Elas estavam sentadas no harmônico e tranquilo Prism, um bistrô inglês que ficava no centro de um jardim turístico, que era cartão postal inclusive, uma área privilegiada que certamente valia a pena. Um reencontro bastante acalorado e movido por sentimentos intensos e também nostálgicos, afinal, a última vez que estiveram juntas, fora no último Natal em família. Havia sempre essa alternância no casamento de Hanna e Nicolas quanto ao tempo dedicado a família de ambos.Katherine havia se emocionado grandemente com o futuro netinho, ou netinha, que estava por vir, e sentia-se verdadeiramente feliz.Bebendo um belo gole do suco de laranja e maçã, ela suspirou ao levar a outra mão até a de Hanna. A morena, por sua vez, deu um sorriso triste.— Pode falar. Sei que está segurando isso — concluiu Hanna, e viu Katherine negar veemente.— Está gravidinha, não quero minha norinha linda sofrendo ou se estressando.Hanna sorriu com ternura. Amava verdadeiramente Katherine, independente do que havi
Ela ainda estava com o bonito buque de girassóis e lírios-amarelos em seus braços. Num primeiro momento quando o recebeu ela considerou sinceramente ser de Jason, fazia o perfil do Hoffman, principalmente pela leveza. Conhecendo os exageros e excentricidades do Olausen, sabia que se fosse Theo, seria mais um buque de rosas e certamente acompanhando de algo caro.Ela sorriu e cheirou os lírios e cativou-se com as flores. As amava e era incontestável. Hanna então pegou o pequeno e simplório cartão que acompanhava e o leu:“Te peço perdão pelo meu erro, sei que perdi sua confiança e talvez seu amor. Mas irei te reconquistar e nada mais vai nos separar.”Mentiria se dissesse que não sentiu o coração vacilar batendo acelerado, mas na mesma medida que aquele alvoroço a arrebatava, a jogava no chão; e naquele momento, ela sinceramente teve vontade de pegar aquele buque e incendiá-lo, pisá-lo, xingá-lo, mas o olhou incapaz de fazê-lo. Afinal, eram flores tão lindas e simbólicas. Fora que gira
Os olhos azuis focaram nos quadros da aconchegante sala de espera daquele consultório. Imagens um tanto perturbadoras ao seu ponto de vista, e em outra parte, incompreensíveis, em especial uma que ele torceu um tanto de lado o pescoço tentando entendê-la, os olhos espremeram-se como se o desfoco ajudasse no foco, os lábios entreabriram-se um tanto e então o som da porta se abrindo o assustou o fazendo voltar a posição correta e adotar um comportamento mais rígido.Diante de si, uma mulher de pele morena escura usando uma combinação, estilo terninho, entretanto menos padrão. Os cabelos na altura dos ombros eram platinados e lisos, os olhos verdes estavam muito bem maquiados e destacados. Notoriamente uma mulher muito, mais muito bonita mesmo. Bem vestida, havia uma mescla entre a seriedade e extrovertido em seu semblante, um pequeno e simpático sorriso.— Boa tarde! Você deve ser o senhor Nicolas Scrudell, certo? Eu sou Melissa Ikeda, é um prazer. — Concluiu estendendo a mão.Ele deu u
Ele checou o celular novamente enquanto caminhava no Shopping Royal stars, acompanhado de Samuel e Sérgio. Era sempre algo odiável para todos os três estarem andando assim, e ainda mais ali, mas faziam companhia ao Scrudell que em sua mais nova tentativa, procurava algo para presentear a Sanches. Era, na visão dos dois, a coisa mais idiota do mundo, o conselho que Kate o havia dado, parecia perda de tempo e gasto de dinheiro.— Mas pesquisei, e dizem que ajuda mesmo! — insistiu o Scrudell — e depois, não é como se qualquer tentativa minha estivesse de fato funcionando. — Resmungou. — fora que, terapeutas de casal também recomendam. — disse com o cenho meio franzido e com certa lembrança da doutora Melissa.— Eu ouvi dizer que essas coisas são muito caras — disse Sérgio.— São… — suspirou Nicolas.— Hm? Sabe? — estreitando os olhos, Samuel desconfiou.— Quer dizer, eu imagino. Muita… Gente… Fala.— E depois não funcionam sempre. — Completou Samuel. — é bobagem essa coisa… só serve para
Os olhos violeta contemplavam a janela aberta enquanto estava afundada entre os travesseiros da cama. As cortinas abertas e as luzes passando do dia para noite diante dos seus olhos fixos no tempo. O celular no silencioso, fora deixado de lado.Suavemente os dedos subiram tocando os lábios, enquanto as pestanas baixaram libertando o brilho espelhado dos olhos em forma de grossas lágrimas peroladas.Porque o certo e errado tornaram-se uma bagunça em sua mente? Em seu coração…Ela tentava lidar com aquilo para valer do seu jeito, mas havia um limite nas suas forças. Negar tudo aquilo era apagar uma parte tão significativa de si, uma parte que moldou a mulher que era. Porque ele conseguia a levar ao céu e segundos depois a arrebentar contra o chão? Ele era tão ruim a ponto de se não compadecer da sua própria dor? Ele era tão egoísta assim a ponto de não a deixar ir simplesmente?Sim, ele era egoísta, arrogante, frio. Ele não se importava no quanto estava a fazendo sangrar, porque no fim
Ela estava tomando um café matinal no jardim reservado do principal hotel do grupo de sua família, muito bem acompanhada pelo Hoffman. Conversavam algumas trivialidades e ela sorria, muito embora não houvesse motivos sinceros para tal. Os lábios estavam impecáveis em um batom rosado suave. Ostentava joias delicadas e um estilo completamente a altura de uma herdeira Sanches. Havia uma necessidade de superar a dor, deixando para trás o que a fazia sentir-se vulnerável: sua essência tola.— Bom… — começou o Hoffman ao enlaçar os dedos frente ao rosto a encarando com um sorriso bonito — na quarta vai ter uma festa exclusiva. Um amigo meu da Noruega fará uma festa, é algo bem… reservado. Acredito que seja o ideal para te tirar um pouco do seu tempo para mim.Ela levou a xícara de chá aos lábios, ainda o encarando, esboçou um pequeno sorriso.— Uma festa particular. Sabe que…— Sem fotógrafos, ou paparazzis. Como eu disse, é restrita. Tem uma lista. Será bem divertido. Posso levar convidado
O homem de cabelos negros deslizou a mão por entre os cabelos lisos enquanto a outra mão levava aos lábios o copo de bebida. Tinha desenhado nos lábios um pequeno sorriso diante da conversa que tinha com o Hoffman. Um casarão fora preparado para o evento, e era do lado de fora na zona da piscina que a parte mais viva da festa acontecia, havia várias mesas dispostas, bebida e comida que não parava de ser servida. Havia uma espécie de exposição progressiva e transitória de fotografias e holografias modernas, e por essa razão a Sanches se deslumbrava ao lado da Uckermann. Enquanto a mulher de cabelos loiros bebia algo bem alcoólico, Hanna se contentava com seu coquetel sem álcool.— Olha, vou dá o braço a torcer, o tal Hoffman é tudo de bom, amiga, ele é inteligente, vivido, gostoso pra cacete, e tem um sorriso provocador. Esse homem deveria ser definido como oitava maravilha do mundo, isso sim.— Deixa o senhor Uckermann te pegar falando isso — Hanna sorriu ladina. Estava mais que linda
A sensação poderia ser descrita como flutuar em um espaço vazio e escuro, e era assim que Nicolas sentiam-se enquanto seus olhos contemplavam aquela cena em câmera lenta. Não era igual quando vira a notícia dela em tabloides, ou quando só pressupunha o envolvimento. Não... A comparação seria pequena e medíocre.Era como se os sons houvessem sumido, ou as cores, desbotado. E ele tinha quase certeza absoluta que seu coração diminuía as batidas até que parou totalmente.A ficha finalmente caíra, aquele misto de sentimentos incendiara-o de uma vez e irrefreável. Frustração, medo, dor, angustia, solidão... Talvez fora mais fácil enxergar sem a venda do orgulho, e com isso ele conseguia imaginar o que Hanna sentiu consigo, com a sua traição a sua ex esposa. Principalmente ao se lembrar de todas aquelas fotos que ela também viu.Havia um certo nojo de si, um sentimento violento de culpa, de raiva, de ódio...Ódio de si.“Nem a mais escura das noites é tão sombria quanto o coração partido de