Fechei meu laptop e respirei fundo. Estava um calor infernal, dentro daquele quarto. A briza quente que vinha do mar não melhorava absolutamente nada, então fui até onde havia o remote do Ar-condicionado e liguei, devolvendo-o depois do mesmo começar a refrescar o lugar. Antes de me jogar de costas sobre a cama e cruzar os dedos por baixo da nuca, me livrei da minha camisete.
Era meia noite, quando parei para pensar na nossa curta viagem. Não tinha sido tão agradável quanto pensei, depois da pequena conversa que tive com Judite bem no início dela. Assim que os 20 minutos de descanso dela passaram, acordou com um humor normal e estabeleciamos um diálogo com a mesma normalidade, porém, não estava mais tão empolgada. Me senti mal por tê-la deixado naquele estado, mesmo que não tivesse sido proposital. Uma má interpretação de suas palavras gerou aquele clima e eu não sabia muito bem como lidar.
Acordei com o som do autoclismo. Olhei para o lado e Judy não estava lá. Bocejando, cocei meus olhos enquanto seguia para a casa de banho. Assim que abri a porta, ela estava sentada no chão e com a cabeça entre seus joelhos altos.— Ei, tudo bem? — me agachei na sua frente, preocupado.Sua testa estava molhada e ela estava fraca. Pude ver pela forma como se esforçou para levantar sua cabeça e olhar para mim.— Tudo. Só vomitei um pouco. — limpou seus lábios e fechou os olhos, apoiando a cabeça na parede atrás de si.— Sente alguma dor?— Não. Nenhuma. — balançou a cabeça, me fazendo franzir o cenho.— Comeu alguma coisa que não te fez bem?— Acredito que não. Só comi aquelas maçãs e aquele iogurte de ontem. Nada mais. — passei a mão pela sua testa.— É a primeira vez que isso acontece?— Não. Aconteceu há uns dias, na casa da minha
De costas para a porta, me ajoelhei e depositei minha pequena mala sobre a cama, antes de respirar fundo, aprumar os lábios e engolir o gole adesivo e azedo de saliva. Minha respiração estava acelerada, meu coração apertado e meus dedos tensos por conta do que acabara de presenciar. Me senti tão envergonhada e inútil que minha vontade de participar da festa foi diminuindo a cada vez que a cena se repetia na minha mente.Não sabia se ficava trancada naquele quarto até tudo aquilo se esvoaçar ou se saía e desaparecia por um tempinho.Antes mesmo que pudesse me decidir, Lionel entrou por aquela porta que nem um furacão.— Judy!— Sim? — respondi com as mãos afundadas nas roupas contidas na mala.— Podemos conversar?— Claro. — ergui o vestido branco que achei e estendi sobre a cama.— Judy, me desculpa. Eu não queria ter agido daquela forma. Não tive tempo para pensar devidament
A noite caía lentamente sobre as nossas cabeças. Eu estava de frente para um lindo cenário, organizado por mim e outros amigos do casal.Havia um caminho estreito, limitado por lanternas modernas, decoradas por pequenos buquês de flores artificiais brancas, que ia até o altar improvisado. Uma parede de madeira protegia o cenário da violência do vento vindo da direcção do mar. Próximo a ela, havia uma mesa se vidro, ornamentada com pano, pétalas, pérolas e uma almofada no centro, tudo em branco. Poltronas quadradas estavam espalhadas pelo lugar para os convidados e por cima de cada uma, tinha pequenas faixas douradas, como se fossem feitas de ouro, para servirem de acessórios exclusivos para os convidados.Suspirei, satisfeita, antes de me aproximar da pequena mesa de bolo, para confirmar que tinha feito um bom trabalho. O cheiro de doce e menta eram aromas vivos para o lugar.— Judy! — me virei para ver Cléo se aproximar de m
— O noivo pode beijar a noiva! Felicidades ao casal. — foi a última coisa que o jovem padre disse, antes que eu virasse para Judite.Estava inacreditavelmente linda e atraente, como se tivesse feito de propósito para comprimir meus pulmões. Estar mal com ela me deixou tão chateado comigo mesmo que precisei de algumas doses de Uísque para me acalmar.— Judite? — seus grandes olhos vieram até mim como um aviso para que eu ficasse quieto.Olhei para frente para encontrar Cléo, que me olhou com reprovação e deu de ombros. Nossa distância começava a me irritar e, junto ao sentimento de culpa e seu expledôr, me deixava desnorteado. Não sabia o que fazer nem por onde começar. Tudo o que sabia era que eu não dormiria até melhorar as coisas entre nós.— Parabéns, bebeeeés! — abriu um sorriso que me deu inveja e abriu seus braços para acolher aos dois.Todos os convidados aplaudiam e davam vida ao moment
— Hey! — andei depressa para alcançá-la.— Lio, eu tenho coisas po...— antes que pudesse terminar, fui movido pela irritação e carreguei-a em meus braços.— Eu detesto ser ignorado e estou cansado disso! — disse depois de seu grito de surpresa.— Estás maluco ou oquê? Me coloca no chão!Dei passos firmes em direcção ao nosso quarto, ignorando-a e as que chamavam por nós. Seus olhos arregalados estavam em mim quando nem ousou se debater. Era óbvio que sua fúria renascia, mas se não resolvesse as coisas naquele momento, eu enlouqueceria.— Eu posso andar com meus próprios pés até lá. — se exaltou, sua respiração acelerando gradualmente.— Eu sei. Mas não vai!Assim que chegamos, abri a porta, entrei no quarto e a fechei com um chute bruto. Em silêncio, a deitei sobre a cama e voltei para trancá-la e acender as luzes.— Isso foi completamente desnece
Assim que meu nome foi anunciado, me levantei da mesa dos noivos para ir até o pequeno palco no centro do salão.— Capricha, madrinha! — Júlio gritou depois de um gole da sua cerveja.Sorri e me digiri ao centro sob os olhares de todos. Embora estivesse ligeiramente constrangida e nervosa, mantive minha firmeza e respirei fundo quando meus dedos prenderam o microfone.— Mais uma vez, boa noite a todos presentes. Espero que estejam todos a desfrutar deste momento mágico, proporcionado pelos dois pombinhos ali...— apontei para eles que ergueram suas mãos, alegres —...pelos quais agradeço pela vossa presença, o vosso calor, vosso apoio e por compartilharem da felicidade de ambos. Kanimambo! — Amém! — uma voz feminina surgiu da multidão e incentivou os aplausos que se seguiram.— Bem...— respirei fundo —...eu não estou aqui como a madrinha, mas como a amiga da noiva, para oferecer ao noiv
— Tudo pronto? — perguntei para minha irmã, que fechou o porta-malas com tudo.— Sim. Posso conduzir?— Não sei. Não voltamos como viemos? — sacudi a mão para diminuir a água na maçã que acabava de lavar.— Não sei. Vou perguntar para Cléo. — baixou os óculos em sua cabeça até seus olhos, escondendo-os por trás das lentes castanhas.Correu de volta para onde nos tínhamos hospedado e eu segui, preguiçosa. Naquela manhã, tinha acordado tão preguiçosa que não conseguia ser flexível em nada. Para piorar, os 32 graus tornavam a caminhada insuportável. Estava toda transpirada, com cede, fome e muito sono. Quando ía dar a primeira mordida na maçã, bocejei pelos seguintes segundos, lacrimejando assim que terminei. Nunca tinha me sentido daquele jeito. Não que me lembrasse.Boa parte dos convidados já tinham ido embora. Apenas nós quatro, os noivos, o primo de Júlio e uma irmã de Lola, tínhamos fica
— O que você fez? O que se passa contigo, Lio? — Cléo bateu no meu ombro com meu telefone.Ela estava irritada como no momento em que me despertou, no pequeno almoço do dia anterior. Desentendido, minha testa foi enrugada rapidamente, mas, quando percebi o que poderia ter acontecido, meus lábios se separaram.— Onde é que Judite está? — arranquei meu telefone da sua mão e apertei com força.— Foi embora. Você levou um bom tempo para vir resolver o que quer que tenha feito. — abriu a porta do meu carro, lançou seu corpo para dentro e bateu com força, seu olhar assassino em mim.— Puta que pariu! — sussurrei e esfreguei meus olhos.Se era por causa da merda do beijo que Mariana tinha roubado de mim, não podia me considerar mais azarado. Contar para ela sobre o que tinha acontecido seria melhor do que ela ter visto com seus próprios olhos. Depois de me separar de Júlio, fui explorar m