— Te amo, abuela, e te amo, mamá — digo em nossa língua materna, fazendo com que ambas me olhem com espanto. Mas logo sorriem. Me afasto e caminho até o portão de embarque, respirando fundo, deixando para trás as pessoas mais importantes da minha vida e indo em busca de uma vida melhor para elas.
Olho para trás uma última vez e ambas acenam em despedida. Ando até onde preciso fazer o check-in e começo os procedimentos para entrar no avião. Passo pela inspeção e segurança, me dirijo ao portão de embarque. Com o cartão de embarque em mãos e a mochila dentro das normas da companhia aérea, concluo a vistoria e já tenho acesso imediato à área de embarque. Verifico mais uma vez o horário e o portão de embarque nos monitores espalhados pelo aeroporto, pois sei que tanto o horário quanto o portão podem mudar a qualquer momento. Isso seria trágico, pois é a primeira vez que viajo sozinha.
— Atenção, senhores passageiros! Esta é a última chamada para o voo para Boston. Caminhe até o portão de embarque AL 3679, com conexão em JFK, Nova York.
Ouço a chamada novamente e acelero o passo. Assim que chego à sala de embarque, verifico o portão do meu voo para garantir que estou no lugar certo. Agentes de terra explicam como será o embarque e os grupos prioritários. Olho para o meu cartão de embarque, conferindo a identificação do meu grupo e o horário de embarque, além de verificar o tempo de voo. Mamãe disse que a separação por grupos facilita o embarque, ajudando a formar filas menores, então aguardo meu grupo ser chamado.
Não demora muito. Entrego o cartão de embarque e o documento de identificação a uma jovem que sorri gentilmente após analisá-los.
— Tenha um ótimo voo! — ela me entrega os papéis novamente.
— Muito obrigada! — sorrio e sigo pelo corredor de vidro, vendo vários aviões estacionados. Eles são enormes.
— Uau! — olho para o lado e vejo um garotinho de mãos dadas com sua mãe. — Eles são enormes, mãe! Os aviões são tão grandões!
Ela sorri com a empolgação dele.
— Eles são, sim, Mattheu. Agora vamos, senão vamos perder o voo. — Ela diz, e ele sorri animado.
Volto minha atenção para o corredor e, ao chegar à porta do avião, apresento novamente os papéis em minhas mãos e sou liberada para entrar. Estou um pouco perdida, então me aproximo de uma comissária de bordo.
— Olá, tudo bem? Bom dia! Poderia me ajudar a encontrar meu lugar? — pergunto.
— Olá, claro! — ela diz, entregando o papel a mim. — Venha comigo, por favor! — A sigo e caminhamos até o fundo do avião. — Os assentos são identificados por número e letras que ficam na base do porta-malas — ela indica com a mão. — O número marca a fileira em que você está sentada, e a letra representa a posição do assento: janela, meio ou corredor, dos dois lados. Acima de cada fileira, há uma identificação da localização do assento. Basta seguir o desenho e sentar. Se tiver alguém no seu lugar, fale com a pessoa ou avise o comissário de bordo. — Chegamos ao meu assento e não havia ninguém lá. — Após localizar seu lugar, use o bagageiro acima para colocar sua bagagem de mão. Sua bolsa ou item pessoal deve ficar embaixo do assento à sua frente, perto dos seus pés.
— Muito obrigada pela ajuda! — sorrio para ela, que retribui o sorriso.
— De nada, e se precisar de algo, me avise novamente. Sei que será um longo voo! — concordo com a cabeça, e ela se afasta. Coloco minha mochila ao lado dos meus pés.
— Bom dia, queridos passageiros, aqui quem fala é o comandante, e serei responsável por este voo. Sejam bem-vindos! Este voo tem como destino Boston. Apertem os cintos e, em alguns minutos, o comissário começará a dar as instruções de segurança.
Assim que ouço o aviso, sinto um friozinho na barriga e faço o que me mandam. As instruções são passadas de forma bem simples.
Após as instruções, levanto a cortina da janela e me preparo para a decolagem. Sentir o avião saindo do solo é indescritível. Tento aproveitar cada segundo, mas acabo fechando os olhos e me segurando firme no assento. Quando finalmente os abro, olho pela janela e vejo a cidade ficando pequenininha lá embaixo. É realmente emocionante! A cidade que me acolheu está ficando para trás. Agora, estou indo para longe, deixando meu coração aqui com minha mãe e minha avó. Abro minha bolsa, pego meu livro e começo a estudar.
Depois de algumas horas de voo, olho pela janela e vejo o pôr do sol. A vista daqui de cima é ainda mais linda! Pego meu telefone, coloco os fones de ouvido e começo a ouvir minhas músicas favoritas. Estava esperando por outro grande sucesso, mas fico surpresa ao ouvir a voz de minha mãe. Olho para o celular e vejo ser um áudio dela.— Hola, mi amor! (Olá, meu amor) Me desculpe por te incomodar enquanto você ouve suas músicas, mas vim aqui para te agradecer. Obrigada por ser a melhor filha do mundo, por estar comigo todo esse tempo, por se preocupar comigo e por nos ajudar tanto! Obrigada, minha filha, por seguir seus sonhos e não desistir de si mesma! Me perdoe por não ser a melhor mãe do mundo, por não ter te protegido quando você precisou… — a ouço chorar e meu coração aperta. Como ela pode pensar isso? — Você é forte, guerreira! Quero que saiba que sempre estarei aqui para você. Te amo, minha filha, e sou muito grata por ser sua mãe. Agora, espero de todo o coração que você alcan
Chego a Boston e descubro que eu e Kim ficaríamos na mesma hospedagem. Foi maravilhoso! Embora em prédios diferentes, seremos vizinhas. Fomos até o prédio da diretoria para resolver o que era preciso. Kim me acompanhou até o local em que eu moraria no campus e, depois, seguiu para o dormitório dela, que ficava em outra área. Fico parada olhando para aquele prédio cinza espetacular, que é bem grande. Inalo profundamente, olhando para o papel nas minhas mãos que indica o andar e o quarto para onde vou. Sigo até as portas duplas, insiro a senha no teclado e as portas se abrem.Entro e, no saguão do prédio, há alguns sofás e mesas, que imagino serem para estudarmos. Ando até o elevador e aperto o botão. As portas se abrem e entro, seleciono o andar e o elevador sobe tocando uma música alegre. Quando paro no meu andar e saio, o corredor está bem silencioso, para o horário. Ainda não são nem 20h, e nunca havia visto um campus tão tranquilo como esse, embora só tivesse visto em filmes.Passo
— Vem, Lunna! — Kim grita, me chamando. Caminho até ela, e é quando ele me olha. Seus olhos vão da minha cabeça aos pés, me fazendo me sentir ainda mais deslocada. — Mano, essa é a minha amiga Lunna Rivera, nós nos conhecemos no avião.— Uau! Muito prazer, Lunna Rivera! — ele diz, estendendo a mão. Assim que a pego, ele dá um beijo na minha mão, e seus olhos nunca saem dos meus. Acho que vou ter um treco, meu coração está disparado.— O... o prazer é meu! — digo, gaguejando, e ele sorri.A conversa continua, com ele me apresentando algumas pessoas e Kim fazendo o mesmo. Mas, sempre que nos afastávamos, nossos olhares se cruzavam. Eu nunca havia bebido na vida e, naquela noite, também não seria diferente. Continuei tomando meu refrigerante, tentando manter a calma.De repente, ele se levanta e se aproxima, e cada passo dele parece fazer o meu coração acelerar ainda mais. O ar parece me faltar.— Vem, quero te mostrar uma coisa — ele diz, parando na minha frente e estendendo a mão. Olho
Estamos todos reunidos para auxiliar a instituição Viver Sempre, uma organização não governamental que ajuda crianças carentes, e a nossa faculdade estava arrecadando dinheiro, alimentos, produtos de higiene, entre outras coisas essenciais para que pudessem cuidar dos pequeninos. Claro que muitos estão indo apenas ganhar um ponto na matéria de que estão precisando, mas isso é tão legal e eu amo participar desde que cheguei à faculdade. Eu e as meninas nos voluntariamos para ajudar, então havia várias pessoas vestidas de palhaços, bailarinas, bonecas e alguns como personagens do Mágico de Oz.— Hey! Está no mundo da lua, é? — Kim me pergunta, e Keké e Jully me olham. Estamos sentadas na grama, debaixo de uma árvore enorme, esperando o orientador das nossas turmas.— Não! Estava me lembrando de algumas coisas, e já faz dois anos que nos conhecemos. O tempo voou!— Sim, é verdade! Vocês são as minhas best e não quero me esquecer de vocês nunca! — Kim fala, e sorrimos. Começo a sentir um
Perdi-me nos pensamentos até alguém tocar no meu ombro. Olhei e o rapaz estava me oferecendo uma toalha. Ele a colocou sobre a mesa diante de mim.— Obrigada! — falei, pegando a toalha para secar meu cabelo e braços. Ele se sentou na minha frente, olhando também pela janela. Eu realmente precisava ir ao banheiro conferir minha situação.— Já volto, com licença — falei, levantando. Ele fez um gesto afirmativo com a cabeça e se levantou também, me deixando seguir em direção ao banheiro.Entrei e me olhei no espelho. Me assustei: minha maquiagem estava toda borrada, parecia o Coringa com gripe. Coloquei a toalha sobre a pia e liguei a torneira, lavando o rosto, tentando tirar o que ainda restava de maquiagem. Após limpar o rosto e secá-lo com papel, soltei o cabelo e comecei a secá-lo com a toalha. Olhei para o secador de mãos na parede e tive uma ideia. Caminhei até ele, me abaixei e coloquei a cabeça embaixo do secador.— Assim é bem melhor!Após secar o cabelo e tentar secar meu vesti
Já haviam se passado alguns dias, na verdade, meses. Eu e Romolo estamos nos divertindo muito, sempre nos encontramos para conversar e, na semana passada, rolou um beijo. Não foi o meu primeiro, mas me senti nas nuvens e acho que toda aquela paixonite boba pelo Adam está se esvaindo, esse que não vejo há um tempinho.Estou indo me encontrar com ele na nossa cafeteria. Claro, não é nossa, mas se tornou o nosso ponto de encontro. Vamos jantar com a sua família. Assim que chego, o vejo sentado na mesinha ao lado de fora do estabelecimento. Ele está com os cabelos bagunçados, uma calça jeans, camisa polo branca e um sapatênis, além de um buquê de flores em cima da mesa.Respiro fundo e volto a caminhar, já que parei para admirá-lo. Paro ao seu lado e toco em seu ombro.— Oi! — digo sorrindo, dou um passo para trás e ele vira, se levantando.— Está esperando há muito tempo? — ele me olha e faz um carinho em meu rosto. Fecho os olhos, apreciando este gesto, e, quando os abro, ele está me ol
— Nada de senhora, pode me chamar de Helena — ela diz e sorri. — Venham, vamos nos sentar. Lucille está quase pronta e George está no escritório resolvendo algo sobre o trabalho.Caminhamos até o sofá e nos sentamos. Não demora muito e uma moça de cabelos encaracolados e loiros aparece na sala. Ela vem até o irmão, que se levanta e a abraça, depois faz o mesmo comigo e ele nos apresenta.— Me desculpem a demora — um senhor alto, cabelos grisalhos e olhos cor de mel entra sorrindo. — Achei que seria rápido, mas falhei.— Tudo bem, querido — Helena diz e ele caminha até nós. Romolo se levanta, cumprimentando-o com um aperto de mão e um abraço.— Pai, esta é a Lunna — ele diz, me olhando e sorrindo.— Ah, então esta é a garota? — ele me estende a mão para me cumprimentar e faço o mesmo. — Aperto de mão firme, gostei! — sorrio e soltamos nossas mãos. Me sento novamente, ele caminha e se senta ao lado da esposa, começando a conversar.A parte de “Ah, então esta é a garota?” não sai da minh
Estamos em frente ao campus. Ele veio me trazer e irá para o seu apartamento.— Obrigado por ter me acompanhado até a casa dos meus pais — ele diz, rodeando os braços ao redor da minha cintura.— Eu que agradeço o convite — digo, sorrindo.— É... — Eu queria muito perguntar o porquê de o pai dele ter dito aquilo, mas não sei como.— O que foi, linda? — Ele coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.— Não é nada, deixa para lá!— Eu já entendi. Você quer saber o porquê de o meu pai ter dito aquilo? — Faço um gesto positivo com a cabeça, e ele sorri.— Agora entendo o porquê de você ter ficado estranha e aquela ruguinha ter aparecido bem aqui — ele diz, beijando minha testa. — Mas o que ele quis dizer com aquela frase, então: “Esta é a garota?” Porque, realmente, você é a garota que fez meu coração disparar. Você foi a primeira que levei para os meus pais conhecerem, é a primeira mulher que pedi em namoro e com quem sonho em ter um futuro — sorrio e o beijo.Eu realmente sinto qu