MariaA festa está em plena animação, mas meu coração pulsa descompassado desde que cruzei os portões. O ambiente é luxuoso demais, as pessoas ao redor me olham como se eu fosse uma peça de decoração que não pertence àquele lugar. Sinto um nó na garganta, mas respiro fundo. Este é o meu novo mundo, pelo menos é o que todos dizem. Preciso me acostumar.De repente, ele aparece. Gian Carlo. Seus olhos encontram os meus e, por um momento, o tempo parece parar. Meu peito aperta, minha respiração falha. Nunca fui vista assim por ninguém, como se ele pudesse enxergar direto dentro de mim.— Oi, noivinha — ele diz, com um sorriso que me desconcerta. Suas palavras, tão diretas, me pegam de surpresa. Antes que eu consiga responder, ele segura minha mão e acaricia meu rosto com uma delicadeza que não esperava de um homem tão intenso.Meu coração dispara, e sinto um calor subir pelas minhas bochechas. Não sei como reagir. Nunca fui tocada assim, nunca ninguém se aproximou tanto. Cada gesto dele p
FelipeO dia finalmente chegou ao fim, mas minha mente ainda está girando com toda a emoção. A festa continua animada, as pessoas estão rindo, dançando e celebrando nosso casamento. No entanto, minha atenção está completamente voltada para Vivian. Ela está radiante, linda como nunca, e cada vez que a vejo sorrir, meu coração parece querer saltar do peito.Eu a puxo de lado, em um canto mais tranquilo, longe do barulho. Ela me olha curiosa, aquele brilho nos olhos que eu amo tanto. Sem dizer uma palavra, deslizo minha mão na dela e sussurro:— Vem comigo.Ela franze o cenho, intrigada, mas confia em mim. Caminhamos discretamente até a saída, atravessando o salão sem chamar atenção. Assim que estamos do lado de fora, o ar fresco da noite nos envolve. Há um carro já esperando, algo que planejei com cuidado para não levantar suspeitas.— Felipe, o que você está aprontando? — ela pergunta, a voz misturando curiosidade e diversão.Abro a porta do carro e, antes de responder, beijo a sua mão
FelipeEla olha ao redor, maravilhada.— Isso é ainda mais bonito do que eu imaginava.— Espere até ver a vista do nosso quarto. — digo, puxando-a para um táxi que já nos espera.Estamos começando nossa aventura, um momento só nosso, em um lugar onde nada pode nos alcançar. Aqui, prometo a mim mesmo, será o início de um capítulo inesquecível das nossas vidas.Entramos na suíte e, assim que a porta se fecha atrás de nós, Vivian solta um suspiro de admiração. A vista é de tirar o fôlego: grandes janelas de vidro que se abrem para uma varanda com vista para o mar. O azul do oceano se mistura ao dourado do sol que começa a se pôr, criando um espetáculo de cores que parece pintado à mão.Ela caminha até a varanda, deslizando os dedos pelo corrimão de madeira.— Felipe, isso é incrível. Eu nem sei o que dizer...Acompanho seus passos e a envolvo pela cintura, puxando-a para mais perto.— Não precisa dizer nada. Só quero que você aproveite cada segundo.Ela se vira para mim, os olhos brilhan
RafaelChegamos ontem do casamento de Vivian e Felipe e hoje já estou na ativa, dia de consulta médica e procedimentos, saio da clínica sentindo-me leve, como se cada sessão fosse não apenas um tratamento, mas também um recomeço. Respiro fundo enquanto caminho até o carro, apreciando o sol que aquece minha pele. Parece um daqueles dias em que tudo conspira a favor, em que a luta diária contra o câncer não parece tão pesada.Entro no carro, ligo o motor e deixo o ar-condicionado refrescar o ambiente. Enquanto dirijo em direção à minha casa, deixo os pensamentos vagarem. Os procedimentos de hoje foram tranquilos. A auto-hemoterapia e a ozonioterapia estão se tornando parte da minha rotina, quase como um ritual de fortalecimento. Cada gota de sangue reinjetada, cada molécula de ozônio parece dizer ao meu corpo: “Lute mais um pouco. Você está indo bem.”De repente, o toque do celular me traz de volta ao presente. Olho para o visor rapidamente enquanto pego o aparelho do banco do passageir
RafaelAssim que saio da boate, a mente está acelerada. Não consigo ignorar o que vi nas câmeras. Adolescentes circulando, olhares mal intencionados, movimentos que indicam algo errado. É como um sinal vermelho piscando, e sei que não posso deixar passar. A Luxor pertence à máfia, e quem controla sou eu. Isso significa que a responsabilidade também é minha.De volta a sala de conferências, começo a convocar quem preciso. A lista é clara na minha mente. Primeiro, Ramiro. Ele é direto e experiente. Apesar de termos nossas diferenças, em situações como essa ele é um trunfo.— Ramiro, quero você comigo nessa. Reunião na base em uma hora.Depois, Marcos.— Marcos, venha. Liam é o próximo.— Liam, prepare seu equipamento. Quero você monitorando tudo. E traga a Luana.Ligo para André, que atende no segundo toque.— André, preciso de você e da Lua aqui imediatamente.— Beatriz, preciso de você na sala de conferências.Por fim, chamo Robert, Rodrigo, Tobias, Lucas e Priscila.— Vocês cinco, s
Rafael— E lembrem-se: qualquer coisa que saia do planejado, vocês recuam. Segurança de todos vem primeiro.Enquanto saímos para finalizar os preparativos, sinto o peso da responsabilidade, mas também a confiança na equipe que montei. Eles sabem o que fazer, e eu também. Amanhã, a Luxor será o palco de algo muito maior do que uma simples noite. Será o começo do fim para qualquer um que esteja explorando essas vidas jovens e inocentes.No dia seguinte, a tensão é palpável, a preparação está em andamento. Cada detalhe é revisado exaustivamente. Cada um de nós está focado em sua função, e a preparação para a operação na Luxor é meticulosa. Antes de sairmos, reúno todos na sala de reuniões para uma última conversa.— Hoje não é só mais um dia de trabalho. — começo, olhando para cada rosto à minha frente. — Estamos lidando com algo que vai além do que normalmente enfrentamos. Esses adolescentes podem não ter ninguém olhando por eles, mas agora nós somos quem vai garantir que saiam dessa.
Cesare VassaloNo silêncio da madrugada, enquanto o mundo lá fora repousa em uma falsa sensação de segurança, eu permaneço desperto. Meu mundo não conhece descanso. Aqui, não há espaço para fraqueza. A máfia não perdoa os despreparados, e eu sou a prova viva de que sobreviver é uma arte cruel.Diante do público, sou Cesare Vassalo, magnata de uma das maiores empreiteiras do Brasil, um homem de negócios impecável e dono de um império. Mas nas sombras, sou o estrategista implacável, o arquiteto de cada movimento no tabuleiro da máfia. Minhas mãos são de ferro, e meu coração, uma fortaleza. O destino me moldou para liderar, mas não sem antes me testar de todas as formas possíveis.Parte dessa provação foi Giulia. Ah, Giulia... Quando me forçaram a me casar, encarei o matrimônio como uma negociação, um acordo entre famílias que perpetuava o poder. As mulheres, para mim, eram ferramentas úteis, nada mais. Porém, naquele altar, ao levantar o véu de Giulia, o que vi não foi fragilidade, mas u
RafaelOs números nunca mentem, mas as pessoas, sim. E é nisso que reside minha vantagem. Aqui, no laboratório, eu sou o único com a visão completa do jogo. O silêncio ao meu redor é apenas uma fachada, sob ele, há uma complexa teia de segredos que se entrelaçam com cada experimento, cada fórmula, cada decisão.Enquanto ajusto os parâmetros do espectrômetro, minha mente viaja para além dos dados e dos reagentes. Contratar Beatriz foi um movimento estratégico, como mover um peão no tabuleiro. Jovem, recém-formada, idealista, sem vícios de mercado. Um vaso vazio esperando ser preenchido com aquilo que eu escolher.Ela chega amanhã. Seus olhos provavelmente brilharão diante dos equipamentos de última geração e da estrutura impecável deste lugar. Mal saberá que, por trás de cada detalhe cuidadosamente projetado, há um mundo oculto que ela jamais poderá acessar.Beatriz vai trabalhar aqui comigo, esse laboratório é a personificação de uma pesquisa legítima. Equipamentos de ponta, a document