Em frente ao espelho, já vestido, olho para o meu próprio reflexo e sorrio tristemente pela minha situação. Não imaginei jamais que voltaria a dar à Ada o título de minha noiva, futura esposa. Na época em que ficamos noivos pela primeira vez, eu teria dado o mundo a ela se me pedisse. Agora, eu gostaria de poder voltar no tempo e desfazer a merda que eu fiz na minha casa em Miami. Eu estaria livre dessa porra toda.Quando penso nisso, me repreendo mentalmente na mesma hora. Não posso dizer que isso é uma merda. Droga, eu não posso sentir ou mostrar que não quero ter esse bebê. Nenhuma criança merece descobrir que seu pai não o queria durante a gravidez. Essa criança não merece meu desprezo por causa das minhas burradas.Tudo o que eu tenho que fazer é me casar com a mãe. Dar amor e um bom lar para essa criança é a minha nova meta de vida. Eu já perdi a ambição de ser feliz, mas não quer dizer que eu não possa fazer esse bebê feliz. A Ada é a mãe e eu devo cuidar da honra dela, pois nã
ELLENOlho meu cabelo pela milésima vez nos últimos cinco minutos. Segundo a Melissa, já que está bom, mas para mim ainda está uma bagunça total. As pontas ficam caindo na minha cara e por mais que eu tente, não consigo deixá-lo em um penteado elegante.Com as pontas repicadas de novo em um novo corte, alinhá-lo para um evento formal é muito difícil. No dia a dia eu gosto de ter o meu cabelo com esse corte, pois além de ser mais descontraído, dá menos trabalho por estar tão curtinho. O problema é na hora de ir a um lugar que exige um penteado mais glamoroso. Não que eu soubesse antes de tentar hoje, afinal nos últimos três meses eu me limitei entre a faculdade, o trabalho e os torneios de hipismo. É a primeira vez que saio para um evento formal desde o casamento do Robert e da Gia.Na ocasião, eu vesti um vestidinho lindo de madrinha e meu penteado ficou divino. Pra combinar com o aspecto impecável do Nick em seu smoking, é claro. Pensar nele, de repente me faz sentir um calafrio incô
Tudo o que eu penso agora é xingar a todos por estar nesse lugar olhando para a imagem perfeita do homem que partiu meu coração. Porém, mesmo com todas as emoções violentas que passam pela minha mente agora, minha vista se torna um borrão quando ele abre a boca e começa a falar.Todo o ar deixa os meus pulmões quando ele dá boa noite às pessoas presentes com um grande sorriso específico de Nicholas Hoffman. Sua voz. Oh meu Deus. Parece mais rouca do que eu me lembrava. Sinto meu coração acelerar, minhas entranhas derreterem e meus mamilos, ah esses malditos traidores, se eriçarem.Melissa continua a falar alguma coisa sobre o nosso atraso, mas suas palavras se perdem na minha mente enquanto eu o escuto discursar sobre os objetivos da Fundação Hoffman, me perguntando como alguém pode ser tão sério e eloquente e ao mesmo tempo, sexy como o inferno. Qual é, Ellen? Quando ele não é sexy? Eu nunca o vi menos que perfeito. Até mesmo quando ele estava arrasado ao ficar sabendo da morte do a
Coro até a raiz do cabelo. Não queria ter mentido, mas não queria meu nome associado ao Nicholas ontem. O que ela pensaria de mim? Fui tão insignificante assim na vida dele que ele não pôde esperar ao menos seis meses para declarar seu amor por outra?— Não é necessário. — digo indo até o banheiro escovar os dentes — Tenho certeza de que já estou bem melhor hoje.Eu só quero ir pra casa. Voltar pra Miami e para a minha vida longe de tudo e qualquer coisa que tenha a ver com os Hoffman.— Curioso você ter ficado boa tão de repente. — ela me segue e se encosta-se à porta enquanto eu coloco o creme dental na escova — Não vi você tomar remédio ou vomitar ontem.— Eu vomitei sim. — digo com a boca cheia de espuma.— Quando?— De madrugada. — cuspo a espuma e sorrio pra ela — Você estava meio que roncando, por isso não viu.Eu realmente a ouvi roncar, mas não porque eu tenha me levantado de madrugada por qualquer motivo e sim porque não consegui pregar o olho durante uma boa parte da noite.
— Calma, Ellen. Não tenha um filho ainda, tá. Só estou dizendo que se ele pensou que havia algo entre você e o Asher antes quando vocês ainda tinham certa distância, agora que passam quase o dia todo juntos, ele pode acabar tendo certeza.— Eu não dou a mínima. Eu não fiz nada. Nunca rolou nada entre o Ash e eu, nem mesmo um beijo.Eu me calo. Me calo mesmo. Fecho a cara, não com raiva, mas para não dar mais brecha a esse assunto. Dizer que eu não me importo com o que o Nick pensa é uma grande mentira. Até hoje eu me pergunto o que deu nele pra agir daquele jeito no dia em que nós terminamos. Mas não quero mais falar sobre isso, primeiro porque nada vai mudar na nossa "relação" e segundo, porque falar dele não me ajuda a esquecê-lo. Eu preciso seguir sem ele na minha vida. Já consegui fazer isso por três meses, então é só continuar vivendo um dia de cada vez, tentando esquecer que o meu coração ainda bate forte só com as lembranças de nós dois juntos.— Tá bom, tá bom, meninas. Chega
NICHOLASMeu dia não foi nada fácil hoje. Mil e uma reuniões. Meu pai enchendo o saco. Minha mãe enchendo o saco. O pai da Ada enchendo o saco... Deus, esse povo só pode estar querendo me enlouquecer. E ainda por cima tive que recusar o centésimo pedido de entrevista depois que anunciei o meu casamento com a Ada e sinceramente estou me preparando para explodir a qualquer momento. O que tem de tão interessante em um homem se casar com uma mulher? Quase penso em cancelar tudo só pra ter um pouco de paz. Mas desconfio que terminar um relacionamento recebe muito mais assédio do que começar um.— Deus.Debruço-me sobre a mesa com a cabeça entre as mãos. Essa será a minha vida? Passar o dia inteiro num escritório fazendo algo que odeio e ir pra casa dormir com uma mulher que eu não amo? Só o pensamento me faz querer fugir. Talvez eu devesse pedir uma medida cautelar, uma liminar, ou qualquer porra jurídica que simplesmente impeça a Ada de ir embora com o meu filho e pronto, eu não precisari
— Aceita uma bebida, Molly?Sua língua sai para molhar os seus lábios antes de ela responder.— Sim, por favor.Sirvo a ela uma dose e faço um gesto para que ela sente-se na cadeira à frente da minha mesa. Eu sento-me na minha cadeira e observo com prazer o seu cruzar e descruzar de pernas. E que pernas.— Como eu disse, não me lembro de nos conhecermos pessoalmente.— Você era calouro quando eu estava indo para Stanford. Frequentávamos círculos diferentes de amizade. Não quer dizer que eu nunca tenha notado você... — ela se inclina um pouco e sussurra — ou o contrário.Depois sorri de forma maliciosa e eu a acompanho, notando aquela familiar tensão sexual. Com certeza eu a notei antes. Só era leal demais para dar em cima da irmã do meu então melhor amigo. Para a minha felicidade, meu pau agora não depende do meu cérebro. Ele é egoísta e totalmente independente.— Bom, a que devo o prazer da sua visita?— Tenho uma proposta a fazer. Se você se interessar, garanto que será bastante luc
— Não quis mesmo ofendê-lo. Você é autoconfiante demais pra se ofender tão facilmente.— Parece que você tem tudo muito bem esquematizado, mas não posso deixar de te perguntar: o que eu ganharia com isso?— Além do prazer de ver o seu rival na sarjeta? Você terá outros benefícios, é claro.— Que tipo de benefícios?— Eu estive observando o meu irmão recentemente e posso dizer que o interesse que ele tem em você é muito grande. Uma das prioridades dele das quais eu falei, é ver você na pior. Ele é obcecado em tirar tudo de você.Disso eu não duvido. Mas... boa sorte pra ele.— Ele tem alguns negócios... que envolvem bastante você e a sua empresa. Imagino que você iria gostar de saber de qualquer artimanha dele que possa vir a te prejudicar.Sorrio com deboche. Interessante saber o que o idiota do irmão quer me foder, mas achei que ela teria algum argumento melhor do que espionagem e traição.— Eu não tenho medo do seu irmão. Você mesma disse, minha empresa é muito maior que a da sua fa