DARLA VALENTINE
11:17PMOlho ao redor no jardim escuro. É uma noite quente e a lua está cheia, é possível ouvir o som das corujas e dos grilos pelo silêncio que a noite trás. O tédio me trouxe aqui, Damian não me deixou sair então não me restou muitas coisas a fazer além de ler, mexer no celular...os pensamentos me trouxeram inquietude e eu vim até o jardim para respirar ar puro.Há algum tempo estou em uma fuga constante dos meus pensamentos, tentando não pensar na morte dos meus pais, na falta que eles fazem...eu não gosto de chorar, poucas vezes na vida fiz isso desde que deixei de ser uma criança. Agora estou focando no que tenho que conquistar ao invés de pensar no que perdi.— DARLA... - Ouço gritos vindo de dentro da mansão, é a voz grossa de Damian, que parece estar no auge da irritação. - DARLA...À medida que os gritos se aproximam e que o volume aumenta, sua fúria e revolta se tornam quase palpáveis, chegando em mim antes mesmo de sua presença.Eu deixo que ele grite, ficando parada no lugar, é bom que ele pense que o enganei, que menti para ele e que fui a uma festa sem sua permissão. Que pense que estou fazendo coisas erradas...Os gritos se aproximam ainda mais até que eu veja a sombra dele ao longe e ouço o barulho de seus sapatos na grama. Continuo sentada no banco próximo ao poste de iluminação.— EU QUERO SABER ONDE ELA ESTÁ! COMO ELA SAIU? SE NÃO ME DEREM UMA RESPOSTA É A CABEÇA DE VOCÊS QUE EU VOU ARRANCAR.Vejo que é a hora de me levantar, e me apresso em correr até ele, na entrada do jardim.É agora que eu mostro que ele estava errado em pensar mal de mim, em não acreditar que sou uma boa garota, comportada e obediente, é agora que eu faço ele ficar aliviado em saber que eu não estou nas mãos de nenhum homem.— Está me procurando? - pergunto atrás dele que grita com o segurança e assim que me ouve solta o colarinho do homem, o empurrando e dispensando apenas com um olhar mortal.— Onde é que você estava? - Agora é a mim que ele dirige seu ódio, segurando meu braço enquanto me olho furioso com os dentes cerrados, chacoalhando meu corpo.— Estava no jardim...- Olho de suas mãos em meus braços para o seu rosto. Seu aperto dói mas, eu não me importo.— Eu fui no seu quarto e você não estava? Estava querendo ir para a festa, não é? - me sacode mais uma vez.— Claro que não, eu já disse que entendi que não me deu permissão. Não seria capaz de te desobedecer...- Falo deixando a voz mais calma e ele continua a me encarar sem me soltar ou diminuir a força do aperto, tenho certeza que ficará uma marca.— O que estava fazendo aqui fora a essa hora?— Estava tomando ar, estou sem sono...e queria conhecer o jardim. A noite está tão bonita...— Eu disse que meus homens tinham permissão para atirar.— Acho que do portão para fora...eu só estava no jardim, eles me viram. - encolho os ombros.Ele luta consigo mesmo para me soltar, consigo ver nos olhos dele que a última coisa que ele gostaria de fazer é tirar as mãos de mim.Meu braço dói onde antes estava seus dedos, e a marca que imaginei realmente ficou.— Não faça mais isso.— Me perdoe. Eu vim pensar...eu estou tão ansiosa, com uns pensamentos que não saem da minha mente. - gesticulo ao lado da cabeça.— Quais? - Pergunta franzindo o cenho.— Eu estava pensando que em breve eu vou para a faculdade, e bom...as mulheres se casam tão cedo por aqui, e eu ainda não tenho ideia de quando terei um prometido. - me aproximo dele que imediatamente fica rígido.— Então é isso que está ocupando a sua mente? A coisa capaz de fazer você perder o sono, é a porque quer um homem? - ele exala desdém.— Não... é o medo do que me espera. - Me aproximo mais dele, transformando o espaço entre nós quase inexistente. — Você é o melhor amigo do meu irmão, então eu pensei que...- deixo a frase morrer.— Pensou no que? - Questiona, prendendo a respiração.— Que se houver alguém a qual eu sou prometida, ou algum candidato que meu irmão esteja cogitando...você deve saber. Ele deve ter te contado...- Aproximo mais meus lábios dos dele.— Diga, você tem alguém em mente? - Ele volta a agarrar meu braço com o triplo da força, nossas respirações quentes se tornando uma só quando se misturam no ar.Olho para os seus olhos e para sua boca, fazendo um olhar triangular antes de voltar a encara-lo.— Você tem muitas exigências para uma esposa, e eu também tenho para um marido...mesmo que o luxo de escolher não esteja ao meu alcance.— E quais são?Ele está interessado.— Eu gostaria de um homem de verdade, que não desistisse de mim por nada, que não abaixasse a cabeça para ninguém, que me adorasse, que faria de tudo por mim, um homem que soubesse me proteger e me satisfazer em tudo.— Está falando como se já tivesse alguém em mente... - Sua voz se torna quase entre dentes, o seu coração acelera e posso ver isso quando seu peito sobe e desce. — Quem é? - Ele está possesso, seus dedos quase não deixam meu sangue correr.— Por que quer saber? Vai pedir ao meu irmão para me dar o homem que eu quero? - semi cerro os olhos.Eu não gostaria de tortura-lo como venho fazendo, mas eu preciso saber, preciso saber o tamanho do seu desejo, do seu ciúme, do seu descontrole...preciso saber o quão intenso pode ser seu amor.— Não, eu vou mata-lo porque você não deve pensar em homem nenhum. - Rosna sanguinário. — Diga o nome dele. - Eleva a voz ao ordenar e eu puxo meu braço de volta.— Não se preocupe, não tem que matar ninguém.Porque é você...só você, Damian. Mas você ainda não vai saber disso. Ainda...Meu corpo é puxado volta, batendo contra o seu.— Não brinque comigo.- seus olhos ficam escuros, seu maxilar travado e a luz que vem do céu deixa o clima sombrio, o barulho das corujas, a tensão palpável entre nós...— Eu jamais teria essa coragem...você não é um homem o qual se pode brincar. - falo baixo, inspirando seu perfume.— Darla... - murmura meu nome em um tom de aviso, fica lindo saindo dos lábios dele.— O quê?...Ficamos ali, por segundos apenas deixando nossos lábios pairando perto um do outro, sentindo o cheiro de nossos perfumes virarem um só e resistindo a vontade de juntar nossos lábios— Vá dormir e não saia mais a noite. - Ele me solta com relutância.Concordo com a cabeça, me afastando.****18:27PM— Boa tarde...- digo passando pela sala enquanto ele mexe no ipad..— Boa noite quase, já que ficou a tarde inteira no shopping. - Responde rígido quando olha o relógio de pulso.— Eu queria fazer umas compras. - ergo as sacolas que enchem meus braços.— Vai vestir um batalhão?— Não, são todas para mim. Tem jóias, sapatos e algumas langeries...- sorrio maliciosa vendo seu rosto mudar drasticamente.Ele se levanta por um impulso.— E para quê comprou tanta lingerie? - Avança dois passos. — Que eu saiba, ninguém vai ver suas roupas íntimas , ou eu estou errado?— Nunca se sabe...- Faço um biquínho ao me apoiar com as mãos nas costas do sofá.— O que? O que disse, garota? - Pergunto com ódio e puxo seu braço fazendo as sacolas caindo no chão.— Que nunca se sabe...- ergo o queixo ainda sorrindo, apreciando a sensação de ter meu rosto perto do seu.— O que esta dizendo para mim, sua cretina? - me j**a com violência no sofá. — Eu sabia que tinha um homem na sua cabeça. - Acusa. — É com ele que quer se casar, não é?— Sim...eu quero me casar com ele, e penso nele o tempo todo desde que o vi. - o olho ainda jogada no sofá, pendendo a cabeça enquanto um sorriso ameaça brotar no canto dos lábios.Sua pele esquenta até ficar vermelha.— Então se tem coragem de se comportar como uma vadia, vai me dizer quem é esse homem e vai olhar enquanto arranco a cabeça deles.— Por que quer arrancar a cabeça dele? Está com ciúme?...— RESPONDE! - Diz me jogando contra o sofá com força, e não consigo conter a expressão de dor pelo impacto de mal jeito.O encaro do sofá, na mesma posição em que fui jogada.— É você. - digo simples e tranquila.— Então esse... - Para, se dando conta do que acabei de dizer. — O que?Me levanto indo até ele e envolvo os braços em seu pescoço, aproximando os lábios dos seus.Eu quero tanto beija-lo...mas ainda não. Eu tenho que tortura-lo o deixando imaginar como é sentir o gosto dos meus lábios, mesmo que isso seja um tiro que sai pela culatra.— Eu quero você, Damian. Desde que te vi naquela porta...eu durmo e acordo pensando em você todos os dias.— Não sabe o que está dizendo, menina... - a voz rouca diz sem me afastar.— Eu sei sim...e sei que você me quer também. Morre de ciúme de mim e me olha como se fosse me devorar...eu também não saí da sua mente.— Está louca...— Estou? - Sorrio sem mostrar os dentes enquanto esfrego meus lábios nos dele por um instante. — Então não vai se importar se eu for de outro, se meu irmão me prometer a alguém...Imediatamente segura minha cintura e a aperta, trazendo-me para perto de si em um sinal possessivo.— Está vendo? Você fica louco de imaginar que outro me terá e que não será você...— Você tem razão Darla, eu a quero, mas, você... - Ele se enche de receio. — Mas você é muito nova, você é a irmãzinha do meu melhor amigo...— Isso não importa, eu não ligo pra nada, só me importo em ter você.— Mas eu me importo...— Então o que vai fazer?— Vou cuidar de você até seu irmão voltar... É esse o meu plano. E para isso preciso que fique quieta e não me provoque mais.— Hm...- faço um biquinho de lado e pego as sacolas do chão. — Se você tem medo, eu não tenho. Isso não acaba aqui...- me aproximo do seu rosto e deixo um selinho rápido em seus lábios antes de sair às pressas em direção as escadas as quais subo correndo.DARLA VALENTINE — E você, não vai sair do escritório hoje? - pergunto curvada em cima da sua mesa, deixando meus seios mais evidentes para ele, no decote do meu vestido justo rosa, olhando com um sorriso no meu rosto.— É melhor... Aqui dentro é mais seguro. - responde sem tirar os olhos dos meus seios. — Hm...- faço um biquinho. — E vai me deixar sair hoje com as minhas amigas? Eu não quero ficar presa aqui igual você.— Pensei que entendesse que um não, é um não. - Diz sério, desviando o olhar para os papéis .— Naquele dia, naquela ocasião...agora estou pedindo em outro dia e outra ocasião. - — Ah... - Larga as folhas, se levantando enquanto olha em meus olhos. —Então nesse dia e nessa ocasião eu digo, não!— Não precisa me prender em casa para que outros homens não se aproximem de mim...— Não seja abusada... — Não estou sendo...só estou tentando acalmar o seu coração. Por mim, nenhum homem vai se aproximar de mim...até meu irmão dar a minha mão a alguém. - aperto os lábios.—
DARLA VALENTINE— Então é realmente sério? - pergunto a Gian Lucca na chamada, enquanto caminho pelo corredor. — Sim, mas ainda não está combinado, estou apenas ponderando a ideia ainda. Eu quero examinar a proposta, fazer todas as investigações e ver se ele é um bom pretendente pra você, eu jamais colocaria você nas mãos de qualquer um, você é minha única família. - responde do outro lado da linha. — Queria ter ficado sabendo disso antes do Damian...— Desculpe, mas estava muito tarde e não achei que estivesse acordada. E eu queria saber a opinião dele, afinal não é só um casamento mas uma aliança com os estados unidos, e isso também convém a ele. Ele não sabe o quanto não convém...— Tudo bem...quando tiver uma confirmação ou se mudar de ideia, me avise. — Claro que sim, agora eu tenho que ir. Se cuide, e espero que esteja se comportando bem. — Eu sempre me comporto.— Eu te amo.— Eu também te amo, até mais. - deslizo a ligação.Seguro meu celular em mãos, descendo a escadaria
DARLA VALENTINEDamian tornou as coisas difíceis demais, e isso me levou a apelar para outro nível, e depois desta eu tenho certeza que ele finalmente será meu. Assim que Damian entra em seu quarto, eu abro ainda mais as pernas para ele, olhando com um sorriso quando seus olhos correm por minhas coxas cobertas pela meia longa, e para na minha buceta rosada completamente aberta para ele. Minhas costas nos travesseiros que cobrem a cabeceira da cama gigantesca.Estou completamente nua para ele.Ele abre e fecha a boca diversas vezes, tentando dizer algo mas nada sai, sua saliva seca na boca.— O quê... Isso significa?— Ainda não entendeu? - corro meu dedos por minha entrada e aumento meu sorriso enquanto brinco de com minha intimidade.— Darla... Se vista... - Manda, ainda hipnotizado e posso ver mesmo daqui, cerca de seis metros de distância, que ele está com uma ereção.— Não...- digo suavemente introduzindo um dedo. — Eu sei que você me proibiu de me tocar...mas agora você está na m
DARLA VALENTINE— Por que me chamou aqui? - Minha curiosidade não me deixa perguntar outra coisa quando atravesso a porta de seu escritório sem bater ou pedir licença.Ele mandou a empregada me chamar, e deu a ordem categórica para que eu não demorasse. A essa altura do jogo isso muito me preocupou, meu irmão está prestes a voltar...e Damian vai ter que enfrentar comigo o que fizemos, será que ele desistiu? Se acovardou?— Porque precisamos conversar. - Ele também é direto, o que me alivia em saber que não haverá rodeios mas que também me gera um aumento no meu medo de que ele esteja arrependido.— Sobre o que? Eu fiz alguma coisa?— É para evitar que faça algo de errado que está aqui. Eu disse ontem que você escolheu ser minha mulher, então, vai seguir minhas regras, já já vou avisando que nenhuma delas está aberta a negociação e que se descumprir qualquer uma delas, terá uma punição severa. — Que regras? E que punições?...- Me aproximo da mesa como uma gatinha manhosa. — Agora qu
DAMIAN FERRARISuspiro, deitando a cabeça no apoio da cadeira do escritório. Sinto meu corpo leve, e meu espírito calmo como nunca antes, como se não estivesse faltando mais nada, nada exceto, um filho de Darla. Sorrio ao imaginar. O que ela me causou, o que fez comigo, eu não conhecia, nenhuma jamais outra fez. Ela me faz sentir sereno e completo, mas tem este mesmo poder para o oposto, tem o poder de me enlouquecer e roubar minha paz, seja apenas existindo ou me fazendo temer que ela possa ser de outro, não de corpo, porque eu jamais permitiria, mas de alma...nunca me vi tocado pelo ciúme desta forma.Eu não a via desde que ela era apenas uma criancinha, e eu, um garoto...Quando Gian a trouxe para mim, eu não pude acreditar no que meus olhos viam, era uma beleza indescritível, sem igual...não achei que era possível uma mulher ser tão bela. E quando ela abriu a boca, pude ouvir a voz feminina, calma e adocicada que saia daqueles lábios tão rosados, eu me perdi..Nem a Gisele era t
DARLA VALENTINE — Que bom que chegou...- corro na direção dele quando atravessa o hall de entrada, parando em sua frente com uma expressão receosa.— Isso é tudo alegria em me ver? - Arqueio a sombrancelha.— Não...quer dizer, estou feliz em te ver só que precisamos resolver um assunto sério.— O que houve?— Meu irmão chegou de viagem, ele quer que eu volte hoje mesmo para casa.Ele fica calado por alguns segundos, se apressando em caçar a garrafa de vodka. — E o que disse?— Eu disse que iria fazer as malas...e me despedir de você. - balanço os ombros. — Não contei nada do que houve porque é algo que devemos fazer juntos, ele não iria gostar nada de ouvir só da minha boca primeiro, e você também não ia gostar que eu passasse na sua frente e da sua autoridade fazendo isso.— Sobre seu irmão, a conversa que vamos ter será de homem para homem. Ele não vai gostar, mas não tem o que fazer, você é minha por lei...— Não quero que briguem...A última coisa que eu gostaria, é estragar est
DARLA VALENTINE — Obrigada, Olga. - Olivia agradece com um sorriso a Olga enquanto serve o chão para todos na sala. —Então...hãm... Os dois... - se movem desconfortável no lugar, olhando de mim para Damian. — Sim, estamos juntos. - digo curta.— E você... Aprovou isso? - Pergunta Gian Lucca.— Isso o quê, Olívia? - Damian rosna. — Sim, eu aprovei porque não havia mais nada que eu pudesse fazer quando fiquei sabendo. E também porque é o que minha irmã quer, e ela tem tudo que ela quer.Olho para ela com um sorriso maldoso e convencido. Você não pode vencer de mim, Olivia, jamais poderá.— Você não é muito nova para ele? Quer dizer, Acabou de fazer dezoito. — Ela está na idade de se casar. Não é como se ela já tivesse vinte e oito. - As palavras de Damian carregam maldade, é um assunto delicado por aqui, que uma mulher com quase trinta não tenha um marido, isso a torna socialmente mal vista, indesejada e incapaz, e também, prestes a não poder mais ser uma mãe jovem, o que é muito im
ITÁLIA, SICILIA 10:13AMDARLA VALENTINEDesço os vidros da janela, sentindo o vento gelado bater em meu rosto enquanto percorro o olhar pela estrada. Ao virar meu rosto, encontro o olhar de meu irmão que por um segundo desvia da estrada para sorrir para mim de forma acolhedora.— Não fique com está cara, eu volto em um mês. — Sei que eu deveria estar acostumada com a sua ausência constante, você passou maior parte da minha vida me vendo três vezes no ano...só que agora...você sabe, eu não tenho mais ninguém. Então um mês longe de você é difícil de aguentar.Ele puxa o ar e concorda com a cabeça. Sei que a morte dos nossos pais é um assunto delicado para ele, também é para mim, ainda mais por ser algo tão recente, porém não é algo que eu possa fugir de mencionar.— Eu prometo que vou ligar todos os dias, mesmo que seja rápido. Estou te deixando em boas mãos...vai ficar tudo bem e quando se der conta, já estarei de volta. — Eu preferia ficar em casa...- olho para a janela novamente.