— Lio! — desperto com o som distante da voz e batidas insistentes de Cléo.
Minha mente vai despertando gradualmente até que meus olhos comecem a se abrir. Olho na direção da janela aberta e vejo que a temperatura do lado de fora é ameaçadora. O quarto está com um frio natural que me envolve assim que me arrasto para sentar na borda da cama.
Estou no meu estar atônito matinal quando, finalmente, decido responder as suas batidas.
— Já acordei. Saio daqui a pouco. — minha voz arrastada cessa as batidas, então ela abre a porta, espreita através do batente e avisa:
— São quase 6 horas. Vamos chegar atrasados.
O relógio que tenho no pulso desde ontem confirma suas palavras. São 5 horas e 38 minutos. Não respondo nada. Cléo volta a fechar a porta quando me levanto, penduro minha toalha sobre o ombro, levo meu telefone e saio do quarto um pouco apressado.
Mergulho os dedos no pote de água e o sacudo por cima do tecido da minha camisa. O tecido azul ganha pequenas manchas mais escuras, das quais um vapor sensual sai quando passo o ferro de engomar. O barulho da porta puxa meus olhos, então ela revela minha irmã, Yara, que pergunta:— Como foi ontem? — se j**a na cama e me olha fixamente.— Muito bom. Fazia muito tempo que não tinha saídas do tipo. — coço a garganta irritada com duas compressões.Levanto a camisa e ergo sob a luz para achar alguma linha torta por tornar inexistente.— Corrigindo: fazia muito tempo que não saía. — gira em seus dedos uma das pulseiras que escapou de meu pulso.— Sim, é verdade. De qualquer forma, foi diferente. — aprumo os lábios e espalho mais gotas de água pela gola da minha camisa.— E essa voz?— Karaoke. — coloco o ferro de engoma
Um mês e meio depois — Olá! — comprimento-o. Desfila até mim, seus ombros numa dança condizente com suas longas e grossas pernas cobertas até a metade por um par de calções escuros. Uma camisete colorida agarra-se firmemente ao seu torso, um pedaço de sua tatuagem espreitando através do arco da gola. Sua postura move ares a ser favor.Sua voz reverbera pelo interior de meu ser quando retribui o comprimento. — Olá. — depois de três semanas, ouço-o desrespeitar a acentuação de tal palavra. Com sua aproximação, saio do carro e ergo os braços quando nossos corpos se chocam num abraço de boas-vindas. Mantenho-me na ponta dos pés, os ol
Sinto dedos cutucarem persistentemente meu ombro. Quando me viro, vejo Cléo. Sinto o cheiro do salgado mordido em sua outra mão e vejo seus lábios oleosos se moverem quando diz:— Preciso das chaves do teu carro.— Para quê? — rasgo a embalagem de 6 cervejas e as organizo na primeira caixa térmica.— Está mal estacionado. Vem mais carros. — coloca o que sobrou do salgado sobre a língua e mastiga.— Vou estacionar quando terminar aqui.— Eu estaciono. Me dá as chaves. — estende sua mão.Tateio todos os bolsos até meus dedos baterem no molho de chaves. Entrego-o sem falar mais nada e volto a fazer meu trabalho quando ela se distancia. Afundo mais e mais garrafas de álcool pelas três caixas térmicas grandes enquanto oriento meu trabalhador, que divide-se entre limpar a piscina e organizar algumas cadeiras. Quando os dois terminamos, posic
— Estamos todos aqui? — de frente para seu bolo e seus convidados, perguntou.— Estamos! — as vozes de alguns de seus amigos se uniram em resposta.— Ótimo! Papito, aproxima, porfavor? — levantou os dois braços e fez um gesto que nem o de uma criança ansiosa para abraçar seu pai.Meu jardim estava com uma aglomeração considerável. O número de pessoas dançava em torno de 28 à 32. Maior parte eram amigos dela, o resto se dividia em primos próximos, eu, seu pai, gêmea de sua mãe e Judite, que fugia dos meus olhos. Enquanto meu irmão exibia sua postura, virei a cabeça para procurar por ela, mas não achei em nenhum lugar que pudesse ver.Franzi o cenho em interrogação, devolvendo minha atenção aos dois na frente.— Bem, pessoal, eu acho que é agora que se canta, nem?Todos começaram, no momento seguinte, com a cantiga. Minha sobrinha estava agarrada ao braço
A festa ainda bombava nas nossas costas, quando a aniversariante me acompanhava até meu carro com uma tigela de bolo na mão. Cléo vestia um vestido azul-escuro de veludo, alça fina, não muito justo, com um "V" profundo na parte de trás e que bailava no meio de suas coxas. Minha opinião levou-a a calçar sandálias de salto raso e optar pelas mexas soltas à altura de sua cintura. Estava bonita e radiante. Falava sem parar e era, sem dúvidas, uma mulher que dispensava a falta de assunto.- Tens mesmo que ir? Logo agora que a festa realmente vai começar? - lançou algumas tranças finas para trás de seu ombro.- Tenho. Já está tarde.- Tem alguma coisa para fazer amanhã? - parou de frente para mim e me observou abrir a porta do carro.- A questão não é essa... - quando ia me justificar, a voz alta de Lionel chegou até nós.- Cléo, não lhe deixa entrar nesse carro! - seu indicador estava em nós qua
— Você deve estar exausta. — Cléo falou, de frente para mim, enquanto secava o prato em sua mão.— Um pouco. — franzi o nariz — Mas tenho a tarde toda para dormir.— Acho que agora ele vai te deixar ir para casa. — riu — Lio é confuso.— Pois é. Já esperava aquela reação dele. — terminei de empilhar os pratos e lavei as mãos.— Estou com uma ressaca das boas. Meu Deus! — suspirou, seguindo até o prato de sopa sobre a mesa que repousava.— Imagino que não sejas a única. — me aproximei e me sentei.— Lio também exagerou. Estou a espera do momento em que vai entrar por aquela porta e exclamar por algo gelado e de limão.— Como assim?— É assim mesmo. Depois de exagerar no Uísque, só um líquido de limão e bem gelado é que cura o mau humor dele.— Espero que tenha. — esfreguei as mãos sobre minhas coxas e sorri para ela, que esvaziava a
Quarta-feiraContraí meu peito enquanto caminhava pelo corredor azul, acompanhado pelo eco dos meus passos, em direcção a porta no final do mesmo. Dela escapava o som abafado da música que as vozes masculinas cantavam. Pude ouvir melhor quando entrei nela e vi uma roda larga no centro.— Mestre! — um deles gritou por cima do canto assim que me viu, sem deixar de bater suas palmas.Larguei minha pasta próximo a parede, descalcei meus pés e me aproximei da roda com os olhos atentos nos dois dentro dela. Faziam movimentos calmos e bem elaborados, fazendo com que tendesse mais para uma dança do que uma luta. Apesar de algumas falhas, pude ver que desde a última aula, tinham melhorado imenso.— Calma, Mauro! — gritei para o mais novo entre os dois — Isso! — depois que fe
— Olá! — ornamentou sua saudação com um sorriso largo, depois de ter aberto a porta para mim.— Tudo bem?— Pode-se dizer que sim, aí? Pode entrar. — arrastou seu corpo para o lado para me dar passagem.Assim que atravessei a porta, deixando-a para trás, um aroma de dar água na boca invadiu meu olfato, enquanto apreciava a pequena sala diante de mim.Eu e Judite decidimos que nos juntariamos para um jantar rápido na casa dela, depois que nossos expedientes encerrassem. Pensamos que seria melhor e mais prático, tendo em conta que não ia interferir tanto no último dia laboral de ambos.— Estou bem. — me virei para vê-la fechar a porta e olhar para mim.— Seja bem-vindo, mais uma vez. — esfregou suas mãos nas laterais de duas coxas — Fica avontade. — me acomp