EmilyNo mínimo, ele está julgando que eu não sou boa o suficiente para ser amiga da irmã dele. E mais, é evidente que está louco para que eu seja sua sobremesa, apenas para me descartar depois como se eu fosse qualquer uma.Meus olhos encontram os dele, desafiadores, como se gritassem silenciosamente: "Buuuuu! Não tenho medo de cara feia. Pode me olhar assim o quanto quiser." Ele que tire da cabeça a ideia de que me retirarei deste lugar apenas porque assim deseja. Se for para sair, será por minha própria vontade, e não para satisfazer a dele.— Boa noite, amiga! — Sorrio para Kayra, com suavidade.— Boa noite. — Ela me retribui com um beijo carinhoso antes de se dirigir ao pai.— Já vai deitar? — pergunta Ômer, aproximando-se de nós.— Sim, até amanhã. Foi maravilhoso tocar com você.— Você que é encantadora. E que voz linda você tem.— Obrigada. — Respondo, quase sem perceber que estou piscando os cílios para ele.— Ômer! — Um senhorzinho o chama ao longe.Ele se afasta, mas não se
Eu ofego, minhas defesas quase desmoronando.— E você está aqui para me intimidar? — Tento enfrentá-lo, mas sua expressão muda, os olhos brilhando perigosamente. — O que foi? Por... que você está... me olhando desse jeito? — Minha voz gagueja enquanto ele ergue a mão, deslizando os dedos pelo meu braço.— Pare de me olhar assim. Você... está me assustando.— Por que ficou, Emily? Foi para me desafiar? Ou para me atormentar?Sua pergunta me deixa nervosa e sem palavras. A intensidade no olhar dele me prende no lugar, e sinto que o verdadeiro confronto está apenas começando.Eu deveria ter negado o convite de Kayra, mas como eu ia adivinhar que ele levaria a chave da porta do quarto?Ele se aproveita do meu momento no vácuo, e seus braços me tomam e me cercam. Um arrepio percorre meu corpo, deixando-me completamente sem reação. Quando sinto o calor dele ao meu redor, seu cheiro maravilhoso me envolve, e eu fecho os olhos, permitindo-me um instante de rendição. Parece que seus braços são
Ele ri, inclinando a cabeça para o lado, enquanto seus lábios tremem com a intensidade das palavras que estão por vir.— Eu? E você? Não está sentindo o que está acontecendo conosco? Você quer que eu esqueça aquele dia depois de tê-la nos meus braços, seu cheiro impregnado no meu nariz, a maciez de sua pele em contato com minhas mãos, sua imagem seminua na minha cama? Allah! Ainda que eu me esforce, não consigo aplacar meu desejo. Só se eu mergulhar em um lago gelado e meu corpo ficar dormente, mas eu correria o risco de morrer congelado. Você sabe que é impossível o que me pede.Eu abro minha boca para falar, mas as palavras não chegam. Deus! Ele falando assim me desnorteia, desarma, deixa-me vulnerável como uma folha ao vento.Ele sorri, lento, vitorioso, ao ler minha expressão que denuncia tudo o que eu tento esconder.— Você sabe que estou certo... Se eu não te tiver agora, a sensação que tenho é que seguirei minha vida olhando para trás. Você precisa me libertar disso. Você me de
Quando ele finalmente se vira e caminha até a porta, a tensão que me sufoca começa a se dissipar. Ele gira a chave nafechadura, abre a porta e olha para o corredor antes de sair. Quando a porta se fecha, a tensão dentro de mim se dissolve em ondas de alívio e exaustão. Ofegante, deixo meu corpo cair pesadamente sobre a cama.Passo a mão pelos olhos enquanto suas últimas palavras dançam em minha mente. Preciso tomar cuidado, manter o distanciamento e, acima de tudo, não me deixar envolver por ele. Se eu ceder, de luxúria terei um coração partido. Deus! Nunca conheci um homem como Okan.Seus encantos e persuasão me desafiam a todo momento. Mas sua cultura, seu machismo e seus julgamentos criam um abismo intransponível entre nós. Mesmo assim, a intensidade de sua presença me faz questionar minha força. Determinada, levanto-me da cama e começo a me preparar. Retiro o colar e os brincos, guardando-os no fundo da mala como se quisesse trancar junto as lembranças dessa noite tumultuada.Vis
No dia seguinte, acordo com um calafrio que atravessa minha espinha. A sensação de bem-estar, envolta nas cobertas macias e cheirosas, dissipou-se por completo. O quarto está gelado, e meu corpo, encolhido, parece implorar por calor. Levanto-me devagar, ainda meio sonolenta, e procuro apressadamente por roupas mais quentes na mala. Troco-me rápido, tentando afastar o incômodo frio que parece grudar na pele.Antes de sair do banheiro, paro em frente ao espelho. Meu reflexo encara-me com determinação. Carrego um pouco mais na sombra dos olhos, como fiz na véspera de Ano Novo. Quero passar a imagem de uma mulher segura e madura, que sabe o que quer — não de uma garotinha que pode ser manipulada ao bel-prazer de alguém.De volta ao quarto, a porta se abre de repente, como se soubesse que eu estava pronta. Okan entra, com aquele sorriso que oscila entre a arrogância e o charme. Ele tranca a porta com a chave, um gesto calculado para me lembrar de sua autoridade. Ele retira a chave do lugar
─ Eu não vou sair, só porque você quer. ─ A firmeza na minha voz é minha última barreira contra ele.Okan suspira, a mão subindo automaticamente aos cabelos negros, que ele desarruma num gesto nervoso. É a primeira rachadura em sua máscara de controle.─ Você está brincando com o perigo. ─ Sua voz sai baixa, mas cortante, como uma lâmina prestes a ser desembainhada.Sinto um arrepio correr pela espinha, mas não recuo. Não posso.─ Brincando com o perigo? Você é quem precisa aprender a se controlar.Seus olhos escuros descem lentamente pelo meu corpo, tão devagar que quase posso sentir o peso do olhar. Meu coração dispara, traidor, enquanto ele continua:─ Parece tolice me controlar com você vestida desse jeito e enviando sinais tão claros de que está muito afim de mim.Minha boca abre, pronta para protestar, mas ele não para.─ Além disso, você não é uma boa influência para minha irmã. Na verdade, quero que você corte relações com ela.Por um momento, fico sem palavras. Minha mente tr
Ele se ergue, mas seus braços permanecem ao meu redor, firmes como amarras invisíveis. Seus malditos lábios se curvam em um sorriso preguiçoso, como se estivesse no controle absoluto da situação. ─ E não fique ofendida. Gazela é como chamamos, carinhosamente, nossas mulheres... ─ Ele faz uma pausa, os olhos fixos nos meus. ─ Quando nos olham com esses olhos tão expressivos, demonstrando o quanto estão afins de nós. Ou, como no seu caso, assustados.Suas palavras me atravessam, mas é "nossas mulheres" que faz meu sangue ferver. Meu corpo reage antes que eu perceba. Ergo o braço, pronta para acertar sua cara arrogante. Ele, no entanto, é rápido demais. Segura minha mão no ar e ri, um som baixo e provocador.─ Adoro essa brincadeira de gato e rato. ─ Sua voz é grave, carregada de divertimento. Ele segura meus dois pulsos e os prende atrás das minhas costas com facilidade, me imobilizando. ─ Mas se acalme. Vou te soltar. Preciso sair. Minha irmã deve acordar a qualquer momento, e seria u
Não quero que arrisque seu lindo pescocinho lá fora. Entendeu?Tento controlar a raiva que suas palavras provocam. Respiro fundo, dominando melhor minhas emoções, e seguro seu olhar, determinada.─ Bem, então você entende que eu não estou ficando por escolha própria, não é?Ele arqueia uma sobrancelha e rebate, carrancudo:─ Sim, perfeitamente.Por um instante, não sei o que sinto. Uma parte de mim se sente vitoriosa, como se tudo estivesse conspirando contra ele. Mas outra parte, maior, está à beira do pânico. Ficar mais tempo nesta casa, com ele, parece perigosamente arriscado para minha sanidade.Estendo a mão, buscando neutralizar a tensão:─ Uma trégua?Okan olha para minha mão estendida e, em vez de aceitar o gesto, sorri. Não um sorriso amistoso, mas um predador prestes a capturar sua presa.─ Trégua?─ Sim. ─ Minha voz soa mais firme do que eu esperava. ─ Agora que sabe que eu não posso ir embora, não precisa usar esse... esse artifício de me seduzir para me forçar a sair daq