Fico pensando bastante na minha conversa com o Oliver ainda por várias horas depois que desligo o celular. E a cada dez minutos, ligo para o Nick e deixo mensagem na sua caixa postal. Tenho plena certeza de que ela já está totalmente lotada, mas eu não me importo. Preciso falar com ele. Mas quando o Benny acorda, pouco depois do meio dia, eu ainda não consegui ouvir a sua voz. Pelo menos não a voz real. Apenas sua voz eletrônica típica, dizendo que está ocupado no momento e para ligar depois. Para me distrair, e também é claro pelo fato de eu não cozinhar muito bem, proponho sairmos para comer fora.Quando chegamos ao Joe's, faço-o pedir o ensopado de lula e polvo que é um dos pratos mais famosos do restaurante. Meio desconfiado, ele segue minha sugestão, mas só por precaução, peço uma porção de camarões à milanesa e arroz branco para mim porque se ele não gostar do ensopado, podemos trocar de prato e eu sei que ele adora camarão. Porém, quando o garçom serve os nossos pedidos, ele de
Atravesso as portas duplas da boate e saio com a cara para cima, tomando um pouco de ar fresco. É incrível como está quente lá dentro. A brisa vinda dos mar, quarteirões à frente, me atinge em cheio. Embora existam prédios e casas entre o mar e a boate, aqui ainda dá pra sentir os efeitos dele e a brisa sempre foi minha favorita. Como a brisa que invadia o quarto do Nick quando dormíamos com as portas de vidro abertas.— Mas podemos não beber, se quiser. Por que não vamos ao cinema? — ele me traz de volta ao agora com uma pergunta — Se tivermos muita sorte podemos conseguir um ingresso para aquele filme que você tanto fala.— Qual? — pergunto confusa. Não me lembro de ter falado em nenhum filme ultimamente.— Cinquenta tons de cinza. Você só falava nele desde que soube que lançaria esse ano. Hoje é a estreia.Ah claro. Cinquenta tons de cinza. Eu fiz planos no ano passado de assistir esse filme com o Nick. Não poderia de jeito algum vê-lo agora com outra pessoa. Principalmente com o A
Tudo bem, não sou hipócrita ao ponto de não admitir que rolou um clima naquela noite, mas não aconteceu nada. Eu logo o afastei. Porém, vendo essas fotos dessa forma, qualquer um entenderia isso errado. Posso ver nos olhos do Nick a pergunta que ele ainda não fez, mas que está se coçando pra fazer. E de repente, um novo calafrio percorre o meu corpo.— Nick, eu posso explicar tudo isso.— Tenho certeza que sim, mas por que eu acreditaria em uma única palavra sua?— Por que tudo o que sempre disse a você é verdade.— Sabe, houve um tempo em que eu olhava dentro desses olhos verdes e acreditava no que você dizia pra mim. Pra falar a verdade, eu realmente achei que existiria uma explicação razoável para essas fotos, mas devido aos novos fatos que eu presenciei...O quê? Que fatos? Meu Deus, o que aconteceu em Nova Iorque que virou a cabeça do Nick desse jeito?— Nick, o que está dizendo? — peço com pavor. Não quero acreditar que ele está duvidando de mim. Ele tem que me deixar explicar.
Quando Nicholas e Ada saíram da bela casa em Miami Beach, não viram que Asher os espreitava perto de uma árvore. Assim que o casal entrou no táxi, Asher sacou o celular e fez uma ligação interurbana.— Ele está saindo. — disse ao homem que atendeu sua chamada.— Ele está sozinho? — o homem perguntou, curioso.— Não. Está com uma loira. Acredito que seja a tal ex-noiva.— Com certeza é ela. — o homem do outro lado da linha disse com um sorriso — Ela me disse com todas as letras que só iria embora depois que soubesse que não tinha mais chance de ser a futura senhora Hoffman.— Eles passaram um bom tempo lá dentro. — Asher soltou um sorrisinho frio — Acho que não é difícil imaginar o que estavam fazendo.— Ótimo. Mesmo sem saber, ela me fez um grande favor ao ir procurá-lo. E quanto à tal da Ellen?— Ela saiu pouco tempo antes deles. Estava chorando. Acho que não receberá mais cartões do dia dos namorados do Nicholas.— Perfeito. — o homem disse muito satisfeito.— Então acho que isso li
A primeira coisa que Ellen viu ao acordar foi os olhos do seu namorado olhando atentamente para ela. E sua primeira reação foi sorrir para ele, mesmo que o seu rosto estivesse doendo e que ela não tivesse certeza de que ele estava vendo por causa da pouca luz. Ela estava em um quarto meio escuro e um pouco gelado. Suas pálpebras pesaram antes de ela conseguir abrir os olhos completamente. Sua boca estava seca e seu corpo muito dolorido. Mas acima de tudo, sua cabeça estava confusa como nunca esteve antes. Ela pediu água.Nicholas olhava pra ela com nada mais do que amor em seus olhos. Sorriu ao ver que ela enfim tinha despertado, levantou-se da cadeira onde estava sentado e caminhou até ela. Ele ficou na beira da cama e deu um beijo em sua testa. Depois se virou para a pequena mesinha ao lado e encheu um copo com a água de uma jarra. Ela bebeu a água devagar e sentiu um pouco da dor se esvair junto com a sua sede.— Onde... — ela parou ao sentir a garganta arranhar, mas fez força e co
Mudará. No momento em que eu saio do hospital eu sei que a minha vida mudará. Radicalmente até. E não da forma que eu esperava ou da forma que eu queria, mas de uma forma que me pegou de surpresa e abalou minha estrutura.As últimas duas semanas se passaram lentas e rápidas ao mesmo tempo. De uma eu não me lembro muito. Estava a maior parte do tempo sedada em uma cama no quarto de recuperação do hospital após a cirurgia. Da outra eu me lembro como uma passagem dolorosa após o doutor Wood me falar sobre as sequelas resultantes do meu acidente. Mas tem duas coisas das quais eu jamais esquecerei. De dois faróis mortais pertencentes ao caminhão que bateu em mim no momento em que eu tive mais medo na minha vida e de dois olhos castanhos amorosos me vigiando como um falcão assim que eu acordei. O Nick ficou o tempo todo ao meu lado na cama, o Robert disse. Ele nem sequer foi trabalhar durante todo esse tempo. Apenas dava uma passada rápida em casa pra tomar banho e trocar de roupa, porque a
A visão da parte de cima não me impressiona menos que a da parte de baixo. O quarto dele está muito diferente. Não. Dizer que está diferente é um eufemismo. Está completamente diferente.— Amor... meu Deus, você mudou a casa inteira.Toda a pintura é igual ao quarto que eu tenho no apartamento. A cama dele é outra. Agora é uma com dossel e com barras de madeira em ambos os lados. O piso de madeira está coberto por partes antiderrapantes e parece que o espaço em si é maior. Minhas estantes de livros e filmes também estão aqui.— Adaptei o quarto pra ficar o mais acessível pra você.— Você mudou a sua casa inteira por mim? E quando eu for embora?Olho pra ele e o vejo com o rosto sério. Ele então se abaixa de joelhos na altura dos meus olhos e tira do bolso uma caixinha vermelha.— Nick... — Não pode ser o que eu estou pensando.— Eu estava mesmo querendo falar com você sobre isso.Por favor, que não seja o que eu estou pensando. É cedo demais.— Você tem que ficar comigo por enquanto E
— Eu te amo, Ellen.— Eu sei. — beijo seu queixo — Eu sei que sim.Ele afasta o rosto para me olhar e eu vejo a dor em seus olhos. Meu amor está sofrendo. Seus lindos olhos estão cheios de lágrimas não derramadas.De repente eu sei o porquê da sua culpa. Ele está revivendo um trauma de cinco anos atrás. Não sei se me agrada o fato de ele estar comparando a minha situação com a situação que ele viveu naquela época.— Não pense nisso, Nick. — digo afagando seus cabelos e o pouco de barba que há em seu rosto.— Não pensar em quê?— O que aconteceu comigo há duas semanas não tem nada a ver com o que aconteceu com a Ada há cinco anos.Ele fecha os olhos com o rosto contorcido e nesse momento eu sei que era exatamente isso que o estava consumindo.— Não foi culpa sua há cinco anos. Não foi culpa sua há duas semanas.— Me desculpa, Ellen. Eu não quero que você ache que eu estou comparando você à Ada, mas é que eu não consigo me livrar desse sentimento.— Que sentimento? O de culpa?— Eu deve