A última traição
Giovanni saiu do hospital tranquilamente, atravessou a rua e entrou na floricultura em frente. De dentro da loja, ele observava toda a movimentação da rua.Havia alguns clientes na loja. Giovanni andava de um lado para o outro, parecendo indeciso, mas, na verdade, aguardava notícias.— Senhor, posso ajudá-lo? — perguntou o jovem atendente, sorrindo simpaticamente para Giovanni.— Ah, claro! Só um momento, minha filha está respondendo — disse Giovanni, mostrando o celular. — Não quero errar dessa vez.— Tudo bem, fique à vontade.O atendente saiu para atender duas senhoras que haviam acabado de entrar. O celular de Giovanni vibrou, indicando novas mensagens.Rebecca: "Terminamos."Lorenzo: "Tudo feito."Matteo: "Trabalho feito."Giovanni sorriu ao ver as mensagens. Caminhou até o balcão e chamou o atendente.— Oi, amigo, minha filha respondeu. — disse de forma amigável.Já estava na hora de tudo explodirLia acordou sentindo-se tonta, com a visão um pouco embaçada. Uma dor forte na cabeça a fez tentar levar a mão até a região afetada, mas ela não conseguiu. Arregalou os olhos ao perceber que estava amarrada a uma cadeira.Levantou a cabeça lentamente, vendo que estava de frente para uma parede branca. Tentou se mover, ansiosa para se soltar.— Pare de tentar. Não vai conseguir.Ela congelou ao ouvir a voz masculina que reconhecia muito bem. Tentou usar toda a força que tinha para se libertar, mas não obteve sucesso. A cadeira foi virada, e ela o viu diante dela.— Seu desgraçado!Lia xingou com muita raiva, mas ele apenas sorriu e, com calma, tapou a boca dela com uma fita adesiva, antes de voltar a se sentar para ler uma revista.Lia começou a se mover na cadeira, tentando a todo custo se soltar. Nenhum de seus movimentos bruscos a ajudou a escapar das amarras.— Já falei que
Caminho de sangue A cabeça de Victor Milani fervia em pensamentos. Ele tentava encontrar uma forma de recuperar sua mãe e retomar o controle da situação, mas aos poucos, a ficha foi caindo. Ele nunca teve controle de fato. Fora manipulado pela mãe, que o havia envolvido em uma guerra iniciada anos antes, onde seu pai saiu derrotado. Seus rivais, implacáveis, nunca se deram por vencidos, e continuaram a trazer-lhe problemas.Foi então que Victor começou a perceber a magnitude dos prejuízos causados por ter seguido os conselhos dela. Perdera toda a sua família, e a perda que mais lhe doía era a do próprio pai.Victor Milani desejava nunca ter começado aquela briga. Se não fosse por sua arrogância, sua mãe estaria ali, seu pai, seu irmão... tudo poderia ter sido diferente. A ganância o fizera perder tudo, e ele agora via claramente que a culpa era sua. Isso o esmagava por dentro.Não havia mais o que fazer, exceto aceitar a culpa e viver com as dores que ele mesmo causara.Por mais que
Dois a menos Matteo pegou o celular e começou a trocar mensagens. — Logo vamos trocar de carro. — disse ele, com um tom sério.Ele ficou pensativo, claramente desconfiado de algo, e logo enviou uma mensagem para os outros. "Cuidado." Seguiram pela estrada até o posto onde fariam a troca de carro. Desceram do veículo, e o informante de Matteo se aproximou. — O carro está nos fundos, vem. — ele disse, com pressa.Saiu andando à frente, com Maurício e Matteo logo atrás. Quando chegaram aos fundos, onde havia uma oficina mecânica, viram o carro estacionado. — Como te prometi, um carro simples, placa fria, tudo certo. — o informante explicou, sorrindo.Ao virar, Matteo lhe deu um tiro na testa, foi tão inesperado que assustou Maurício. — Porra é essa, Matteo? — perguntou, sem entender a atitude dele. — Não entre no carro.Matteo se abaixou e revirou os bolsos, achou um celu
O peso do sangueGiovanni e Bruno permaneceram sentados, aguardando qualquer notícia e a chegada de seus companheiros. O tiroteio na ponte já havia sido noticiado em várias plataformas.Algumas horas se passaram até que ouviram o portão se abrindo. Imediatamente, sacaram suas armas e saíram com cautela. Duas motos entraram no pátio. Maurício e Matteo chegaram visivelmente cansados após a viagem tensa.— Pai! — gritou Bruno, correndo na direção deles e o abraçando.Maurício desceu da moto, e finalmente Bruno o soltou. Matteo estava cumprimentando Giovanni, que exibia uma expressão de tristeza profunda.— O que aconteceu? — perguntou Matteo, preocupado.— Perdemos o Marco e o Lorenzo. — As palavras de Giovanni saíram pesadas.— Então foram eles na ponte... — Matteo fechou os olhos por um momento, processando a informação. — Notícias de Tony e Becca? — perguntou, a preocupação evidente.— Nada ainda.
Reorganizando destinosAntony encontrou Rebecca parada, os punhos ainda cerrados, segurando a faca ensanguentada.Ele tocou suavemente seu ombro e, ao se virar, Rebecca não conseguiu conter as lágrimas. Antony retirou a faca de sua mão.— Você quer parar com isso? — perguntou Antony, ajudando-a a se sentar.— Não vou parar enquanto não conseguir fazer justiça. — respondeu com firmeza, mas a voz carregada de dor.— Você não está bem, Rebecca. Olha o seu estado. Precisa deixar essa história pra trás. A gente vai dar um jeito nisso. — implorou.— Tony, não insista. Já tomei minha decisão. — ela olhou para ele, os olhos cheios de lágrimas. — Eu perdi meus tios. O que mais posso fazer?— Eu sei que é difícil, mas estou preocupado com você. Isso está te destruindo.— Eu perdi minha mãe por causa de uma pessoa maluca. Perdi minha casa, descobri que meu melhor amigo é meu irmão, que seu pai é meu tio, e que meu pai está envolvido em coisas terríveis. Encontrei uma nova família, me senti acolh
Raízes da dor Já passava das nove horas quando Rebecca se levantou e foi em direção ao porão.— O que vai fazer? — perguntou Giovanni, dando um susto nela.— Vou bater um papo com a nossa convidada. — respondeu, sem demonstrar surpresa, como se fosse algo normal.— Não devia estar descansando?— Não consigo, e pelo visto, nem você. — disse com um sorriso no rosto.— Realmente não consigo, ainda mais sabendo que você tem algo planejado.— Então vem comigo, pode se divertir também.— Você... — disse Giovanni, apontando para ela e rindo. — É igualzinha ao Lorenzo. A gente sempre se preocupou com o fato dele ser ele — riu. — Mas às vezes é necessário ter um "cachorro louco" na família.— Então eu sou igual ao Lorenzo, um "cachorro louco"? — disse, tentando conter o riso.— Sim, mas obedece mais do que ele.Os dois riram e desceram para o porão.— Não vou tirar essa diversão de vo
No silêncio da noite Era noite, e o céu escuro revelava apenas as estrelas.Rebecca estava em frente ao restaurante iluminado.Havia pessoas entrando e saindo, conversas animadas ecoavam pela rua, e, visivelmente, a noite estava sendo divertida por ali.Rebecca se aproximou e ficou parada diante da janela de vidro, observando a movimentação no interior.Gente sendo servida, crianças correndo, jovens dançando… até que ela a viu. Nesse instante, tudo ao redor pareceu parar.Ela estava linda, sorrindo, transbordando alegria.Samantha conversava animadamente com as pessoas, e todos queriam um pedaço de sua atenção.Rebecca reconheceu alguns de seus vizinhos e sentiu um gelo percorrer seu corpo ao ver, ao fundo, Victor Milani passando.Desesperada, Rebecca começou a bater na janela, gritando:— Mãe! Mãe! Não, por favor!Mas seu desespero foi inútil; ninguém parecia vê-la.Parou por um instante ao ver Victor olhar direta
Sem escapatóriaA rua no Queens estava vazia e escura, a chuva caía suavemente, tornando a noite mais fria.Rebecca e o pai já haviam chegado há algum tempo, mas ela ficou parada, segurando o volante ao ver o restaurante, que estava ali, abandonado e em silêncio.Ver o estado do restaurante a fez sentir uma pontada no peito, e uma lágrima rolou pela sua face, mas ela rapidamente se controlou. Sabia que não podia se deixar levar por sentimentos naquele momento.Rebecca foi soltando o volante, do qual ficou agarrada por alguns minutos. Agora, com as mãos no colo, soltou o ar, como se estivesse liberando algo que estava preso dentro dela há muito tempo.Giovanni, ao seu lado, ficou em silêncio. Se fosse qualquer outra pessoa, ele saberia o que fazer, mas era sua filha, a “menininha” dele, machucada, perdida, mergulhada em sentimentos tão profundos que, por vezes, ele conseguia ver a dor que a consumia.Rebecca tirou o cinto de segurança e saiu do carro. Caminhou devagar, hesitante, até f