Antes de embarcar, mando uma mensagem para a Kim avisando que estou indo para a casa da minha mãe e pedindo que não conte ao Adam para onde fui. Também aviso a Hadja que estarei ausente por alguns dias, pois irei para a Espanha ver minha mãe. Deixo claro que ela estará responsável pelo café e pela confeitaria nesse período. Em seguida, informo minha terapeuta e a diretora do orfanato que precisarei de um tempo de afastamento.
Ao embarcar no avião, me acomodo no meu assento ao lado da janela. Enquanto olho para a pista escura, sinto como se toda a vida, alegria e sonhos tivessem sido arrancados de mim.
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Depois de quase quatorze horas de voo, desembarco. Assim que peg
Acordo e me sento rapidamente na cama. Olho para os lados e vejo que apenas a luz do abajur está acesa. Me levanto, pego a minha bolsa que ficou ao meu lado, do mesmo jeito que deixei, pego a caixa do aparelho, a abro, pego o manual de instruções e começo a lê-lo. Ando até a penteadeira e me sento, tentando ficar relaxada. Tiro o aparelho da caixa e o ligo, começando a medir a pressão, como está escrito no manual. Ela está um pouco alterada, então pego os meus remédios, coloco-os no bolso e abro a porta. Caminho pelo corredor e encontro Estevam no notebook na sala de estar, com mamãe ao seu lado, tomando um chá. Caminho até eles e, quando percebem a minha presença, olham para mim.— Você acordou! — mamãe diz, e eu sorrio, me sentando ao seu lado.
Fico pensando no que ouvi e sobre o que a Kim disse. Me levanto e saio do quarto. Assim que passo pela sala, vejo Estevam sentado no sofá assistindo TV. Me sento na poltrona.— Cadê a mamãe?— Ela foi deitar, estava te esperando até agora pouco.— Me desculpem, eu não estava com cabeça para conversar.— Entendemos, mas saiba que nós nos preocupamos com você e estamos dispostos a te ouvir se precisar — ele diz e sorri. — Como foi o seu passeio hoje?— Fui para Nerja, uma cidade litorânea linda.— Sim, é linda mesmo! As praias são belíssimas e tem o Atalay
O Adam está de um jeito que é de sentir pena, nunca o vi dessa forma. Mas também não posso passar por cima da vontade da minha amiga e dizer a ele onde ela está, se nem mesmo a mãe dela disse onde, quem sou eu para falar? Só preciso respeitar, mesmo sabendo que ela deveria dizer logo a ele e resolverem essa situação o mais rápido possível.Saio do banheiro com a Nate no colo e, como sempre, ela perguntando pela dinda dela. Sempre respondo que logo ela volta e vem vê-la. Meu celular acende e vejo que é uma mensagem da Lunna. Coloco a Nate em cima da cama, seco direitinho, visto sua fralda e roupinha, já que aqui começou a esfriar, e lhe entrego seu brinquedo. Ela começa a brincar e conversar com ele. Pego o meu celular e abro a mensagem.De Lunna: Kim sai do meu quarto e me levanto, minha cabeça parece que vai explodir de dor. Vou até o banheiro e fecho a porta. Me olho no espelho e estou um trapo! Escovo os meus dentes, tiro minha roupa e a jogo no cesto de roupa suja. Vou para o box, ligo a água, controlando a temperatura, e quando vejo que está gelada, me enfio embaixo dela, deixando a água fria levar a ressaca e a dor que está acabando comigo.••••♥•••••Me sento na cadeira. Nate está sentada na cadeira dela, comendo uma maçã amassada. Ela me olha e sorri com a boca suja. Pego o guardanapo e a limpo. Ela brinca de aviãozinho com ela mesma e eu sorrio. Kim coloca um comprimido e um copo de água na minha frente e volta para o fogão. Tomo o rAdam Fiore.
Após comer, abro a minha bolsa, tomo meu remédio e saio do restaurante. Começo a andar e acabo em um parque. Me sento em um banco e o sol está uma delícia. Vejo umas crianças ao longe brincando e meus olhos se enchem de lágrimas.— Lunna? — congelo no lugar ao ouvir aquela voz. Me viro devagar, olhando na direção que me chamam, e quem vejo me surpreende.— Romolo!— Tudo bem? — ele diz, e eu limpo minhas lágrimas. O que ele quer? Está louco de me tratar tão bem assim?— O que você faz por aqui?— Vim passar uns dias com minha irmã em outra cidade, e você?— Sua irmã? Ela está aqui?— Sim, foi comprar algo ali naquela loja.<
Abro os olhos e vejo um teto branco. Movo a cabeça lentamente para o lado e observo várias máquinas, percebendo que estou em um quarto de hospital. Mas o que aconteceu? Tento me sentar, mas não consigo. Meu corpo está pesado, como se algo estivesse me segurando na cama, e essa sensação é horrível. Minha garganta está seca, e não consigo engolir. Sinto uma vontade imensa de chorar. O que houve? Onde está minha filha? Meu marido? Uma lágrima escorre pelo meu rosto.Mexo a cabeça lentamente e olho para frente, onde vejo a porta do quarto. Quero gritar, levantar, quero entender o que está acontecendo. Então olho para minha barriga, e o desespero me atinge. Não vejo minha barriga de grávida. Tento me levantar de novo, mas é inútil. Meu corpo é como chumbo. Começo a chorar, desesperada.Não sei por quanto tempo fico ali sozinha, chorando em silêncio, sem ninguém ao meu lado.— Olha quem acordou! — A voz surge de repente, e percebo uma enfermeira bem na minha frente. Eu estava tão distraída
Respiro fundo, fecho os olhos e confirmo com a cabeça.— Quando chegou ao hospital, a senhora estava inconsciente. De acordo com o que nos foi relatado, caiu da escada. Consegue se lembrar de algo?Balanço a cabeça em negação, incapaz de recordar qualquer coisa.— É normal não lembrar agora, mas acredito que, com o tempo, as memórias possam voltar. Voltando ao início: a senhora chegou aqui inconsciente devido a uma queda, que causou um traumatismo craniano. Isso levou a um coma de três semanas. Uma das vértebras rompeu, resultando na perda de sensibilidade e movimentos abaixo do quadril.Enquanto ele falava, sinto uma dor incomum no peito.— Houve também um deslocamento da placenta, o que causou a morte do bebê que a senhora esperava. Ele ficou muito tempo sem oxigênio. Sinto muito pela sua perda.Olho para ele, incrédula, e me viro para encarar minha sogra, que está tão devastada quanto eu. As lágrimas escorrem pelo rosto dela. Volto a atenção para o médico.— A dor de perder um filh
Minha vida não é fácil. Sinceramente, estou pensando em desistir dos meus sonhos. Não quero deixar mamãe e vovó sozinhas. Naquela noite terrível, perdi minha irmãzinha e meu pai. Sei que ele estava apavorado com tudo o que estava acontecendo, e foi muito difícil, mas a vovó está conosco, nos ajudando em tudo. Ela tem sido a nossa base.O homem que era meu agressor foi preso meses depois e condenado à prisão perpétua. Outros abusos foram descobertos, e até que ele matou algumas pessoas. Também contabilizaram como tentativa de homicídio o que ele fez com minha mãe e como assassinato o que fez com Milena, além de nos causar danos psicológicos. Após um tempo, a vovó descobriu que ele foi queimado vivo na cadeia.Depois disso, saímos de Cuba e agora moramos em Granada, na Nicarágua.Olho mais uma vez para o papel em minhas mãos e sinto minhas pernas bambas. Se eu não estivesse sentada agora, estaria de cara no chão.— E aí, Luna? Você não abriu ainda? — pergunta a Sr.ᵃ Salinas enquanto lim