― Na verdade, não houve uma briga. Eu estava prestes a me mudar para a Germia e tinha decidido nunca mais voltar, então aproveitei a oportunidade para contar a ele antecipadamente. Na ocasião, disse a ele que era melhor que nunca mais nos falássemos e foi isso. ―― Então, por que você voltou? Por que você apareceu quando Brendan mais precisava de você? ―― Querida? ― Declan ficou perplexo com o tom acusatório de Deirdre e franzindo a testa, explicou: ― Voltei por dois motivos. Primeiro, eu queria ver o túmulo de minha mãe. Dois, mudei de ideia sobre nunca mais voltar. ―Ele exalou uma respiração.― A morte de minha mãe está ligada a Cillian e minha madrasta. Eu era muito jovem para protegê-la... não consegui salvá-la deles. Mas agora, estou mais velho e tenho mais meios. Voltei porque queria começar meu império de negócios aqui e... vingar minha mãe. ―Deirdre congelou. Ela não tinha percebido que a inimizade entre Declan e Cillian era tão profunda.― Me desculpe, eu não... ――
Os três começaram a comer. Declan era sempre o iniciador da conversa enquanto Deirdre dava suas opiniões, mas Glenna ficava em silêncio o tempo todo. Ela estava suspeitamente concentrada em seu peixe com batatas fritas, exceto pelos momentos estranhos em que examinava Declan pelo canto dos olhos.Então, antes que o próprio homem percebesse, ela abaixava a cabeça instantaneamente. Aconteceu tantas vezes que o homem finalmente descobriu. Abaixando os talheres, Declan perguntou:― O que há de errado, Glenna? Você continua olhando para mim. Alguma coisa no meu rosto? ―Glenna quase se engasgou com a cerveja. Sem qualquer desculpa, ela respondeu:― Não é a sua cara! É, uh, seu... cabelo? É, uh, interessante... ―― Interessante? ― Declan pensou por um momento. Aquela era a primeira vez que alguém comentava algo assim sobre ele. ― Como? ―Glenna agarrou a borda de sua camisa com força, antes de finalmente chegar a uma resposta.― Isso faz você parecer, uh, retrô... ―O sorriso de Decl
― Dee... ― A boca de Glenna ficou aberta em confusão. Ela nunca esperou que alguém tão gentil e graciosa fosse tão capaz de ser tomada por raiva e ódio.Os olhos de Deirdre estavam vermelhos e injetados de sangue, mas ela se controlou o máximo possível.― Desculpe, isso foi repentino e indelicado, mas não me arrependo pelo que quis dizer. Se Brendan vive ou morre, não tem nada a ver comigo! Nada! Eu não vou e nunca vou vê-lo! ―Declan fez uma careta. Mas, antes que Deirdre voltasse a subir os degraus, disse:― Eu entendo sua raiva contra Brendan, mas por que... você disse que ele te abandonou nas mãos de Cillian? ―― Como assim? Ele não fez isso? ― Deirdre riu zombeteiramente. ― Naquele dia do sequestro, Cillian ligou para ele e disse para que fosse me buscar. Você sabe o que ele fez? Voltou para Neve! A única razão pela qual estou viva é que revirei minha cabeça para encontrar algo que me ajudasse a sobreviver! Ele não se importou se eu viveria, então por que eu deveria me import
A mente de Deirdre foi tomada de pensamentos confusos e incoerentes.― Você sabe o que aconteceu depois disso, certo? Como Cillian teve a chance de capturar Brendan e de como aproveitou o momento. Era por isso que todos tentavam impedi-lo de ir sozinho, mas ele era obstinadamente persistente e estava tão apavorado com a perspectiva de você se machucar porque ele tinha se atrasado, um segundo que fosse. ―― Não, como isso pode... ― Deirdre fechou os olhos, tremendo. Uma miríade de emoções caiu sobre ela e, em seu núcleo, ansiedade.Ela se lembrou do que ele disse quando estava na casa de Cillian. ‘Então, é isso que você pensa que eu sou? Um homem egoísta e cruel que abandonaria você no momento em que houvesse perigo?’Ela se lembrou do que ele havia dito enquanto sua vida estava por um fio quando se levantou da cama. ‘Sinto muito pelo sequestro. Eu deveria saber melhor. Eu deveria ter feito mais. Sinceramente, não sei como Cillian sabia onde você estava escondida e, por isso, peço d
Ao contrário de Brendan, Deirdre tinha coração. Ela também tinha alma, e nenhuma das duas coisas era sombria. Teria sido mais estranho se ela não tivesse tido respostas emocionais depois de ouvir a verdade.― Amanhã. ― Ela soltou um suspiro longo e pesado. ― Mas, por favor, vá comigo. ―― Sem problemas! ― Glenna jogou os braços ao redor de Deirdre e respondeu solenemente. ― Agora vá dormir e durma bem. Eu dirijo amanhã! ―― Combinado, dorme bem você também. ―O que Deirdre não esperava era que Brendan ligasse para ela, na manhã seguinte, antes mesmo que ela estivesse a caminho do hospital.― Sou eu, Brendan. ―Ela ficou atordoada por alguns segundos, antes de responder.― Sim, eu sei. ―A fraqueza em sua voz era impossível de ser disfarçada. Ele tossiu e se engasgou.― Por favor, venha para o hospital. Pretendo voltar para Neve, o quanto antes. ―― Oh. ―Houve uma pausa. Então, o homem disse:― Mas, venha comigo. Vamos nos divorciar. ―Antes que a jovem pianista respondess
― Não, nós queríamos isso, já faz muito tempo. Mas, outras coisas ficaram entrando no caminho ― Deirdre respondeu categoricamente. A única coisa que realmente a incomodava era que ela havia entendido mal Brendan, mas seus sentimentos por ele não tinham mudado nem um pouco. ― Não gostamos um do outro. ―― Sério? Tá bom, então... ― Glenna estava perplexa, mas respeitou a resposta da amiga, afinal, não conhecia a história. ― Então... você vai embora com Brendan mais tarde? ―― Sim, mas voltarei em breve. ―― Nesse caso, vamos. Vou te acompanhar até o quarto. ―Antes que ela pudesse fazer o que disse que faria, Brendan apareceu, vestindo um terno completo. Seu rosto estava pálido e doentio e estava claro o quão doente ele havia ficado. Ele continuava tossindo e seus olhos estavam vermelhos. Mas, quando viu Deirdre, seus olhos se arregalaram um pouco. Então, um olhar de tristeza sombreou seu rosto.― Hora de ir, Sam ― ele ordenou ao segurança ao lado dele e ignorou Deirdre completament
Deirdre de repente entendeu. Silenciosamente entrou no carro e colocou o cinto de segurança. Enquanto o carro estava em movimento, Brendan tossia continuamente. Às vezes, era tão intenso que ele parecia estar tossindo até os pulmões.Mesmo Sam não aguentou e sugeriu:― Senhor Brighthall, podemos pegar algum remédio na farmácia? ―― Apenas dirija. ― Brendan deu a resposta mais indiferente. ― Não perca tempo. Temos que voltar o mais rápido possível. ―Sam não teve escolha a não ser acelerar.No momento em que chegaram ao aeroporto era hora do embarque. Sam deu a Deirdre uma passagem aérea e disse:― Fale com os comissários de bordo para que eles a levem à sua cabine de primeira classe. ―Ela ficaria sozinha? O que Sam queria dizer com aquilo? Deirdre se assustou.― E vocês dois? Vocês não vão no mesmo avião? ―― Claro que vamos. ― Sam hesitou, antes de acrescentar: ― É só que a primeira classe tinha apenas um assento disponível e o senhor Brighthall e eu estamos na classe exec
Quando o carro estacionou na entrada da mansão, os sentimentos de Deirdre eram tão intensos que ela achou que não suportaria mais. Felizmente, não precisou entrar, pois, depois de desafivelar o cinto de segurança, Sam perguntou:― Senhor Brighthall, posso saber onde estão os documentos? ―― Não precisa, eu vou buscar ― disse Brendan.― Não. Eu irei. Está frio lá fora. Além disso, serei mais rápido. ― Sam tentou parar Brendan.Depois de uma pausa repentina, Brendan disse:― A certidão de casamento está embaixo do travesseiro, no meu quarto. ―'Debaixo do travesseiro?' Deirdre ficou perplexa, mas rapidamente recuperou os sentidos, apesar de continuar sentindo o peito entorpecido em pensar que Brendan realmente manteve a certidão de casamento debaixo do travesseiro.‘Mas... por quê?’ Deirdre estava muito confusa.Quando eles se registraram, Deirdre embrulhou cuidadosamente sua certidão de casamento com um envelope e guardou em uma pasta, enquanto Brendan simplesmente jogou a dele