Já estava na hora de tudo explodir
Lia acordou sentindo-se tonta, com a visão um pouco embaçada. Uma dor forte na cabeça a fez tentar levar a mão até a região afetada, mas ela não conseguiu. Arregalou os olhos ao perceber que estava amarrada a uma cadeira.Levantou a cabeça lentamente, vendo que estava de frente para uma parede branca. Tentou se mover, ansiosa para se soltar.— Pare de tentar. Não vai conseguir.Ela congelou ao ouvir a voz masculina que reconhecia muito bem. Tentou usar toda a força que tinha para se libertar, mas não obteve sucesso. A cadeira foi virada, e ela o viu diante dela.— Seu desgraçado!Lia xingou com muita raiva, mas ele apenas sorriu e, com calma, tapou a boca dela com uma fita adesiva, antes de voltar a se sentar para ler uma revista.Lia começou a se mover na cadeira, tentando a todo custo se soltar. Nenhum de seus movimentos bruscos a ajudou a escapar das amarras.— Já falei queCaminho de sangue A cabeça de Victor Milani fervia em pensamentos. Ele tentava encontrar uma forma de recuperar sua mãe e retomar o controle da situação, mas aos poucos, a ficha foi caindo. Ele nunca teve controle de fato. Fora manipulado pela mãe, que o havia envolvido em uma guerra iniciada anos antes, onde seu pai saiu derrotado. Seus rivais, implacáveis, nunca se deram por vencidos, e continuaram a trazer-lhe problemas.Foi então que Victor começou a perceber a magnitude dos prejuízos causados por ter seguido os conselhos dela. Perdera toda a sua família, e a perda que mais lhe doía era a do próprio pai.Victor Milani desejava nunca ter começado aquela briga. Se não fosse por sua arrogância, sua mãe estaria ali, seu pai, seu irmão... tudo poderia ter sido diferente. A ganância o fizera perder tudo, e ele agora via claramente que a culpa era sua. Isso o esmagava por dentro.Não havia mais o que fazer, exceto aceitar a culpa e viver com as dores que ele mesmo causara.Por mais que
Dois a menos Matteo pegou o celular e começou a trocar mensagens. — Logo vamos trocar de carro. — disse ele, com um tom sério.Ele ficou pensativo, claramente desconfiado de algo, e logo enviou uma mensagem para os outros. "Cuidado." Seguiram pela estrada até o posto onde fariam a troca de carro. Desceram do veículo, e o informante de Matteo se aproximou. — O carro está nos fundos, vem. — ele disse, com pressa.Saiu andando à frente, com Maurício e Matteo logo atrás. Quando chegaram aos fundos, onde havia uma oficina mecânica, viram o carro estacionado. — Como te prometi, um carro simples, placa fria, tudo certo. — o informante explicou, sorrindo.Ao virar, Matteo lhe deu um tiro na testa, foi tão inesperado que assustou Maurício. — Porra é essa, Matteo? — perguntou, sem entender a atitude dele. — Não entre no carro.Matteo se abaixou e revirou os bolsos, achou um celu
O peso do sangueGiovanni e Bruno permaneceram sentados, aguardando qualquer notícia e a chegada de seus companheiros. O tiroteio na ponte já havia sido noticiado em várias plataformas.Algumas horas se passaram até que ouviram o portão se abrindo. Imediatamente, sacaram suas armas e saíram com cautela. Duas motos entraram no pátio. Maurício e Matteo chegaram visivelmente cansados após a viagem tensa.— Pai! — gritou Bruno, correndo na direção deles e o abraçando.Maurício desceu da moto, e finalmente Bruno o soltou. Matteo estava cumprimentando Giovanni, que exibia uma expressão de tristeza profunda.— O que aconteceu? — perguntou Matteo, preocupado.— Perdemos o Marco e o Lorenzo. — As palavras de Giovanni saíram pesadas.— Então foram eles na ponte... — Matteo fechou os olhos por um momento, processando a informação. — Notícias de Tony e Becca? — perguntou, a preocupação evidente.— Nada ainda.
Reorganizando destinosAntony encontrou Rebecca parada, os punhos ainda cerrados, segurando a faca ensanguentada.Ele tocou suavemente seu ombro e, ao se virar, Rebecca não conseguiu conter as lágrimas. Antony retirou a faca de sua mão.— Você quer parar com isso? — perguntou Antony, ajudando-a a se sentar.— Não vou parar enquanto não conseguir fazer justiça. — respondeu com firmeza, mas a voz carregada de dor.— Você não está bem, Rebecca. Olha o seu estado. Precisa deixar essa história pra trás. A gente vai dar um jeito nisso. — implorou.— Tony, não insista. Já tomei minha decisão. — ela olhou para ele, os olhos cheios de lágrimas. — Eu perdi meus tios. O que mais posso fazer?— Eu sei que é difícil, mas estou preocupado com você. Isso está te destruindo.— Eu perdi minha mãe por causa de uma pessoa maluca. Perdi minha casa, descobri que meu melhor amigo é meu irmão, que seu pai é meu tio, e que meu pai está envolvido em coisas terríveis. Encontrei uma nova família, me senti acolh
Raízes da dor Já passava das nove horas quando Rebecca se levantou e foi em direção ao porão.— O que vai fazer? — perguntou Giovanni, dando um susto nela.— Vou bater um papo com a nossa convidada. — respondeu, sem demonstrar surpresa, como se fosse algo normal.— Não devia estar descansando?— Não consigo, e pelo visto, nem você. — disse com um sorriso no rosto.— Realmente não consigo, ainda mais sabendo que você tem algo planejado.— Então vem comigo, pode se divertir também.— Você... — disse Giovanni, apontando para ela e rindo. — É igualzinha ao Lorenzo. A gente sempre se preocupou com o fato dele ser ele — riu. — Mas às vezes é necessário ter um "cachorro louco" na família.— Então eu sou igual ao Lorenzo, um "cachorro louco"? — disse, tentando conter o riso.— Sim, mas obedece mais do que ele.Os dois riram e desceram para o porão.— Não vou tirar essa diversão de vo
No silêncio da noite Era noite, e o céu escuro revelava apenas as estrelas.Rebecca estava em frente ao restaurante iluminado.Havia pessoas entrando e saindo, conversas animadas ecoavam pela rua, e, visivelmente, a noite estava sendo divertida por ali.Rebecca se aproximou e ficou parada diante da janela de vidro, observando a movimentação no interior.Gente sendo servida, crianças correndo, jovens dançando… até que ela a viu. Nesse instante, tudo ao redor pareceu parar.Ela estava linda, sorrindo, transbordando alegria.Samantha conversava animadamente com as pessoas, e todos queriam um pedaço de sua atenção.Rebecca reconheceu alguns de seus vizinhos e sentiu um gelo percorrer seu corpo ao ver, ao fundo, Victor Milani passando.Desesperada, Rebecca começou a bater na janela, gritando:— Mãe! Mãe! Não, por favor!Mas seu desespero foi inútil; ninguém parecia vê-la.Parou por um instante ao ver Victor olhar direta
Sem escapatóriaA rua no Queens estava vazia e escura, a chuva caía suavemente, tornando a noite mais fria.Rebecca e o pai já haviam chegado há algum tempo, mas ela ficou parada, segurando o volante ao ver o restaurante, que estava ali, abandonado e em silêncio.Ver o estado do restaurante a fez sentir uma pontada no peito, e uma lágrima rolou pela sua face, mas ela rapidamente se controlou. Sabia que não podia se deixar levar por sentimentos naquele momento.Rebecca foi soltando o volante, do qual ficou agarrada por alguns minutos. Agora, com as mãos no colo, soltou o ar, como se estivesse liberando algo que estava preso dentro dela há muito tempo.Giovanni, ao seu lado, ficou em silêncio. Se fosse qualquer outra pessoa, ele saberia o que fazer, mas era sua filha, a “menininha” dele, machucada, perdida, mergulhada em sentimentos tão profundos que, por vezes, ele conseguia ver a dor que a consumia.Rebecca tirou o cinto de segurança e saiu do carro. Caminhou devagar, hesitante, até f
A família Catalano estava reunida novamente na cabana, após tanto tempo. Estavam exaustos e, finalmente, podiam sentir o peso do luto.Giovanni, sendo um homem influente, conseguiu trazer os corpos de seus irmãos para a Itália, onde receberam todo o cuidado necessário.A família se reuniu no crematório. Giovanni e os outros mandaram fazer urnas para as cinzas, para que cada familiar pudesse levá-las para casa. O costume da família sempre foi enterrar os entes queridos ao lado dos demais, mas Rebecca pediu ao pai que permitisse que os familiares levassem as urnas consigo. Ela explicou que, devido aos negócios que haviam afastado tanto a família ao longo dos anos, agora seria importante que pudessem, finalmente, levar seus entes queridos consigo, como uma forma de se reconectar com o que havia sido perdido.Giovanni começou a reconstruir a mansão mais uma vez. Durante esse período, ele cuidava dos negócios junto com seus filhos.Eles celebraram o casamento de Rebecca e Matteo, uma cerim