Luna Rivera.

Sorrio e a abraço novamente. Assim que a solto, arrumo a cadeira que havia caído e saio correndo da confeitaria. Atravesso a rua e paro no portão de casa.

Meu coração está acelerado, e o desespero me toma. Tenho certeza de que o sorriso que estava em meu rosto desapareceu. Nunca contei a elas que queria fazer faculdade, nem que faria a prova online para ganhar a bolsa. Quando terminei a escola, comecei a trabalhar em tempo integral com a Sr.ᵃ Salinas para ajudar nas despesas da casa e não causar problemas para minha mãe com questões de gastos. Mas agora, ao pensar nisso, sinto que fui egoísta e fiz algo errado ao esconder delas algo tão importante para mim.

Me assusto quando sinto braços envolvendo meus ombros. Estava tão perdida em meus pensamentos que nem percebi a Sr.ᵃ Salinas se aproximando.

— O que você está esperando para entrar? — Ela olha para mim e, ao perceber minha expressão, o sorriso desaparece de seus lábios. — O que aconteceu?

— Não contei nada a elas. Fui egoísta, pensando só em mim, no meu futuro…

— Para! Você realmente precisa pensar em você, no seu futuro!

— Mas eu não quero deixá-las aqui.

— Prometo que vou cuidar delas para você! Não se preocupe, princesa — ela diz, enxugando uma lágrima que escorre pelo meu rosto. — Você não as terá para sempre, e sabe que tem que seguir seu próprio caminho. Pense que pode retribuir os cuidados delas indo para a faculdade, se formando, trabalhando e ajudando-as. Sei que você se preocupa com elas, e tenho certeza de que eu, sua mãe e sua avó vamos apoiá-la. Ficaremos felizes em vê-la crescer.

Eu apenas aceno.

— Agora vamos entrar, estarei aí com você!

Ela pega minha mão e eu sorrio para ela. Então, abro o portão e entro na casa.

Assim que abro a porta, vejo minha mãe descascando umas batatas e minha avó no fogão. Quando percebem nossa presença, elas sorriem. A Sr.ᵃ Salinas solta minha mão, vai até minha avó e a abraça, depois vai até minha mãe, fazendo o mesmo.

— Como vão vocês?

— Estamos bem, e você, minha querida?

— Estou muito bem, principalmente pelas notícias que Lunna tem para contar a vocês.

— Que novidades, filha? — minha mãe pergunta.

Ela continua descascando as batatas, mas, quando percebe que não falo nada, olha para mim.

— O que aconteceu? Está tudo bem? — Ela puxa sua cadeira de rodas para longe da mesa e vem em minha direção.

— Tudo bem, mãe, eu… — Mostro o papel para ela, e ela me encara sem entender.

Mamãe pega o papel, abre e, ao ler, seus olhos se arregalam. Ela olha para mim, depois para o papel e fica em silêncio por alguns minutos, que parecem uma eternidade. Observo uma lágrima escorrer por sua bochecha e meu coração dispara.

— Não acredito, isso é sério?

— O que aconteceu? — Vovó diz, chegando mais perto. Mamãe se vira para olhar para ela.

— Nossa garota foi aceita na faculdade!

— Sério? — Vovó sorri. Mamãe passa o papel para ela, que lê e me olha com lágrimas nos olhos. — Parabéns, minha pequena, estou tão orgulhosa de você.

Ela me abraça e sinto uma onda de alívio tomar conta de mim.

Logo depois, minha mãe se aproxima, e eu me ajoelho para ficar na altura dela.

— Parabéns, filha. Fico muito feliz e orgulhosa de ver que você está seguindo um belo caminho.

Me afasto um pouco e ela olha para mim, enxugando minhas lágrimas.

— A senhora não está com raiva de mim?

— E por que eu estaria?

— Eu não disse nada!

— Filha, se você queria me surpreender, conseguiu! Fico feliz em ver que você está crescendo e trilhando seu próprio caminho.

Sorrio e olho para a Sr.ᵃ Salinas, que levanta o polegar em aprovação.

Vou ajudar minha mãe a descascar as batatas, enquanto a vovó volta para as panelas e a Sr.ᵃ Salinas lava a louça na pia. A conversa da noite foi sobre mim, todas ficaram orgulhosas, e aquele sentimento de egoísmo que eu achava que mamãe e vovó pensariam desapareceu. Fiquei feliz e faria qualquer coisa para ajudar ambas e retribuir tudo o que fizeram por mim!

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