No fim da tarde de segunda, dirigia relaxada até a casa da minha mãe. A desculpa de querer me oferecer verduras colhidas de suas terras, foi uma forma bem inteligente de minha mãe me chamar para uma conversa. Tinha comentado com ela sobre o dia passado com Lionel e, diferente do dia da viagem, ela me pareceu mais empolgada. Mesmo não dando muitos detalhes e omitindo o seu pedido, ela não parava de fazer perguntas carregadas de curiosidade.
Durante o percurso, meus pensamentos giravam em torno de cada sensação boa que senti estando do lado dele. O dia tinha sido uma autêntica montanha-russa emocional e sensacional. Uma mistura de coisas que não sentia havia um bom tempo, comprimidas em menos de 24 horas, me levavam cada vez mais perto da conclusão que tirei: eu estava inteiramente reapaixonada* por ele, tendo certeza que era recíproco.
A sua atitude no cemitério aumentou ainda mais a leveza que passei a sentir, principalmente depois
24 de DezembroA casa da minha mãe estava uma explosão de aromas, desde o doce, misturado com o salgado, ao queimado. Estavamos todas atarefadas e com movimentos apressados, pois nos preparavamos para a Ceia de Natal, que seria na casa da minha Avó, junto de primos e tios.— Meu avental está todo borrado de creme, alguém me entrega um limpo? — gritei, agachada na frente do forno.Estavamos sem tempo e com muita coisa para fazer ainda, razão pela qual me distraí noutras tarefas e me esqueci completamente do primeiro bolo, que acabou todo queimado. Usei rapidamente as luvas e tirei o segundo bolo, muito melhor e mais perfeito. Corri para desenformar e deixar a esfriar, depois segui para a sala, onde o gato da minha mãe lambia um pedaço de frango s
Com duas caixas de presentes empilhadas sobre minha mão, bati a porta da casa da minha mãe e pigareei. Podia ouvir vozes abafadas, quando olhei para Cléo e a vi desembrulhar uma pastilha elástica.— Você não tem gastrite? — indaguei.— Tenho. — abriu sua boca e atirou a pastilha para dentro, sem tirar os olhos de mim — Mas sou viciada em pastilhas. — deu de ombros e segurou melhor a panela preta.Dadi abriu a porta e sorriu assim que nos viu. Nos dando passagem, iniciou seu sermão por estarmos atrasados para a Ceia de Natal. Aparentemente, tinhamos sido os últimos a chegar. — Eu tive que trabalhar, hoje.— Até meio dia! — arqueou suas sobrancelhas quando sorri, sem saída.— Desculpa! — a puxei para um abraço, seguido de um beijo em sua testa — Feliz Natal, mãe!—
31 de DezembroAcabava de sair de um banho frio. Enquanto organizava a gola da minha camisete, entrei na cozinha e flagrei-a lavando suas mãos, distraída.— Terminei. — anunciei, fui até ela e depositei um beijo em sua testa.— Posso tomar um banho rápido também? — perguntou enquanto sacudia suas mãos.— Pode. Vou organizar as coisas aqui. — deu um beijo estalado em minha bochecha e seguiu até meu quarto.O dia tinha sido cansativo para ambos. Eu tive que trabalhar até meio dia e me encontrar com Júlio para dar início a alguns preparativos; Judite teve que cuidar de suas encomendas e fazer o mesmo com Lola, até que, para cumprir com nosso combinado, nos encontrassemos em minha casa para um jantar a dois. Eram 18 horas, quando Judite apareceu na minha casa com uma parte do jantar em seu carro e um cansaço visível, porém, demonstrava o mesmo níve
Lionel não parava. Agarrava minhas pernas firmes em volta de sua cintura, enquanto caminhava apressado até seu quarto. As duas alças do meu vestido estavam caídas, minhas unhas estavam cravadas em seus ombros rijos e ele comandava minha respiração com os movimentos de sua língua em minha pele.Nossos corpos estavam quentes e suados. Do lado de fora, os explosivos ainda soavam de forma tímida, dando continuidade a celebração do primeiro dia do ano. Com um chute, a porta foi aberta e em dois tempos eu estava deitada no colchão macio. Me apoiei em meus cotovelos e olhei para frente, vendo-o se degustar com a visão do meu corpo deitado em seus lençóis. A única luz que o iluminava vinha do lado de fora. Os raios prateados caíam majestosos em cada contorno de sua barriga trincada, seus braços fortes e seu peito cheio. Eu pude ver dois dos tentáculos surgirem das laterais do seu corpo. Um deles terminava bem no meio de seu peito e o
Fui abrindo os olhos lentamente para a manhã de Janeiro, cuja luz forte iluminava o quarto, deixando-o quente. Estava enrolada em seu lençol listrado, completamente sozinha na cama e no cômodo. Cocei os olhos enquanto bocejava, depois arrastei meu corpo até estar sentada.Com o ato, senti minha intimidade pulsar e arder de leve pela noite intensa que tivemos. Meus pensamentos matinais iniciaram, repassando os três dias que se passaram ao seu lado, trazendo-os de volta a mim como um banho de ventos frios em meu corpo nú, arrepiando-me, até terminarem com o facto de aquela ser a última manhã do seu lado.— Jesus! — espalmei a testa quando minhas têmporas bombaram.Com os dedos, penteei meu cabelo desorganizado para trás e me levantei, fazendo com que o lençol caísse e me deixasse coberta somente por uma calcinha lilás de renda. Por cima de sua mesinha de cabeceira estava largada a camisete que Lio tinha usado no dia anterior, a
Relatórios por ler, emails por abrir, papéis por organizar, uma reunião por participar e algumas cobranças por fazer a alguns colegas. Meu primeiro dia de trabalho se resumia a isso. Passei o meu espediente no meu escritório, de onde só saí para comer alguma coisa antes da reunião com meus superiores.Naquele momento, depois de organizar a minha mesa, era hora de sair. O relógio marcava 17 e quaisquer minutos, quando segurei meu laptop contra o peito, passei os olhos pelo lugar, me certificando que estava tudo nos conformes, saí e tranquei a porta.— Até amanhã, Marcelo. — disse quando passei pela mesa do meu secretário.— Até amanhã, chefe.Eu ainda me sentia desconfortável com sua forma de se dirigir a mim, tendo em conta que éramos quase da mesma idade, mas, mesmo que tenha pedido várias vezes, parecia estar tatuado em sua língua desde o dia em que foi contratado. Apenas assenti e caminhei pelos longos e la
— Lio, você parece meu pai, as vezes.— Me deixa! — respondi atrás das duas mulheres hipnotizadas pelos alimentos espalhados pelas prateleiras do corredor de doces — Estamos dentro desse supermercado há quase duas horas.— Não exagera. — Judite riu sobre o ombro, depois parou para ver o preço de um pacote de bombons variados.— Fazer compras sozinho é mais fácil. Nem com Cléo eu levava esse todo tempo. Vos unir não foi minha melhor ideia. — franzi o cenho, movendo meus óculos escuros com o ato.— Trás esse carrinho para aqui? — Cléo pediu, ignorando completamente minhas palavras.— Parece um menininho mimado que teve seu pedido rejeitado e faz birra para a mãe pelo resto do tempo. — minha namorada riu, antes de lançar dois pacotes para dentro do carrinho e me dar um beijo na bochecha.— Isso não vai melhorar nada! Estou cheio de fome, apressem-se!Era
Mais uma vez, de frente para o espelho, eu me encontrava apaixonada pelo meu reflexo. O vestido que escolhi parecia ter sido feito pensando em cada detalhe do meu corpo. Nunca tinha achado um vestido que ficasse tão bem em mim.— Mamaaã! — com as mãos plantadas na cintura, chamei por ela.— O que se passa?— Olha. Como estou? — abri os braços para que ela me analisasse melhor.— Muito bem.— É lindo, não é?— Muito, mas vocês sabem que ninguém para além da noiva deve usar branco, num casamento, certo?— Foi exactamente o que eu disse para Lola, mas eles quiseram assim. Então pensei em algum acessório para diferenciar os convidados dos noivos.— É uma ideia, mas há tempo para isso?