Coro até a raiz do cabelo. Não queria ter mentido, mas não queria meu nome associado ao Nicholas ontem. O que ela pensaria de mim? Fui tão insignificante assim na vida dele que ele não pôde esperar ao menos seis meses para declarar seu amor por outra?— Não é necessário. — digo indo até o banheiro escovar os dentes — Tenho certeza de que já estou bem melhor hoje.Eu só quero ir pra casa. Voltar pra Miami e para a minha vida longe de tudo e qualquer coisa que tenha a ver com os Hoffman.— Curioso você ter ficado boa tão de repente. — ela me segue e se encosta-se à porta enquanto eu coloco o creme dental na escova — Não vi você tomar remédio ou vomitar ontem.— Eu vomitei sim. — digo com a boca cheia de espuma.— Quando?— De madrugada. — cuspo a espuma e sorrio pra ela — Você estava meio que roncando, por isso não viu.Eu realmente a ouvi roncar, mas não porque eu tenha me levantado de madrugada por qualquer motivo e sim porque não consegui pregar o olho durante uma boa parte da noite.
— Calma, Ellen. Não tenha um filho ainda, tá. Só estou dizendo que se ele pensou que havia algo entre você e o Asher antes quando vocês ainda tinham certa distância, agora que passam quase o dia todo juntos, ele pode acabar tendo certeza.— Eu não dou a mínima. Eu não fiz nada. Nunca rolou nada entre o Ash e eu, nem mesmo um beijo.Eu me calo. Me calo mesmo. Fecho a cara, não com raiva, mas para não dar mais brecha a esse assunto. Dizer que eu não me importo com o que o Nick pensa é uma grande mentira. Até hoje eu me pergunto o que deu nele pra agir daquele jeito no dia em que nós terminamos. Mas não quero mais falar sobre isso, primeiro porque nada vai mudar na nossa "relação" e segundo, porque falar dele não me ajuda a esquecê-lo. Eu preciso seguir sem ele na minha vida. Já consegui fazer isso por três meses, então é só continuar vivendo um dia de cada vez, tentando esquecer que o meu coração ainda bate forte só com as lembranças de nós dois juntos.— Tá bom, tá bom, meninas. Chega
NICHOLASMeu dia não foi nada fácil hoje. Mil e uma reuniões. Meu pai enchendo o saco. Minha mãe enchendo o saco. O pai da Ada enchendo o saco... Deus, esse povo só pode estar querendo me enlouquecer. E ainda por cima tive que recusar o centésimo pedido de entrevista depois que anunciei o meu casamento com a Ada e sinceramente estou me preparando para explodir a qualquer momento. O que tem de tão interessante em um homem se casar com uma mulher? Quase penso em cancelar tudo só pra ter um pouco de paz. Mas desconfio que terminar um relacionamento recebe muito mais assédio do que começar um.— Deus.Debruço-me sobre a mesa com a cabeça entre as mãos. Essa será a minha vida? Passar o dia inteiro num escritório fazendo algo que odeio e ir pra casa dormir com uma mulher que eu não amo? Só o pensamento me faz querer fugir. Talvez eu devesse pedir uma medida cautelar, uma liminar, ou qualquer porra jurídica que simplesmente impeça a Ada de ir embora com o meu filho e pronto, eu não precisari
— Aceita uma bebida, Molly?Sua língua sai para molhar os seus lábios antes de ela responder.— Sim, por favor.Sirvo a ela uma dose e faço um gesto para que ela sente-se na cadeira à frente da minha mesa. Eu sento-me na minha cadeira e observo com prazer o seu cruzar e descruzar de pernas. E que pernas.— Como eu disse, não me lembro de nos conhecermos pessoalmente.— Você era calouro quando eu estava indo para Stanford. Frequentávamos círculos diferentes de amizade. Não quer dizer que eu nunca tenha notado você... — ela se inclina um pouco e sussurra — ou o contrário.Depois sorri de forma maliciosa e eu a acompanho, notando aquela familiar tensão sexual. Com certeza eu a notei antes. Só era leal demais para dar em cima da irmã do meu então melhor amigo. Para a minha felicidade, meu pau agora não depende do meu cérebro. Ele é egoísta e totalmente independente.— Bom, a que devo o prazer da sua visita?— Tenho uma proposta a fazer. Se você se interessar, garanto que será bastante luc
— Não quis mesmo ofendê-lo. Você é autoconfiante demais pra se ofender tão facilmente.— Parece que você tem tudo muito bem esquematizado, mas não posso deixar de te perguntar: o que eu ganharia com isso?— Além do prazer de ver o seu rival na sarjeta? Você terá outros benefícios, é claro.— Que tipo de benefícios?— Eu estive observando o meu irmão recentemente e posso dizer que o interesse que ele tem em você é muito grande. Uma das prioridades dele das quais eu falei, é ver você na pior. Ele é obcecado em tirar tudo de você.Disso eu não duvido. Mas... boa sorte pra ele.— Ele tem alguns negócios... que envolvem bastante você e a sua empresa. Imagino que você iria gostar de saber de qualquer artimanha dele que possa vir a te prejudicar.Sorrio com deboche. Interessante saber o que o idiota do irmão quer me foder, mas achei que ela teria algum argumento melhor do que espionagem e traição.— Eu não tenho medo do seu irmão. Você mesma disse, minha empresa é muito maior que a da sua fa
De noite, me largo na cama com um grande pacote de comida tailandesa e várias pastas com formulários da Fundação Hoffman sobre as pernas para analisar. Leio quase tudo, faço anotações e guardo logo em seguida, deixando o resto para analisar amanhã. Tive um dia cheio e agora tudo o que eu quero é dormir.Até agora eu já vi os históricos de atletas, artistas e músicos de vários lugares do país. Todos esperando por uma vaga no folhetim de incentivo da Fundação. Estamos sendo bastante procurados sobre o nosso apoio às artes, à musica e ao esporte e toda essa atenção da mídia está fazendo milagres às nossas ações. O técnico de TI da HHE disse que o percentual de acessos do site da empresa duplicou nos últimos dois dias desde que foi aberto o blog exclusivo da Fundação no nosso domínio.Mesmo ainda tendo que fazer várias ligações hoje, – inclusive para Steven McKinley da Universidade de Miami, cuja equipe de hipismo tem um formulário preenchido com os nomes de todos os membros e suas várias
Digo ao Steven que eu levarei os papéis do contrato pessoalmente ainda essa semana para que ele e os principais membros da equipe dele assinem. Porém, quando ele me pergunta sobre os critérios que eu usei para escolher sua equipe à frente das outras como eu lhe disse ano passado, ainda mais considerando que recebi pedidos de patrocínio de outras equipes de hipismo com mais chances de títulos por causa de seus cavaleiros experientes, eu minto e digo que não estou atrás apenas de títulos e sim de ver resultados sendo alcançados com garra e coragem.Não que isso não seja verdade, mas se eu realmente tivesse que escolher de forma imparcial quem ajudar, a equipe de hipismo da Universidade de Miami não estaria entre os meus primeiros da lista. Mas como eu não escolheria a equipe que ela faz parte, se ano passado foi exatamente por isso que eu quis criar essa Fundação? Como poderia dar as costas à equipe só porque as coisas entre ela e eu não saiu do jeito que eu esperava? É verdade que nos
ELLEN— Mas por que tem que ser eu? Você não pode mandar a Juliet e a Mel juntas? — pergunto ao Steven.Uma semana após ir à Nova Iorque, aqui está ele me dizendo que eu tenho que voltar lá. De jeito nenhum. Ver o Nicholas uma vez foi o bastante, não preciso vê-lo novamente. Ou melhor, não posso vê-lo novamente. E dessa vez, eu sequer poderia escapar de falar com ele. Eu não posso ir.— Por que a Juliet não é capitã da equipe.— Não, a Melissa é. A Juliet é uma das melhores. Ela pode ir no meu lugar.— Você é a que tem obtido melhores resultados nos últimos meses, não a Juliet. Você venceu os três torneios que participou.— Mas...— Olha, Ellen — ele se inclina para frente na sua cadeira e me olha nos olhos — nós demos muita sorte de o senhor Hoffman ter nos escolhido. A equipe passou por uns momentos ruins ano passado antes de você se juntar a nós e não conseguimos nos recuperar totalmente ainda desses momentos. Não posso me dar ao luxo de perder o patrocínio da Fundação Hoffman, alé