— Lunna, aconteceu algo? — Kéfera pergunta. Jully aparece com um balde de pipoca nas mãos.— O que foi? Por que está assim? — ela pergunta.— Não me diga que o jantar foi um fiasco! — Jully diz, colocando mais pipoca na boca.— Isso tudo é culpa do Adam, aquele… aquele… Ah, que saco! Por que ele tem que aparecer e estragar tudo? — digo, me jogando na cadeira.Todo aquele autocontrole que eu estava tentando transparecer não deu certo.— O que ele fez agora? — Kéfera pergunta.— Não me diga que ele seguiu vocês e invadiu a casa, te tirando à força de lá? — Julliety diz, e tanto eu quanto Kéfera olhamos espantadas para ela.— O quê?— Você está ficando doida! — digo, realmente achando que ela não está batendo bem da cabeça.— Você precisa arrumar alguém, está passando tempo demais assistindo séries e filmes de ação! Ou então, esses livros de máfia que você anda lendo estão te fazendo ter delírios. Aqui é o mundo real, não ficção, Jully — Keké diz, com as mãos na cintura.— Isso eu realme
Olho mais uma vez para a caixinha onde está o anel que comprei para ela. Estamos namorando há pouco tempo, mas sei que é ao lado dela que quero estar. Hoje, irei levá-la para jantar e depois fazer o pedido. Logo após, pegaremos o jatinho e voaremos para a cidade que nunca dorme.Conheci Alycia assim que entrei para a faculdade. Estou quase terminando o curso de Gestão Financeira, mas pretendo me especializar e fazer um doutorado em economia. Quero seguir os passos do meu pai e me tornar um doutor dos números matemáticos, como ele sempre diz. Era para eu ter ido para casa, amanhã é aniversário de Kim. Porém, quero chegar com Alycia e fazer uma surpresa para a minha maninha.Vou caminhando em direção ao seu dormitório. Ela não está me esperando e tenho certeza de que a pegarei de surpresa. Quando chego, presto atenção para ver se há segurança, já que o prédio das meninas e dos meninos não são juntos. Mudaram as regras depois que os pais de uma aluna souberam que o quarto da filha estava
Saio dos meus devaneios com o comandante avisando que estamos quase chegando. Estou indo para Nova York, Kim já está lá, e quando estava em Boston, ela me ligou várias vezes. Acabei perdendo a hora para pegar o voo, até porque o senhor Fiore não queria que o piloto viesse me buscar. Mas aqui estamos nós, ele teve que vir de qualquer jeito! Passei a noite inteira pensando no que a Lunna me disse, e ontem fui até o dormitório dela, mas nem cheguei a subir. Fiquei parado do lado de fora, esperando que a qualquer momento ela pudesse sair para conversarmos. Mas vê-la agarrada com aquele cara me fez ferver de raiva, e até cogitei por um minuto deixar para lá esse negócio de pegação e ser só dela. Porém, não quero ser enganado mais uma vez, e sei que Lunna não é desse tipo de mulher. Mas, vou enganar quem? Eu não conseguiria viver amarrado a uma mulher só! Gosto de festas, de muitas mulheres, que eu possa escolher a dedo. Se abusar, fico com todas na mesma noite. Pensando nisso, tenho certez
Já no restaurante, o Metri nos leva para uma sala reservada. Peço um aperitivo e, não demora muito, o garçom nos serve. Conto a Kim tudo o que aconteceu.— Mentira!— Não é mentira.— Como ele teve coragem?— Isso eu não sei! Mas ele quer jogar toda a culpa em nossa mãe, ele não a ajuda em nada e depois quer sair de coitadinho.— A mamãe não está bem! Eu a acompanhei hoje na consulta com o psiquiatra e já faz mais de 15 anos que tudo aconteceu, ela ainda se sente culpada.— Mas ela não teve culpa de nada, ninguém teve! Foi algo que aconteceu.— Sabemos disso, mas ela se julga uma péssima mãe. Ela acha que foi por causa dela que a Alanna se foi. — Suspiro, sem realmente saber o que fazer para ajudar nossa mãe.Alanna tinha apenas três anos quando caiu na piscina de nossa casa. O portão de proteção estava aberto e ela saiu sem que qualquer um de nós percebesse. Quando encontrei Alanna, já estava na piscina, se afogando. Mamãe ficou arrasada e, depois disso, nunca mais foi a mesma.Saio
Meu aniversário estava chegando, e mais uma vez eu o passaria longe de casa. Sentia muitas saudades da minha mãe, da minha avó e da senhora Salinas, com quem já fazia um bom tempo que eu não falava.— Lunna, vai fazer o quê no seu aniversário? — Kim perguntou enquanto almoçávamos no nosso restaurante preferido.— Nem sei por que ainda pergunta. Você sabe que ela vai passar com o Romolo e vai nos deixar mais uma vez — Jully comentou, bebendo seu suco e me encarando como se quisesse me desafiar com o olhar.— Não é bem assim, meninas!— Claro que é! Então, não programe nada, porque iremos ter o nosso dia de amigas — Kéfera disse, endireitando-se na cadeira. — Temos um presente para você, então comece a preparar as malas. Aproveitaremos o recesso da faculdade.— Tenho escolha? — perguntei, olhando para as três, que se entreolharam.— Você tem três opções — Kim disse, mostrando os dedos. — Um: você vem conosco de livre e espontânea vontade.— Dois: amarrada e amordaçada — completou Kéfera
— Estamos quase chegando, então iremos te vendar — diz Jully, se aproximando.— Isso não é justo! Vocês não me deixaram olhar pela janela, não ouvi o piloto dizer nada, e agora também não posso ver?— É surpresa, então aceite! — ela diz, me vendando. — Vou me sentar, porque já vamos pousar. E fique aí quieta, o Adam vai te ajudar a descer do avião.Quando eu ia protestar, sinto o avião pousar. Ouço uma voz baixa bem próxima ao meu ouvido:— Relaxa, não vou fazer nada que você não queira.Meu coração dispara e minha pele se arrepia. Ouç
Abro os olhos e vejo um teto branco. Movo a cabeça lentamente para o lado e observo várias máquinas, percebendo que estou em um quarto de hospital. Mas o que aconteceu? Tento me sentar, mas não consigo. Meu corpo está pesado, como se algo estivesse me segurando na cama, e essa sensação é horrível. Minha garganta está seca, e não consigo engolir. Sinto uma vontade imensa de chorar. O que houve? Onde está minha filha? Meu marido? Uma lágrima escorre pelo meu rosto.Mexo a cabeça lentamente e olho para frente, onde vejo a porta do quarto. Quero gritar, levantar, quero entender o que está acontecendo. Então olho para minha barriga, e o desespero me atinge. Não vejo minha barriga de grávida. Tento me levantar de novo, mas é inútil. Meu corpo é como chumbo. Começo a chorar, desesperada.Não sei por quanto tempo fico ali sozinha, chorando em silêncio, sem ninguém ao meu lado.— Olha quem acordou! — A voz surge de repente, e percebo uma enfermeira bem na minha frente. Eu estava tão distraída
Respiro fundo, fecho os olhos e confirmo com a cabeça.— Quando chegou ao hospital, a senhora estava inconsciente. De acordo com o que nos foi relatado, caiu da escada. Consegue se lembrar de algo?Balanço a cabeça em negação, incapaz de recordar qualquer coisa.— É normal não lembrar agora, mas acredito que, com o tempo, as memórias possam voltar. Voltando ao início: a senhora chegou aqui inconsciente devido a uma queda, que causou um traumatismo craniano. Isso levou a um coma de três semanas. Uma das vértebras rompeu, resultando na perda de sensibilidade e movimentos abaixo do quadril.Enquanto ele falava, sinto uma dor incomum no peito.— Houve também um deslocamento da placenta, o que causou a morte do bebê que a senhora esperava. Ele ficou muito tempo sem oxigênio. Sinto muito pela sua perda.Olho para ele, incrédula, e me viro para encarar minha sogra, que está tão devastada quanto eu. As lágrimas escorrem pelo rosto dela. Volto a atenção para o médico.— A dor de perder um filh