Beatriz— Eu entendo que você quer adiantar as coisas, Bia, mas seu corpo está pedindo descanso. Você ouviu a doutora Mônica, não ouviu? Ela disse que estamos nas últimas semanas, e isso significa que você precisa pegar mais leve — ele argumenta, com um tom que mescla preocupação e autoridade.— Eu sei o que a médica disse, Rafael — retruco, um pouco mais ríspida do que pretendia. — Mas não posso simplesmente largar tudo agora. O laboratório é minha responsabilidade também. Não posso ficar parada esperando a Giulia nascer e deixar todo o trabalho acumular.O pequeno silêncio que se segue é denso. Rafael cruza os braços, me observando com uma expressão que conheço bem. Ele não quer discutir, mas está claramente desconfortável com a ideia de eu continuar trabalhando nesse ritmo.— Eu só não quero que você se esgote — ele diz, finalmente, em um tom mais suave. — Não é uma questão de deixar o trabalho para depois. É sobre cuidar de você e da nossa filha. O que adianta adiantar o trabalho
PriscilaEstou no quarto do apartamento, o ambiente está silencioso, mas minha mente é um caos. Me sento na cadeira em frente ao espelho e começo a me preparar, mas dessa vez, não sou Priscila. Não posso ser. A partir de agora, sou apenas uma adolescente comum, de 16 anos, uma garota frágil e desavisada, um alvo perfeito para o esquema que vamos desmantelar.Primeiro, a maquiagem. Começo suavemente, querendo parecer mais jovem, ingênua. Um toque de blush para dar aquele ar de inocência, olhos menos marcados, quase sem delineador. Apenas o suficiente para chamar atenção, sem parecer que tentei demais. Os lábios, com um gloss suave, quase infantil. O visual é importante, mas o comportamento... isso é o que vai selar o disfarce.Lucas entrou no quarto mais cedo e deixou algumas instruções sobre como devo me comportar. Ele observou de longe enquanto eu praticava o jeito de andar, o jeito de falar, a postura. Não posso parecer confiante demais, nem vulnerável a ponto de levantar suspeitas.
PriscilaEstou no quarto do apartamento, o ambiente está silencioso, mas minha mente é um caos. Me sento na cadeira em frente ao espelho e começo a me preparar, mas dessa vez, não sou Priscila. Não posso ser. A partir de agora, sou apenas uma adolescente comum, de 16 anos, uma garota frágil e desavisada, um alvo perfeito para o esquema que vamos desmantelar.Primeiro, a maquiagem. Começo suavemente, querendo parecer mais jovem, ingênua. Um toque de blush para dar aquele ar de inocência, olhos menos marcados, quase sem delineador. Apenas o suficiente para chamar atenção, sem parecer que tentei demais. Os lábios, com um gloss suave, quase infantil. O visual é importante, mas o comportamento... isso é o que vai selar o disfarce.Lucas entrou no quarto mais cedo e deixou algumas instruções sobre como devo me comportar. Ele observou de longe enquanto eu praticava o jeito de andar, o jeito de falar, a postura. Não posso parecer confiante demais, nem vulnerável a ponto de levantar suspeitas.
PriscilaEu me sento em um banco alto e peço uma bebida leve, algo que uma garota de 16 anos pediria. O barman, já sabe quem sou eu e sabe o que tem que fazer, me olha de cima a baixo e sorri de canto, mas não diz nada. Ele me serve, e eu fico ali, fingindo observar o ambiente ao redor, mas na verdade já estou caçando.É só questão de tempo até que um deles me encontre.Lucas havia me avisado. Eles se aproximam devagar, testam as águas antes de se jogarem de cabeça. E eu tenho que estar pronta para o momento em que isso acontecer. A atmosfera da boate é pesada, quase sufocante. Olho ao redor, procurando rostos suspeitos, homens mais velhos que parecem deslocados no meio de tantos jovens. São eles que quero atrair.De repente, sinto uma presença ao meu lado. Um homem, talvez na casa dos 40 anos, se aproxima devagar e se inclina no balcão ao meu lado. Ele pede uma bebida para ele, e outra para mim, sem que eu tenha pedido.— Você parece meio perdida, garotinha. Primeira vez aqui? — ele
Priscila— Eu só... não quero fazer nada que me coloque em problemas. — digo, tentando parecer ainda mais ingênua.Ele sorri novamente, mas dessa vez há algo mais escuro em seus olhos.— Você não vai se meter em problemas. Desde que faça o que eu disser.A cada palavra que ele diz, percebo que estou mais perto de descobrir algo grande. Ele está envolvido até o pescoço nisso, e agora a questão é até onde ele está disposto a ir. Mas antes que eu possa pressionar mais, ele olha em direção à entrada da área reservada.— Espera aqui. — ele diz, se levantando bruscamente. — Eu já volto.Observo enquanto ele sai da sala, deixando-me sozinha por alguns instantes. Meu coração bate acelerado, mas mantenho a calma. É minha chance de analisar o ambiente com mais atenção. As conversas ao redor são abafadas pelo som da música que chega de longe. Algumas pessoas trocam olhares suspeitos, como se soubessem mais do que aparentam.Pego meu celular, verificando discretamente as mensagens de Lucas. Ele
PriscilaMeus olhos encontram os dele, e por um instante parece que o tempo para. Lucas me encara com um sorriso discreto, quase amoroso. Ele não faz nenhum movimento para vir até mim, apenas observa, como se estivesse se divertindo com a espera, testando minha paciência. Desvio o olhar, tentando parecer despreocupada. Bebo um gole pequeno do drink, mais para manter as mãos ocupadas do que por sede. O gosto é doce e suave e como Rafael ordenou 0% álcool, mas preciso manter a calma, ou pelo menos a aparência dela.Logo vejo o homem que havia me abordado voltando, o meu corpo inteiro entra em alerta. A cada passo dele, sinto uma onda de tensão subir pela minha espinha. Quando chega o meu lado no bar, ele se inclina levemente, seus olhos ainda fixos nos meus.— Vejo que você é muito tímida, não fez amizade com ninguém até agora?— Não sou de muitas amizades, sou na minha.Ele inclina a cabeça, avaliando cada palavra que sai da minha boca. Há uma tensão invisível no ar, um jogo perigoso
Beatriz— Fabrícia como eles cresceram não é? Estão enormes, nem parece que nasceram ontem!— Mas não é amiga, parece que foi ontem que eles saíram da minha barriga só como eles estão enormes já estão até sentando, eu acho uma fofura. O Antonio baba esses filhos! — E não é para babar minha amiga? Eles são lindos!— E me diz você também já está quase ganhando a sua princesinha não é? Ela está quase chegando entre nós! — Sim Fabrícia, estou em contagem regressiva já e a qualquer momento ela pode chegar! — Meu Deus, ontem você descobriu que estava grávida.— Que a Giulia venha com muita saúde!— Amém minha amiga, é tudo que eu mais desejo, minha filha forte e saudável.Nesse momento me recordo de um diálogo com o Felipe. Lembranças on— Quando nos casarmos pequena e tivermos uma menina igualzinha a você, vou colocar o nome da minha mãe nela, sim? Minha mãe é uma mulher muito especial Beatriz.— Então Felipe, a nossa menina se chamará Giulia com certeza.Felipe alisava minha barriga
PriscilaO homem se inclina ainda mais, sua respiração pesada, enquanto os seus dedos se aproximam dos meus, e eu vejo o brilho nos olhos dele. Ele acha que me tem nas mãos, completamente à sua mercê. Cada movimento dele é calculado, mas o que ele não sabe é que eu também estou calculando cada segundo.— Ninguém vai cuidar de você como eu, menina. — Ele diz, a voz baixa e controlada, mas com aquela malícia explícita por trás. — Eu vou te dar tudo, a mão dele toca a minha, suave, mas firme o suficiente para deixar claro o tipo de domínio que ele quer ter.Sinto meu estômago revirar, mas por fora mantenho a expressão perfeita: uma mistura de incerteza e hesitação, como uma garota confusa que não sabe ao certo o que está acontecendo. Mas Lucas, que continua em algum lugar próximo, já deve ter visto tudo o que precisa. O homem acabou de passar do ponto.Minha mente está alerta, contando os segundos até Lucas fazer o movimento final. O jogo está prestes a mudar. Meu olhar se fixa nos olho