Depois de comer e lavar a louça, – e enquanto escolhemos um filme pra assistir na sala – pergunto à Ellen onde ela esteve o dia inteiro. Ela me ignora por um tempo e age como uma adolescente – o que realmente ela é – ao dar pulinhos de alegria depois de encontrar Divergente na minha coleção de DVD’s e pedir pra gente assistir. Sorrio para ela deitado no sofá e a chamo para perto de mim. Ela vem engatinhando da mesma posição em que está de joelhos na estante e fica de frente para mim. Faço um trato com ela de assistirmos se ela me contar o que eu quero saber. Ela aceita e então eu só tenho que esperar pouco mais de duas horas.Durante o filme, eu não paro de rir – discretamente, é claro. O tempo todo ela fala o quanto o Quatro é gostoso e como a Tris é maravilhosa. O quanto a Jeanine é terrível e como o Ansel Elgort era melhor fazendo A culpa é das estrelas. Fala tanto que é impossível prestar atenção direito. Sem aguentar mais o falatório, eu solto uma gargalhada e ela logo se cala e
— Eu conheci o Robert na minha primeira semana de aulas. Eu estava perdido á caminho da sala de aula e ele foi me ajudar. Acabamos os dois atrasados. — sorrio com a lembrança daquele dia em que o Charlie me fez pagar o maior mico — Nos demos bem desde o início.— Parece amizade á primeira vista.— Parece sim.— Mas isso o Robert me falou ontem assim meio por alto então não vale como segredo seu. — garota esperta — Posso te fazer uma pergunta?— Claro. Pode fazer o que quiser.— Como era a sua vida em Nova Iorque?Respiro fundo ao ser bombardeado por inúmeras lembranças da minha vida na cidade de concreto. Acho que posso falar sobre algumas coisas com ela sem ir muito fundo.— Teve uma época que eu achei que nunca iria querer sair de lá. Eu adorava as festas, os lugares agitados, as companhias. Eu tinha uma vida bem confortável. Vivia como em um paraíso, pelo menos era assim que eu pensava.— Entendo. Quando nós falamos sobre você não ter ninguém que cozinhasse pra você, você me disse
O despertador sequer chega a tocar. Apenas sinto frio na cama porque em uma única noite juntos, meu corpo já se acostumou ao seu calor. Levanto-me ás pressas quando noto a ausência da Ellen ao meu lado. Se ela tiver ido embora, eu pelo menos sei onde ela está, mas torço para que ela ainda esteja no banheiro ou na cozinha para que eu possa leva-la á cafeteria na qual ela vai trabalhar. Mas ela não está mais aqui. Olho na casa inteira e do lado de fora e sinto sua ausência de todas as maneiras possíveis. No quarto, suas sacolas de compras ainda estão lá, mas não todas. Imagino que ela tenha levado algumas para usar durante o dia.O despertador toca ás seis e meia e eu o desligo com um soco. Agora? Maldito inútil. Sei que não deveria, mas estou de mau-humor. Em uma escala de zero a dez, meu bom humor está em dez negativo. Ela não foi embora Nicholas, apenas está morando em outro lugar, repito para mim, mas isso não alivia o estresse. Eu a quero aqui comigo, tomando café, falando sem para
— Terra chamando Nicholas. — Hã? Acho que viajei uns minutinhos aqui. — Está tudo bem Nick?— Oi, — olho para cima e vejo o sorriso da Jenni na minha frente — Jenni você me assustou. — sorrio para ela, me ajeitando na cadeira.— Desculpe, não foi minha intenção.— Tudo bem, eu só estava um pouco distraído.— Eu percebi, parece que você esteve na lua nos últimos minutos. — ela senta na cadeira antes ocupada por Alex.— Não sei se era bem na lua, mas com certeza em algum lugar distante e... — interrompo minhas palavras ao sentir meu celular vibrar no bolso da calça. O identificador de chamadas mostra uma linda garota de olhos verdes — Desculpe Jenni, eu tenho que atender.Saio da mesa até uma parte mais vazia da sala dos professores. Jenni fica sentada no mesmo lugar, olhando enquanto eu me afasto.— Oi senhorita “saí cedo porque estava com pressa”. — digo sorrindo.— Oi senhor “bobinho estranho”. — nós dois rimos.— Sabe, você poderia ter esperado até eu acordar. Assim eu poderia ter t
Ás onze e meia eu deixo a Universidade para ir á cafeteria da Ellen. No caminho, passo ao lado do Versailles e vejo que o meu carro ainda está estacionado na esquina do restaurante. Saco meu celular e chamo o reboque para que o leve. Depois ligo para o Versailles e me identifico com um dos seus clientes. O Maître lembra-se de mim, é claro pelas gorjetas gordas que sempre deixo quando passo por lá. Peço para que ele mande alguém aguardar o reboque ao lado do meu carro como um favor pessoal. Ele não me nega.Problema resolvido, eu me concentro em chegar logo ao Barbieri’s Coffee. Estou com saudade da Ellen. O nome sugere que o dono do lugar seja italiano. O bairro onde fica a cafeteria é muito bom, com casas bonitas e prédios de boa imagem. Estaciono em frente ao lugar e entro fazendo soar um sininho na porta.Sento-me em uma das mesas e espero para que Ellen apareça. Existem poucas pessoas no lugar, logo tem muitas mesas vagas. Escolho uma que está perto de uma grande janela de vidro n
Passo no consultório dele lá pelas sete e meia e ás oito e quinze já estamos no Barbieri’s. Ellen ao nos vê sorri, mas revira os olhos para mim. Ela sabe exatamente porque eu estou aqui.Somos servidos tanto por ela como por outras garçonetes. Tem uma loira que a cada vez que passa por mim, me joga olhares de “foda-me agora ou depois, você escolhe”. Não sabe ela que eu não tenho olhos para nenhuma outra mulher que não seja uma certa garçonete baixinha, com os cabelos negros e olhos esmeralda.— Cara você está fodido mesmo. — Rob me fala bebendo um longo gole da sua sexta cerveja. Eu estou na quarta ainda. — Em outra época, você já teria levado essa loirinha para os fundos daqui, ou para o seu carro, ou para qualquer lugar e comido ela. Você está totalmente domado.— Não acho que a palavra seja “domado”, mas é que eu não tenho mais vontade de sair por aí com qualquer uma. Eu diria que apenas comecei a exigir mais dos pratos que eu consumo.— Sei, sei. E o sabor inestimável tem pele bra
— Eu não vou com você, Nicholas. — ela fala lançando um olhar fuzilante para mim.— Sim, você vem comigo, Ellen. Você só pode estar de brincadeira comigo se acha que eu vou deixá-la aqui por mais um minuto que seja.— Não, eu não vou com você, Nicholas. — Deus, me ajude aqui.— Sim, você vem comigo, Ellen. Nem que eu tenha que te jogar em cima do meu ombro e te tirar à força, você vem. — seguro sua mão e a puxo para mim, mas antes de sairmos eu me viro para os donos do lugar — Vocês deveriam ter o controle de quem entra no seu estabelecimento e não deixar qualquer porco imundo chegar aqui e assediar suas empregadas.Tiro-a quase que á força da cafeteria. Robert me segue. Quando estamos na calçada, Ellen se liberta do meu aperto e vira-se para mim com os olhos arregalados de raiva e soltando o ar com força como um touro bravo.— Você é um idiota Nicholas, um perfeito idiota. — ela grita — Perfeito não, porque não existe ninguém perfeito no mundo, mas se existisse seria você em idiotice
[...] — Eu confiei em você. Você é um filho da puta, Mike. [...]Outro soco.[...] — Como você pôde tocar nela? Você a acha gostosa é isso? Então eu vou arrancar seus olhos para que eles não possam mais olhar para ela. [...]Um soco mais forte agora. O sangue jorra da sua cara. Vejo meu presente se assemelhando a um passado nebuloso do qual eu não me orgulho nem um pouco. Penso em parar, mas nem é preciso, porque outro braço me força a sair de cima dele. Viro-me com os punhos cerrados e um olhar assassino para ver que quem evita que eu cometa um crime grave é Ellen.— Nick... — ela parece cautelosa e se afasta alguns centímetros quando nota a raiva no meu rosto. Ela parece assustada por um minuto, mas logo se recupera e se põe entre mim e o porco imundo.— Ellen, me desculpe por me ver fazendo isso, eu... — olho perturbado para o chão onde o cara parece estar inconsciente e depois para ela pedindo desculpas com o olhar.— Calado Nicholas. — ela me lança um olhar frio. Opto por fazer o