A cama e Marcos tinham seus momentos. Por vezes eram melhores amigos, como quando capotava depois de um show eletrizante, ou como quando a preenchia com uma mulher, para transar loucamente pela madrugada inteira. Sofia, sua ex-esposa, era muito boa de cama, aliás, e ele passara bons momentos com ela sobre uma. Mas às vezes travavam batalhas ferrenhas quando a insônia o consumia. Desde a traição e depois da morte de Lauro, noites em claro passaram a fazer parte de sua rotina.
Daquela vez, porém, os pensamentos que o preenchiam não eram tão dolorosos. Uma ruiva belíssima os tomava por inteiro, não dando espaço para mais nada. Portanto, quando decidiu levantar-se, correu para debaixo do chuveiro, para tomar um banho de água fria e aplacar sua necessidade de outra forma, porque simplesmente não conseguia tirar a imagem dela d
Ela se lembrava de ter dormido à beira da piscina, por isso, a sensação de um colchão macio sob seu corpo era algo que não conseguia compreender. Estava na cama, mas não fazia ideia de como tinha ido parar ali. Foi abrindo os olhos devagar e não reconheceu o quarto onde estava imediatamente. Precisou de um momento para se situar até que viu Marcos de pé, em frente à escrivaninha, arrumando alguma coisa. Por que diabos estava no quarto dele? O que estava acontecendo? Não tinha bebido para não se lembrar, então, começou a ficar apavorada. Tanto que levantou-se com pressa da cama, esbarrando no abajur sobre o criado mundo, que cambaleou, fazendo um barulho suficiente para que o homem à sua frente virasse na sua direção.
Sem muito o que pensar, os dois retornaram ao segundo andar. Marcos pega as coisas de Karen em seu quarto — a chave e o notebook — e a acompanha até o dela, esperando enquanto abre a porta. Assim que entram, são recebidos por uma melodia vinda do quartinho de Anne, cuja porta estava entreaberta. Tratava-se de uma música da Pitty, uma um pouco mais antiga, que Karen conhecia muito bem. Anne cantava junto, com uma vozinha muito afinada e cheia de atitude. Apesar de ainda estar um pouco magoada com ela, Karen não pôde deixar de sorrir, especialmente quando viu Marcos arregalando os olhos em uma expressão de agradável surpresa. — É Anne que está cantando? — ele perguntou com um sorriso, sussurrando.&nb
Rodopiando em frente ao espelho, com o vestido novo, penteada e maquiada bem discretamente, Anne sorria como Karen ainda não tivera a oportunidade de ver. Precisou segurar as lágrimas emocionadas, não apenas porque sua irmãzinha desabrochava diante de seus olhos, mas principalmente porque vê-la feliz sempre foi sua meta de vida, e finalmente achava que estava começando a fazer um trabalho decente. A sombra daquele telefonema maldito ainda a perseguia, e ela sabia que não seria capaz de esquecer aquela voz macabra que soara em seus ouvidos e que recuperara todos os medos que ela acreditara ter enterrado bem no fundo da sua mente. Tanto que quando se viu sozinha, depois que Anne desceu para ir encontrar-se com Tauan, jogou-se na cama, apavorada. Odiava aquela sensação de vulnera
O dia amanheceu cheio de novas nuances. Karen tinha dormido muito pouco, mas não se sentia cansada. Na verdade, sentia-se renovada. Muitas decisões foram tomadas naquelas horas insones, e todas elas tinham a ver com Marcos. Não parara de pensar nele um só segundo, principalmente em sua reação quando ela reagiu às suas investidas de forma amedrontada. Já tinha entendido que era um cavalheiro, apesar da aparência mais selvagem, mas tudo o que conhecera na vida relacionado a sexo era violência e tomado à força. Ele poderia ter feito isso na noite anterior. Poderia tê-la pressionado, continuado a tentar seduzi-la, e Karen tinha quase certeza de que acabaria cedendo, porque também o desejava. Mas ele preferira escolher o caminho mais honrado, e com isso, chegou definitivamente ao seu coração.&n
Karen precisou respirar fundo para conseguir absorver todas aquelas palavras com cuidado. Marcos estava começando a adentrar um terreno muito perigoso dentro de seu coração, e ela ainda não sabia o quão seguro poderia ser deixá-lo entrar. Mas estava disposta a dar uma chance. Para a sorte do casal, portanto, Anne e Tauan realmente tinham marcado de irem tomar um sorvete, contudo, diferente da noite anterior, a menina não parecia tão animada. Karen não pôde deixar de reparar no quanto ela parecia nervosa, e por mais que tivesse tentado evitar tocar no assunto, porque não queria invadir a privacidade dela, segurou-a pela mão e a fez sentar-se na cama um pouco antes do rapazinho chegar para chamá-la. — Qual o problema, Anne? Você não
Começou com um beijo. Lento, suave, cadenciado, porque não apressaria nada. Tinha algumas surpresas nas mangas e queria apenas aproveitar aqueles momentos com ela. Ainda assim, beijá-la era sempre incrível, e ele se deixou perder nas sensações que seus lábios macios lhe provocavam, enquanto sua ereção começava a tornar-se visível sob o jeans. Segurando-a firmemente, ele levantou-se da cadeira, levando-a consigo e depositando-a no chão logo em seguida, sem dizer nada. Pegou sua mão e começou a guiá-la porta afora, ultrapassando-a e parando diante da porta do quarto que lhe pertencia. — Espere aqui um minuto. Eu tinha planos para nós... — E eu o
Melhor do que ser amada de forma reverente a noite inteira, só mesmo acordar ao lado do homem por quem estava apaixonada. Aquela era mais uma sensação completamente nova, de se sentir protegida e querida, e ela a apreciava imensamente. Os braços de Marcos eram como um refúgio onde ela desejava se perder e se encontrar várias vezes. Depois da primeira vez, os dois não conseguiram mais tirar as mãos um do outro. Amaram-se sobre a cama, no chuveiro, na banheira e encostados na parede. Dormiram por poucas horas, exaustos, mas os olhares diziam que estavam felizes. Ainda assim, Karen sabia que precisava voltar para o seu quarto e dar atenção para Anne, que deveria estar cheia de coisas para contar. Na noite anterior, quando chegara na pousada de sua aventura com Tauan, ela
Levantou-se de onde estava sentada e começou a andar em círculos, incapaz de se manter quieta. — Karen, eu realmente não queria te assustar, mas... — Bem, acho que é um pouco impossível, dadas as circunstâncias. Sérgio balançou a cabeça, compreendendo e concordando, porque simplesmente não poderia agir diferente. Tentando acalmar-se, Karen decidiu sentar-se novamente. Pegou mais uma vez o álbum, pousou-o no colo e voltou a folheá-lo, olhando para as fotos de Amália. Não havia dúvidas de que era exatamente ela a pessoa que via pelos corredores da pousada, que falava com ela e a o