Deirdre inventou uma desculpa e tirou Engel do caminho, antes de perguntar a Brendan, à queima-roupa:― Você ficou sabendo que Charlene foi presa? ―― Oh. Então, você ouviu. Para ser honesto, não é surpreendente que você saiba. A repercussão foi bem grande ― respondeu Brendan, sem se comprometer, enquanto tirava o paletó. ― Eu estava lá quando a prenderam. ―Os lábios de Deirdre se separaram, mas nada saiu... a princípio. Ela hesitou por um momento e decidiu ser sincera.― Você foi responsável por isso? ―‘Não poderia ser, poderia?’ A jovem pensou, incrédula. Brendan não poderia ter feito algo que pudesse envolvê-lo também. Ele devia saber que se tudo viesse à tona e fosse realizada uma investigação minuciosa, seu papel no crime seria exposto e ele próprio estaria em apuros.Brendan não se intimidou.― Não fui eu a princípio. ―― O que você quer dizer com 'a princípio'? ―Brendan deu de ombros.― Os meus inimigos e captores de Charlene provavelmente pensaram que perder uma pe
‘Reparação’, era o argumento de Brendan. Mas Deirdre não sabia exatamente o que essa palavras a fazia sentir, apenas sentia que parte disso era medo. Estava com medo de que Brendan estivesse começando a conseguir corroer a determinação que tinha em nunca o perdoar.― A única reparação que quero de você é minha mãe viva e bem. Eu só quero ver minha mãe, saudável e segura, diante dos meus olhos. Não preciso que você faça mais nada... ― Deirdre disse, seus olhos evitando encarar Brendan, mesmo que não o enxergasse bem. ― Se o tiro sair pela culatra para você, não vai me trazer nenhum benefício. Pior, pode até encorajar os conspiradores, e então o retorno de minha mãe será impactado. ―Os olhos de Brendan brilharam quando ele os fixou nela, seu semblante radiante de antecipação.― Você está preocupada comigo, Dee? ―― Não. Por favor, não crie expectativas assim ― Deirdre o interrompeu e se virou. ― Deixei claro que só estou preocupada com você porque você é a única maneira de chegar at
O único pedido de Charlene, após sua admissão de culpa, foi ver Brendan e Deirdre.Quando o magnata repassou essa mensagem para a jovem, Deirdre tomava água e, acabou cuspindo o último gole, tamanha foi sua surpresa:― Ela quer me ver? Sério? ―Ela podia entender por que a cobra gostaria de ver Brendan, a vida dela dependia da influência do magnata e ela provavelmente ainda sonhava com o dia em que ele apareceria para resgatá-la. Mas por que diabos ela estaria interessada em ver Deirdre?Brendan lançou um olhar para ela, antes de perguntar a Sam:― Ela disse mais alguma coisa? ―― Nada muito informativo. Apenas que queria falar com uma velha amiga. ―Brendan queria rejeitar o pedido de Charlene ali mesmo, mas Deirdre enxugou os lábios e disse:― Por mim, está tudo bem. Eu vou. ―O magnata franziu as sobrancelhas.― Tem certeza? ―― Claro ― ela respondeu calmamente. ― Ela estará algemada em uma cama de hospital e vigiada por um policial. Ela não poderá me machucar. Além disso
Charlene congelou, perplexa. Tudo o que ela conseguia se lembrar era de dirigir apressadamente para ver Brendan, depois de derrubar Deirdre da escada, causando um grave ferimento na cabeça da jovem. Foi nesse momento de correria que viu uma jovem caminhando na faixa de pedestres e, como um flash, um pensamento cruel simplesmente ocorreu a ela.Ela pisou no acelerador sem hesitar. O carro zumbiu ao seu comando e passou por cima da garota, arremessando o corpo por sobre o carro de Charlene.Havia uma câmera de vigilância do bairro por perto que acabou filmando o rosto dela. Mas e daí? Charlene sempre acreditou que todos a ajudariam a escapar de quaisquer consequências. Tudo o que precisava fazer era responsabilizar Deirdre, a pessoa que representava a maior, e talvez única, ameaça à sua ambição. Faria rival acabar na prisão em seu nome, e todo o resto cairia em seu colo. Quem esperava que aquilo pudesse dar uma volta tão grande, só para voltar para ela, como um bumerangue?― É tudo cu
‘O que ela quer dizer com 'meu pai está vivo? Eu nunca tive um pai... nem mesmo quando era criança!’ Deirdre se forçou a se acalmar. Isso tinha que ser mais um dos truques de Charlene, um esquema estúpido para desequilibrar a jovem, afinal, a cobra inventaria todos os tipos de coisas para confundi-la e fazer com que estivesse sempre confusa e acreditando que haviam conspirações, em todos os cantos.― Eu sei o que você está pensando, chuchu. Você deve estar pensando consigo mesma: ‘Meu pai? Mas ele está morto! Como isso é possível?’ ― Um sorriso presunçoso surgiu nos lábios de Charlene, enquanto saboreava o momento em que finalmente estava em vantagem. ― Bem, a resposta é simples. Seu pai está vivo. ―Deirdre cerrou os punhos e lançou um olhar mordaz para Charlene.― Então, é por isso que você queria me ver? Para que alguém possa ouvir alguma das besteiras que você inventou? ― Deirdre respondeu friamente. ― Desculpa por te desapontar, mas não acredito em nada que sai da sua boca! Eu
― Quão estúpida você acha que eu sou, Charlene? Eu nem sei se o que você disse é verdade. Talvez você esteja dizendo a verdade ou talvez esteja apenas inventando coisas! Além disso, você mesma disse que me odeia. Por que me contaria alguma coisa que me beneficiaria? ―O pânico surgiu e se instalou nos olhos de Charlene.Deirdre tinha acertado em cheio. Charlene nunca planejara contar a verdade a ela. Se aquela informação fosse suficiente para impedir que fosse para a prisão, Charlene poderia continuar usando-a como alavanca contra Deirdre.― Quem disse que eu não faria algo assim? Não é como se fosse algo útil para mim! ― Charlene vociferou. ― Eu vou te dizer tudo o que sei sobre seu pai se você fizer Bren me libertar da prisão o mais rápido possível. ―Deirdre riu tão friamente que Charlene estremeceu.― Lamento te desapontar. ―O coração de Charlene disparou.― O que isso deveria significar? Você está me dizendo que não se importa com seu próprio pai? Que você não se importa c
― Tenho pensado na minha mãe. Só de pensar no quanto devo a ela... às vezes me tira o sono. ―Deirdre dizia a verdade. Conforme o dia de rever Ophelia se aproximava, suas emoções só aumentavam e os hormônios da gravidez também amplificava a expectativa e ansiedade.Brendan ficou em silêncio, pensativo, mas quando o carro parou em um sinal vermelho, segurou a mão dela e apertou.― Você não precisa pensar nisso. Ela está voltando. ―― Eu sei. ―Ela se afastou dele e não disse mais nada.A dupla voltou para a mansão e, como contaram a Engel sobre Deirdre ter passado para falar com um médico, preocupada, a governanta começou a fazer uma refeição nutritiva, com todos os grupos alimentares e repleto de vitaminas que ela sabia ser eficaz e útil. Enquanto preparava, desabafou:― Deve ser por culpa da víbora, de novo, não é? Ela não fala com nenhum filtro e é um imã de azaração ambulante. Qualquer um pegaria um resfriado de olhar para aquela alma nojenta. Deus sabe como estou feliz que a
Deirdre jurou que toda força havia acabado de deixar seu corpo inteiro. Mas sentiu algo tocar em seus lábios. Então abriu a boca e percebeu que era um pedaço de doce.Engel ficou surpresa.― Que ideia mais brilhante, senhor Brighthall! Esqueci-me de preparar alguns doces! ―Deirdre também ficou bastante surpresa. Era uma das poucas ocasiões que notava como Brendan podia ser perspicaz e atento.― Obrigada. ―O doce era bastante açucarado e à medida que derretia e se espalhava pela boca, o amargor do jiló começava a diminuir. Logo, tudo o que sentiu foi doçura.― Se você gostou, eu posso comprar mais e deixar na cozinha. Assim, você pode comer um sempre que terminar de comer jiló, ou outra coisa amarga que Engel preparar para você. ―‘Espera! Eu só posso comer o doce depois de provar o amargo!?’ A expressão de Deirdre congelou.― Espera aí, por quanto tempo vocês vão me encher de coisa amarga? ―Engel sorriu.― Só uma semana! Vai acabar como uma brisa! ―-A sentença de Charl