Quando nos separamos um pouco tempo depois, naquela mesma bagunça ofegante que sempre parecemos, eu nem espero muito tempo para recuperar o fôlego antes de fazer a pergunta que estava na minha cabeça faz um tempo considerável.-E então, quando planejava me contar que é um lobisomem? -Ele fica estático e me olha com uma cara tão confusa que chega a ser fofa.-O que? -Ele me pergunta, com seu tom de voz refletindo os mesmos sentimentos de confusão que estavam cravados na sua expressão. -Quando. Você. pretendia. Me contar. Que. É. Um. Lobisomem? Eu digo pausadamente para dá-lo a oportunidade de entender melhor o que eu tinha dito, afinal, não tinha tanta certeza o que aquele ‘O que?’ significa.Ele fica bastante tempo me encarando sem responder nada, e de novo, acho isso uma graça. Eu quase conseguia ver as engrenagens girando na cabeça dele, junto com uma pequena versão de um Sherlock Holmes enquanto ele tentava raciocinar como eu havia descoberto seu segredo. -Como você…? - Ele perg
m o que deveria ser a maior cara de bocó o planeta terra, isso não significava que eu queria sair daqui. Não significava que eu estava falando sério sobre fugir. Aqui com certeza era infinitamente melhor do que o mundo real, não importando o quão constrangida eu estivesse com tudo isso. Mas as coisas agiam por conta própria, e o que eu queria e deixava de querer não era nem um por cento relevante para a grande balança cósmica do universo.E foi por isso que eu senti chegando, a névoa me cobrindo, a dormência em um dos braços pois provavelmente eu estava de alguma forma, dormindo em cima dele no mundo real. Eu estava acordando, e Cedric deve ter percebido isso pela minha cara de pavor, pois já me ofereceu um dos sorrisos mais reconfortantes que ele poderia ter me dado, mesmo eu conseguisse ver o medo e a dor dentro dos seus olhos por eu estar indo embora para um lugar onde ele não podia me alcançar por enquanto. -Vai ficar tudo bem. Eu prometo a você. Lembre-se que você só precisa
Aquele homem assustador me levou por paredes e mais paredes de pedra, com tochas penduradas em cada canto daqueles corredores, dando uma iluminação muito mais assustadora e gótica do que eu gostaria nessa situação. Eu tinha começado a pensar na minha teoria de ter sido levada para um lugar mais longe do que eu pensava inicialmente. Talvez a Escócia ou até mesmo a Transilvânia. Mas então, conforme íamos andando, eu quase pulei para trás quando reparei em algo que eu com certeza não tinha visto mais cedo antes. Todas as tochas, absolutamente todas elas, eram elétricas, com uma lâmpada vermelha patética fazendo o serviço de tentar imitar a luz de um fogo. Eu só não achei que reparar em tochas não era algo que merecia minha atenção, mas agora, eu acho que um castelo assombrado não teria nenhum aparelho desse tipo movido a pilha.O azar era que não tinha nenhuma mísera janela no caminho que estávamos seguindo, então eu não conseguia nem sequer ter uma noção de onde estávamos, ou que tipo
Eu esperei, e esperei mais um pouco. É extremamente difícil ter qualquer tipo de noção do tempo quando se está tão ansiosa quanto eu estava nesse momento, e não se tem um mísero relógio que possa consultar. Minhas mãos suadas me davam um receio daquela tampa pesada acabar escorregando da minha mão e eu acabar me entregando. E se eu errasse o alvo? Se ele entrasse, já me visse de primeira e atirasse em mim ,sem nem que me desse tempo de perceber o que foi que me atingiu?Era difícil parar os pensamentos, mas quando eu ouvi uns murmúrios do outro lado da porta e logo depois percebi ela começando a se abrir, fui surpreendida quando aquele jorro de adrenalina começou a preencher todo o meu corpo de um segundo para o outro. Apesar de humanos não terem superpoderes, uma super dose de adrenalina no nosso organismo podia fazer chegarmos bem perto de ter. Era exatamente esse neurotransmissor que fazia as mães levantarem carros para salvar os seus bebês em situações de perigo, e eu comecei a
Esse era algum dos momentos em que eu facilmente poderia acreditar que tinha, em algum lugar, algum tipo de entidade universal que estava me assistindo em alguma espécie de grande telão, e apenas com um aceninho do seu dedo fazia alguma coisa pra me ajudar.Não, eu não estava falando de qualquer tipo de Deus. No máximo um Leprechaun, um homem baixinho e barbado vestido de verde que tem poderes de dar ou tirar a sorte quando bem entender. Quem sabe de repente, eu tinha virado seu programa favorito, e para as coisas não acabarem e continuarem no ápice da emoção, ele tinha resolvido me ajudar. Digo isso porque aquele caminho, dentre tantos outros que eu poderia ter escolhido, deu direto em uma saída, e na situação que eu estava, golpes de sorte como esse só podiam ser obras de seres místicos, pois toda a situação ao meu redor apontava que eu deveria me dar mal, e muito. Independente disso, agora eu com certeza passaria a ter um pouco mais de fé nesse homenzinho, torcendo para que ele me
POV CEDRICOs dias pareciam idênticos às noites. Era tudo cheio de uma culpa ansiosa, tormentos vivos em forma de pesadelos quando se está acordado. Se ele tivesse marcado ela, mordido bem onde ele tanto queria, na curva onde seu pescoço encontra seus ombros, onde o cheiro dela era mais forte, ele poderia senti-la onde quer que ela estivesse, e talvez assim não estivesse nessa agonia dez vezes pior carregada com o “Não saber”.O não saber era terrível, tão terrível que parecia consumir ele de dentro pra fora, e só deu uma pausa considerável depois de ver Odette, sua rainha dos cisnes, dentro de seus sonhos.Em algum lugar alguma coisa tinha atendido seus chamados desesperados, alguma coisa tinha sentido pelo menos uma mísera parte de tudo que estava o corroendo, e tinha feito isso por ele. Não que ele fosse desistir de ir atrás dela, sem ver ela nos sonhos ou vendo ela nos sonhos, isso era tudo que ele ia fazer, ir atrás dela não importando onde ela estivesse. Ele era como os homens o
Penso que talvez eu estivesse delirando, e que deveria voltar pro meu esconderijo e torcer para ninguém ter me visto, mas quando eu olho rapidamente na direção onde jurei ter ouvido alguém me chamando, recomeço aquelas roupas coloridas de primeira.-Snoo?? O que está fazendo aqui?? -Sussurro bem baixinho contra o vento, um pouco mais aliviado por não ter colocado tudo o que foi planejado a perder. Mas ainda assim, que eu me lembre, a etapa de libertá-lo era lá para o final do plano, quando o nosso ingresso de saída desse lugar já estivesse completamente reservado e com todas as coisas saindo conforme o planejado. Por um segundo penso que talvez estejam usando ele como uma amadilha para me pegar, mas não fazia sentido nenum essa teoria e era só uma idéia idiota do meu cérebro totalmente paranoico a essa altura do campeonato.Eu vou até ele, ainda tomando cuidado com os meus rastros, pisando somente nas partes onde havia grama e pedras para que não deixasse pegadas. Eu me sinto com cer
Snoo também não havia dito nada da minha arma. Eu deveria confiar nele, tinha vários motivos para confiar nele, mas ainda assim tudo isso era tão suspeito que me dava azia. Eu odiava essas coisas sem explicação, e elas costumavam alugar um triplex na minha cabeça com muita facilidade, espantando o sono e a minha pouca clareza mental. Como se a minha cabeça toda pudesse resumida em uma bancada de trabalho, que quando estava muito bagunçada ou com muita coisa desorganizada em cima dela eu não conseguia visualizar direito as coisas eu devia visualizar em cima dessa bancada. Minhas prioridades não eram mais tão importantes graças a aquela porcaria de bagunça. Independente de estar tudo bagunçado ou não, eu entrei na casa dos espelhos com Snoo. Não pela entrada da frente. Ninguém que está sendo procurado entra pela porta da frente de nenhum lugar e isso era óbvio, mesmo que não tivesse ninguém por perto. Snoo me conduziu pela lateral daquele prédio e paramos bem em uma portinha que pareci