Parte 30...ElenaA manhã no hotel estava calma depois que Vlad saiu, quase silenciosa, exceto pelos barulhos suaves de passos no corredor e o leve zumbido do ar condicionado. Eu estava sentada na cama, pensando na vida e ainda sentindo o gosto do café na boca, minha garganta machucada latejando a cada vez que eu engolia. Minha cabeça girava com um milhão de pensamentos, e, apesar de Vlad estar fora, eu sei que a vigilância sobre mim era constante. Ainda assim, eu tenho um fio de esperança queimando dentro de mim.Quando o funcionário do hotel chegou para retirar o carrinho de café da manhã, eu observei atentamente o segurança que estava ao final do corredor. Ele estava distraído, falando ao celular, o rosto virado na direção oposta. Vi a oportunidade, pequena, mas era tudo que eu tinha. Esperei um pouco mais, ligada no movimento. Com o coração disparado, me levantei rapidamente da cama, passei pela sala e deslizei pela porta que o funcionário deixara aberta e saí no corredor em si
Parte 31...Elena— O que está fazendo, Vlad? - coloquei as mãos no peito dele e senti que era definido. Isso mexeu comigo.— Só estou testando uma teoria minha.— Que... Teoria?— Que por baixo de tanta sujeira, até que você é bonita - me respondeu com a voz baixa.Que porra ele quer comigo? Depois de me tirar daquele sufoco, está querendo me enfiar em outro?— Sai de cima de mim - exigi — Não pode fazer isso... Não sou uma boneca pra me jogar de um lado pra outro.— Eu não acho que seja - ele correu o dedo na lateral de meu rosto — Na verdade, fiquei surpreso quando a vi depois, sem toda aquela sujeira em cima.— Por que está brincando comigo? - engoli em seco — Eu já disse tudo o que sabia... Não pode ser um homem decente e me ajudar?Ele deu uma risadinha e observou meu rosto, passando o dedo em minha testa machucada com os pontos feitos pelo médico.— Você não está cuidando direito disso... Acho que vou chamar o Charles aqui de novo.Não estou entendendo nada.— Seria uma boa coi
Parte 32... Vlad Do nada Elena começou a chorar e seu choro só era quebrado apenas pelo som distante da cidade e o zumbido leve do ar-condicionado. Meus braços a envolviam e eu podia sentir o tremor suave do corpo dela e o soluço abafado, mal contido. Lágrimas escorriam pelo rosto dela, e eu podia senti-las nas costas de minhas mãos onde as mantinha entrelaçadas ao redor de seu corpo.Por um breve momento, fiquei imóvel. Não sou o tipo de homem que hesitava, ainda menos o tipo que se deixava afetar por fraqueza, especialmente fraqueza emocional. Mas ali, sentindo o corpo frágil de Elena em meus braços, percebo que estava dividido. O que sempre havia sido simples, o que costumava ser uma decisão óbvia para um Don, agora parecia mais complexo. Eu a quero, disso tenho certeza. E queria também o controle da situação, como sempre tinha. Mas, ao mesmo tempo, algo em meu interior me impedia de seguir em frente da maneira usual.Respirei fundo, soltando o ar lentamente. Merda! Meus braços
Parte 33...ElenaDepois de uma meia hora o mesmo médico veio me ver. Eu ouvi a voz de um segurança dizendo que eu estava no quarto. Quando ele entrou, parou e fez uma cara simpática.— Ah... Agora sim - ele se aproximou da cama — Está com uma aparência melhor... Mas sua cara é de preocupação - ele me olhou meio de lado — Está sentindo muita dor ainda?— Mais ou menos... É mais a minha garganta e minhas pernas estão fracas. Meus pés doem muito.Ele balançou a cabeça e abriu a maleta preta da outra vez. Sorriu e tirou uma garrafinha de dentro.— Dessa vez vai tomar a água sem questionar? Ela é muito boa para você.Eu torci a boca e peguei a garrafa de sua mão, mas não bebi, deixei de lado.— Eu já tomei uma recentemente. Seu chefe comprou várias.— Isso é bom - me deu um frasco de comprimidos — Tome estes também, são vitaminas e vão te fazer bem. Agora estique as pernas e me deixe examinar seus pés.Eu fiz o que ele pediu e deixei que tocasse minhas pernas, examinando meus arranhões e
Parte 34...ElenaMe deu vontade de gritar, queria bater nele, mas nada disso resolveria o problema. E, ao mesmo tempo, eu sabia que se ele me deixasse ali, minhas chances de sobreviver ou encontrar Vicky seriam quase inexistentes.Não faço ideia se aqueles filhos da puta que me trouxeram para cá, ainda estão interessados em mim ou se ele se livrou de todos.— Você não entende, Vlad - murmurei, com uma mistura de raiva e medo. — Isso não é só sobre mim. Eu não posso deixar minha amiga... Vicky está em algum lugar, precisando de mim! - eu quase gritei, mas me segurei.Vlad deu um passo mais perto, inclinando-se até que nossos rostos estarem a centímetros de distância. Eu podia sentir mais o cheiro da colônia dele, forte e marcante.— Eu entendo muito bem, Elena. É por isso que estou te dando uma chance. - ele falou devagar, como se tentasse fazer com que eu compreendesse algo importante — Eu posso te ajudar a encontrar Vicky, mas você precisa estar ao meu lado. Você sabe o que isso sig
Parte 35...ElenaBom, se eu tinha que ir, então o melhor era me arrumar. Não tenho muita coisa mesmo. A sacola que Vlad me deu ainda na casa isolada só tinha duas mudas de roupa e é com isso que eu vou. Dei um jeito no cabelo depois de me cuidar no banheiro e vesti de novo a calça de antes, mas com uma blusa diferente.Peguei um elástico que achei dentro de uma gaveta na mesinha ao lado da cama e fiz um rabo de cavalo. Era mais fresco assim.Olhando me rosto no espelho grande do quarto posso notar que estou com um pouco mais de cor e o corte em meu lábio fechou, só tem uma marquinha de leve.Ainda tenho olheiras, mas agora estão mais claras e os arranhões nos braços diminuíram e estão mais claros.E mesmo sendo roupas comuns, são bem melhores das que Vicky e eu usamos. Nas vezes em que compramos roupas, procuramos em brechôs por serem mais em conta e também por encontrar peças bonitas e algumas bem diferentes.E fora isso, compramos roupas nos supermercados que freqüentamos e a única
Parte 36...VladPela surpresa da revelação, acabei dando uma risada até meio de cafajeste, porque por essa eu não esperava. Peguei a taça que Katrina me trouxe e parei de rir, observando seu rosto que estava corado, acho que se sentindo desconfortável por ter me dito a verdade.Suas mãos inquietas em cima do colo, tentando não me encarar diretamente. Me inclinei ligeiramente em sua direção. — Então, Elena, enquanto pensamos nos... Termos do nosso acordo - fiz uma pausa significativa, tomando um gole de vinho — Há algo que precisamos esclarecer. Eu presumi que você fosse... Experiente - gesticulei vagamente com a mão, como se tentasse encontrar as palavras certas — Mas... Algo me diz que talvez eu tenha cometido um engano. Elena arregalou os olhos, o rosto ficando vermelho instantaneamente. Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior. Eu arqueei uma sobrancelha, intrigado com sua reação. — Estou certo? - pressionei, a diversão clara em meu tom de voz. — Eu... - Elena tentou com
Parte 37...ElenaAssim que o carro parou, Vlad abriu a porta e estendeu a mão para mim.— Vamos! - ele disse, com um tom de comando que me fazia sentir que não tinha muita escolha.Eu saí do carro e segui Vlad em direção a um elevador privado, cercada pelos seguranças que pareciam fazer parte do cenário constante da vida dele. As portas do elevador se fecharam, e senti o leve solavanco quando ele começou a subir em direção aos andares superiores. A tensão no ar era forte.— Esse lugar... É todo seu? - perguntei finalmente, tentando desviar a mente de meu nervosismo.Vlad olhou para mim de canto de olho e deu um pequeno sorriso. — Sim. Não me falta espaço aqui. E você vai ficar comigo durante o tempo que for necessário - respondeu cheio de calma.Engoli em seco, incerta do que pensar. Não era apenas o lugar que me intimidava, era a própria presença de Vlad. Ele era diferente de tudo que eu já conhecera.As portas do elevador se abriram diretamente para a cobertura de Vlad. Dei um pas