Parte 63...VickyEu não faço ideia de como vamos chegar até a fronteira, então tenho que confiar nesse cara, mas ainda assim, não gosto do jeito dele.Estou cansada e as meninas também. Estamos andando sem parar e já é noite de novo. A lua está alta no céu, como uma esfera pálida de luz que não oferecia consolo nenhum no vasto deserto. A areia quente do dia ainda emanava calor, e cada passo parecia que minhas pernas pesavam mais.A gente estava caminhando juntas, a respiração acelerada não apenas pela corrida constante, mas pela ansiedade crescente. Olhei para as garotas com quem havia fugido naquela madrugada infernal. Ainda estou morrendo de medo que os filhos da puta que me raptaram, achem a gente e só por isso que forço meus pés a se moverem sem parar.A todo tempo tenho vontade de chorar, mas estou me segurando, tenho que ficar alerta, igual como Elena fazia.Maria tentava parecer forte, embora tremesse visivelmente. E eu entendo bem isso. O medo domina a gente.Me sinto respon
Parte 64...VickyNós corremos entre as dunas, o suor escorrendo pelo rosto, os pulmões ardendo. A areia fofa dificultava a fuga, pesava nas minhas pernas e o som dos carros acelerando atrás da gente parecia cada vez mais próximo. Mas eu me recuso a desistir. Não depois de tudo pelo que eu passei e sem conseguir nem mesmo saber de Elena.Subitamente, o chão cedeu sob meus pés. Uma pequena ravina escondida pela escuridão me engoliu e eu rolei pela encosta, a faca ainda firmemente em minha mão. A queda me deixou zonza, mas logo me forcei a levantar. Ana e Maria estavam à frente, ilesas. Graças a Deus!— Continuem! - gritei, empurrando-as para seguir. Não dava pra demorar no lugar.Atrás de mim, os faróis finalmente alcançavam o topo da duna, e eu sabia que só tinha alguns segundos.Olhei para Ana e Maria, e então tomei uma decisão.— Vão para essa direção e não parem, sigam até acharem um lugar pra se esconder! - gritei para elas. — Eu vou distrair eles.— Não! Não podemos deixar você
Parte 65...Vicky— Você também é um daqueles pervertidos? - gritei com raiva — Esse Vlad comprou minha amiga como amante? Seu lixo humano!Fiquei revoltada e comecei a chorar de novo. Minha pobre amiga Elena estava na mesma situação que eu. Eles disseram que iam nos separar e nos vender como escravas sexuais e isso aconteceu mesmo. Derrubei a faca na areia.— Garota, não tenho tempo a perder. Ou você vem comigo agora, ou posso ir embora e deixar que o deserto ou o cartel terminem o serviço - ele abriu os braços — Pra mim tanto faz mesmo.— Quem me garante que você nãoe stá mentindo?— Garota, vai se foder! - me respondeu com estupidez — Eu detesto essa porra de lugar e só vim até aqui porque é interessante pra mim, ter uma boa relação com Vlad... O amante de sua amiga - ele gritou forte — Mas eu não dou a mínima se você vive ou morre. Aliás, eu mesmo posso te matar agora e entregar seu corpo. De qualquer jeito, eu saio com vantagem.— Eu não vou a lugar nenhum sem Ana e Maria - eu di
Parte 66...Elena— Vlad, eu só quero dormir um pouco... Por favor, vai dormir na sua cama - pedi, ainda irritada, mas querendo encerrar a noite.— Claro... - ele se virou e me deixou.Suspirei aliviada e mexi nas peças que Marta tinha me ajudado a comprar. Nunca vi tanta coisa e agora realmente não me arrependo de ter gastado o dinheiro dele.Pois vou gastar muito mais. Todos os conselhos que Marta me deu, eu vou seguir. Chega de ser uma fodida. Peguei uma camiseta branca de algodão e vesti, me serviu bem como um pijama. Agora posso tentar dormir.Só que Vlad pelo jeito estava a fim de me irritar. Voltei para o quarto e ele estava deitado na cama, nu, apoiado no cotovelo. Quando me viu bateu no colchão ao lado.— Vem, deita aqui.Merda! Tudo bem, não vou fraquejar.Peguei o travesseiro para ir dormir em outro lugar, mas ele me puxou de vez e eu caí na cama. Ele veio pra cima de mim e tentei empurrá-lo, mas não consegui que saísse de cima.— Vlad... Me deixa em paz! - reclamei.Ele ri
Parte 67...ElenaEu me sinto um pouco desconfortável pelo modo como ele me olha, parece que está me julgando, sei lá. Mas isso não vai me impedir de tirar proveito.— Ok... Ficamos aqui então... Mas...— Ninguém vai entrar - ele disse — Os seguranças estão lá embaixo agora. Não preciso que fiquem aqui em cima.Bom saber. Quer dizer que por aqui, pelo menos a essa hora, não tem ninguém além de nós dois. Ok.Vlad se inclinou para a frente e ficou entre minhas pernas e me lambeu. Eu até prendi a respiração de novo, mordendo o lábio e me apoiei nos cotovelos para ficar olhando.Porra, ele pode até ser um grande condenado, mas que ele sabe mexer com meu corpo, isso ele sabe mesmo.Eu odeio ele. Odeio muito. Mas estou cheia de tesão também. Como pode?Os dedos dele me penetravam devagar enquanto sua língua brincava com meu clitóris. Joguei a cabeça para trás e fechei os olhos.Caramba, é muito bom.Senti o prazer me tomando de novo como antes, mas agora já não tinha a questão da virgindade
Parte 68...ElenaLevantei devagar, sentindo o peso da situação me esmagar a cada movimento. Tirei o braço pesado dele de cima de mim e fui saindo devagar, de ré, ligada no rosto dele, enfiando no travesseiro. Ele dormia relaxado, a barba começando a aparecer.O silêncio da cobertura era quase sufocante, quebrado apenas pela respiração lenta de Vlad. Até parece que ele não tem uma única preocupação no mundo. Eu, por outro lado, mal conseguia respirar direito.Respirei fundo e fiquei quieta um instante até ter certeza de que ele não ia acordar.Aproveitei a quietude, meus pés descalços encontrando o chão frio de mármore. O quarto era grande mas opressor, com janelas que iam do chão ao teto, revelando a cidade lá embaixo. Chicago estava acordada, mesmo àquela hora da madrugada, mas para mim, parecia uma prisão. Eu até gosto de não estar no velho trailer que era nossa casa, mas aqui me dá um pouco de medo e muita ansiedade.Abri a porta muito devagar e saí. Andei pela cobertura, mapeand
Parte 69...ElenaEu estava com mais fome do que pensei. Mesmo com a garganta ainda arranhando um pouco, quando ele empurrou o prato na minha direção eu já peguei o garfo e enchi a boca.— Que tal estão? - riu me observando.— Muito boas - mexi a cabeça e coloquei mais um pedaço de panqueca doce na boca.— Bom... Aproveite, não é sempre que estou de bom humor.Ele se virou para fazer um prato para ele também. Se está de bom humor, eu posso aproveitar agora.— Vlad... Eu estava pensando em ir ao médico e ver como está minha garganta.Mentira. Eu só quero sair.— Não tem que sair, o médico vem até você - tirou o avental e começou a comer — Está sentindo dor? - olhou minha testa — Seu curativo me parece bom.— Não sinto o corte - toquei o local — É que o médico disse que eu teria que cuidar da garganta... Eu sinto como se estivesse arranhada por dentro - não é de todo mentira.— Vou mandar que chamem o médico.— Não! - ele parou de comer — Não é necessário que ele venha... Se eu posso ir
Parte 70...ElenaNão sei se devo lavar a louça, ele não me disse nada e também, que se foda, eu não vou ser amante e empregada doméstica dele. Não vou mexer um dedo para ajudar em nada. Ele tem dinheiro, então que pague gente pra isso.Fui até o quarto dele, a porta estava aberta e eu entrei.— Vlad?— Aqui, no closet - apareceu na porta.Fui até lá. A janela estava aberta e me aproximei, olhando para baixo. Ele estava separando a roupa e estava bem cheiroso.A porra do closet dele é maior do que o trailer que eu morava com a Vicky. Bem maior. Me deu até raiva disso.— Não dá pra você descer por aí - ele fez piada e pegou um relógio.Não dá pra descer por aqui, mas eu posso descer pelas escadas. Espera só. Dei um sorriso cínico e me sentei no sofá redondo e esquisito que tem no meio.— Eu não estava pensando nisso, Vlad.— Ótimo, é bom mesmo que não esteja - ele colocou o relógio no pulso — Não quebre nenhuma regra de nosso acordo e tudo vai terminar bem... Entendeu?— Sim, senhor! -