Lorenzo permaneceu em silêncio por alguns longos segundos, o peso das minhas palavras parecendo finalmente penetrar naquela armadura de arrogância que sempre usava. Seus olhos se suavizaram brevemente, e eu pude ver, por trás da rigidez, um homem dividido entre o orgulho e a necessidade. Depois de uma pausa que pareceu eterna, ele falou: — Eu não escolhi ter você ao meu lado, Priscilla. Mas agora que está aqui, talvez seja hora de reavaliar algumas coisas. Você tem coragem, vou lhe dar isso. Mas saiba que cada passo seu, cada decisão, pode ter consequências que afetarão não apenas você, mas todos ao nosso redor. Eu respirei fundo, encarando-o com determinação: — Então, me mostre como podemos enfrentar essas tempestades juntos, Lorenzo. Não quero ser apenas uma marionete ou uma peça descartável. Quero ser a rainha que controla o jogo, e, se for preciso, quebre as regras para construir um império que resista a qualquer traição. A tensão entre nós parecia se transformar em uma alianç
O escritório de Lorenzo era tão frio e impenetrável quanto o homem que o ocupava. Eu sabia que entrar ali era como adentrar o covil de um lobo, mas não me importei. Eu estava cansada de ser ignorada, de ser tratada como uma sombra em minha própria vida. Ele podia ser o temido Capo di Tutti Capi, mas eu não era mais a garota ingênua que aceitava tudo calada. Eu era sua esposa, gostasse ele ou não.Entrei sem bater, ignorando o olhar afiado que ele me lançou. Ele estava recostado na cadeira de couro, os dedos entrelaçados sobre a mesa, como se já soubesse o que eu ia dizer. Como se já estivesse entediado comigo antes mesmo de eu abrir a boca. Bem, ele que se acostumasse. Eu não ia mais me calar.— Você não pode continuar me ignorando, Lorenzo. — Minha voz ecoou na sala, firme e desafiadora. — Somos casados, goste você ou não.Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros, e eu vi a irritação nos olhos dele. Mas havia algo mais ali, algo que eu não conseguia decifrar. Algo que me fe
O silêncio no quarto era sufocante. Depois da briga no escritório, não vi Lorenzo pelo resto do dia. Eu deveria estar aliviada. Ele finalmente parou de me provocar, de testar meus limites, de confundir meus sentimentos. Mas o gosto do beijo ainda estava em meus lábios, e isso me enfurecia. Caminhei até a varanda do quarto, abraçando a mim mesma contra o vento frio da noite. A mansão ao redor era imponente, cercada por seguranças. Uma prisão dourada. Meu mundo agora se resumia a isso – criminosos, traições e poder. Quando voltei para dentro, um vestido preto de alta-costura estava sobre a cama. Ao lado, um bilhete escrito em caligrafia elegante. "Vista-se. Temos um evento esta noite. — L." Amassei o papel com força. Ele me tratava como uma funcionária, não como sua esposa. Mas se Lorenzo achava que podia me humilhar, estava enganado. Uma Farsa Perfeita Quando desci as escadas, Lorenzo já me esperava. Ele vestia um terno preto impecável, o cabelo penteado para trás, realçando o m
O abraço de Lorenzo foi firme, mas ao mesmo tempo suave, como se ele temesse me machucar. Eu senti o calor do corpo dele contra o meu, e por um momento, permiti-me relaxar. Era estranho, como algo tão simples podia me fazer sentir tão vulnerável e segura ao mesmo tempo. Mas então, a realidade bateu, e eu me afastei, olhando para ele com uma mistura de raiva e confusão.— Isso não muda nada. — Eu disse, a voz tremendo levemente. — Você ainda é o mesmo homem que me humilhou, que me tratou como uma obrigação.Lorenzo parou, os olhos escaneando meu rosto como se tentasse decifrar um enigma.— Eu sei que errei. — Ele admitiu, a voz suave e carregada de emoção. — Mas estou tentando, Priscilla. Estou tentando ser diferente.Eu senti as lágrimas queimando nos olhos, mas me recusei a chorar. Não na frente dele. Nunca na frente dele.— E se você não conseguir? — Eu perguntei, a voz tremendo. — E se tudo isso for apenas mais um jogo para você?Ele parou, os olhos fixos nos meus. Havia algo ali,
Os dias que se seguiram foram uma mistura de tensão e esperança. Lorenzo começou a me incluir mais nas decisões da família, algo que ele nunca havia feito antes. Eu sabia que era um teste, uma maneira de ele ver se eu poderia realmente ser uma aliada, mas eu estava determinada a provar que era mais do que capaz.Uma noite, enquanto revisávamos os planos para uma reunião importante com os líderes das outras famílias, Lorenzo olhou para mim com uma expressão que eu não conseguia decifrar.— Você está pronta para isso? — Ele perguntou, a voz séria.— Pronta para o quê? — Eu respondi, levantando a cabeça para encará-lo.— Para o que está por vir. — Ele explicou, os olhos escuros e cheios de aviso. — Nem todos vão aceitar você, Priscilla. E alguns podem tentar te machucar.Eu sorri, sentindo uma determinação queimando dentro de mim.— Deixe-os tentar. — Eu disse, a voz firme. — Eu não sou mais a garota que você se casou, Lorenzo. Eu aprendi a jogar o jogo, e eu jogo para vencer.Ele olhou
A noite estava quente, o ar pesado com o cheiro de flores e o som distante de música vindo da cidade abaixo. A mansão de Lorenzo ficava no topo de uma colina, isolada do mundo exterior, e naquela noite, parecia que éramos os únicos dois seres vivos em um universo silencioso. Eu estava na varanda, olhando para as luzes da cidade, tentando processar tudo o que havia acontecido na reunião. Valentina havia deixado uma marca, mesmo sem estar presente, e eu sabia que sua sombra ainda pairaria sobre nós por um bom tempo.Lorenzo apareceu atrás de mim, silencioso como um predador. Eu não precisava virar para saber que era ele; eu podia sentir sua presença, como se ele emanasse uma energia que só eu conseguia perceber.— Você deveria estar dormindo. — Ele disse, a voz suave, quase um sussurro.— Não consigo. — Eu respondi, sem olhar para trás. — Muita coisa aconteceu hoje.Ele se aproximou, parando ao meu lado. Estávamos tão perto que eu podia sentir o calor de seu corpo, mas ele não me tocou.
Depois de nos entendermos, Lorenzo e eu decidimos lutar por nosso casamento, e as coisas estavam ótimas. Nós ainda não tínhamos consumado o casamento, e eu queria muito que isso acontecesse.— Eu quero ser sua — sussurrei assim que nos separamos no beijo.Os olhos de Lorenzo se arregalaram com o meu pedido ousado, sua mente correndo para processar as palavras que saíram da minha boca. Ele ficou surpreso com o desejo cru e sem filtro em minha voz, a maneira como eu estava falando com ele com tanta intimidade descarada.— Que porra é essa, Priscilla? — ele rosnou, seu tom uma mistura de choque e raiva. — Você não pode simplesmente... quero dizer, nós mal nos conhecemos de novo!Apesar de seus protestos, seu olhar desceu, atraído para as curvas do meu corpo sob minhas roupas. Ele se lembrou da sensação de minha pele, do gosto de meus lábios, do som de minha risada. As memórias voltaram à tona, fazendo sua cabeça girar.— Mas tudo bem — ele rangeu, sua determinação desmoronando sob a forç
O sol invadia o quarto através das cortinas semiabertas, tingindo os lençóis de um dourado suave. Meu corpo ainda estava colado ao dele, a respiração de Lorenzo quente contra minha nuca. Por um instante, permiti-me simplesmente existir naquele momento, absorvendo a sensação rara de segurança e pertencimento.Mas não me enganei.A noite passada não apagava tudo o que aconteceu antes.Desvencilhei-me devagar, tentando não acordá-lo. A liberdade durou pouco—um braço forte me puxou de volta para a cama.— Tentando fugir, piccola?A voz rouca e sonolenta fez um arrepio correr pela minha espinha. Me virei para encará-lo. Lorenzo De Luca estava deitado de lado, os olhos semiabertos e um sorriso preguiçoso nos lábios. Era desarmante vê-lo assim, sem a máscara de frieza que ele sempre carregava.— Só preciso tomar um banho — menti.— Hm.Ele não me soltou. Pelo contrário, os dedos deslizaram pelo meu braço nu até minha cintura.— Dorme mais um pouco — murmurou, puxando-me contra ele.— Você nu