se por passagem. Aislan ainda provoca ao ver que ela está observando e solta palavras hediondas e palavrões obscenos. A primeira reação da vizinha é de fechar as cortinas. Do outro lado, Aislan ri comemorando a vitória e joga a boneca de lado. Sua excitação era tão falsa quanto a boneca. O intuito era apenas de provocar. De certo que ele pensou no grupo de amigas que encontrara pela manhã para o amiguinho poder levantar, mas a sede de vingança falava mais alto do que a libido.
Naquela noite a vizinha se recolheu mais cedo. Ao menos foi o que Aislan imaginou. As luzes foram todas apagadas, as janelas fechadas e nem pelas brechas destas fora vista a iluminação vinda do notebook...
— Bingoooo! Medalha de ouro para o melhor! Troféu unânime do Oscar para o melhor ator protagonista! Eu sou foda! Eu sou um gênio! — gritou ele comemorando.
Enquanto Aislan se joga no sofá vestindo a sua roupa. A vizinha tenta dormir, mas sem sucesso.
Por fim a noite se passa. De um lado a vizinha atribulada por um insistente pesadelo e pelo o outro lado ela se passa relaxante e com o gostinho de vitória onde Aislan comemora...
Segunda-feira. O dia já amanhece com alta temperatura. Aislan, aproveitando o bom humor e ainda querendo provocar, levanta mais cedo e faz uma série de alongamentos na beira do lago, se preparando para a corrida matinal. Skoob dorme na varanda. Na casa ao lado, a vizinha que ainda não dormiu e ainda está possessa, se atreve a olhar pela janela e vê Aislan, sem camisa, correndo em volta da lagoa. Tomada de raiva ela decide ir tirar satisfações com o vizinho pervertido. Luna a acompanha lado a lado mesmo seu instinto querendo correr até Skoob para brincar. A cara feia da dona lhe causa medo, então é melhor obedecer. Ao ver a vizinha se aproximar da cerca, Aislan caminha até ela com o sorriso mais irônico que talvez ele nunca tenha dado em sua vida. A vontade dele é de gargalhar, mas se controla e procura ser gentil, ao seu modo, claro.
Já é noite e de volta a vila, Aislan estaciona o seu carro no jardim e se dirige para a casa de Catléia ao perceber que as luzes estão acesas e ao imaginar que ela provavelmente esteja acordada. Ele toca a campainha. Dessa vez ela demora um pouco mais para abrir a porta...— Oi! Você veio pegar a foto? Está aqui.— Oh, não. Desculpe, mas eu tomei a liberdade e procurei por fotos suas na internet, quer dizer, do gato e encontrei essa aqui.Aislan entrega uma cópia da foto para ela que observa já com os olhos a lacrimejar. Bom dia! Bom dia e o que temos pra hoje? Um Aislan tomando seu desjejum de um lado e uma Catléia dormindo do outro. Terça-feira, mais um dia quente, trinta graus na sombra às nove da manhã. Aislan já fez sua corrida matinal. Já alimentou Skoob e retirou a sujeira dele deixada pelo jardim. "O que fazer agora?" Pensa ele. Sem opções ele decide dar uma volta pelo bairro em busca de pistas que o levem ao gato. Já perto do horário de almoço ele retorna para casa e se depara com Catléia deitada em uma rede, do lado externo da casa, com Luna deitada no chão ao seu lado e com o notebook em seu colo.— Nada?— Infelizmente não! Domingo. O dia amanhece com recorde de temperatura. Dez horas da manhã e os termômetros marcam 32° graus. Aislan com certeza vai tentar uma aproximação com Catléia esperando ver no que dá, campainha acionada. Luna late. A porta se abre. Catléia vestida num vestido longo, amarelo florido.— Oi! Bom dia Aislan!— Bom dia!— Alguma novidade? Tem pistas do meu gato?— Infelizmente não. Por isso eu estou aqui. Amanhã eu vou embora e eu ficarei bem chateado se não encontrar o Finn.<Capítulo oito:
Capítulo nove:
Minutos depois é Catléia quem saí com o celular e o seu notebook nas mãos. Ela chama Luna a aguardando passar, tranca a porta e acompanha o vizinho medroso.— Você vai mesmo lá?— É claro que vou. Aislan, não tem nada naquele telhado. Dias antes de você chegar eu e a dona da casa fizemos uma bela de uma faxina. Só tem caixas e bugigangas lá. O barulho deve ser da janela que nos esquecemos de fechar.— Um sótão?— Sim, um sótão. Nada demais.
Aíslan sai esbarrando nos móveis tentando chegar à mesa de centro onde também deixara o celular e as lanternas. Catléia ri a cada batida. Finalmente ele encontra o celular e logo senta na poltrona almofadada onde deixara o vibrador. Ele coloca pilhas em uma das lanternas e clareia a sala. Catléia vai até a sala de visitas e senta-se no sofá ao lado da poltrona.— Obrigado Aíslan!— Por nada. Que se faça a luz.— Não é por isso. É pelo Finn. Se não fosse o seu medo nós não teríamos o encontrado a tempo. O assunto deixa Catléia tensa.E Aislan insiste a deixando mais desconfortável.— Ok! Mas quanto à pergunta! Você falou que não e eu não acredito em você.— Isso é irrelevante. Quer mudar de assunto, por favor?— Por que está ficando nervosa? Qual é? Falar de sexo não é mais um tabu. E eu não vou sair por aí te difamando. Relaxa e responde vai?— Eu já respondi. Catléia revira os olhos e instintivamente repara no volume avantajado por debaixo da cueca samba canção.— Isso é melhor do que assistir filme pornô. É sério. Ler é mil vezes mais excitante. Sei lá. Talvez por causa do desafio de imaginar a cena. A gente tem o controle das escolhas. Escolher como são os personagens, as roupas que eles usam, o lugar, a maneira como tudo acontece. Isso é demais.— Já terminou?— Não! Eu estou muito excitado.Agora eu quero ver se você está.Capítulo doze:
Capítulo treze: