Lorenzo permaneceu em silêncio por alguns longos segundos, o peso das minhas palavras parecendo finalmente penetrar naquela armadura de arrogância que sempre usava. Seus olhos se suavizaram brevemente, e eu pude ver, por trás da rigidez, um homem dividido entre o orgulho e a necessidade. Depois de uma pausa que pareceu eterna, ele falou:
— Eu não escolhi ter você ao meu lado, Priscilla. Mas agora que está aqui, talvez seja hora de reavaliar algumas coisas. Você tem coragem, vou lhe dar isso. Mas saiba que cada passo seu, cada decisão, pode ter consequências que afetarão não apenas você, mas todos ao nosso redor. Eu respirei fundo, encarando-o com determinação: — Então, me mostre como podemos enfrentar essas tempestades juntos, Lorenzo. Não quero ser apenas uma marionete ou uma peça descartável. Quero ser a rainha que controla o jogo, e, se for preciso, quebre as regras para construir um império que resista a qualquer traição. A tensão entre nós parecia se transformar em uma aliança incipiente, ainda que frágil. Lorenzo afastou-se lentamente e, com um gesto quase imperceptível, aproximou-se de um armário antigo, de onde tirou um envelope lacrado. Sem dizer uma palavra, colocou-o sobre a mesa de madeira maciça diante de mim e se afastou novamente, deixando-me com a sensação de que aquilo era um convite – ou talvez uma advertência – para o próximo estágio do jogo. Abri o envelope com cuidado. Dentro, havia documentos, fotos e anotações manuscritas. Cada página revelava segredos sobre acordos obscuros, movimentações financeiras e nomes que, até então, eu não tinha ouvido mencionar. Entre os papéis, um nome se repetia: Alessandro Vitale, um dos líderes de uma facção rival, mas que, surpreendentemente, também tinha ligações com alguns membros da família De Luca. A intriga se adensava. Enquanto examinava os detalhes, ouvi passos no corredor. Era Lorenzo, que retornava com o semblante carregado. — Essas informações são perigosas, Priscilla – advertiu ele, quase num sussurro. – E se chegarem aos ouvidos errados, podemos perder tudo. Olhei para ele, sentindo uma mistura de desafio e compreensão: — Eu sei dos riscos, mas ignorar a verdade não nos protegerá de nenhuma tempestade. Se vamos enfrentar esse inimigo oculto, precisamos saber exatamente com quem estamos lidando. Lorenzo hesitou, os olhos fixos nos documentos espalhados à minha frente. Aquele era um momento decisivo: admitir que as tramas internas eram mais profundas do que imaginava ou insistir em manter o status quo. Finalmente, ele suspirou, resignado. — Você tem coragem, Priscilla. Mas lembre-se: no mundo da máfia, a lealdade é tão volátil quanto o vento. Se decidir trilhar esse caminho, não haverá volta. Cada decisão, cada aliança – ou traição – será sua para suportar. Eu o encarei com firmeza, sentindo que, pela primeira vez, nossa relação passava por uma transformação genuína. Não se tratava mais de um mero contrato imposto pelo destino, mas de uma batalha pela sobrevivência e pelo controle do próprio destino. — Não espero proteção ou piedade, Lorenzo. Exijo respeito e a chance de provar que, juntos, podemos transformar este império – ou reconstruí-lo. — Minhas palavras ecoaram na sala, carregadas de convicção. Lorenzo permaneceu em silêncio por longos instantes, e então, num gesto quase imperceptível, assentiu. Sua aprovação era fria, mas real. Ao ver esse aceno, senti que, mesmo que o caminho fosse árduo, já havíamos dado o primeiro passo rumo a uma nova ordem. O dia se transformou em uma sucessão de reuniões clandestinas e conversas sussurradas. Em uma sala discreta, em um antigo armazém abandonado nos arredores da cidade, encontrei-me com outros membros da alta cúpula do império De Luca. Lá, entre cigarro e vinho barato, discutimos os rumores que circulavam: facções rivais se aproximavam, alianças duvidosas eram formadas, e o próprio Alessandro Vitale estava fazendo movimentos inesperados. Cada palavra que ouvia confirmava a gravidade da situação. Enquanto a reunião prosseguia, senti meus olhos fixarem em Bianca, que estava presente na sala como uma espécie de “conselheira” – ou, talvez, uma ameaça silenciosa. Seus olhares trocavam mensagens quase imperceptíveis com alguns dos capangas. Percebi que ela não estava disposta a aceitar a perda de influência, e que sua presença ali significava que a luta pelo controle do império estava prestes a se intensificar. Depois da reunião, retornei à mansão com a cabeça fervilhando de planos e estratégias. Cada detalhe, cada nome mencionado, formava um mapa de traições e promessas quebradas. E eu, Priscilla Romano, estava determinada a ser a peça que reconfiguraria esse tabuleiro. Naquela noite, sentada em meu escritório improvisado, escrevi meticulosamente o que sabia. Anotei os nomes, os números, os contatos – cada informação seria uma arma a meu favor. Eu queria entender como Alessandro Vitale e seus cúmplices planejavam abalar os alicerces da família De Luca. E, acima de tudo, queria encontrar uma maneira de reverter o jogo, de transformar a fraqueza em poder. Enquanto escrevia, ouvi passos suaves se aproximando. Era Lorenzo. Ele parou na porta, observando-me em silêncio, como se admirasse, ainda que relutantemente, a determinação que eu exibia. — Você realmente se entregou a este mundo, Priscilla. — Ele comentou, a voz baixa, quase melancólica. — Não posso dizer que me surpreende. Mas também não posso negar que vejo, pela primeira vez, em você, a força que sempre faltou. — E o que você sugere que eu faça? — Perguntei, sem desviar os olhos dos documentos. Ele caminhou lentamente até a mesa, passando os dedos levemente sobre as anotações. — Sugiro que você esteja preparada para enfrentar não apenas os inimigos externos, mas também as traições internas. A máfia não perdoa fraqueza, e a lealdade é uma moeda em constante flutuação. Se vamos nos reinventar, teremos que arrancar as máscaras daqueles que fingem lealdade enquanto tramam por trás das costas uns dos outros. Aquelas palavras ecoaram em mim como um lembrete sombrio. Eu sabia que estava entrando num jogo onde o menor deslize poderia ser fatal, mas a perspectiva de permanecer invisível, de ser tratada como uma peça descartável, era mais aterrorizante do que qualquer risco. Nas semanas que se seguiram, mergulhei de cabeça nas investigações e reuniões. Visitei contatos antigos, desvendei arquivos esquecidos e participei de encontros secretos em locais abandonados. Cada passo me levava mais fundo em um labirinto de segredos, e a sensação de perigo constante me acompanhava como uma sombra. Em uma dessas reuniões, numa noite chuvosa, Bianca finalmente me confrontou. Encontramo-nos numa rua deserta, sob a luz trêmula de um poste. Sua voz era suave, mas carregava uma ameaça velada: — Você acha que pode simplesmente assumir o império sem saber das consequências, Priscilla? — Ela perguntou, os olhos fixos nos meus. — Não se engane: cada ação sua tem um preço, e você pode descobrir que nem todos estão dispostos a pagar por sua ousadia. Encarei-a, sem demonstrar fraqueza. — Se o preço for alto, que assim seja. Eu não vim aqui para me esconder ou para ser ignorada. Vim para mudar as regras, e se isso significa pagar um preço, estarei disposta a fazê-lo. Bianca sorriu friamente e se afastou, deixando-me com a certeza de que a guerra interna já estava declarada. Enquanto os dias se transformavam em semanas, a tensão entre as facções se intensificava. Relatórios chegavam aos ouvidos de Lorenzo e, secretamente, aos meus. Havia movimentações suspeitas nos bastidores, e a ameaça de Alessandro Vitale se aproximava como uma tempestade iminente. Meu envolvimento estava se aprofundando, e cada passo meu era observado com atenção – tanto por aliados quanto por inimigos. Em uma noite de verão, durante um jantar oficial na mansão, Lorenzo finalmente se dirigiu a mim publicamente. Diante dos membros da família e dos aliados, ele anunciou uma aliança estratégica para enfrentar os rivais. Enquanto falava, seus olhos se fixavam em mim, como se quisesse transmitir a mensagem de que, independentemente de nossas diferenças, eu agora era parte integrante daquele império. Senti um misto de orgulho e pesar. Orgulho por ter conquistado um espaço que muitos julgavam inalcançável; pesar porque sabia que, a partir dali, cada decisão viria acompanhada de riscos imensuráveis. A cada brinde, a cada olhar trocado, entendia que o império estava mudando – e que eu seria a protagonista dessa transformação. Naquela noite, ao retornar ao meu quarto, revivi mentalmente cada instante daquele jantar. Os sorrisos forçados, os gestos contidos e a tensão no ar eram sinais claros de que o equilíbrio estava prestes a se romper. Abri o envelope que Lorenzo me dera dias atrás e passei os dedos lentamente sobre os documentos. Cada página continha uma verdade incômoda: traições, acordos secretos, nomes que deveriam permanecer nas sombras. Meu coração batia forte, não de medo, mas de excitação diante do desafio que se apresentava. Decidi que era hora de agir. No dia seguinte, reuni minhas anotações e, com a ajuda de um antigo contato – um contador que, embora recluso, possuía informações valiosas sobre movimentações financeiras suspeitas – comecei a traçar um plano. O objetivo era duvidar das alianças dos inimigos e, ao mesmo tempo, fortalecer a posição da família De Luca a partir de dentro. Durante essa fase, senti que a dualidade entre mim e Lorenzo estava se aprofundando. Em momentos de silêncio, trocávamos olhares que misturavam desconfiança, desafio e, por vezes, uma centelha de cumplicidade. Havia algo de novo naquela dinâmica – um respeito mútuo forjado nas chamas da adversidade. Eu não era mais apenas a esposa rejeitada ou a mulher ousada do cassino. Eu era a estrategista, a mente por trás de movimentos que poderiam mudar o destino do império. Entretanto, as sombras nunca dormem. Em um dos encontros secretos, fui abordada por um homem encapuzado, cuja identidade se manteve oculta por trás de palavras enigmáticas: — Cuidado com aqueles que se dizem aliados – advertiu ele, num sussurro que mais parecia um presságio. — Nem tudo é o que parece, e a traição espreita em cada esquina deste labirinto. A mensagem ficou gravada em mim, servindo tanto de alerta quanto de motivação. Eu sabia que, para sobreviver, teria que confiar apenas em mim mesma e no que acreditava ser justo para a família e para mim. Naquela tarde, enquanto revia os dados do contador, Lorenzo apareceu silenciosamente na porta do meu escritório. Sem cerimônia, sentou-se ao meu lado e, pela primeira vez em muito tempo, deixou transparecer um olhar que misturava preocupação e determinação. — Priscilla, precisamos discutir nossos próximos passos – disse ele, baixando a voz. — As movimentações de Vitale estão ficando mais ousadas, e há rumores de que ele pretende atacar uma das nossas bases. Se isso acontecer, não teremos tempo para reagir. Eu fechei os olhos por um instante, absorvendo as palavras dele. Essa era a realidade crua do império – cada ação desencadeava uma reação em cadeia, e a guerra silenciosa entre as facções podia explodir a qualquer momento. — Então, o que você propõe? — perguntei, sabendo que as respostas viriam carregadas de riscos. Lorenzo olhou para mim, os olhos intensos refletindo a seriedade do momento. — Precisamos unir forças – disse ele. — Se conseguirmos descobrir exatamente onde Vitale planeja atacar, poderemos antecipar o movimento dele e neutralizá-lo antes que seja tarde. Mas para isso, vou precisar da sua ajuda ativa. Não basta apenas ser uma presença decorativa; quero que você use sua inteligência e ousadia para coletar informações. Eu assentí, sentindo que, naquele exato instante, selávamos um pacto – não de amor, mas de sobrevivência e poder. — Você está disposta a arriscar tudo por isso? — perguntou Lorenzo, num tom que desafiava minha resposta. — Estou – respondi sem hesitar. — Se quisermos mudar as regras deste jogo, teremos que quebrar todas as barreiras, inclusive aquelas que nos mantêm cativos de velhas tradições. O dia se transformou em uma sucessão de planos, telefonemas criptografados e encontros discretos. Eu passei a frequentar reuniões clandestinas, sempre de olho nos movimentos suspeitos de facções rivais e até mesmo em alguns dos homens de confiança de Lorenzo, que agora olhavam para mim com uma mistura de respeito e receio. Enquanto isso, Bianca continuava a semear intrigas nos bastidores, tentando minar minha influência com comentários sutis e olhares de superioridade. Em uma dessas ocasiões, ela se aproximou de um grupo de capangas, dizendo: — Essa Priscilla acha que pode se infiltrar no império, mas ela ainda é uma estrangeira nesse mundo. Ela não tem a astúcia que os verdadeiros De Luca possuem. Essas palavras me irritavam, mas também me motivavam a provar que a inteligência e a coragem não têm origem no sangue, mas sim na vontade de lutar. Nas semanas que se seguiram, a tensão atingiu seu ápice. Relatórios de movimentações de tropas, transferências bancárias suspeitas e alianças duvidosas começavam a formar um mosaico ameaçador. Eu sabia que, a qualquer momento, o império poderia ser abalado por uma traição interna ou um ataque externo. E, no meio de tudo isso, eu seria a peça-chave para evitar a catástrofe – ou, quem sabe, para usurpar o poder e redefinir as regras do jogo. Uma noite, em uma reunião secreta em uma antiga fábrica abandonada, reuni-me com os principais aliados que ainda acreditavam na integridade do império De Luca. Entre eles, um homem de voz firme e olhar perspicaz, que me confidenciou: — Vitale não está agindo sozinho. Há uma conspiração maior em jogo, envolvendo nomes que nem sequer imaginamos. Se formos derrotados, não será apenas a família De Luca que cairá – toda a estrutura do submundo será abalada. Aquelas palavras me pesavam. Eu sentia que, a cada movimento, estava mais perto de desvendar uma teia de traições que podia engolir não só Lorenzo e seus homens, mas toda a cidade. Mas a responsabilidade era inevitável. E eu estava determinada a assumir meu lugar nesse império, custasse o que custasse. De volta à mansão, naquela madrugada silenciosa, enquanto a chuva batia contra as janelas, sentei-me na varanda e olhei para o horizonte. O império que outrora fora apenas um símbolo de poder bruto agora se mostrava como um organismo vivo, pulsante, repleto de segredos e perigos. E eu, Priscilla Romano, estava pronta para enfrentar cada desafio, para transformar a rejeição em força e a ousadia em domínio. Com o coração acelerado e a mente fervilhando de planos, sussurrei para o vento: — Se este é o preço a pagar, então pagarei com cada gota do meu sangue. Não serei apenas uma esposa rejeitada – serei a rainha que reinará sobre as sombras. E assim, enquanto a noite se estendia e as estrelas se escondiam atrás das nuvens densas, eu me preparei para o próximo movimento. O império estava em jogo, e a batalha que se aproximava definiria não apenas o futuro de Lorenzo e dos De Luca, mas também o destino de quem ousasse sonhar com um novo mundo, forjado nas próprias mãos daqueles que se recusavam a ser ignorados. Ao final daquele dia, sabíamos que o jogo havia mudado para sempre. Entre alianças forjadas na escuridão e traições prestes a serem desmascaradas, eu me encontrava no epicentro de uma tempestade iminente. Cada decisão seria crucial. Cada palavra, um potencial golpe de estado. E, enquanto o império se preparava para os ventos da mudança, eu sentia – com a convicção de uma mulher que já havia vencido a rejeição – que a verdadeira batalha estava apenas começando. Eu estava pronta para enfrentar as sombras, para transformar o império com a força da minha própria determinação. E, independentemente do que o futuro reservasse, jamais me renderia ao destino traçado por outros. O império seria meu, e, se necessário, eu o reconstruiria do zero, tijolo por tijolo, com a coragem de quem jamais se deixou ser descartada.O escritório de Lorenzo era tão frio e impenetrável quanto o homem que o ocupava. Eu sabia que entrar ali era como adentrar o covil de um lobo, mas não me importei. Eu estava cansada de ser ignorada, de ser tratada como uma sombra em minha própria vida. Ele podia ser o temido Capo di Tutti Capi, mas eu não era mais a garota ingênua que aceitava tudo calada. Eu era sua esposa, gostasse ele ou não.Entrei sem bater, ignorando o olhar afiado que ele me lançou. Ele estava recostado na cadeira de couro, os dedos entrelaçados sobre a mesa, como se já soubesse o que eu ia dizer. Como se já estivesse entediado comigo antes mesmo de eu abrir a boca. Bem, ele que se acostumasse. Eu não ia mais me calar.— Você não pode continuar me ignorando, Lorenzo. — Minha voz ecoou na sala, firme e desafiadora. — Somos casados, goste você ou não.Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros, e eu vi a irritação nos olhos dele. Mas havia algo mais ali, algo que eu não conseguia decifrar. Algo que me fe
O silêncio no quarto era sufocante. Depois da briga no escritório, não vi Lorenzo pelo resto do dia. Eu deveria estar aliviada. Ele finalmente parou de me provocar, de testar meus limites, de confundir meus sentimentos. Mas o gosto do beijo ainda estava em meus lábios, e isso me enfurecia. Caminhei até a varanda do quarto, abraçando a mim mesma contra o vento frio da noite. A mansão ao redor era imponente, cercada por seguranças. Uma prisão dourada. Meu mundo agora se resumia a isso – criminosos, traições e poder. Quando voltei para dentro, um vestido preto de alta-costura estava sobre a cama. Ao lado, um bilhete escrito em caligrafia elegante. "Vista-se. Temos um evento esta noite. — L." Amassei o papel com força. Ele me tratava como uma funcionária, não como sua esposa. Mas se Lorenzo achava que podia me humilhar, estava enganado. Uma Farsa Perfeita Quando desci as escadas, Lorenzo já me esperava. Ele vestia um terno preto impecável, o cabelo penteado para trás, realçando o m
O abraço de Lorenzo foi firme, mas ao mesmo tempo suave, como se ele temesse me machucar. Eu senti o calor do corpo dele contra o meu, e por um momento, permiti-me relaxar. Era estranho, como algo tão simples podia me fazer sentir tão vulnerável e segura ao mesmo tempo. Mas então, a realidade bateu, e eu me afastei, olhando para ele com uma mistura de raiva e confusão.— Isso não muda nada. — Eu disse, a voz tremendo levemente. — Você ainda é o mesmo homem que me humilhou, que me tratou como uma obrigação.Lorenzo parou, os olhos escaneando meu rosto como se tentasse decifrar um enigma.— Eu sei que errei. — Ele admitiu, a voz suave e carregada de emoção. — Mas estou tentando, Priscilla. Estou tentando ser diferente.Eu senti as lágrimas queimando nos olhos, mas me recusei a chorar. Não na frente dele. Nunca na frente dele.— E se você não conseguir? — Eu perguntei, a voz tremendo. — E se tudo isso for apenas mais um jogo para você?Ele parou, os olhos fixos nos meus. Havia algo ali,
Os dias que se seguiram foram uma mistura de tensão e esperança. Lorenzo começou a me incluir mais nas decisões da família, algo que ele nunca havia feito antes. Eu sabia que era um teste, uma maneira de ele ver se eu poderia realmente ser uma aliada, mas eu estava determinada a provar que era mais do que capaz.Uma noite, enquanto revisávamos os planos para uma reunião importante com os líderes das outras famílias, Lorenzo olhou para mim com uma expressão que eu não conseguia decifrar.— Você está pronta para isso? — Ele perguntou, a voz séria.— Pronta para o quê? — Eu respondi, levantando a cabeça para encará-lo.— Para o que está por vir. — Ele explicou, os olhos escuros e cheios de aviso. — Nem todos vão aceitar você, Priscilla. E alguns podem tentar te machucar.Eu sorri, sentindo uma determinação queimando dentro de mim.— Deixe-os tentar. — Eu disse, a voz firme. — Eu não sou mais a garota que você se casou, Lorenzo. Eu aprendi a jogar o jogo, e eu jogo para vencer.Ele olhou
A noite estava quente, o ar pesado com o cheiro de flores e o som distante de música vindo da cidade abaixo. A mansão de Lorenzo ficava no topo de uma colina, isolada do mundo exterior, e naquela noite, parecia que éramos os únicos dois seres vivos em um universo silencioso. Eu estava na varanda, olhando para as luzes da cidade, tentando processar tudo o que havia acontecido na reunião. Valentina havia deixado uma marca, mesmo sem estar presente, e eu sabia que sua sombra ainda pairaria sobre nós por um bom tempo.Lorenzo apareceu atrás de mim, silencioso como um predador. Eu não precisava virar para saber que era ele; eu podia sentir sua presença, como se ele emanasse uma energia que só eu conseguia perceber.— Você deveria estar dormindo. — Ele disse, a voz suave, quase um sussurro.— Não consigo. — Eu respondi, sem olhar para trás. — Muita coisa aconteceu hoje.Ele se aproximou, parando ao meu lado. Estávamos tão perto que eu podia sentir o calor de seu corpo, mas ele não me tocou.
Depois de nos entendermos, Lorenzo e eu decidimos lutar por nosso casamento, e as coisas estavam ótimas. Nós ainda não tínhamos consumado o casamento, e eu queria muito que isso acontecesse.— Eu quero ser sua — sussurrei assim que nos separamos no beijo.Os olhos de Lorenzo se arregalaram com o meu pedido ousado, sua mente correndo para processar as palavras que saíram da minha boca. Ele ficou surpreso com o desejo cru e sem filtro em minha voz, a maneira como eu estava falando com ele com tanta intimidade descarada.— Que porra é essa, Priscilla? — ele rosnou, seu tom uma mistura de choque e raiva. — Você não pode simplesmente... quero dizer, nós mal nos conhecemos de novo!Apesar de seus protestos, seu olhar desceu, atraído para as curvas do meu corpo sob minhas roupas. Ele se lembrou da sensação de minha pele, do gosto de meus lábios, do som de minha risada. As memórias voltaram à tona, fazendo sua cabeça girar.— Mas tudo bem — ele rangeu, sua determinação desmoronando sob a forç
O sol invadia o quarto através das cortinas semiabertas, tingindo os lençóis de um dourado suave. Meu corpo ainda estava colado ao dele, a respiração de Lorenzo quente contra minha nuca. Por um instante, permiti-me simplesmente existir naquele momento, absorvendo a sensação rara de segurança e pertencimento.Mas não me enganei.A noite passada não apagava tudo o que aconteceu antes.Desvencilhei-me devagar, tentando não acordá-lo. A liberdade durou pouco—um braço forte me puxou de volta para a cama.— Tentando fugir, piccola?A voz rouca e sonolenta fez um arrepio correr pela minha espinha. Me virei para encará-lo. Lorenzo De Luca estava deitado de lado, os olhos semiabertos e um sorriso preguiçoso nos lábios. Era desarmante vê-lo assim, sem a máscara de frieza que ele sempre carregava.— Só preciso tomar um banho — menti.— Hm.Ele não me soltou. Pelo contrário, os dedos deslizaram pelo meu braço nu até minha cintura.— Dorme mais um pouco — murmurou, puxando-me contra ele.— Você nu
A noite estava escura e úmida quando Lorenzo e eu voltamos para casa. O silêncio entre nós era carregado, não de tensão, mas de algo mais perigoso. Admiração. Respeito. Um jogo de poder que nenhum de nós queria perder. Lorenzo dirigia com a expressão impassível, os dedos longos e firmes no volante. Eu observava a cidade através da janela, sentindo a adrenalina ainda pulsando nas minhas veias depois do que aconteceu no galpão. — Rizzo estar vivo muda tudo — murmurei, quebrando o silêncio. Lorenzo não desviou os olhos da estrada. — Muda, sim. Mas não o suficiente para me assustar.Sorri de lado.— Não disse que você deveria ter medo. Mas deveria estar preparado. Ele soltou um riso baixo. — Você tem uma péssima mania de me dizer o que fazer, piccola. Cruzei as pernas, o vestido subindo um pouco na minha coxa. O olhar dele desviou por um segundo antes de voltar à estrada. — Alguém precisa garantir que o Rei não tome decisões estúpidas.Ele arqueou uma sobrancelha.— E você se