RafaelA reunião com Felipe e Vívian está encerrando, mas minha mente já está em outro lugar. Assim que desligamos a ligação ao vivo, meu celular vibra. É Beatriz.— Rafael, a Giulia recebeu alta. Já estamos prontas para ir para casa.Meu coração alivia de um peso imenso. A voz de Beatriz, apesar de cansada, soa tranquila.— Perfeito. Vou organizar a escolta e estou indo agora. Não saiam daí sem mim.Desligo o telefone e olho para Lucas, que não consegue esconder a alegria pela notícia.— Ela está bem, Lucas. Logo a pequena vai estar em casa.David, que estava atento a tudo, se adianta:— Eu vou com os meus homens. Quero garantir que tudo saia como planejado.— Ótimo. Todos em alerta máximo. Não vamos correr riscos.Chamo Ramiro e Marcos para me acompanharem no carro, enquanto Tobias e Marlon assumem o outro veículo de escolta. Antes de sair, aviso a Antonio:— Ninguém entra ou sai do condomínio sem minha autorização. Exceto os moradores, os Lambertinis, e Felipe Vassalo. Ele tem pass
CesareSaio do apartamento de Felipe com um sorriso que não consigo conter. O ar fresco da noite parece mais leve, como se carregasse o peso das minhas preocupações para longe. Finalmente, algo está se encaixando como deveria.Enquanto caminhava, as imagens ainda estão frescas na minha mente. Aquela garota... Tinha um corpo que não passava despercebido. Os sei0s arrebitados, a forma como ela se movia e gemia, e Felipe, implacável, dominando a situação, mostrando a ela quem manda, um verdadeiro Vassalo! Ele não é mais o mesmo homem que ficava preso às lembranças da morta de fome da Beatriz. Não. Ele virou a página. Tenho certeza disso agora.Sempre soube que ele nunca havia levado mulher alguma para aquele apartamento antes, como se o espaço fosse uma espécie de santuário para as memórias da ex. Mas agora? Ele finalmente saiu dessa prisão emocional. E, sinceramente, era o que eu esperava. Aquele capítulo precisava ser encerrado.Beatriz... Ela foi um erro desde o início. Uma mulher qu
BeatrizOs últimos dias têm sido uma confusão de emoções e acontecimentos. É tanta coisa que mal consigo respirar. A máfia, os planos, as missões. Tudo parece um turbilhão, mas estou decidida. Não vou mais me envolver nesses assuntos, pelo menos por agora. Minha prioridade é a minha família. Giulia, Rafinha, Rafael, eles precisam de mim inteira, presente, e não apenas como uma sombra preocupada com problemas que não posso controlar.Estou na frente do espelho, terminando de me arrumar. Hoje, vou levar Rafael ao médico, e ele não tem escolha. Ele pode reclamar, protestar, tentar me convencer do contrário, mas não vou ceder. Na semana passada, ele escapou da consulta, mas hoje isso não vai acontecer.— Rafael, você está pronto? — pergunto, saindo do quarto e indo até onde ele está, sentado no sofá com aquele olhar que tenta me dobrar.— Beatriz, você sabe que estou bem. Não tem necessidade disso.— Agora Rafa?— Se você não tivesse iniciado esse tratamento, você já estaria morto, eu te
OthonEstou na sala de reuniões, ajustando os últimos detalhes para a apresentação que prometi a todos. A porta se abre e vejo Rafael entrando primeiro, sempre sério e atento, seguido por David, que, apesar do olhar duro, parece curioso sobre o que estou prestes a revelar. No telão as imagens de Felipe e Vívian, Teresa chega logo depois, com uma postura mais reservada, mas não menos interessadas. Yana e Liam fecham o grupo, com Liam trazendo seu laptop, pronto para qualquer eventualidade técnica.— Senhores e senhoras, obrigado por estarem aqui tão rapidamente. O que vou compartilhar agora é sensível e decisivo.Faço uma pausa, deixando o peso da declaração assentar. Todos estão atentos.— Minha equipe nos Estados Unidos conseguiu provas contundentes contra Cesare Vassalo.Olho para Felipe. Ele não desvia o olhar, mas vejo a tensão na maneira como aperta o maxilar.— Por meio de escutas e uma invasão no sistema de uma empresa norte-americana associada ao Cesare, conseguimos identifica
FelipeChego à sede da máfia no mesmo ritmo de sempre, passos firmes e olhar atento, mas sem pressa. Aqui, cada detalhe importa, e qualquer deslize pode custar caro. Assim que entro, vejo Gian Carlo encostado na mesa, folheando alguns papéis com aquele jeito despreocupado que só ele tem.— E aí, irmão? Chegou cedo hoje. — digo, jogando minha jaqueta em uma cadeira próxima.Ele levanta os olhos e dá aquele sorriso de canto de boca que é a marca registrada dele.— Alguém tem que garantir que você não estrague tudo, né? — responde, piscando.Rimos juntos. Apesar das provocações, a verdade é que trabalhamos bem em dupla. Ele tem a agilidade e o improviso; eu, o foco e a precisão.Passamos a primeira parte da manhã verificando alguns documentos e discutindo detalhes dos carregamentos que chegaram recentemente. Gian, como sempre, faz piada de tudo, mas mantém o olho nos números. Ele pode até parecer relaxado, mas conhece esse jogo como ninguém.— Ah, preciso te contar — ele começa, deixando
FelipeEle ri, jogando a prancheta em cima da mesa antes de se jogar em uma cadeira.— E aí, depois disso tudo, qual vai ser? Voltar para tua garota misteriosa?Dou de ombros, mas não consigo evitar o sorriso que aparece no meu rosto.— Talvez. Se ela estiver disponível.— Tá com sorte, hein? — Gian comenta, pegando um cigarro. — Essas mulheres acabam com a gente, mas a gente não vive sem elas.— Pois é — respondo, sem discordar.Enquanto ele acende o cigarro, penso no que ele disse. As coisas estão mudando, tanto para mim quanto para ele. E por mais que o trabalho nunca termine, esses momentos de camaradagem entre irmãos fazem tudo valer a pena.— Seu otário, joga essa porcaria fora, ao invés de colocar cigarro na boca, coloca a b0ceta da sua novinha e chupa até ela gritar o seu nome! — falo rindo.Gian recebe uma mensagem no celular e faz aquela cara de quem está prestes a sair para resolver algo urgente. Ele se levanta, ajeita a jaqueta e coloca a prancheta na mesa.— Preciso cuid
FelipeConforme a noite se aproxima, termino minhas atividades e me preparo para sair. Gian está de olho nos últimos carregamentos do dia, então aproveito para me despedir rápido.— Tá indo? — ele pergunta.— Sim, tô morto. Amanhã tô de volta cedo.— Beleza. Não esquece de descansar, hein? — Gian acena, voltando a atenção para a prancheta.Saio da sede com a cabeça a mil. O celular no meu bolso parece pesar uma tonelada. Cada dado que salvei é uma arma poderosa, mas também uma bomba-relógio. Se Cesare ou alguém mais descobrir o que fiz, não haverá lugar seguro para mim.Dirijo até meu apartamento em silêncio, os pensamentos girando. Beatriz e Giulia... lembro do rastro de destruição que Cesare tentou deixar na vida delas. Beatriz, que foi minha em outro tempo, e Giulia, que nem sabe o que está acontecendo. Cesare não tem limites, mas agora eu sei o que ele fez, e ele vai pagar por isso.Assim que chego em casa, encontro um furacão chamado Vívian sorrindo, tranco a porta e me sento à m
RafaelAssim que desligo a chamada com Felipe e Vívian, permaneço por um momento em silêncio na sala de conferências, processando tudo o que acabei de ouvir. Cesare... Seus movimentos não me surpreendem, mas o alcance do que Felipe encontrou vai muito além do esperado. Esse "C. Franco" pode ser a peça que faltava para ligar tudo, os desvios, os pesticidas, e, mais importante, o atentado contra Beatriz e Giulia.Levanto e pego o telefone interno.— Yana, venha até a sala de conferências agora. Traga Liam com você.Em poucos minutos, Yana entra, com seu usual ar de eficiência. Liam a segue, já com o tablet em mãos, pronto para receber instruções. Eles sabem que, se estou chamando dessa forma, é porque algo grande está em jogo.— Sentem-se — digo, acenando para as cadeiras ao redor da mesa.Ambos se acomodam, atentos. Não gosto de rodeios, então vou direto ao ponto.— Temos um nome a mais, C. Franco. É um contato de Brasília, diretamente ligado ao Cesare, provavelmente responsável por in