Rodopiando em frente ao espelho, com o vestido novo, penteada e maquiada bem discretamente, Anne sorria como Karen ainda não tivera a oportunidade de ver. Precisou segurar as lágrimas emocionadas, não apenas porque sua irmãzinha desabrochava diante de seus olhos, mas principalmente porque vê-la feliz sempre foi sua meta de vida, e finalmente achava que estava começando a fazer um trabalho decente.
A sombra daquele telefonema maldito ainda a perseguia, e ela sabia que não seria capaz de esquecer aquela voz macabra que soara em seus ouvidos e que recuperara todos os medos que ela acreditara ter enterrado bem no fundo da sua mente. Tanto que quando se viu sozinha, depois que Anne desceu para ir encontrar-se com Tauan, jogou-se na cama, apavorada.
Odiava aquela sensação de vulnera
O dia amanheceu cheio de novas nuances. Karen tinha dormido muito pouco, mas não se sentia cansada. Na verdade, sentia-se renovada. Muitas decisões foram tomadas naquelas horas insones, e todas elas tinham a ver com Marcos. Não parara de pensar nele um só segundo, principalmente em sua reação quando ela reagiu às suas investidas de forma amedrontada. Já tinha entendido que era um cavalheiro, apesar da aparência mais selvagem, mas tudo o que conhecera na vida relacionado a sexo era violência e tomado à força. Ele poderia ter feito isso na noite anterior. Poderia tê-la pressionado, continuado a tentar seduzi-la, e Karen tinha quase certeza de que acabaria cedendo, porque também o desejava. Mas ele preferira escolher o caminho mais honrado, e com isso, chegou definitivamente ao seu coração.&n
Karen precisou respirar fundo para conseguir absorver todas aquelas palavras com cuidado. Marcos estava começando a adentrar um terreno muito perigoso dentro de seu coração, e ela ainda não sabia o quão seguro poderia ser deixá-lo entrar. Mas estava disposta a dar uma chance. Para a sorte do casal, portanto, Anne e Tauan realmente tinham marcado de irem tomar um sorvete, contudo, diferente da noite anterior, a menina não parecia tão animada. Karen não pôde deixar de reparar no quanto ela parecia nervosa, e por mais que tivesse tentado evitar tocar no assunto, porque não queria invadir a privacidade dela, segurou-a pela mão e a fez sentar-se na cama um pouco antes do rapazinho chegar para chamá-la. — Qual o problema, Anne? Você não
Começou com um beijo. Lento, suave, cadenciado, porque não apressaria nada. Tinha algumas surpresas nas mangas e queria apenas aproveitar aqueles momentos com ela. Ainda assim, beijá-la era sempre incrível, e ele se deixou perder nas sensações que seus lábios macios lhe provocavam, enquanto sua ereção começava a tornar-se visível sob o jeans. Segurando-a firmemente, ele levantou-se da cadeira, levando-a consigo e depositando-a no chão logo em seguida, sem dizer nada. Pegou sua mão e começou a guiá-la porta afora, ultrapassando-a e parando diante da porta do quarto que lhe pertencia. — Espere aqui um minuto. Eu tinha planos para nós... — E eu o
Melhor do que ser amada de forma reverente a noite inteira, só mesmo acordar ao lado do homem por quem estava apaixonada. Aquela era mais uma sensação completamente nova, de se sentir protegida e querida, e ela a apreciava imensamente. Os braços de Marcos eram como um refúgio onde ela desejava se perder e se encontrar várias vezes. Depois da primeira vez, os dois não conseguiram mais tirar as mãos um do outro. Amaram-se sobre a cama, no chuveiro, na banheira e encostados na parede. Dormiram por poucas horas, exaustos, mas os olhares diziam que estavam felizes. Ainda assim, Karen sabia que precisava voltar para o seu quarto e dar atenção para Anne, que deveria estar cheia de coisas para contar. Na noite anterior, quando chegara na pousada de sua aventura com Tauan, ela
Levantou-se de onde estava sentada e começou a andar em círculos, incapaz de se manter quieta. — Karen, eu realmente não queria te assustar, mas... — Bem, acho que é um pouco impossível, dadas as circunstâncias. Sérgio balançou a cabeça, compreendendo e concordando, porque simplesmente não poderia agir diferente. Tentando acalmar-se, Karen decidiu sentar-se novamente. Pegou mais uma vez o álbum, pousou-o no colo e voltou a folheá-lo, olhando para as fotos de Amália. Não havia dúvidas de que era exatamente ela a pessoa que via pelos corredores da pousada, que falava com ela e a o
As risadas das pessoas ao redor ecoavam dentro de seu coração e reverberavam sem causar nenhuma reação. Queria juntar-se a todos e tentar se animar, mas por mais que se esforçasse para esquecer o que tinha acontecido naquela tarde, a imagem de Elias simplesmente não saía de sua cabeça. Não conseguia não sentir a pele formigar onde ele a havia tocado, muito menos a sensação de bile e náusea que a acometia todas as vezes em que se lembrava dos dias de tormenta que passou nas mãos daquele homem durante a adolescência. Fora uma tola ao pensar que estaria livre dele. Chegara a imaginar que agora, uma adulta, nem sentiria medo do monstro que a ferira quando menina. Mas nada mudara. Ele ainda a apavorava de uma forma paralisante, o que fazia com que se sentisse ainda mais vulnerável. 
Vendo-o sozinho, aproximou-se o suficiente para estender-lhe a mão. Marcos aceitou-a sem nem hesitar. Em silêncio, Karen começou, então, a conduzi-lo até as escadas, onde eles subiram calados, entendendo apenas em trocas de olhares quais eram seus desejos. Ainda sem dizer nada, Karen conduziu Marcos até o quarto dele, parando diante da porta e esperando que ele a abrisse. Assim que a barreira foi eliminada, Marcos a agarrou sem nem pedir permissão ou hesitar. Fechando a porta com o pé, ele a enlaçou pela cintura e a encurralou contra uma parede com força, mas sem machucá-la. Karen só teve tempo de tomar ar antes de ser literalmente devorada pelos ávidos e experientes lábios de Marcos, que assaltaram sua boca como se daquele beijo dependesse s
Um sorriso malicioso característico se desenhava em seu rosto, enquanto olhava para a enteada de cima a baixo. — Oi, ruivinha! Espero que não esteja muito cansada de trepar com o bonitão do quarto ao lado, porque quero pegar um pouquinho para mim também. — Por um momento, Karen se viu paralisada de medo, mas quase se preparou para gritar, porém, foi interrompida por Elias, que balançou a arma, ainda apontada em sua direção. — Acho melhor você ficar caladinha, boneca, ou vou ser obrigado a te machucar. Ela sentiu lágrimas arderem no canto de seus olhos. — Por que não me deixa em paz, Elias? Agora que está solto, deveria tentar recomeçar sua vida…<