Nicholas acordou sem saber onde estava. Como poderia saber? Havia bebido e consumido uma quantidade absurda de êxtase em uma das festas que participou na noite anterior. Ele olhou para os lados e apertou os olhos com força quando a cortina na janela se mexeu e um raio de sol o seguiu até a cama em que ele estava dormindo.
Alguma coisa se mexeu do seu lado e ele precisou focar a visão, para ver duas mulheres completamente nuas, dormindo ao seu lado. Os braços delas estavam enrolados uma à outra e suas pernas estavam enroladas nas dele. Ele sequer lembrava o que tinha feito com elas, mas os vários pacotes vazios de camisinhas espalhados no chão e as roupas jogadas para todos os lados, denunciavam o ocorrido.Ele bocejou e tirou o braço de uma das mulheres que estava em cima da sua barriga para poder se levantar. Olhou para o seu membro semiereto e considerou voltar à cama, mas a queimação no seu estômago e um forte enjoo o impediram. Vestiu sua calça e saiu do quarto. Desceu as escadas e se deparou com uma orgia que ocorria no meio da sala, com dois homens e quatro mulheres tão confusamente ligados que Nicholas teve que realmente usar o cérebro para entender a junção dos corpos.Chegou à cozinha e preparou seu café da manhã. Estava voltando ao quarto para acordar as mulheres que dormiam em sua cama quando um alvoroço fora da casa chamou sua atenção. Parou na escada, mas após identificar a voz que começara tudo, revirou os olhos e subiu. Encontrou ambas as mulheres já acordadas e conversando, obviamente sobre a noite que tiveram com ele.Nicholas tirou a calça novamente e se jogou na cama. Uma das mulheres o montou enquanto a outra sentava no seu rosto, praticamente fodendo sua cara. Ele estava tão entretido que não notou quando a porta do seu quarto foi aberta e seu pai entrou furioso no lugar.— Que porra é essa Nicholas? — o homem esbravejou. Nicholas não respondeu. Limitou-se a gemer enquanto a mulher lhe cavalgava e tinha a boceta da outra colada à sua boca.Os olhos furiosos de Julian fitaram a cena com desprezo e nojo. Ele não queria que o filho estivesse nessa situação. Seu lugar era em Nova Iorque, onde as ações da empresa da família perdia cada vez mais o seu valor. Era inadmissível que Nicholas estivesse em Praga, fodendo dezenas e dezenas de mulheres de dia e se drogando à noite inteira enquanto a empresa afundava depois que o patriarca Hoffman faleceu.Mas Julian sabia, melhor do que ninguém, que ele só estava agindo desse jeito porque tivera o coração partido e arrancado em menos de vinte e quatro horas. A perda do avô foi o golpe mais duro que Nicholas sentiu na vida e não seria de uma hora pra outra que as coisas mudariam.Vê-lo ali, entregue a duas estranhas, sem dá a menor importância ao fato de o seu pai estar assistindo a tudo de camarote, era a prova de que o Nicholas que todos conheciam estava muito distante nesse momento. Ele nunca fizera algo do tipo. Mesmo quando fora traído pela Ada e se entregara a uma vida de luxúria, ele tinha pudor o suficiente para não agir como um discípulo de Calígula.Ignorando um pouco a raiva que o levara até Praga, Julian abriu a porta e saiu do quarto para esperar que seu filho terminasse o que estava fazendo. Ele sabia que tirá-lo de lá aos trancos e barrancos só iria servir para deixá-lo furioso e fazê-lo pegar o próximo voo para um lugar mais longe dessa vez. Assim, ele esperou e esperou. Por vários minutos, mas os gritos e gemidos não pareciam ter fim. Ao invés de diminuírem, foram ficando mais intensos e cada vez mais altos.Mas a raiva adormecida não impediu Julian de esbravejar com o anfitrião do seu filho. Ele procurou por Jeff em todos os lugares e o encontrou com uma mulher em um dos corredores. Havia cerca de vinte quartos na casa e ele nem mesmo se deu ao trabalho de levar a garota para um deles, pensou Julian. E ao vê-lo ali, totalmente alheio à suruba que acontecia na sala e ao que o seu filho fazia a apenas alguns metros de distância, Julian o pegou pelo braço e o levou para longe da mulher que ele estava prestes a foder contra a parede.— Que porra você está fazendo, tio Julian? — a voz de Jeff era de indignação e raiva. Quem Julian pensava ser para entrar na casa dele e agir como se fosse seu pai?— Você pelo menos faz alguma ideia do que está acontecendo na sua m*****a casa ou está chapado demais para se dar conta? — Julian berrou com o garoto de vinte e poucos anos.— Isso é por causa do Nicholas? — Jeff perguntou, arrumando agora calmamente sua camisa para dentro da calça. Julian não respondeu. Apenas rugiu, dando-lhe um olhar que causaria danos a qualquer homem. Para Jeff o efeito não foi diferente.— Ele se drogou ontem à noite?— Que dia, desde que ele fugiu de Nova Iorque há três meses, ele não se drogou?— E você permitiu. — Julian afirmou baixinho. Depois colocou a mão fechada na frente do rosto, numa tentativa vã de se acalmar.— Eu sou primo dele, não sou irmão ou pai, ou avô... — ele parou. Não era certo falar algo assim. Julian ignorou a última sentença do sobrinho da sua esposa, mas ficou de frente para o rapaz com uma postura claramente superior e que não deixava brechas para discussão enquanto falava:— Você vai mandar o Nicholas embora daqui. Não me importa se são próximos agora. Eu não quero ver o futuro do meu filho ser jogado fora uma segunda vez na vida.— Se eu o mandar embora, ele pode ir para outro lugar. — o rapaz disse com raiva. Mas ao notar o olhar conciso do tio, acrescentou baixinho — Não é garantia que ele volte para Nova Iorque tio, o senhor sabe.— Você vai...— Ora papai, não precisa vir aqui incomodar o Jeff. — Nicholas apareceu de repente, cortando o pai com sua voz um pouco mais grave que o normal, Deve ter sido pelos orgasmos que acabara de ter com as duas mulheres. — Se me quer de volta é só falar. Não arme nas minhas costas com o meu primo.Julian olhou o filho, nu, de cima a baixo e soltou um suspiro frustrado.— Muito bem então. Você já viveu seu luto. De forma muito dramática, arrisco dizer, mas não o julgo, meu filho. Mas você sabe que tem responsabilidades a cumprir na empresa e com a...— Eu sei. Você não precisa me lembrar do quanto eu fui burro. Voltarei para Nova Iorque em uma semana. Pode ir embora agora. — Nicholas se virou para sair da presença do pai e do primo, que só olhava para eles com a boca fechada, mas Julian o segurou pelo cotovelo em um movimento rápido e o fez encará-lo.— A empresa não tem mais uma semana. Nossas ações estão caindo mais rápido que um tiro para baixo. E a situação da pobre Ada é deplorável. As pessoas já estão comentando...Nicholas soltou-se do aperto do pai com um solavanco forte. Depois o encarou com os olhos brilhando de raiva, porém não falou nada. Apenas assentiu e saiu. Ele sabia que precisava voltar. A empresa do seu amado avô não sobreviveria ao seu distanciamento, já que com a morte dele e o ingresso definitivo do seu pai na política, Nicholas permanente.— Vou arrumar minhas coisas. — Ele sabia no quê tinha se metido. E sabia que desses problemas, apenas ele poderia se salvar.NICHOLASEstou fodido. Completamente fodido. Nesse momento, pensando em como a minha vida mudou de uma forma tão significativa nos últimos três meses, deixo uma lágrima traiçoeira cair dos meus olhos. Admirando a bela paisagem de Nova Iorque através das enormes janelas que vão do chão até o teto, me perco em pensamentos sobre como eu vim parar aqui.Parece que foi ontem que meu avô partiu desse mundo, me deixando entregue aos leões. Como posso ser o homem que ele queria que eu fosse sem ele aqui pra me instruir? Sinto como se um órgão vital tivesse sido arrancado de mim. A falta dele, a percepção de que nunca mais verei seus olhos sorridentes ou sua risada amorosa é suficiente para me fazer cair em depressão. Ele era o melhor homem que eu já conheci.O que ele pensaria sobre a gravidez da Ada? Será se ele me aconselharia a ir em frente e assumir minha dose de responsabilidade? Ou ele me diria pra ser prudente e confirmar tudo antes de tomar uma decisão séria? Que ela está grávida eu n
— Você tem algum outro tipo de qualificação? — pergunto de maneira sugestiva — Em quê mais você é boa?Ela abre a boca, fechando logo depois por duas vezes. Franze a testa de forma tão sutil que eu não perceberia se não estivesse olhando fixamente para o seu rosto.— Todas as minhas qualificações estão no meu currículo e as que não estão, eu falei pessoalmente.— Claro. Mas algumas qualidades não são vistas em um pedaço de papel. Ou mesmo são ditas em entrevista formal. — lhe dou meu melhor sorriso sedutor — Algumas precisam de certa demonstração prática antes de uma contratação.Sinto um prazer crescer dentro de mim ao ver que ela arregala os olhos, se dando conta do que eu estou falando. Quando fiz esse jogo com a ruiva, ela imediatamente se jogou de joelhos no chão e abriu minha calça. Amber apenas me olha surpresa e se levanta, colocando sua pequena bolsa no ombro antes de me encarar com um semblante sério.— Bom, senhor Hoffman, minhas qualificações práticas podem ser vistas faci
Em frente ao espelho, já vestido, olho para o meu próprio reflexo e sorrio tristemente pela minha situação. Não imaginei jamais que voltaria a dar à Ada o título de minha noiva, futura esposa. Na época em que ficamos noivos pela primeira vez, eu teria dado o mundo a ela se me pedisse. Agora, eu gostaria de poder voltar no tempo e desfazer a merda que eu fiz na minha casa em Miami. Eu estaria livre dessa porra toda.Quando penso nisso, me repreendo mentalmente na mesma hora. Não posso dizer que isso é uma merda. Droga, eu não posso sentir ou mostrar que não quero ter esse bebê. Nenhuma criança merece descobrir que seu pai não o queria durante a gravidez. Essa criança não merece meu desprezo por causa das minhas burradas.Tudo o que eu tenho que fazer é me casar com a mãe. Dar amor e um bom lar para essa criança é a minha nova meta de vida. Eu já perdi a ambição de ser feliz, mas não quer dizer que eu não possa fazer esse bebê feliz. A Ada é a mãe e eu devo cuidar da honra dela, pois nã
ELLENOlho meu cabelo pela milésima vez nos últimos cinco minutos. Segundo a Melissa, já que está bom, mas para mim ainda está uma bagunça total. As pontas ficam caindo na minha cara e por mais que eu tente, não consigo deixá-lo em um penteado elegante.Com as pontas repicadas de novo em um novo corte, alinhá-lo para um evento formal é muito difícil. No dia a dia eu gosto de ter o meu cabelo com esse corte, pois além de ser mais descontraído, dá menos trabalho por estar tão curtinho. O problema é na hora de ir a um lugar que exige um penteado mais glamoroso. Não que eu soubesse antes de tentar hoje, afinal nos últimos três meses eu me limitei entre a faculdade, o trabalho e os torneios de hipismo. É a primeira vez que saio para um evento formal desde o casamento do Robert e da Gia.Na ocasião, eu vesti um vestidinho lindo de madrinha e meu penteado ficou divino. Pra combinar com o aspecto impecável do Nick em seu smoking, é claro. Pensar nele, de repente me faz sentir um calafrio incô
Tudo o que eu penso agora é xingar a todos por estar nesse lugar olhando para a imagem perfeita do homem que partiu meu coração. Porém, mesmo com todas as emoções violentas que passam pela minha mente agora, minha vista se torna um borrão quando ele abre a boca e começa a falar.Todo o ar deixa os meus pulmões quando ele dá boa noite às pessoas presentes com um grande sorriso específico de Nicholas Hoffman. Sua voz. Oh meu Deus. Parece mais rouca do que eu me lembrava. Sinto meu coração acelerar, minhas entranhas derreterem e meus mamilos, ah esses malditos traidores, se eriçarem.Melissa continua a falar alguma coisa sobre o nosso atraso, mas suas palavras se perdem na minha mente enquanto eu o escuto discursar sobre os objetivos da Fundação Hoffman, me perguntando como alguém pode ser tão sério e eloquente e ao mesmo tempo, sexy como o inferno. Qual é, Ellen? Quando ele não é sexy? Eu nunca o vi menos que perfeito. Até mesmo quando ele estava arrasado ao ficar sabendo da morte do a
Coro até a raiz do cabelo. Não queria ter mentido, mas não queria meu nome associado ao Nicholas ontem. O que ela pensaria de mim? Fui tão insignificante assim na vida dele que ele não pôde esperar ao menos seis meses para declarar seu amor por outra?— Não é necessário. — digo indo até o banheiro escovar os dentes — Tenho certeza de que já estou bem melhor hoje.Eu só quero ir pra casa. Voltar pra Miami e para a minha vida longe de tudo e qualquer coisa que tenha a ver com os Hoffman.— Curioso você ter ficado boa tão de repente. — ela me segue e se encosta-se à porta enquanto eu coloco o creme dental na escova — Não vi você tomar remédio ou vomitar ontem.— Eu vomitei sim. — digo com a boca cheia de espuma.— Quando?— De madrugada. — cuspo a espuma e sorrio pra ela — Você estava meio que roncando, por isso não viu.Eu realmente a ouvi roncar, mas não porque eu tenha me levantado de madrugada por qualquer motivo e sim porque não consegui pregar o olho durante uma boa parte da noite.
— Calma, Ellen. Não tenha um filho ainda, tá. Só estou dizendo que se ele pensou que havia algo entre você e o Asher antes quando vocês ainda tinham certa distância, agora que passam quase o dia todo juntos, ele pode acabar tendo certeza.— Eu não dou a mínima. Eu não fiz nada. Nunca rolou nada entre o Ash e eu, nem mesmo um beijo.Eu me calo. Me calo mesmo. Fecho a cara, não com raiva, mas para não dar mais brecha a esse assunto. Dizer que eu não me importo com o que o Nick pensa é uma grande mentira. Até hoje eu me pergunto o que deu nele pra agir daquele jeito no dia em que nós terminamos. Mas não quero mais falar sobre isso, primeiro porque nada vai mudar na nossa "relação" e segundo, porque falar dele não me ajuda a esquecê-lo. Eu preciso seguir sem ele na minha vida. Já consegui fazer isso por três meses, então é só continuar vivendo um dia de cada vez, tentando esquecer que o meu coração ainda bate forte só com as lembranças de nós dois juntos.— Tá bom, tá bom, meninas. Chega
NICHOLASMeu dia não foi nada fácil hoje. Mil e uma reuniões. Meu pai enchendo o saco. Minha mãe enchendo o saco. O pai da Ada enchendo o saco... Deus, esse povo só pode estar querendo me enlouquecer. E ainda por cima tive que recusar o centésimo pedido de entrevista depois que anunciei o meu casamento com a Ada e sinceramente estou me preparando para explodir a qualquer momento. O que tem de tão interessante em um homem se casar com uma mulher? Quase penso em cancelar tudo só pra ter um pouco de paz. Mas desconfio que terminar um relacionamento recebe muito mais assédio do que começar um.— Deus.Debruço-me sobre a mesa com a cabeça entre as mãos. Essa será a minha vida? Passar o dia inteiro num escritório fazendo algo que odeio e ir pra casa dormir com uma mulher que eu não amo? Só o pensamento me faz querer fugir. Talvez eu devesse pedir uma medida cautelar, uma liminar, ou qualquer porra jurídica que simplesmente impeça a Ada de ir embora com o meu filho e pronto, eu não precisari