O cara dirige como uma tartaruga e para em todos os sinais, até os amarelos. Vou o caminho inteiro reclamando com ele, mas ele não fala nada. Quando chegamos perto da minha rua, ele começa a andar ainda mais devagar.— Qual a sua casa, senhor?— Eu nem deveria te pagar... — soluço — Acho que uma formiga passou da gente no caminho. — soluço novamente.— Desculpe, senhor, mas eu dirijo com segurança.— Deixe-me aqui... mesmo, eu vou a... a pé.— Eu levo o senhor.— Não. — porra de soluço — Não quero que vo-você veja a minha casa.— Tudo bem, senhor. — ele para o carro com a cara feia. Ele está irritado? — São cinquenta e dois dólares.Desço do carro e me escoro na porta. Tiro um dinheiro da carteira, dou a ele e ele some na pista.— Boa noite pra você também. — grito para ele de longe quando ele não se despede.Vou andando para a minha casa sentindo a brisa do mar nos meus cabelos. Não me lembro de ter tantos postes na rua da minha casa. Também não me lembro do meu vizinho ter dois cach
— Imbecil. Imbecil. Imbecil. — repito para mim mesmo em voz alta.Sento-me na cama com a cabeça entre as mãos. Eu estraguei tudo. Onde eu estava com a cabeça para tratar a Ellen daquele jeito? Ela já foi embora uma vez, dessa vez eu não vou voltar a vê-la. Ah, inferno! Você é um idiota Nicholas, um completo idiota. Não posso ligar para ela porque ela não tem celular. Não sei nem por onde começar a procurar por ela. Mesmo que eu usasse todas as letras do alfabeto para descrever o quão idiota eu sou, não seria suficiente.Vou até o espelho e me encaro por um longo momento. Um homem que fez uma burrada enorme. É isso que eu vejo diante dele.— Sabe o que você é, Nicholas? Um grande asno. — faço uma careta para mim mesmo no espelho e dou um soco, o estilhaçando por completo. — Porra. — sangue jorra dos meus dedos.Corro para o banheiro e lavo a mão sangrando por bastante tempo embaixo da torneira. Olho ao redor e vejo uma calcinha jogada no chão perto do cesto de roupas. No canto ao lado
— É difícil se abrir para uma pessoa por quem você está apaixonada.— Eu sei, mas é que... — paro quando a percepção do que ele falou cai sobre mim — Espera aí, você disse apaixonada? Você está dizendo que ela está apaixonada por mim?— Está mais do que na cara. Ela não consegue falar com você abertamente porque está apaixonada por você, mas falar com o seu melhor amigo pode ser uma boa saída.— Eu não acho que ela esteja apaixonada por mim. Ela nem me conhece direito.— Você sempre foi gentil com ela...— Exceto ontem. — digo com desgosto. — Eu estava tão bêbado depois que a Ada foi embora, que me esqueci completamente que tinha deixado o carro na esquina antes do Versailles e achei que ele tinha sido roubado. Estava vendo tudo dobrado. Estava agindo como um idiota com todos.—... e ela pode ter se apaixonado por você sim, e ainda mais depois que vocês... você sabe. — ele me ignora.— Não acredito nisso.— Olha, — ele senta em uma cadeira na cozinha e me manda sentar também — eu sei
Uma hora quero ficar com ela, outra hora tenho dúvida se quero ou não, agora estou pensando em falar com ela a todo momento... É frustrante não ter certeza do que quero de verdade. Será se ela é mesmo diferente das outras mulheres? Devo fazer o que o Robert aconselhou antes que eu saísse da sua casa? Dar uma chance ao meu coração? Tentar apagar todas as memórias ruins que eu tive com a Ada, esquecer-me das coisas maléficas e dolorosas que me aconteceram e focar no que eu posso conseguir agora? Talvez eu possa. Talvez Ellen seja mesmo diferente.O que o Robert falou sobre ela ficar com outro cara se eu a deixar ir, está me corroendo por dentro. Só por cima do meu cadáver. Mas eu não posso ter esse tipo de posse sobre ela se eu não assumir que realmente quero ficar com ela. Só que não tem jeito nesse mundo de eu a deixar ficar com outro. Então a única maneira de impedir isso, é assumir. Hoje. Quando ela chegar. Vou dizer a ela que estou apaixonado por ela e que eu fui um idiota completo
Agora eu compreendo o meu erro. Eu joguei contra o meu próprio time. Eu a fiz ter medo de mim. Como eu sou estúpido. Nicholas Hoffman, o idiota do ano de 2014. Então quer dizer que ela não está apaixonada por mim. Robert estava errado. Mas eu posso fazê-la se apaixonar, não posso?— Mas você não precisa ir embora. — digo pegando em seu queixo para dissuadi-la a ficar — Mesmo sem nada entre nós, eu ainda quero você na minha vida.— E eu estarei. Como amiga. — ela pega minha mãos e a segura — Apenas como amiga. Você não está pronto Nick. — ela sussurra.— Como assim não estou pronto? — Pergunto olhando dentro dos seus olhos. Ela pensa um pouco e abaixando o olhar, me pergunta.— Quem era ela?— O quê? Quem? — agora não entendi nada.— A mulher que te arruinou desse jeito. — ela fala com os olhos um pouco tristes — Está na cara que você vive assim porque tem uma dor dentro de você. Você não confia em ninguém, ou melhor, nas mulheres e eu passei o dia de hoje me perguntando por quê. Chegu
Depois de comer e lavar a louça, – e enquanto escolhemos um filme pra assistir na sala – pergunto à Ellen onde ela esteve o dia inteiro. Ela me ignora por um tempo e age como uma adolescente – o que realmente ela é – ao dar pulinhos de alegria depois de encontrar Divergente na minha coleção de DVD’s e pedir pra gente assistir. Sorrio para ela deitado no sofá e a chamo para perto de mim. Ela vem engatinhando da mesma posição em que está de joelhos na estante e fica de frente para mim. Faço um trato com ela de assistirmos se ela me contar o que eu quero saber. Ela aceita e então eu só tenho que esperar pouco mais de duas horas.Durante o filme, eu não paro de rir – discretamente, é claro. O tempo todo ela fala o quanto o Quatro é gostoso e como a Tris é maravilhosa. O quanto a Jeanine é terrível e como o Ansel Elgort era melhor fazendo A culpa é das estrelas. Fala tanto que é impossível prestar atenção direito. Sem aguentar mais o falatório, eu solto uma gargalhada e ela logo se cala e
— Eu conheci o Robert na minha primeira semana de aulas. Eu estava perdido á caminho da sala de aula e ele foi me ajudar. Acabamos os dois atrasados. — sorrio com a lembrança daquele dia em que o Charlie me fez pagar o maior mico — Nos demos bem desde o início.— Parece amizade á primeira vista.— Parece sim.— Mas isso o Robert me falou ontem assim meio por alto então não vale como segredo seu. — garota esperta — Posso te fazer uma pergunta?— Claro. Pode fazer o que quiser.— Como era a sua vida em Nova Iorque?Respiro fundo ao ser bombardeado por inúmeras lembranças da minha vida na cidade de concreto. Acho que posso falar sobre algumas coisas com ela sem ir muito fundo.— Teve uma época que eu achei que nunca iria querer sair de lá. Eu adorava as festas, os lugares agitados, as companhias. Eu tinha uma vida bem confortável. Vivia como em um paraíso, pelo menos era assim que eu pensava.— Entendo. Quando nós falamos sobre você não ter ninguém que cozinhasse pra você, você me disse
O despertador sequer chega a tocar. Apenas sinto frio na cama porque em uma única noite juntos, meu corpo já se acostumou ao seu calor. Levanto-me ás pressas quando noto a ausência da Ellen ao meu lado. Se ela tiver ido embora, eu pelo menos sei onde ela está, mas torço para que ela ainda esteja no banheiro ou na cozinha para que eu possa leva-la á cafeteria na qual ela vai trabalhar. Mas ela não está mais aqui. Olho na casa inteira e do lado de fora e sinto sua ausência de todas as maneiras possíveis. No quarto, suas sacolas de compras ainda estão lá, mas não todas. Imagino que ela tenha levado algumas para usar durante o dia.O despertador toca ás seis e meia e eu o desligo com um soco. Agora? Maldito inútil. Sei que não deveria, mas estou de mau-humor. Em uma escala de zero a dez, meu bom humor está em dez negativo. Ela não foi embora Nicholas, apenas está morando em outro lugar, repito para mim, mas isso não alivia o estresse. Eu a quero aqui comigo, tomando café, falando sem para