— O noivo pode beijar a noiva! Felicidades ao casal. — foi a última coisa que o jovem padre disse, antes que eu virasse para Judite.
Estava inacreditavelmente linda e atraente, como se tivesse feito de propósito para comprimir meus pulmões. Estar mal com ela me deixou tão chateado comigo mesmo que precisei de algumas doses de Uísque para me acalmar.
— Judite? — seus grandes olhos vieram até mim como um aviso para que eu ficasse quieto.
Olhei para frente para encontrar Cléo, que me olhou com reprovação e deu de ombros. Nossa distância começava a me irritar e, junto ao sentimento de culpa e seu expledôr, me deixava desnorteado. Não sabia o que fazer nem por onde começar. Tudo o que sabia era que eu não dormiria até melhorar as coisas entre nós.
— Parabéns, bebeeeés! — abriu um sorriso que me deu inveja e abriu seus braços para acolher aos dois.
Todos os convidados aplaudiam e davam vida ao moment
— Hey! — andei depressa para alcançá-la.— Lio, eu tenho coisas po...— antes que pudesse terminar, fui movido pela irritação e carreguei-a em meus braços.— Eu detesto ser ignorado e estou cansado disso! — disse depois de seu grito de surpresa.— Estás maluco ou oquê? Me coloca no chão!Dei passos firmes em direcção ao nosso quarto, ignorando-a e as que chamavam por nós. Seus olhos arregalados estavam em mim quando nem ousou se debater. Era óbvio que sua fúria renascia, mas se não resolvesse as coisas naquele momento, eu enlouqueceria.— Eu posso andar com meus próprios pés até lá. — se exaltou, sua respiração acelerando gradualmente.— Eu sei. Mas não vai!Assim que chegamos, abri a porta, entrei no quarto e a fechei com um chute bruto. Em silêncio, a deitei sobre a cama e voltei para trancá-la e acender as luzes.— Isso foi completamente desnece
Assim que meu nome foi anunciado, me levantei da mesa dos noivos para ir até o pequeno palco no centro do salão.— Capricha, madrinha! — Júlio gritou depois de um gole da sua cerveja.Sorri e me digiri ao centro sob os olhares de todos. Embora estivesse ligeiramente constrangida e nervosa, mantive minha firmeza e respirei fundo quando meus dedos prenderam o microfone.— Mais uma vez, boa noite a todos presentes. Espero que estejam todos a desfrutar deste momento mágico, proporcionado pelos dois pombinhos ali...— apontei para eles que ergueram suas mãos, alegres —...pelos quais agradeço pela vossa presença, o vosso calor, vosso apoio e por compartilharem da felicidade de ambos. Kanimambo! — Amém! — uma voz feminina surgiu da multidão e incentivou os aplausos que se seguiram.— Bem...— respirei fundo —...eu não estou aqui como a madrinha, mas como a amiga da noiva, para oferecer ao noiv
— Tudo pronto? — perguntei para minha irmã, que fechou o porta-malas com tudo.— Sim. Posso conduzir?— Não sei. Não voltamos como viemos? — sacudi a mão para diminuir a água na maçã que acabava de lavar.— Não sei. Vou perguntar para Cléo. — baixou os óculos em sua cabeça até seus olhos, escondendo-os por trás das lentes castanhas.Correu de volta para onde nos tínhamos hospedado e eu segui, preguiçosa. Naquela manhã, tinha acordado tão preguiçosa que não conseguia ser flexível em nada. Para piorar, os 32 graus tornavam a caminhada insuportável. Estava toda transpirada, com cede, fome e muito sono. Quando ía dar a primeira mordida na maçã, bocejei pelos seguintes segundos, lacrimejando assim que terminei. Nunca tinha me sentido daquele jeito. Não que me lembrasse.Boa parte dos convidados já tinham ido embora. Apenas nós quatro, os noivos, o primo de Júlio e uma irmã de Lola, tínhamos fica
— O que você fez? O que se passa contigo, Lio? — Cléo bateu no meu ombro com meu telefone.Ela estava irritada como no momento em que me despertou, no pequeno almoço do dia anterior. Desentendido, minha testa foi enrugada rapidamente, mas, quando percebi o que poderia ter acontecido, meus lábios se separaram.— Onde é que Judite está? — arranquei meu telefone da sua mão e apertei com força.— Foi embora. Você levou um bom tempo para vir resolver o que quer que tenha feito. — abriu a porta do meu carro, lançou seu corpo para dentro e bateu com força, seu olhar assassino em mim.— Puta que pariu! — sussurrei e esfreguei meus olhos.Se era por causa da merda do beijo que Mariana tinha roubado de mim, não podia me considerar mais azarado. Contar para ela sobre o que tinha acontecido seria melhor do que ela ter visto com seus próprios olhos. Depois de me separar de Júlio, fui explorar m
Depois de fazer o check in, arrastei minha pequena mala até estar de frente para as escadas rolantes, que davam acesso a uma pastelaria luxuosa e solitária no andar de cima. O cheiro de café e natas se tornava mais vivo a cada vez que as escadas deslizavam para cima. Quando comecei a andar, olhei para meu relógio e o mesmo marcava exactamente 07:30. Meu voo para Nampula partiria em uma hora, mas ainda tinha tempo para comer qualquer coisa.De cima, a vista dos aviões era incrível. Havia sofás circulares em volta de mesas médias e algumas cadeiras solitárias viradas para a vista, e acompanhadas por mesas mais pequenas, de vidro. Me sentei numa das cadeiras e estreitei os olhos para os raios fortes que vieram até mim.— Bom dia e seja Bem-vindo. — uma senhora estendeu o cardápio para mim e ornamentou sua fala com um sorriso, mas eu não estava bem o suficiente para corresponder.— Bom dia e muito obrigado. Acho que
Passei as duas mãos pela minha saia lápis assim que me levantei. Depois de organizar meus pertences dentro da bolsa, desligar o computador da minha mesa e me despedir dos poucos colegas que estavam espalhados pelo departamento, segui para fora, passando por algumas portas até estar na casa de banho feminina.Tinha pensado em fazer aquilo desde a hora do almoço, mas, feliz ou infelizmente, as interrupções me fizeram adiar o momento. Agarrei a alça da minha bolsa de couro azul com força e entrei.— Meu Deus, que medo. — sussurrei para o lugar vazio, apenas com o som de alguma torneira mal fechada.Parei na frente do espelho e me observei. Eu não tinha o mesmo brilho que à alguns dias. O lápis que devia manter meu cabelo junto na nuca, não fazia mais o que devia. Meus lábios estavam um pouco secos, meu rosto estava murcho e meus olhos pareciam ter seus contornos virados para baixo. Enchi o peito com um inalar profundo, lambi meu
O caminho de volta para casa foi tranquilo. Conduzia em direção ao lindo pôr-do-sol, enquanto cantava alguma música de Simon Silver. As batidas que eram exprimidas para fora das colunas, me tocavam bem no fundo. O dia tinha sido normal, meu humor estava melhor, mas com uma vontade absurda de comer apas. Decidi que aquele seria meu jantar.No dia anterior, tinha conversado mais um pouco com minha mãe. Desabafar com ela realmente me fez bem, porque ela me transmitiu a calmaria que eu não acharia em nenhum outro sítio. Puxou a razão que boiava no fundo de mim a tona e me fez prometer que eu procuraria uma ginecologista o quanto antes. O sorriso em seu rosto era apaixonante. Me lembrava o mesmo que eu vi quando comprei o espelho para o quarto de minha filha, havia uns anos, enquanto massageava a barriga de 6 meses, ansiosa para colocar meus olhos nela. Sorri para a doce lembrança e não pude conter um suspiro de saudades. Vou tentar de novo, minha boneca
O cheiro de sabonete emanava dela, enchendo sua sala e desputando com o das duas pizzas que tinham chegado havia 5 minutos. De joelhos para a mesa de centro, Judite organizava pratinhos e talheres, antes de começar a servir em cada um deles.— Posso servir dois de uma vez? — perguntou sem tirar os olhos da caixa.— Pode.— Quer um pedaço de cada pizza? — finalmente olhou para mim e levantou o garfo e a faca à altura de sua cabeça.— Como preferir. — dei de ombros.Serviu dois pedaços em cada um dos pratinhos, fechou as duas caixas, pegou neles e se levantou, revelando seu corpo coberto por um vestido largo de pano fino. Acompanhei seus passos até mim e recebi o prato que me pertencia. Se sentou do meu lado, cruzando suas pernas grossas e começando a devorar a pizza em silêncio.— Me parece estar faminta. — soltei antes de levar um &ag