Shea não sabia dizer de qual andar tinha vindo o grito, muito menos de qual apartamento. Mas sabia de uma coisa: aquela voz pertencia a Charlene! ‘Mas, por que ela soltou um grito tão horripilante se veio aqui por vontade própria?’O pensamento de que a cobra poderia ter caído em uma armadilha a atingiu. Shea cambaleou ao perceber e imediatamente ligou para Brendan.O magnata estava em uma reunião e, quando viu o número da segurança aparecer, recusou a ligação, sem se comprometer, apenas para receber outra imediatamente. Aquilo demonstrava urgência real, pois estava fora do costume de Shea que geralmente sabia esperar pacientemente por suas respostas quando ele recusava as ligações.Franzindo a testa, o homem sinalizou para a reunião que o outro empresário interrompesse a apresentação e atendeu:― Pronto. ―― Seu Brighthall ―Shea suava frio, enquanto, em poucas palavras, descreveu ter seguido Charlene até um edifício residencial, apenas para ouvir um grito de arrepiar.― Eu...
Brendan se virou para um subalterno que acabara de voltar de uma checagem do lado de fora, com um olhar questionador. O paramilitar balançou a cabeça negativamente.― Nenhuma outra passagem leva alguém para fora daqui, senhor. ―Shea guardava a única entrada ou saída do edifício. Combinado com o fato de que cortar a perna de Charlene e tratar seu ferimento exigiria muito tempo, era quase impossível que essas pessoas pudessem ter ido embora, antes que Shea passasse a vigiar o saguão.Brendan refletiu sobre as possibilidades e perguntou:― Alguém verificou a cobertura? ―― Mas se este é um edifício residencial, como poderia abrigar uma organização criminosa? ― Shea deixou a própria resposta no ar e saiu correndo.Brendan imediatamente levou seu pessoal para o 11º andar.― Aqui! Por aqui! ― Ela disse: ― Os apartamentos aqui estão todos vagos. Uma moradora disse que alguém se suicidou aqui no corredor e ninguém quis ficar aqui desde então. Se alguém se escondesse aqui... os resident
― O quê!? ― Charlene gritou em puro pânico e terror, sua voz soando mais aguda que o habitual. ― Isso significa que eles podem vir atrás de mim e me matar! ―― Eles não vão fazer isso. ― Brendan sorriu, tranquilizador. ― Não existe nenhuma chance de te pegarem novamente. ―― Como? ― A cobra olhou surpresa. Sua mente estava tão confusa que ela não conseguiu entender o que Brendan dissera.― Eu disse que vou te proteger. Afinal, eles estavam atrás de você por minha causa. ―Charlene assentiu, com lágrimas escorrendo de seus olhos. Secretamente, a alegria cresceu dentro dela. A perna perdida jamais poderia ser substituída e ela faria tudo o que estivesse ao alcance para fazer Brendan se sentir culpado por isso. Ele precisava se sentir culpado e pensar que a única razão pela qual ela perdera a perna fora por causa dele. Dessa forma, teria mais do que direito de estar ao seu lado para sempre.― Isso me lembra... ― Brendan disse, com a voz intrigada. ― Você não estava na mansão... Por q
Como poderia ser? Ela destruiu todas as evidências que poderiam implicá-la! E a polícia sabia que ela era a noiva de Brendan e que Deirdre fora condenada pelo crime. Quem diabos se importaria com a verdade quando tudo já estava resolvido!?‘Quem fez isso comigo? Quem diabos deseja tanto assim acabar comigo!?’ Charlene estava histérica e começou a rasgar o documento com as próprias mãos, como uma mulher possuída, até que a polícia o arrancou de suas mãos. Ela se virou para Brendan e começou a gritar por socorro:― Me ajuda, Bren! Me ajuda! Eu não quero ir para a prisão! Eu não! Deirdre já não admitiu o crime!? Por que diabos eu tenho que ser presa!? Saiam de perto de mim! Isso foi há quatro malditos anos! Eu vou ser a senhora Brighthall, seus porcos de merda! Vocês não podem fazer isso comigo! Vão para o inferno! Aaaaargghhhhh! ―O colapso de Charlene era indistinguível de um colapso nervoso, mas a polícia não se intimidou. Eles apenas pediram que uma enfermeira aplicasse um sedativo
Deirdre inventou uma desculpa e tirou Engel do caminho, antes de perguntar a Brendan, à queima-roupa:― Você ficou sabendo que Charlene foi presa? ―― Oh. Então, você ouviu. Para ser honesto, não é surpreendente que você saiba. A repercussão foi bem grande ― respondeu Brendan, sem se comprometer, enquanto tirava o paletó. ― Eu estava lá quando a prenderam. ―Os lábios de Deirdre se separaram, mas nada saiu... a princípio. Ela hesitou por um momento e decidiu ser sincera.― Você foi responsável por isso? ―‘Não poderia ser, poderia?’ A jovem pensou, incrédula. Brendan não poderia ter feito algo que pudesse envolvê-lo também. Ele devia saber que se tudo viesse à tona e fosse realizada uma investigação minuciosa, seu papel no crime seria exposto e ele próprio estaria em apuros.Brendan não se intimidou.― Não fui eu a princípio. ―― O que você quer dizer com 'a princípio'? ―Brendan deu de ombros.― Os meus inimigos e captores de Charlene provavelmente pensaram que perder uma pe
‘Reparação’, era o argumento de Brendan. Mas Deirdre não sabia exatamente o que essa palavras a fazia sentir, apenas sentia que parte disso era medo. Estava com medo de que Brendan estivesse começando a conseguir corroer a determinação que tinha em nunca o perdoar.― A única reparação que quero de você é minha mãe viva e bem. Eu só quero ver minha mãe, saudável e segura, diante dos meus olhos. Não preciso que você faça mais nada... ― Deirdre disse, seus olhos evitando encarar Brendan, mesmo que não o enxergasse bem. ― Se o tiro sair pela culatra para você, não vai me trazer nenhum benefício. Pior, pode até encorajar os conspiradores, e então o retorno de minha mãe será impactado. ―Os olhos de Brendan brilharam quando ele os fixou nela, seu semblante radiante de antecipação.― Você está preocupada comigo, Dee? ―― Não. Por favor, não crie expectativas assim ― Deirdre o interrompeu e se virou. ― Deixei claro que só estou preocupada com você porque você é a única maneira de chegar at
O único pedido de Charlene, após sua admissão de culpa, foi ver Brendan e Deirdre.Quando o magnata repassou essa mensagem para a jovem, Deirdre tomava água e, acabou cuspindo o último gole, tamanha foi sua surpresa:― Ela quer me ver? Sério? ―Ela podia entender por que a cobra gostaria de ver Brendan, a vida dela dependia da influência do magnata e ela provavelmente ainda sonhava com o dia em que ele apareceria para resgatá-la. Mas por que diabos ela estaria interessada em ver Deirdre?Brendan lançou um olhar para ela, antes de perguntar a Sam:― Ela disse mais alguma coisa? ―― Nada muito informativo. Apenas que queria falar com uma velha amiga. ―Brendan queria rejeitar o pedido de Charlene ali mesmo, mas Deirdre enxugou os lábios e disse:― Por mim, está tudo bem. Eu vou. ―O magnata franziu as sobrancelhas.― Tem certeza? ―― Claro ― ela respondeu calmamente. ― Ela estará algemada em uma cama de hospital e vigiada por um policial. Ela não poderá me machucar. Além disso
Charlene congelou, perplexa. Tudo o que ela conseguia se lembrar era de dirigir apressadamente para ver Brendan, depois de derrubar Deirdre da escada, causando um grave ferimento na cabeça da jovem. Foi nesse momento de correria que viu uma jovem caminhando na faixa de pedestres e, como um flash, um pensamento cruel simplesmente ocorreu a ela.Ela pisou no acelerador sem hesitar. O carro zumbiu ao seu comando e passou por cima da garota, arremessando o corpo por sobre o carro de Charlene.Havia uma câmera de vigilância do bairro por perto que acabou filmando o rosto dela. Mas e daí? Charlene sempre acreditou que todos a ajudariam a escapar de quaisquer consequências. Tudo o que precisava fazer era responsabilizar Deirdre, a pessoa que representava a maior, e talvez única, ameaça à sua ambição. Faria rival acabar na prisão em seu nome, e todo o resto cairia em seu colo. Quem esperava que aquilo pudesse dar uma volta tão grande, só para voltar para ela, como um bumerangue?― É tudo cu