A visão feriu Brendan como se fossem espinhos. E uma aura assassina começou a se formar ao redor dele, como o início de uma explosão nuclear. Então bateu a mão contra as barras, trovejando:― O que diabos estou vendo!? ―O rosto do delegado ficou branco como papel. O homem sabia muito bem o que o magnata testemunhava: intimidação entre internos. O que ele não esperava era que Brendan flagrasse aquilo.A comoção acordou as detentas e quando viram que um homem incrivelmente lindo e com aparência de figurão as encarava, suas mentes ficaram em branco. Elas não tinham ideia de que um homem como aqueles se dignaria a visitar uma cela suja, na detenção de uma delegacia.Sabendo que Deirdre tinha recebido a visita de Brighthall, menos de uma hora atrás, uma das detentas desvendou quem era o figurão e começou a se justificar:― Ela está ali sem coberta porque é uma dondoca! Foi ela quem teve nojinho de usar a coberta! Falou que nós éramos sujas e que jamais se atreveria a usar a mesma cobe
Deirdre nunca saberia o quanto doía a Brendan vê-la recuar para o canto como um cachorrinho sendo agredido. Parecia que seu coração estava sendo partido em dois, pela mão nua de alguém.A raiva e o sentimento de impotência, pelo tipo de abuso sofrido pela mulher que amava corria por suas veias e animava cada fibra de seu corpo. Como ele desejava ser ele a ter sofrido no lugar dela.Por isso, insegura, sem entender direito o que se passava na cabeça do magnata, a jovem não sabia o que dizer.Entretanto, o magnata jogou os braços ao redor dela e a abraçou com firmeza:― Por que você não pode simplesmente... contar as coisas para mim, Deirdre? Por quê? ― ele murmurou, dolorido.Deirdre não sabia como reagir. Ela nunca tinha ouvido Brendan usar aquela voz triste e impotente antes. Nunca o ouvira soar tão desesperado, tão vulnerável e tão suplicante.― Mas, eu estou bem... ― Levou um tempo para ela forçar seus pensamentos a entender que o sentimento predominante em Brendan era alívio
― Tenho certeza de que aquelas mulheres foram plantadas lá por quem planejou tudo isso. Eles devem ficar detidas por alguns dias e logo estarão livres. ―― Muito bem ― Declan comentou. ― Honestamente, isso acaba sendo uma bênção indireta para Deirdre. Como ela está grávida, depois de sofrer com esse incidente, a polícia será forçada a deixá-la ficar aqui, enviando apenas um de seus homens para vigiá-la. Ela não precisará mais sofrer na delegacia. ―Brendan concordou com a cabeça, essa era a única compensação pelo trágico acontecimento. Declan encostou as costas na parede.― Quem você acha que ordenou a agressão? ―Brendan lançou um olhar para ele e respondeu:― Charlene. ―― Eu pensei o mesmo. ― Declan sorriu. ― O cérebro por trás dela é alguém meticuloso, cauteloso e perspicaz. Ele não poderia ter feito algo tão estúpido que pudesse frustrar seus próprios planos. Então, isso é tudo Charlene, com certeza. ―Os olhos de Brendan pareciam estar envoltos por uma lama fria e escura
Deirdre decidiu parar de entender o que sentia pelo magnata e apenas respondeu:― Estou me recuperando muito bem! ―― Mas, não é isso que você vai dizer se a polícia vier e fizer a mesma pergunta, está bem? Diga a eles que você ainda sente muita dor e que seu corpo parece fraco. ―Deirdre ficou insegura.― Isso vai dar certo? ―― Claro que vai ― respondeu Brendan com naturalidade. ― Os médicos vão corroborar qualquer coisa que você disser. Ninguém poderá te ferir, enquanto eu ficar perto de você. ―Desde que Brendan confessou seus verdadeiros sentimentos, vinha agindo com franqueza demais. Deirdre não conseguia nem dizer o que aquilo a fazia sentir, então fingiu não ter ouvido.― A dor melhorou, mas os hematomas ainda estão aí? ― ele perguntou.Deirdre balançou a cabeça e hesitante, admitiu:― Na verdade, eu não consigo ver direito... mas acho que sumiram. ―― Deixa eu dar uma olhada. ―― Isso faz muita diferença? ―― A polícia vai mandar alguém examinar e acredito que vão
O beijo veio tão intenso, apaixonado e ávido que parecia que não existia mais na ao redor do casal. Tudo o que Deirdre podia sentir era o cheiro dos feromônios que Brendan exalava. Ele estava abraçado a ela e, ainda assim... ela não necessariamente odiava a sensação.Seus dedos geralmente eram frios, mas se incendiavam no momento em que roçavam sua pele. Chamas se espalharam por seu corpo.― M-Mm... ― A jovem soltou um gemido.Brendan ficou atento, mas como não pareceu ter sido um gemido de protesto ou de dor, apenas ampliou a intensidade do ato, colocando mais força em seus braços como se esperasse fundir a mulher em si mesmo.De repente, a jovem se encolheu e sibilou.Alarmado, Brendan a soltou. Suas feições estavam dominadas pela preocupação.― O que aconteceu? ―Com o rosto pálido, Deirdre se deitou na cama e encolheu o corpo, como um tatu bola.Pela primeira vez, Brendan olhou para as costas de Deirdre e ficou surpreso, pois, mesmo coberta pela fina camisola branca, com o
A agressora de Deirdre soltou um suspiro trêmulo e pensou nos estremecimentos e caretas de dor que a jovem havia feito quando era espancada. Aquelas mulheres sempre foram as que agrediam e nunca se perguntaram sobre os sentimentos dos que recebiam o abuso. Mas, naquele galpão, à duras penas, elas aprendiam, assim como aprendiam a temer e se arrepender.― Eu... eu não vou mais fazer isso... ―Brendan estreitou os olhos e apenas balançou a cabeça, em um gesto de desprezo.― Parece que vocês, ainda aguentam bastante, ainda estão cheias de energia para falar, não é? ―Imediatamente, as três mulheres ficaram em silêncio e a que chorava, até parou. Depois de um gesto, a segurança de Brendan responsável por cuidar das detentas, uma brutamontes de cabelos cacheados e quase da altura do magnata, estralou os dedos e se aproximou. Só então, Brendan perguntou: ― Quem deu a ordem a vocês, garotas? ―-Deirdre se mexeu, abrindo os olhos. Ela instintivamente esfregou a mão na cabeceira da cam
― Você deveria estar detida em uma cela, aguardando a sentença por tentativa de assassinato, certo? Então, por que você está aqui no hospital? E quem é essa jovem com você? ―― Por que você está em pânico? Você não está pensando em fugir, está?! ―― Como você ousa se esconder no conforto de um hospital, em vez de enfrentar as consequências de seus atos? Em que tipo de mundo vivemos quando uma mulher com coração de cobra pode escapar da justiça? Não admitir sua culpa é ruim, mas tentar fugir de perguntas difíceis? Honestamente, você realmente acha que ter um amante bilionário protegendo suas costas te coloca acima de qualquer responsabilidade!? ―― Vá para o inferno, agressora! ―― Não passa de uma vadia! Além de roubar o homem de outra mulher, ainda tentou matá-la para tirá-la do caminho! O inferno tem um lugar especial para você, sua escrota! ―Os comentários começaram a se tornar cada vez mais inflamados e, à certa altura, alguém partiu para a agressão física e empurrou Deirdre
Brendan aumentou o aperto do abraço em Deirdre, controlando a voz, para não soar embargada:― Dee... Você está preocupada comigo. ―― Seu idiota! ― Os olhos de Deirdre estavam quentes de lágrimas, mas para variar, não eram de tristeza. Ela tinha que admitir, estar nos braços do magnata, a fazia se sentir tão, tão segura. Mas se o preço dessa segurança fosse o completo caos e uma tempestade de mídia negativa, preferiria não ter nada daquilo. ― Eu... eu não estou preocupada com você! Só estou preocupada comigo mesma! ―O homem sorriu, diante do perigo, e acariciou os cabelos lisos e tão negros que, sob a luz branca do hospital, pareciam levemente azulados.― Tudo bem. Não tenha medo. ― Não havia sinal de Brendan pretendia desistir de proteger sua amada.Ele simplesmente segurou Deirdre firmemente contra seu peito. Mas, sua ação foi como jogar lenha na fogueira e os jornalistas e manifestantes se revoltaram.― Que merda é essa!? Brighthall está protegendo uma criminosa, em público!?