Parte 27...ElenaFiquei encarando aquela boca bonita enquanto ele resumia minha pergunta.— Eu sou um cara que tem muito poder e muito dinheiro... E os dois juntos me dão o direito de fazer o que eu quiser, quando e como quiser - apoiou os braços na bancada — Sou conhecido como o Don da máfia Ordem da Noite...— Me parece ser um grande babaca que arrota arrogância - escapuliu de mim porque achei que ele estava se gabando de mais.Ele me olhou um instante e começou a rir, aumentando o nível da risada. E porra, a risada dele era bonita.— Qual foi a graça?— Se fosse outra pessoa, não teria tido essa ousadia... E eu teria mandado lhe dar uma boa surra - se inclinou para mim — Ou eu mesmo a daria... Mas eu prefiro outra coisa...— O quê? - apertei os olhos.— Acho que deve ser muito mais interessante... Foder você!Essa declaração me pegou desprevenida e eu acabei engolindo em seco com força e arranhei a garganta.— Tá maluco? - arregalei os olhos — De onde tirou isso de me foder? Está
Parte 28...Elena— Garota, você é muito abusada - ele disse sorrindo — E tem sorte de eu estar muito curioso sobre você também.— Dispenso - cruzei os braços.— Não seja tão rápida assim em dispensar minha oferta... Você não tem condições de ser orgulhosa.Eu achei aquilo um abuso. O cara pensa que manda mesmo em tudo.— Por que não vai se foder sozinho? - fiquei atacada — Enfia um vibrador no rabo e mata sua tara. Ninguém precisa saber.De novo ele só deu risada. Acho que ao invés de afastar, estou é atraindo ele.— Vou te dar um tempo para pensar melhor - apontou o dedo pra mim — De qualquer forma, você não pode sair daqui agora. Tem que descansar como o médico mandou.Esse é o problema. Quanto mais tempo eu ficar com ele, mais posso me ferrar. Só esse quarto de hotel já é um absurdo de caro. E depois se ele quiser me cobrar?— Eu tenho que procurar pela Vicky. Não posso ficar descansando.— Você tem dinheiro para ir atrás dela? - fiz que não — Tem uma pequena ideia de onde eles a
Parte 29...ElenaEu queria muita coisa, mas como não podia ter nesse momento, aproveitei para aliviar minha curiosidade.— Eu quero que me diga exatamente o que é um Don.Ele tamborilava os dedos na mesa, me encarando e começou a falar sobre ser um Don da máfia e eu praticamente travei com o iogurte na mão. O modo como ele falava, até parecia que era algo bem simples e comum. Não era.Basicamente, o que eu entendi é que ele era um cara que tinha muito poder mesmo, para fazer o que quisesse e isso incluía contrabando, tráfico e Deus sabe o que mais. Talvez até prostituição, por isso me fez a proposta.Engoli o iogurte de uma vez e senti meu estômago se revirar. Como eu fui me meter nessa situação eu ainda não sei. Está difícil de saber se vou ter um final feliz. Com um pouco de impulsividade, acabei falando sem pensar.— Então, isso quer dizer que você é um explorador de mulheres, um traficante... Essas coisas? O seu dinheiro é sujo?Eu senti a tensão no ar brevemente. Ele ficou até l
Parte 30...ElenaA manhã no hotel estava calma depois que Vlad saiu, quase silenciosa, exceto pelos barulhos suaves de passos no corredor e o leve zumbido do ar condicionado. Eu estava sentada na cama, pensando na vida e ainda sentindo o gosto do café na boca, minha garganta machucada latejando a cada vez que eu engolia. Minha cabeça girava com um milhão de pensamentos, e, apesar de Vlad estar fora, eu sei que a vigilância sobre mim era constante. Ainda assim, eu tenho um fio de esperança queimando dentro de mim.Quando o funcionário do hotel chegou para retirar o carrinho de café da manhã, eu observei atentamente o segurança que estava ao final do corredor. Ele estava distraído, falando ao celular, o rosto virado na direção oposta. Vi a oportunidade, pequena, mas era tudo que eu tinha. Esperei um pouco mais, ligada no movimento. Com o coração disparado, me levantei rapidamente da cama, passei pela sala e deslizei pela porta que o funcionário deixara aberta e saí no corredor em si
Parte 31...Elena— O que está fazendo, Vlad? - coloquei as mãos no peito dele e senti que era definido. Isso mexeu comigo.— Só estou testando uma teoria minha.— Que... Teoria?— Que por baixo de tanta sujeira, até que você é bonita - me respondeu com a voz baixa.Que porra ele quer comigo? Depois de me tirar daquele sufoco, está querendo me enfiar em outro?— Sai de cima de mim - exigi — Não pode fazer isso... Não sou uma boneca pra me jogar de um lado pra outro.— Eu não acho que seja - ele correu o dedo na lateral de meu rosto — Na verdade, fiquei surpreso quando a vi depois, sem toda aquela sujeira em cima.— Por que está brincando comigo? - engoli em seco — Eu já disse tudo o que sabia... Não pode ser um homem decente e me ajudar?Ele deu uma risadinha e observou meu rosto, passando o dedo em minha testa machucada com os pontos feitos pelo médico.— Você não está cuidando direito disso... Acho que vou chamar o Charles aqui de novo.Não estou entendendo nada.— Seria uma boa coi
Parte 32... Vlad Do nada Elena começou a chorar e seu choro só era quebrado apenas pelo som distante da cidade e o zumbido leve do ar-condicionado. Meus braços a envolviam e eu podia sentir o tremor suave do corpo dela e o soluço abafado, mal contido. Lágrimas escorriam pelo rosto dela, e eu podia senti-las nas costas de minhas mãos onde as mantinha entrelaçadas ao redor de seu corpo.Por um breve momento, fiquei imóvel. Não sou o tipo de homem que hesitava, ainda menos o tipo que se deixava afetar por fraqueza, especialmente fraqueza emocional. Mas ali, sentindo o corpo frágil de Elena em meus braços, percebo que estava dividido. O que sempre havia sido simples, o que costumava ser uma decisão óbvia para um Don, agora parecia mais complexo. Eu a quero, disso tenho certeza. E queria também o controle da situação, como sempre tinha. Mas, ao mesmo tempo, algo em meu interior me impedia de seguir em frente da maneira usual.Respirei fundo, soltando o ar lentamente. Merda! Meus braços
Parte 33...ElenaDepois de uma meia hora o mesmo médico veio me ver. Eu ouvi a voz de um segurança dizendo que eu estava no quarto. Quando ele entrou, parou e fez uma cara simpática.— Ah... Agora sim - ele se aproximou da cama — Está com uma aparência melhor... Mas sua cara é de preocupação - ele me olhou meio de lado — Está sentindo muita dor ainda?— Mais ou menos... É mais a minha garganta e minhas pernas estão fracas. Meus pés doem muito.Ele balançou a cabeça e abriu a maleta preta da outra vez. Sorriu e tirou uma garrafinha de dentro.— Dessa vez vai tomar a água sem questionar? Ela é muito boa para você.Eu torci a boca e peguei a garrafa de sua mão, mas não bebi, deixei de lado.— Eu já tomei uma recentemente. Seu chefe comprou várias.— Isso é bom - me deu um frasco de comprimidos — Tome estes também, são vitaminas e vão te fazer bem. Agora estique as pernas e me deixe examinar seus pés.Eu fiz o que ele pediu e deixei que tocasse minhas pernas, examinando meus arranhões e
Parte 34...ElenaMe deu vontade de gritar, queria bater nele, mas nada disso resolveria o problema. E, ao mesmo tempo, eu sabia que se ele me deixasse ali, minhas chances de sobreviver ou encontrar Vicky seriam quase inexistentes.Não faço ideia se aqueles filhos da puta que me trouxeram para cá, ainda estão interessados em mim ou se ele se livrou de todos.— Você não entende, Vlad - murmurei, com uma mistura de raiva e medo. — Isso não é só sobre mim. Eu não posso deixar minha amiga... Vicky está em algum lugar, precisando de mim! - eu quase gritei, mas me segurei.Vlad deu um passo mais perto, inclinando-se até que nossos rostos estarem a centímetros de distância. Eu podia sentir mais o cheiro da colônia dele, forte e marcante.— Eu entendo muito bem, Elena. É por isso que estou te dando uma chance. - ele falou devagar, como se tentasse fazer com que eu compreendesse algo importante — Eu posso te ajudar a encontrar Vicky, mas você precisa estar ao meu lado. Você sabe o que isso sig