David LambertiniEstou no escritório de casa, analisando relatórios da última operação em Córdoba, quando o telefone toca. O número é familiar, mas o horário da ligação já me alerta que algo sério aconteceu. Atendo de imediato.— Vassalo?— Lambertini, é sobre Beatriz e a filha dela, Giulia. Fizeram uma emboscada.Meu corpo se tensiona, e a caneta que estava girando entre meus dedos cai sobre a mesa.— Beatriz? O que aconteceu?— Ela está bem, mas a Giulia... sofreu um traumatismo craniano. Está na UTI.Sinto o sangue gelar. penso nos meus filhos e sobrinhos. Beatriz e Lizandra criaram um vínculo forte no congresso, e Lizandra não me perdoaria se eu não agisse de imediato.— Onde estão agora?— Hospital São Miguel, em Brasília.Penso por um momento e decido.— Estou indo para lá com Lizandra. Não mova um dedo sem me avisar.— Entendido.Desligo e imediatamente aperto o botão do interfone.— Hernan, organize a segurança. Vamos partir para Brasília ainda hoje.Levanto-me e vou até o qua
FelipeSeguimos todos para o quarto da Beatriz, ela nos recebe com um sorriso fraco e logo em seguida faz careta de dor, preciso me controlar, por sentir vontade de ajudar, mas sei que o Antonelli pode enlouquecer de ciúmes, por saber que na verdade ainda a amo e me ver perto demais, eu também ficaria louco, não tiro a razão dele.Observo a interação entre ela e Lizandra que rapidamente a ajuda a sentar de uma forma mais confortável, o David fica todo sem graça, acho que é por estar no quarto de uma mulher, mas nesse momento todos precisamos estar juntos e ouvir Beatriz.— Beatriz Antonelli, por favor, nos conte tudo o que aconteceu. — digo tentando não pressiona-la.— Isso é muito importante para todos nós, tente lembrar de tudo, se houve algo estranho, alguma ligação, mensagem, qualquer coisa fora do normal.Observo quando ela aperta a mão de Lizandra, elas trocam um olhar cúmplice, mas noto quando Lizandra enrijece o corpo.— Não aconteceu nada demais, notei a minha pequena com feb
FelipeTodos os olhares se voltam para ele, e eu sei o que vem a seguir. Rafael inclina-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa.— Felipe é o pai biológico da Giulia. Ele é um Vassalo, primogênito de Cesare, membr0 da máfia Italiana.Othon e Yana não reagem, eles conhecem bem essa história, mas é evidente que a informação foi processada. A surpresa foi apenas para David, que se mantém em neutralidade. O casal troca um breve olhar antes de Othon falar.— Entendido. Isso não muda o fato de que estamos aqui para proteger a criança e encontrar quem está por trás disso.— Não se mexe em família, é um bem sagrado!Agradeço mentalmente a sensibilidade de todos para com o assunto. Não preciso de julgamento ou distrações agora.Yana interrompe, chamando a atenção de todos.— Consegui algo. Esse número está conectado a um CEO de uma multinacional envolvida com exportação de glifosato. Aparentemente, eles têm conexões bem enraizadas no Brasil, Argentina e Uruguai.David se endireita na ca
FelipeOthon toma a palavra novamente, seu tom calmo e autoritário preenchendo a sala.— Há algo que precisamos resolver antes de continuarmos. Por questão de segurança, sugiro que todos os envolvidos1qaa fiquem no condomínio da nossa organização. A área é blindada, e a vigilância é feita 24 horas por soldados altamente treinados. Lizandra, Beatriz, Giulia e qualquer outra pessoa envolvida estarão sob a proteção máxima.David olha para Othon com uma sobrancelha levantada, avaliando a proposta. — Não podemos subestimar essa ameaça. Não é só sobre mim ou sobre Beatriz. É sobre as nossas famílias.David inclina a cabeça lentamente.— Se você acha que é o melhor para nossa segurança, aceito. Mas Lizandra não ficará sozinha por um segundo sequer.Othon sorri levemente, seu semblante frio suavizando um pouco.— Não se preocupe com isso. Minha esposa, a Yana, estará com ela o tempo todo. Yana é um soldado. Foi treinada para situações de alto risco e está pronta para qualquer coisa, inclusiv
RafaelNo caminho para o hospital, eu e David nos acomodamos no carro silenciosamente. A tensão do dia pesa, mas a presença de alguém que entende esse tipo de pressão ajuda. Depois de alguns minutos, David quebra o silêncio.— Sabe, Rafael, eu fiquei sem graça quando entrei no quarto da Beatriz. — Ele solta um riso nervoso e balança a cabeça.Eu olho para ele, surpreso, mas curioso.— Sem graça por quê?— Porque entrei no quarto de uma mulher casada sem sequer bater, eu não fui criado assim assim, eu respeito uma mulher solteira, imagine uma casada, eu tenho família, mãe, irmãs, filhas... Realmente quero me desculpar pelo ocorrido. — Ele faz uma pausa, ajustando os punhos de sua camisa. — Quero deixar claro que respeito Beatriz, e... ah cara, eu sou fiel à minha esposa.Assinto, entendendo o ponto.— Não precisa me explicar isso, David. Eu sei. — Sério, Rafael, eu sou louco pela Lizandra. Não consigo imaginar como seria ver alguém entrando no quarto dela sem aviso. Acho que perderi
BeatrizAssim que a porta se fecha, Rafael e David voltam ao lado da cama. Rafael segura minha mão, enquanto David olha para Lizandra, visivelmente preocupado.— Aproveitando que estamos todos aqui, acho importante explicarmos como está a situação das investigações e o que decidimos — diz Rafael, olhando para mim.Eu observo atentamente enquanto ele e David explicam sobre o condomínio, a segurança reforçada e a decisão de todos ficarem juntos.— É uma ideia incrível — digo, animada. — Fico mais tranquila sabendo que todos estão seguros e próximos.A conversa flui, e David até relaxa um pouco, soltando um comentário engraçado que faz Lizandra sorrir. Estamos discutindo os próximos passos quando o celular de Rafael vibra com uma mensagem. Ele lê rapidamente e nos olha com seriedade.— Acabamos de receber uma atualização da equipe. Parece que há uma novidade importante.Todos ficam atentos, esperando o próximo movimento, enquanto o clima de expectativa toma conta do quarto.Rafael rapid
Eu balanço a cabeça, determinada.— Não adianta, Rafael. Não vou sair do lado da minha filha. Você sabe o que eu passei. Ela quase morreu. Eu não a deixo aqui, de jeito nenhum, ela ainda precisa de UTI!Ele respira fundo, mas vê que não há como me convencer.— Muito bem, você fica. Mas você vai estar armada, e o hospital vai ser cercado de segurança.Minha mente entra em alerta.— Quero minha arma. Agora!David me encara, surpreso com a firmeza na minha voz, mas não diz nada. Rafael, sem argumentar, faz um gesto para um dos seguranças do hospital, que traz a arma. Pego-a e verifico o carregador instintivamente.— Vamos reforçar a segurança do hospital — Rafael diz, voltando-se para David. — David, preciso que você e Lizandra vão para o condomínio. A segurança dela também é prioridade.David hesita por um momento, olhando para Lizandra, que parece relutar em sair.— Lizandra, é melhor irmos. Aqui já está sob controle — ele tenta convencê-la.— Não sem Beatriz e Giulia.— Eu vou cuidar
Othon— Então é isso — concluo. — Estamos lidando com uma organização que não tem medo de sujar as mãos. Vamos fazer o mesmo.Yana aperta minha mão de leve, um gesto de apoio silencioso. Ao meu lado, Rafael e David se preparam para os próximos passos. Estamos todos no mesmo barco agora. Não há espaço para erros.Após traçarmos as primeiras estratégias, a sala se esvazia aos poucos. Rafael, David e eu permanecemos por mais alguns minutos conectados, ajustando detalhes enquanto Yana e Liam compilam as informações finais.— Não dá para ignorar o alcance dessa gente — digo, olhando para os arquivos na tela. — Eduardo Loureiro e Gustavo Herrera não são peões. Eles têm poder, influência, e provavelmente estão jogando em várias frentes.David passa a mão pelo rosto, um gesto que revela sua preocupação.— Não só isso, Othon. Esses homens podem estar conectados a outras organizações. Se a Nonsanty estiver usando a máfia local para proteger suas operações, estaremos lidando com um ninho de cob