O caminho pela floresta parecia ter se transformado em outro mundo. Galhos haviam sido enfeitados com fitas finas de linho, flores silvestres entrelaçadas em arcos naturais sobre a estrada de terra batida. Pequenos sinos pendiam das árvores, e o som que produziam era quase mágico, misturando-se ao canto suave dos pássaros, como se a própria floresta estivesse abençoando aquela união.Dentro da carruagem, Helena observava tudo com os olhos arregalados, o coração disparado. Cada curva, cada detalhe do caminho parecia ter sido sonhado e moldado para ela. O vestido roçava sua pele, apertado do jeito que gostava, lembrando-lhe a cada respiração quem ela havia se tornado — mas mesmo com a beleza ao redor, uma sombra de medo ainda dançava em seu peito.Ela não sabia exatamente o que a aguardava na chegada. E se eles riam dela? E se a rejeitassem de novo?— Nervosa? — a voz grave de Rowan soou ao lado dela, baixo, como se tivesse lido seus pensamentos.Ela assentiu, engolindo em seco.— E se
Helena caminhou até o altar, sentindo o coração vibrar com cada passo. Seus olhos não deixavam os de Tristan, e quando finalmente chegou diante dele, o mundo pareceu se silenciar por um instante.Tristan deu um passo à frente, sem conter o sorriso orgulhoso nos lábios. Seus olhos percorriam cada detalhe dela — o vestido vinho colado ao corpo, os ombros marcados pelos bordados, os olhos brilhando de emoção. Era como se a visse pela primeira vez. E ao mesmo tempo, como se já a conhecesse há mil anos.Sem dizer uma palavra, ele segurou suas mãos com firmeza e levou-as até os lábios, depositando um beijo demorado em cada uma. Seus olhos nunca se desviaram dos dela.Helena sentiu o calor subir pelo corpo, um calor que nada tinha a ver com vergonha. Era reverência. Era o toque de alguém que via mais do que a aparência — que via a alma.O som de uma tosse forçada quebrou o momento.— Que se inicie, então… essa cerimônia — disse Padre Mathias, sua voz carregada de desagrado mal disfarçado.El
Os passos de Helena e Tristan ecoaram suaves pelo chão de pedra da igreja enquanto desciam do altar, lado a lado, mãos entrelaçadas. A luz das tochas criava sombras dançantes ao redor deles, e o silêncio absoluto deixado pela multidão que partira parecia amplificar ainda mais aquele instante só deles.Ao se aproximarem da saída, Tristan parou por um momento e se virou para Rowan, que os esperava com postura firme próximo à porta.— Obrigado por tudo, irmão — disse Tristan com sinceridade, batendo o punho contra o peito de Rowan, um gesto de respeito e lealdade. — Agora pode descansar. Está dispensado.Rowan assentiu, mas antes de ir, lançou um olhar para Helena, com algo entre proteção e orgulho
Ao entrarem no quarto, Tristan fechou a porta com um leve empurrão, deixando o mundo exterior do lado de fora. A luz da lua entrava pela janela, iluminando softly a cama de dossel que os esperava. Era um convite tentador para uma noite de amor e paixão.Tristan a deitou com cuidado na cama, subindo por cima dela. Seus corpos se tocaram, e ela pôde sentir o calor emanando dele, o cheiro masculino que a deixava tonta de desejo. Ele a prendeu sob o peso do seu corpo, os braços ao lado da cabeça dela.— Você é tão linda, Helena — murmurou Tristan, afastando uma mecha de cabelo do rosto dela. — Tão perfeita... Não acredito que você é minha esposa agora.Ele se inclinou e começ
O sol invadia a cabana com uma luz quente e dourada, atravessando as cortinas leves e dançando sobre os lençois amarrotados. Helena acordou primeiro, os olhos ainda preguiçosos enquanto seu corpo se ajustava à realidade: estavam casados. Ela se virou devagar e encontrou Tristan dormindo profundamente, os cabelos bagunçados, um braço jogado sobre a cintura dela como se mesmo inconsciente quisesse mantê-la perto.Ela sorriu sozinha. Seu coração parecia leve, como se tudo no mundo tivesse finalmente encontrado seu lugar.Passou os dedos devagar pela barba dele, e ele gemeu baixinho em resposta, os olhos piscando antes de abrirem por completo.— Bom dia, esposa — murmurou com a voz rouca, o sorriso nascendo preguiçoso no rosto.<
A manhã avançava preguiçosa, e Helena ajeitava os potes de barro sobre a bancada improvisada perto da janela. O cheiro de ervas secas enchia o ar — lavanda, artemísia, alecrim. Ela mexia com cuidado em uma tigela de madeira, misturando o conteúdo com um pequeno bastão de pedra.— Está prestando atenção, Tristan? — ela perguntou, com um olhar maroto por cima do ombro.— Com certeza. Você mexe… assim, né? — Ele pegou outro bastão e imitou o movimento dela, só que com tanta força que metade do conteúdo espirrou da tigela e caiu na madeira.— Ai, não! Isso era cera de abelha com calêndula, você está batendo como se estivesse esmurrando um inimigo &md
A chuva caia suave do lado de fora, tamborilando no telhado da cabana como uma canção antiga, daquelas que embalam os pensamentos mais profundos. Lá dentro, o mundo era pequeno e quente, um universo feito de peles, suspiros e lençois amassados.Helena estava aninhada contra o peito de Tristan, a cabeça encostada logo abaixo de seu queixo. Seus dedos brincavam distraidamente com uma das cicatrizes antigas em seu ombro, como se quisesse desenhá-la, entendê-la, curá-la com o toque.— Essa daqui... — ela murmurou, passando o dedo com delicadeza. — Como foi?Tristan soltou um suspiro leve, não de dor, mas de lembrança.— Uma lança. Estava protegendo um menino. Ele chorava tanto
O céu estava claro, com nuvens leves que pareciam algodão derretido. O caminho até o lago era longo, mas nenhum dos dois parecia se importar com o tempo — andavam de mãos dadas, rindo das histórias que contavam um ao outro, como se fossem dois jovens sem passado, apenas com um presente vasto pela frente.Helena havia preparado um pequeno cesto de piquenique com pão fresco, queijo de cabra, frutas e um vinho suave. Tristan o carregava no ombro com facilidade, o outro braço firme ao redor da cintura dela, como se aquele gesto já tivesse se tornado natural — quase involuntário.Quando chegaram ao lago escondido entre as árvores, Helena parou por um instante e olhou a paisagem. A água cintilava com a luz do sol e o silêncio era profundo, interrompido apenas pelos pá