Madame Brighthall soltou um sorriso autodepreciativo quando viu Kyran:― Você é meu filho, mas vê-lo é ainda mais difícil do que escalar até o próprio céu. Faz quanto tempo, desde a última vez que te vi? Você não teria vindo me ver se eu não tivesse sofrido um acidente, não é verdade? Você me odeia tanto assim? ―A voz da mãe estava cheia de tristeza e decepção. Ela passou por muita coisa desde que mandou Deirdre embora. Sua família se desfez e nenhum deles se importava mais um com o outro.O rosto de Kyran estava sem emoção quando disse:― Você está procurando pelo em ovo. Estou apenas ocupado. ―― Ocupado? Você está me dizendo que está tão ocupado que nem pode entrar em casa e me ver, embora esteja a apenas alguns quarteirões de distância? ―Kyran ficou em silêncio.Madame Brighthall suspirou e disse, culpando a si mesma:― Eu pensei que estava fazendo um favor ao mandar Deirdre embora. Achei que estava ajudando você a manter a família que tanto batalhou para conquistar, mas
― Eu vou fazer isso ― respondeu Kyran, a expressão em seu rosto se tornando gentil. De repente, ele pensou em algo, e uma luz brilhou em seus olhos. ― Também penso da mesma forma. Encontrarei uma oportunidade e falarei com ela pessoalmente.-Depois que Deirdre desligou a ligação, ela enterrou a cabeça no travesseiro e levou um bom tempo até finalmente se acalmar. A jovem se sentiu um pouco triste e pensou como seria bom se pudesse ir para Germia para se encontrar com Kyran. Só que estava em uma posição delicada. Era a esposa de outro homem, então não conseguiria enfrentar os pais de Kyran.O que mais queria era terminar o casamento com Brendan o mais rápido possível. Entretanto, não podia deixar Declan saber o que ela ia fazer. Por isso, só saiu de seu quarto com um sobretudo, depois que Declan partiu de carro, na tarde seguinte.Ela fez sinal para um táxi e disse:― Quero ir para a delegacia da Avenida Verm, por favor. ―Enquanto isso, um visitante inesperado chegou à delegacia
― Tenho ciúmes dela, mas Bren... ciúme não é uma coisa normal? Eu simplesmente te amo demais. Quando nossas emoções nos cegam, tendemos a fazer muitas coisas estúpidas! Além disso, eu já sei que fiz algo errado! ―Brendan levantou a cabeça e seus olhos estavam cheios de decepção. Ele não conseguia mais relacionar o rosto daquela mulher chorando na frente dele com a mulher que um dia tinha salvado sua vida.Ela ainda estava se defendendo, sem saber que seus outros erros tinham sido descobertos.― Só porque você está com ciúmes dela, você contratou alguém para sequestrá-la? Então, isso significa que você pode simplesmente matar alguém e dar de ombros como se nada acontecesse quando você estiver com ciúmes? ―Charlene foi pega de surpresa pela dureza das palavras:― Eu não a matei! Ela ainda está viva! Eu não a matei! ―Brendan colocou a mão nas têmporas e disse:― Charlene, você acha que não sei o que você fez? ― Sua voz estava carregada de raiva e seus olhos cheios de lágrimas. E
― Por que não posso fazer isso com você? Só estou deixando você provar do seu próprio remédio. ―Charlene ficou completamente embasbacada. Seu coração estava tomado pelo medo enquanto ela gritava alto, esperando que Brendan pudesse perdoá-la:― Como você pode comparar nosso relacionamento com o dela? Estamos juntos há anos e ela não é ninguém! Você esqueceu o tempo que passamos juntos? Só cometi um pequeno erro, mas Deirdre está segura. Por que você não pode simplesmente me perdoar? ―― Um pequeno erro? ― Brendan franziu a testa profundamente.Charlene se jogou na frente de Brendan e continuou:― Sinto muito, Brendan. Eu simplesmente te amo demais e deixei meu ciúme tirar o melhor de mim. Foi por isso que enlouqueci. Vou pedir desculpas a ela e recompensá-la! Então, por favor, Brendan, por favor, não desista de mim. ―Brendan olhou para a mulher com uma frieza cruel no olhar e se afastou, quando Charlene estava prestes a tocá-lo.Lágrimas escorriam pelo rosto da mulher.Brendan
‘Não tem como ele ser Kyran. Kyran ainda está em Germia. Levaria quase um dia de voo para uma viagem de ida e volta sozinho, então não há como ele estar na delegacia.' A jovem pensou, enquanto aguardava uma resposta. No entanto, se a figura à sua frente não era Kyran, por que ele se sentiria tão familiar? Era como se ela conhecesse a pessoa há muito tempo...As pontas dos dedos de Deirdre tremeram quando ela perguntou, insegura:― Kyran. É você? ―O rosto de Brendan estava sem sangue quando ela parou em frente a ela. Ele não esperava que Deirdre aparecesse na delegacia, nem que eles se encontrassem e, por um momento, incontáveis pensamentos passaram por sua cabeça. Ele iria admitir que era Kyran? Ou ele deveria apenas dizer que ela o confundiu com a pessoa errada e ir embora?Naquele momento, Charlene se libertou de seu confinamento e saiu correndo da sala. Enquanto corria em direção a Brendan, ela gritou em desespero:― Bren! Querido! Por favor, me dê outra chance! Por favor! Eu
Brendan olhou para Deirdre com um olhar duro. Seu olhar parecia feito de lâminas afiadas que cortavam sua pele. Depois de um tempo, ele disse:― Sem chance, Deirdre. Eu sou o único que pode terminar esse relacionamento. ―Depois que ele terminou de falar, agarrou o pulso de Deirdre e a jogou no carro, trancando a porta, no processo.Deirdre tremia de medo, enquanto lutava para abrir a porta. Mesmo que ela não pudesse ver, suas narinas estavam cheias do cheiro do corpo de Brendan e isso causou um arrepio na espinha. Ela não conseguiu abrir a porta, então se encolheu em uma posição defensiva, olhando fixamente para o monstro.— O que você quer de mim, Brendan? Sua voz tremia de medo, apesar de seu esforço para se forçar a se acalmar. ―Brendan teve vontade de envolvê-la em seus braços, mas sabia que não poderia fazer aquilo. Ele interpretava Brendan, não Kyran e tinha que fazer parecer uma pessoa má. Era a única maneira de se separar da persona chamada Kyran. Dessa forma, ele não ca
No entanto, tudo aquilo era, de fato, culpa de Brendan e ele estava além da redenção. Não havia nada que pudesse fazer para que ela o perdoasse.― Retire o que disse, Deirdre ― ordenou Brendan, com a voz fria e a respiração áspera.Deirdre foi sarcástica e disse:― Você causou isso para si mesmo e agora não pode aceitar o que fez? ―― Se você não consegue nem aceitar as más ações que cometeu, o que o faz pensar que posso perdoá-lo? Brendan, você... ―O coração do homem era, cada vez mais, trucidado, enquanto ouvia as duras acusações mas, antes que ela pudesse terminar a última frase, Brendan abaixou a cabeça e pressionou os lábios contra os dela, sua emoção crescendo.Era como se ele estivesse tentando impedi-la de dizer algo que ele não podia aceitar.Os olhos de Deirdre se arregalaram em descrença. Os lábios macios do homem fizeram sua mente ficar em branco. Depois disso, uma onda interminável de raiva, vergonha e nojo a dominou.Impulsionada por sua raiva, ela deu um tapa no
A primeira coisa que Deirdre fez ao voltar para o quarto foi ir ao banheiro e lavar o rosto, enquanto se recuperava do choque de ter reencontrado Brendan. Então, enquanto jogava água fria em sua pele, aos poucos, começava a se recompor. Entretanto, o peso em seu peito ainda a impedia de respirar.A jovem ficou muito grata pela chegada oportuna de Declan, que a salvou das mãos do monstro. Caso contrário, temia que pudesse não ter conseguido fugir dele.No fim, pegou o telefone. Afinal, tudo o que queria era ouvir a voz de Kyran.Assim que Declan deixou Deirdre na a mansão, saiu mais uma vez, pois um carro preto estava esperando do lado de fora. O homem se aproximou do veículo, abriu a porta e sentou no banco do passageiro. Brendan fumava um terceiro cigarro e parecia abatido. Depois de dar a última tragada e jogar a bituca pela janela, perguntou:― Deirdre está bem? ―― Tem certeza de que quer saber a verdade? ― respondeu Declan, sorrindo amargamente. ― Como existe alguma possibili