SLAVES TO LOVE
SLAVES TO LOVE
Por: Rafael Zimichut
Prólogo

Ela simplesmente fez meu outro mundo virar do avesso completamente da forma como fazia amor comigo, amor não, como ela fodia selvagemente comigo, literalmente, entre nós não era algo que podemos dizer, convencional, era puramente carnal, queríamos foder um com o outro nos limites que um ser humano poderia aguentar.

     E assim fizemos.

Era o que eu, T. tinha falado para mim mesmo quando me olhei no espelho pela primeira vez naquele quarto de motel e percebi na loucura que tinha feito.

     Na loucura que ‘tínhamos’ feito...

      Porque loucura?

      Sim, parece realmente loucura, e vocês verão que realmente foi uma na mais completa e literal forma de dizer e interpretar cada ato que tivemos juntos, algo que geralmente alguém como nós jamais teríamos coragem, ou motivos para fazê-lo, foi algo maior do que nós, uma atração irrefreável e impulsiva que sentimos um pelo outro, impossível dizer não ao que queríamos fazer.

Éramos casados, e muito bem casados, diga-se de passagem, com pessoas que verdadeiramente amávamos e somos loucamente apaixonados por nossos cônjuges, temos filhos, carreiras... (eu um respeitado oficial na Marinha Norte Americana e aspirante a escritor nos raros momentos de folga – quando não estou em missão – e ela trabalha como enfermeira em um consultório), coincidentemente, duas profissões que, devido suas vestimentas, sempre são alvos de fetiches, mas quero deixar bem claro que em nenhum momento foi isso que aconteceu entre nós, não era um fetiche de Farda X Jaleco de Enfermagem, era corpo x corpo, alma x alma e prazer x prazer.

     Nunca foi porque isso (o sexo no caso) nos faltava dentro de casa, não, felicidade era algo presente para nós dois, um mundo razoavelmente perfeito, mas tínhamos um outro mundo dentro de cada um de nós que ressoou quando nos falamos pela primeira vez.

     E simplesmente tudo inevitavelmente aconteceu.

     Existe um porque (como tudo nesta vida), mas não existe explicação para o que vivemos e fizemos, eu simplesmente me vi preso naqueles olhos verdes flamejantes, desejando ardentemente penetrar neles da mesma forma que penetrei em seu corpo nu o mais profundo que alguém poderia nos sonhos de alguém, e ela me engoliu como ninguém jamais foi capaz de fazer.

      E por incrível que pareça, gostava muito disso.

      Não nos conhecíamos pessoalmente, até então, mas era como se uma outra parte de nós mesmos, que nunca falamos para ninguém, tivesse, de repente, despertado, uma sintonia que aconteceu para os dois em uníssono, como se nossas almas tivessem saltado do corpo e finalmente se reencontrado em outro lugar esperando por aquele momento por toda uma eternidade.

    

Talvez você não saiba, (da mesma forma como eu fingia não saber), mas dentro de nós existe um lado selvagem, algo oculto que você esconde por medo de soltar e machucar as pessoas e, principalmente, se machucar, porque é algo tão intenso o que você deseja que convencionalmente assusta as pessoas, algo tão selvagem que ninguém irá domar, algo que somente uma única pessoa consegue despertar e não tem a menor intenção que você pegue leve, não, ela quer que você vá com tudo porque não há limites dentro dela também.

     Ela sabia que isso era um jogo muito perigoso, um caminho que jamais poderiam voltar atrás.

     Ambos sabiam...

     Mas eles queriam o perigo deste outro mundo, deste e de qualquer outro mudo em que pudessem viver aquilo da mesma forma que viveram.

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