Helena disse com um sorriso travesso, se virando para olhar Tristan, que já estava se aproximando da mesa. Ela notou o brilho nos olhos dele, uma mistura de cansaço e carinho, e isso fez seu coração acelerar.
Tristan ergueu as sobrancelhas, fazendo uma expressão divertida.
— Eu sou um brutamontes, sim, mas um brutamontes que sabe que você é a melhor cozinheira da região — ele respondeu, com um sorriso de canto de boca. — E, pelo visto, a sopa está perfeita, como sempre.
Ela riu, colocando a colher de lado e arrumando os pratos na mesa. Seu estômago roncou um pouco, mas foi o olhar de Tristan que mais a desconcertou. Ele estava a observando com intensidade, como se cada movimento seu fosse uma obra de arte.
O dia do casamento chegou com a luz suave da manhã filtrando pelas janelas da cabana. Helena acordou cedo, o coração batendo rápido, quase pulando do peito. Era difícil acreditar que o momento finalmente chegara. Ela olhou para Tristan, ainda adormecido ao seu lado, o rosto sereno e despreocupado. Sabia que ele estava esperando por ela, mas por mais que quisesse vê-lo, ela sabia que ainda não era o momento.Ela se levantou silenciosamente, tomando cuidado para não acordá-lo. O vestido que ela fez com tanto carinho estava guardado no baú, seu segredo, e ela não podia esperar para vesti-lo.Enquanto ela arrumava as coisas, sentiu a presença de Tristan acordando. Ele estendeu os braços, espreguiçando-se lentamente, antes de abrir os olhos, sorrindo ao ver Helena
As horas que se seguiram após a saída de Tristan pareceram longas demais para Helena. A cabana, antes tão familiar e tranquila, agora parecia carregada de expectativa. Rowan estava do lado de fora, sentado em uma tora de madeira próxima à entrada, observando a floresta em silêncio. De tempos em tempos, ela ouvia o estalar de galhos sob os pés de algum animal ou o chamado distante de um corvo. A natureza parecia mais viva naquele dia, como se também soubesse que algo importante estava prestes a acontecer.Helena permaneceu quieta por um tempo, sentada na cadeira perto da janela, abraçada aos próprios joelhos, sentindo o calor do sol deslizar pelos braços. Seu coração batia devagar, como se estivesse aguardando a ordem certa para acelerar. Ela se permitiu aquele momento de solidão, de silêncio. Não era apenas o dia de um casamento — era o dia em que tudo mudaria.Quando o sol começou a descer no céu e os raios dourados invadiram o interior da cabana com mais intensidade, ela se levantou
O caminho pela floresta parecia ter se transformado em outro mundo. Galhos haviam sido enfeitados com fitas finas de linho, flores silvestres entrelaçadas em arcos naturais sobre a estrada de terra batida. Pequenos sinos pendiam das árvores, e o som que produziam era quase mágico, misturando-se ao canto suave dos pássaros, como se a própria floresta estivesse abençoando aquela união.Dentro da carruagem, Helena observava tudo com os olhos arregalados, o coração disparado. Cada curva, cada detalhe do caminho parecia ter sido sonhado e moldado para ela. O vestido roçava sua pele, apertado do jeito que gostava, lembrando-lhe a cada respiração quem ela havia se tornado — mas mesmo com a beleza ao redor, uma sombra de medo ainda dançava em seu peito.Ela não sabia exatamente o que a aguardava na chegada. E se eles riam dela? E se a rejeitassem de novo?— Nervosa? — a voz grave de Rowan soou ao lado dela, baixo, como se tivesse lido seus pensamentos.Ela assentiu, engolindo em seco.— E se
Helena caminhou até o altar, sentindo o coração vibrar com cada passo. Seus olhos não deixavam os de Tristan, e quando finalmente chegou diante dele, o mundo pareceu se silenciar por um instante.Tristan deu um passo à frente, sem conter o sorriso orgulhoso nos lábios. Seus olhos percorriam cada detalhe dela — o vestido vinho colado ao corpo, os ombros marcados pelos bordados, os olhos brilhando de emoção. Era como se a visse pela primeira vez. E ao mesmo tempo, como se já a conhecesse há mil anos.Sem dizer uma palavra, ele segurou suas mãos com firmeza e levou-as até os lábios, depositando um beijo demorado em cada uma. Seus olhos nunca se desviaram dos dela.Helena sentiu o calor subir pelo corpo, um calor que nada tinha a ver com vergonha. Era reverência. Era o toque de alguém que via mais do que a aparência — que via a alma.O som de uma tosse forçada quebrou o momento.— Que se inicie, então… essa cerimônia — disse Padre Mathias, sua voz carregada de desagrado mal disfarçado.El
Os passos de Helena e Tristan ecoaram suaves pelo chão de pedra da igreja enquanto desciam do altar, lado a lado, mãos entrelaçadas. A luz das tochas criava sombras dançantes ao redor deles, e o silêncio absoluto deixado pela multidão que partira parecia amplificar ainda mais aquele instante só deles.Ao se aproximarem da saída, Tristan parou por um momento e se virou para Rowan, que os esperava com postura firme próximo à porta.— Obrigado por tudo, irmão — disse Tristan com sinceridade, batendo o punho contra o peito de Rowan, um gesto de respeito e lealdade. — Agora pode descansar. Está dispensado.Rowan assentiu, mas antes de ir, lançou um olhar para Helena, com algo entre proteção e orgulho
Ao entrarem no quarto, Tristan fechou a porta com um leve empurrão, deixando o mundo exterior do lado de fora. A luz da lua entrava pela janela, iluminando softly a cama de dossel que os esperava. Era um convite tentador para uma noite de amor e paixão.Tristan a deitou com cuidado na cama, subindo por cima dela. Seus corpos se tocaram, e ela pôde sentir o calor emanando dele, o cheiro masculino que a deixava tonta de desejo. Ele a prendeu sob o peso do seu corpo, os braços ao lado da cabeça dela.— Você é tão linda, Helena — murmurou Tristan, afastando uma mecha de cabelo do rosto dela. — Tão perfeita... Não acredito que você é minha esposa agora.Ele se inclinou e começ
O sol invadia a cabana com uma luz quente e dourada, atravessando as cortinas leves e dançando sobre os lençois amarrotados. Helena acordou primeiro, os olhos ainda preguiçosos enquanto seu corpo se ajustava à realidade: estavam casados. Ela se virou devagar e encontrou Tristan dormindo profundamente, os cabelos bagunçados, um braço jogado sobre a cintura dela como se mesmo inconsciente quisesse mantê-la perto.Ela sorriu sozinha. Seu coração parecia leve, como se tudo no mundo tivesse finalmente encontrado seu lugar.Passou os dedos devagar pela barba dele, e ele gemeu baixinho em resposta, os olhos piscando antes de abrirem por completo.— Bom dia, esposa — murmurou com a voz rouca, o sorriso nascendo preguiçoso no rosto.<
A manhã avançava preguiçosa, e Helena ajeitava os potes de barro sobre a bancada improvisada perto da janela. O cheiro de ervas secas enchia o ar — lavanda, artemísia, alecrim. Ela mexia com cuidado em uma tigela de madeira, misturando o conteúdo com um pequeno bastão de pedra.— Está prestando atenção, Tristan? — ela perguntou, com um olhar maroto por cima do ombro.— Com certeza. Você mexe… assim, né? — Ele pegou outro bastão e imitou o movimento dela, só que com tanta força que metade do conteúdo espirrou da tigela e caiu na madeira.— Ai, não! Isso era cera de abelha com calêndula, você está batendo como se estivesse esmurrando um inimigo &md