― Para a mansão? Mas e o machucado? ―― Ele não é grande coisa. Vou apenas limpar e fazer um curativo. Não preciso ir para um hospital fazer isso. ―Shea se sentia extremamente culpada e Deirdre sabia disso. Por isso, antes de sair do carro, disse:― Shea, eu sei o que você está pensando agora. Não conte a Brendan sobre meu ferimento e também não se castigue por isso. ―Shea ficou atordoada e balançou a cabeça.― Sinto muito. Me desculpe por não ter conseguido te proteger. É minha culpa ter me deixado distrair pela carcereira e negligenciado meu dever. Se eu optar por esconder a verdade do Seu Brighthall, prestarei um desserviço a ele. Sinto muito, Dona Dee. Mas eu preciso contar a ele sobre tudo o que aconteceu e aceitar minha punição. ―Deirdre ficou frustrada com a teimosia de Shea.― Por favor, eu insisto para que não conte a Brendan, não porque quero que nos faça um desserviço, mas porque a saúde de Brendan está muito fraca agora. Ele certamente ficará preocupado se você co
Deirdre ficou um pouco abatida ao ouvir isso, mas assentiu mesmo assim.― De alguma forma, Charlene sabe algo sobre meu pai. ―A governanta não comentou mais nada e, depois de administrar os primeiros socorros, ligou para o médico da família e pediu que viesse dar uma olhada no machucado. Não parecia ser grave, mas o ambiente onde Deirdre foi ferida não era considerado higiênico, então uma infecção parecia um pouco provável. Pensando nisso, o doutor Ginger higienizou o ferimento com esmero, antes de passar um pouco de creme cicatrizante e colocar um curativo.Deirdre planejava uma mentira com Engel para enganar Brendan e a sugestão da governanta foi que a jovem dissesse que bateu a testa em galho de arvore particularmente pontudo. Ainda pensavam nisso, quando o Magnata ligou.― O que aconteceu durante sua visita à prisão? ―O coração de Deirdre quase pulou pela garganta. ‘Como ele soube tão rápido? Eu cheguei não faz nem duas horas!’ Ainda assim, ela não iria simplesmente confessa
‘Charlene está morta? A pessoa que poderia me ajudar a saber quem é meu pai... está morta!?’ Deirdre ficou exasperada, enquanto Shea contava:― Ninguém sabe dizer exatamente como ela morreu. A diretoria do presídio disse que, como rotina, a cada seis meses fazem a dedetização de todas as celas do presídio, para combater pragas. Ao que indica, Charlene comeu todo o veneno de rato deixado em sua cela. Quando a carcereira abriu para ordenar que ela fosse ao refeitório, já estava morta.Deirdre agarrou a ponta da manta, preocupada, e mente ficou em branco. 'Como isso aconteceu? Ela simplesmente... morreu assim, tão de repente.'A jovem acreditava que poderia esperar um pouco mais, antes de arrancar informações dos lábios de Charlene, mas a cobra pareceu ter encontrado uma outra forma de sair da prisão.― Dona Dee? ―Deirdre saiu do estupor.― Você checou? Tem certeza de que ela está mesmo morta? ―― Sim, não existe chance de estarem mentindo sobre isso. Charlene está mesmo morta. ―
Deirdre dissera à governanta que Charlene tinha informações sobre seu pai. Ela até divulgou o conhecimento que havia reunido. Então, das pessoas que sabiam, Shea, Sam e Anna, a única pessoa cuja a lealdade podia ser questionada era a última.Assim, Deirdre não tinha dúvidas de que estava certa. Entretanto, uma dor de cabeça despontou e rapidamente escalou para uma enxaqueca dolorosa e latejante.Brendan desceu da cama e a puxou para seus braços. Ele passou a mão pelas costas da jovem, tentando confortá-la, ao mesmo tempo que tentava evitar que Deirdre percebesse que ele sentia febre e mal estar.― Está tudo bem, Dee. Se acalme. Não pense demais. Vamos conseguir passar por cima disso. ― Deirdre apertou os braços ao redor do magnata e respirou fundo. O odor familiar a fazia se sentir segura. Ela finalmente se acalmou, mas aquele desamparo abjeto permaneceu. Pois era, infelizmente, imune a ser banido.― Será que eu confiei na pessoa errada o tempo todo, Brendan? Eu só... não consigo
― Não importa mais, agora que Charlene está morta. ― Deirdre abaixou a cabeça, suspirando. ― O fato de não ter conseguido nenhuma informação sobre meu pai me incomoda. Eu deveria saber que Charlene tinha um alvo pintado nas costas! Se ao menos... Se ao menos eu ficasse lá e esperasse pela resposta dela ali mesmo, em vez de dar a ela alguns dias para refletir sobre o acordo! ―― Ninguém poderia prever que alguém iria silenciá-la. Nem mesmo eu ― respondeu Brendan, seus dedos alisando suavemente as rugas no rosto desanimado de Deirdre. ― Não se culpe. Você lidou com a situação brilhantemente. Pelo menos agora sabemos que há uma espiã entre nós e podemos usá-la. ―― Eu sei. ― Deirdre assentiu cansadamente. Ela desejava que tudo não passasse de pensamentos conspiratórios infundados em sua cabeça e a última coisa que queria era que sua amiga Anna Engel realmente fosse uma traidora.Depois de acalmar os nervos, Deirdre pensou em sua conversa com Charlene, antes que um pensamento a atingiss
― Puxa, Dee! Mas que cara é essa? Você não parece estar muito bem. É o frio? É por isso que eu disse para você trazer mais um agasalho além desse moletom fininho! Ainda bem que preparei esse casaco para você, hein? ― Engel resmungou preocupada, enquanto segurava as mãos de Deirdre nas suas, aquecendo-a.Deirdre baixou os olhos enquanto uma guerra de sentimentos conflitantes assolava sua cabeça. Como ela deveria acreditar que a gentil governanta que conhecia há tanto tempo era uma infiltrada o tempo todo? Como ela podia aceitar que estava afeiçoada ao inimigo?Deirdre podia sentir o cuidado desenfreado que parecia ser sincero. Então, por que a mesma mulher gentil trabalhava para aquelas pessoas para prejudicá-la?Brendan puxou Deirdre em seus braços, em um gesto carinhoso. Foi então que a governanta reparou nele e exclamou:― Senhor. Brighthall! Por que você trocou sua bata? ―― Estou pronto para deixar o hospital. ―― Você recebeu alta? Hoje? ― Engel ficou chocada. ― Mas o médico
Brendan sorriu e puxou Deirdre para seus braços. Então apoiou a cabeça no ombro dela, mas uma sombra encobriu seu semblante.― Você se lembra quando eu disse que Southedge era uma cidade parecida com Eastgene, mas com um desenvolvimento muito atrasado? ―― Lembro... ―― Pois é. Parece que as coisas mudaram. ―Deirdre franziu a testa e lançou um olhar de soslaio.― Ué. Como assim? O que você quer dizer com isso? ―― Southedge é uma ilha, então seu desenvolvimento ecoa o de um pequeno país. É completamente diferente de metrópoles como Neve, especialmente quando sua geografia e recursos não se comparam aos de um grande país. Southedge era, no máximo, uma cidade esquecida pelos investidores. De acordo com a informação que Sam me deu no carro, Southedge está se desenvolvendo em um ritmo que poderia eclipsar Neve. ―Deirdre estava perplexa. Neve era uma grande metrópole e era conhecida por todo o país. Southedge, em comparação, era apenas uma ilha remota. Como poderia, de alguma forma
― Por favor! Anestésicos! Por favor... use anestésico... Aaaaggrrhhh! ― A agonia atormentava Charlene. Ela desejava cair inconsciente, mas a dor a mantinha muito acordada e lúcida. Assim, estava presa, sentindo cada etapa daquela tormenta.Enquanto a provação continuava, o homem misterioso, sentado em um sofá em frente a ela, observava e sorria, sem simpatia.― Ah, você não vai conseguir nenhuma droga ou saída para isso, Charlene. Eu quero que você grave essa dor profundamente nas fendas do seu cérebro. Você nunca vai esquecer quem te empurrou para este inferno. ―Com um último grito excruciante, Charlene finalmente desmaiou.Quando a mulher recobrou a consciência, o homem levou um espelho para ela. A luz fria refletia a joia em seu anel, enquanto entregava para Charlene a ferramenta com que observaria quem se tornara.A mulher aceitou o espelho, hesitante, mas tudo o que viu foi um rosto completamente envolto em bandagens, que deixavam ver apenas olhos vermelhos e inseguros.O ó