CAPÍTULO 1

SOFIA MONTERO ARÁGON

Admirar a mulher à minha frente, sorrindo com simpatia e comprimentando a todos com uma simpatia, elegância e sensualidade que só se vê em um concurso de beleza mundial, me faz engolir a saliva como se isso fosse empurrar para o meu estômago também, o gosto amargo do desconforto. Angélica Arágon exala elegância e sofisticação, mesmo a vendo a quilômetros de distância você saberia a que mundo ela pertence, o poder que carrega em seu sobrenome e no sangue que corre por suas veias, mesmo que não estivesse usando as jóias mais caras e exclusivas e as roupas de alta costura que parecem ter sido confeccionadas em seu corpo escultural.

Os cabelos loiros longos e ondulados, estilizados com um volume clássico que remete a um visual vintage. Sua maquiagem impecável, com olhos bem delineados envolta das iris verdes mais escuras que esmeraldas, sobrancelhas definidas e lábios pintados em um tom vermelho intenso, combinando com sua roupa: O elegante casaco vermelho estruturado, com detalhes bordados, os ombros marcados e o decote realçam sua postura confiante e poderosa. Os brincos grandes de pesados diamantes brilhando tanto quanto seu sorriso, o qual eu sei que é falso, mas ninguém poderia afirmar isso, minha mãe é uma excelente atriz.

Ao lado dela, a olhando com uma devoção divina, meu pai envolve o braço em sua cintura, um gesto levemente possessivo, ele se orgulha de te-la, e quer reafirmar a todos que ela o pertence, mas posso dizer que por trás das cortinas, ele pertence mais a ela do que o contrário. O tem como seu escravo, provedor, protetor, marido fiel e leal.

Fernando exala poder e saberia mesmo que tente manter a modéstia por baixo do terno azul-escuro perfeitamente ajustado ao corpo, a camisa branca impecavelmente alinhada e uma gravata discreta, porém sofisticada, o lenço no bolso do paletó adicionando um toque de classe ao visual. Seu cabelo está bem penteado para trás, e sua barba bem cuidada reforça sua aparência imponente. Seu olhar é intenso e direto, transmitindo autoridade e mistério.. O conjunto de sua aparência e expressão faz dele alguém que também jamais poderia ser algo senão um magnata.

Não importa onde, um Montero Arágon sempre será influente, respeitado e não menos importante, temido.

A linhagem da minha família; Montero Aragón remonta ao século XV, quando Don Esteban Montero Aragón, um nobre guerreiro e estrategista militar, recebeu terras e títulos da Coroa espanhola como recompensa por sua lealdade durante a Reconquista. Desde então, a família consolidou seu poder através de alianças estratégicas, tornando-se uma das dinastias mais influentes da elite espanhola. Ao longo dos séculos, os Montero Aragón expandiram sua influência para o comércio marítimo, a política e, mais recentemente, o setor bancário e imobiliário.

Quando Don Rafael Montero Aragón arquitetou o casamento entre Fernando e Angélica de la Vega, não havia espaço para sentimentos. Era um acordo impecável entre duas linhagens aristocráticas: os Montero Aragón preservariam sua supremacia econômica, enquanto os de la Vega garantiriam que seu nome continuasse ressoando nos círculos da elite, mesmo após uma crise financeira, a qual os abalou mas não os derrubou antes que conseguissem ascender novamente com toda força.

Meu aceitou sem questionar. Desde pequeno, foi moldado para ser um Montero Aragón implacável—disciplinado, estratégico e impassível. Mas ele não estava preparado para Angélica. Diferente das mulheres submissas que seu pai esperava que ele domasse, Angélica era um furacão. Bela, ambiciosa e meticulosamente calculista, ela não apenas sobreviveu ao casamento, como o transformou em um campo de batalha silencioso onde, no fim, ele saiu derrotado.

Com o tempo, o que deveria ser apenas uma aliança de interesses se tornou uma obsessão para ele. Sei que ela nunca o amou, e hora ou outra, quando essa realidade tenta o atingir e devorar por dentro, ele desvia. Sua indiferença, suas pequenas ausências, a forma como parecia sempre um passo à frente—tudo isso o consumiu até que ele deixou de ser um marido e se tornou um prisioneiro.

Ele não percebe, mas é um homem moldado pelas mãos dela, completamente cego para o jogo que ela conduz com maestria. Ela sabe exatamente quais palavras usar, quais ausências o enlouquecem e quais migalhas de afeto o farão rastejar de volta para suas mãos.

Na alta sociedade, Fernando Arágon é respeitado, temido e admirado. Mas dentro de sua própria casa, dentro de seu próprio casamento, é apenas um homem à mercê de uma mulher que jamais o amará na mesma medida.

Por isso, por mais que eu goste de ver a felicidade nos olhos e lábios do meu pai, não posso me sentir da mesma forma ao vê-los comemorar vinte anos de casamento.

Meus pensamentos mudam de rumo quando sinto o olhar dele sempre mim, quando seu cheiro único e marcante me atinge, e sei que ele está aqui. Ele sempre está.

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