Tristan e o rapaz seguiram em silêncio pelo caminho até a cabana. O som das rodas da carroça cortando a trilha de terra era o único som que preenchia o ar, enquanto os dois homens se moviam com a missão cumprida. Quando chegaram em frente à porta da cabana, o jovem rapaz começou a descarregar as coisas de dentro da carroça, empilhando-as ao lado da entrada.
Tristan observava o trabalho, e ao ver que tudo estava sendo colocado no lugar, tirou uma bolsa de couro de seu cinto, retirou uma boa quantidade de ouro e entregou ao rapaz.
— Aqui — disse ele, colocando as moedas nas mãos do jovem. — Você fez um bom trabalho. Pode ir agora, e que a sorte esteja ao seu lado.
O rapaz olhou as moedas com os olhos arregalados, claramente surpreso
Helena estava animada, a agitação dentro de si quase elétrica. O casamento estava a apenas dois dias de distância, e a cada momento que passava, ela sentia a ansiedade se misturar com a excitação. Ela tinha ficado surpreso com a generosidade de Tristan ao comprar os tecidos, mas se sentia ainda mais empolgada por fazer seu próprio vestido de noiva.Ela estava sentada em uma mesa simples na cozinha, seus dedos ágeis trabalhando no tecido suave e delicado que Tristan trouxera. As cores eram suaves, como um tom pálido de rosa, quase esbranquiçado, e o tecido tinha um toque de brilho que fazia seus olhos brilhar cada vez que a luz da janela o tocava.Ela estava sozinha, mas o som do tear que ela usava para dar os últimos toques ao vestido parecia preencher a cabana com um tipo de paz que el
Helena sorriu sozinha enquanto terminava de dar os últimos pontos no vestido. O tecido, suave e delicado, era de um tom profundo de vinho, o que a fazia se sentir diferente de tudo que já usara. Ela tinha escolhido um modelo mais ajustado ao corpo, com um decote que desenhava uma linha sutil sobre seu busto, e a saia, longa, mas com um corte que deixava suas pernas livres para um movimento sensual. Nos ombros, pequenos bordados de fios dourados formavam um delicado padrão de flores, com pequenas pedras coloridas que ela mesma havia costurado. Não eram diamantes, mas pedras que lembravam cristais naturais, que ela achava mais encantadoras e genuínas. Elas brilhavam suavemente com a luz que entrava pela janela, refletindo em pequenos toques de azul e verde, como se estivessem sussurrando segredos de um mundo mágico.O vestido, embora simples, tinha algo de intenso, c
Helena disse com um sorriso travesso, se virando para olhar Tristan, que já estava se aproximando da mesa. Ela notou o brilho nos olhos dele, uma mistura de cansaço e carinho, e isso fez seu coração acelerar.Tristan ergueu as sobrancelhas, fazendo uma expressão divertida.— Eu sou um brutamontes, sim, mas um brutamontes que sabe que você é a melhor cozinheira da região — ele respondeu, com um sorriso de canto de boca. — E, pelo visto, a sopa está perfeita, como sempre.Ela riu, colocando a colher de lado e arrumando os pratos na mesa. Seu estômago roncou um pouco, mas foi o olhar de Tristan que mais a desconcertou. Ele estava a observando com intensidade, como se cada movimento seu fosse uma obra de arte.
O dia do casamento chegou com a luz suave da manhã filtrando pelas janelas da cabana. Helena acordou cedo, o coração batendo rápido, quase pulando do peito. Era difícil acreditar que o momento finalmente chegara. Ela olhou para Tristan, ainda adormecido ao seu lado, o rosto sereno e despreocupado. Sabia que ele estava esperando por ela, mas por mais que quisesse vê-lo, ela sabia que ainda não era o momento.Ela se levantou silenciosamente, tomando cuidado para não acordá-lo. O vestido que ela fez com tanto carinho estava guardado no baú, seu segredo, e ela não podia esperar para vesti-lo.Enquanto ela arrumava as coisas, sentiu a presença de Tristan acordando. Ele estendeu os braços, espreguiçando-se lentamente, antes de abrir os olhos, sorrindo ao ver Helena
As horas que se seguiram após a saída de Tristan pareceram longas demais para Helena. A cabana, antes tão familiar e tranquila, agora parecia carregada de expectativa. Rowan estava do lado de fora, sentado em uma tora de madeira próxima à entrada, observando a floresta em silêncio. De tempos em tempos, ela ouvia o estalar de galhos sob os pés de algum animal ou o chamado distante de um corvo. A natureza parecia mais viva naquele dia, como se também soubesse que algo importante estava prestes a acontecer.Helena permaneceu quieta por um tempo, sentada na cadeira perto da janela, abraçada aos próprios joelhos, sentindo o calor do sol deslizar pelos braços. Seu coração batia devagar, como se estivesse aguardando a ordem certa para acelerar. Ela se permitiu aquele momento de solidão, de silêncio. Não era apenas o dia de um casamento — era o dia em que tudo mudaria.Quando o sol começou a descer no céu e os raios dourados invadiram o interior da cabana com mais intensidade, ela se levantou
O caminho pela floresta parecia ter se transformado em outro mundo. Galhos haviam sido enfeitados com fitas finas de linho, flores silvestres entrelaçadas em arcos naturais sobre a estrada de terra batida. Pequenos sinos pendiam das árvores, e o som que produziam era quase mágico, misturando-se ao canto suave dos pássaros, como se a própria floresta estivesse abençoando aquela união.Dentro da carruagem, Helena observava tudo com os olhos arregalados, o coração disparado. Cada curva, cada detalhe do caminho parecia ter sido sonhado e moldado para ela. O vestido roçava sua pele, apertado do jeito que gostava, lembrando-lhe a cada respiração quem ela havia se tornado — mas mesmo com a beleza ao redor, uma sombra de medo ainda dançava em seu peito.Ela não sabia exatamente o que a aguardava na chegada. E se eles riam dela? E se a rejeitassem de novo?— Nervosa? — a voz grave de Rowan soou ao lado dela, baixo, como se tivesse lido seus pensamentos.Ela assentiu, engolindo em seco.— E se
Helena caminhou até o altar, sentindo o coração vibrar com cada passo. Seus olhos não deixavam os de Tristan, e quando finalmente chegou diante dele, o mundo pareceu se silenciar por um instante.Tristan deu um passo à frente, sem conter o sorriso orgulhoso nos lábios. Seus olhos percorriam cada detalhe dela — o vestido vinho colado ao corpo, os ombros marcados pelos bordados, os olhos brilhando de emoção. Era como se a visse pela primeira vez. E ao mesmo tempo, como se já a conhecesse há mil anos.Sem dizer uma palavra, ele segurou suas mãos com firmeza e levou-as até os lábios, depositando um beijo demorado em cada uma. Seus olhos nunca se desviaram dos dela.Helena sentiu o calor subir pelo corpo, um calor que nada tinha a ver com vergonha. Era reverência. Era o toque de alguém que via mais do que a aparência — que via a alma.O som de uma tosse forçada quebrou o momento.— Que se inicie, então… essa cerimônia — disse Padre Mathias, sua voz carregada de desagrado mal disfarçado.El
Os passos de Helena e Tristan ecoaram suaves pelo chão de pedra da igreja enquanto desciam do altar, lado a lado, mãos entrelaçadas. A luz das tochas criava sombras dançantes ao redor deles, e o silêncio absoluto deixado pela multidão que partira parecia amplificar ainda mais aquele instante só deles.Ao se aproximarem da saída, Tristan parou por um momento e se virou para Rowan, que os esperava com postura firme próximo à porta.— Obrigado por tudo, irmão — disse Tristan com sinceridade, batendo o punho contra o peito de Rowan, um gesto de respeito e lealdade. — Agora pode descansar. Está dispensado.Rowan assentiu, mas antes de ir, lançou um olhar para Helena, com algo entre proteção e orgulho