Os passos de Helena e Tristan ecoaram suaves pelo chão de pedra da igreja enquanto desciam do altar, lado a lado, mãos entrelaçadas. A luz das tochas criava sombras dançantes ao redor deles, e o silêncio absoluto deixado pela multidão que partira parecia amplificar ainda mais aquele instante só deles.
Ao se aproximarem da saída, Tristan parou por um momento e se virou para Rowan, que os esperava com postura firme próximo à porta.
— Obrigado por tudo, irmão — disse Tristan com sinceridade, batendo o punho contra o peito de Rowan, um gesto de respeito e lealdade. — Agora pode descansar. Está dispensado.
Rowan assentiu, mas antes de ir, lançou um olhar para Helena, com algo entre proteção e orgulho
Ao entrarem no quarto, Tristan fechou a porta com um leve empurrão, deixando o mundo exterior do lado de fora. A luz da lua entrava pela janela, iluminando softly a cama de dossel que os esperava. Era um convite tentador para uma noite de amor e paixão.Tristan a deitou com cuidado na cama, subindo por cima dela. Seus corpos se tocaram, e ela pôde sentir o calor emanando dele, o cheiro masculino que a deixava tonta de desejo. Ele a prendeu sob o peso do seu corpo, os braços ao lado da cabeça dela.— Você é tão linda, Helena — murmurou Tristan, afastando uma mecha de cabelo do rosto dela. — Tão perfeita... Não acredito que você é minha esposa agora.Ele se inclinou e começ
O sol invadia a cabana com uma luz quente e dourada, atravessando as cortinas leves e dançando sobre os lençois amarrotados. Helena acordou primeiro, os olhos ainda preguiçosos enquanto seu corpo se ajustava à realidade: estavam casados. Ela se virou devagar e encontrou Tristan dormindo profundamente, os cabelos bagunçados, um braço jogado sobre a cintura dela como se mesmo inconsciente quisesse mantê-la perto.Ela sorriu sozinha. Seu coração parecia leve, como se tudo no mundo tivesse finalmente encontrado seu lugar.Passou os dedos devagar pela barba dele, e ele gemeu baixinho em resposta, os olhos piscando antes de abrirem por completo.— Bom dia, esposa — murmurou com a voz rouca, o sorriso nascendo preguiçoso no rosto.<
A manhã avançava preguiçosa, e Helena ajeitava os potes de barro sobre a bancada improvisada perto da janela. O cheiro de ervas secas enchia o ar — lavanda, artemísia, alecrim. Ela mexia com cuidado em uma tigela de madeira, misturando o conteúdo com um pequeno bastão de pedra.— Está prestando atenção, Tristan? — ela perguntou, com um olhar maroto por cima do ombro.— Com certeza. Você mexe… assim, né? — Ele pegou outro bastão e imitou o movimento dela, só que com tanta força que metade do conteúdo espirrou da tigela e caiu na madeira.— Ai, não! Isso era cera de abelha com calêndula, você está batendo como se estivesse esmurrando um inimigo &md
A chuva caia suave do lado de fora, tamborilando no telhado da cabana como uma canção antiga, daquelas que embalam os pensamentos mais profundos. Lá dentro, o mundo era pequeno e quente, um universo feito de peles, suspiros e lençois amassados.Helena estava aninhada contra o peito de Tristan, a cabeça encostada logo abaixo de seu queixo. Seus dedos brincavam distraidamente com uma das cicatrizes antigas em seu ombro, como se quisesse desenhá-la, entendê-la, curá-la com o toque.— Essa daqui... — ela murmurou, passando o dedo com delicadeza. — Como foi?Tristan soltou um suspiro leve, não de dor, mas de lembrança.— Uma lança. Estava protegendo um menino. Ele chorava tanto
O céu estava claro, com nuvens leves que pareciam algodão derretido. O caminho até o lago era longo, mas nenhum dos dois parecia se importar com o tempo — andavam de mãos dadas, rindo das histórias que contavam um ao outro, como se fossem dois jovens sem passado, apenas com um presente vasto pela frente.Helena havia preparado um pequeno cesto de piquenique com pão fresco, queijo de cabra, frutas e um vinho suave. Tristan o carregava no ombro com facilidade, o outro braço firme ao redor da cintura dela, como se aquele gesto já tivesse se tornado natural — quase involuntário.Quando chegaram ao lago escondido entre as árvores, Helena parou por um instante e olhou a paisagem. A água cintilava com a luz do sol e o silêncio era profundo, interrompido apenas pelos pá
A tarde caía devagar quando voltaram à cabana. Lá fora, o céu se tingia de tons rosados, e o cheiro da terra molhada do lago ainda impregnava as roupas e a pele deles.Dentro da casa, o ambiente era acolhedor e familiar — as ervas penduradas, os livros empilhados, os objetos espalhados de forma caótica, mas viva. Helena se sentou perto da janela com sua cesta de costura, puxando uma túnica que estava desfiada na bainha. Tristan ficou à mesa, afiando sua espada com movimentos calmos e ritmados, o som do aço raspando preenchendo os silêncios entre eles.— Sabe... — Helena falou, sem levantar os olhos da agulha — às vezes eu penso se caberíamos mais aqui dentro.Tristan olhou para ela, curioso.
A noite caía devagar, e a cabana estava iluminada apenas pela luz morna das velas e da lareira. Helena costurava um pequeno pano de prato com bordados de flores tortas — era mais um passatempo do que necessidade. Tristan, por outro lado, estava inquieto, andando de um lado para o outro como quem preparava uma emboscada.De repente, ele foi até um cantinho onde guardava uma velha flauta de madeira — desafinada, mas ainda capaz de arrancar uma melodia rústica. Quando Helena ergueu os olhos, ele já tinha dado o primeiro sopro, desafinado o suficiente pra fazê-la rir.— O que você está fazendo? — perguntou, cobrindo a boca com a mão, divertida.Ele largou a flauta num gesto teatral.— N&atild
O sol filtrava-se por entre as árvores altas da floresta, lançando sombras dançantes sobre o chão coberto de folhas secas. O ar estava fresco, com aquele cheiro de madeira úmida e terra viva. Helena caminhava ao lado de Tristan, o arco pendurado nas costas, os olhos curiosos atentos a tudo ao redor.— Você está certa de que quer fazer isso? — ele perguntou, com aquele meio sorriso provocador. — Não é como preparar unguento, minha bruxinha.Ela lançou um olhar de canto, desafiadora.— E você acha que eu sou frágil demais pra puxar uma cordinha?— Eu só não queria ferir o orgulho de alguém que mal consegue matar uma aranha sem fazer um esc&ac