A situação de Deirdre era crítica. A equipe de emergência levou horas de esforço extenuante para operá-la. Todos trabalhavam com a respiração suspensa e ninguém ousava relaxar. Quando finalmente acabou, eles deram um suspiro coletivo de alívio. Apesar dos médicos recomendarem que ela ficasse no hospital, Brendan usou dos recursos e de sua influência para conseguir que fosse liberada e levada para a mansão, onde ficaria de quarentena e em um verdadeiro cativeiro. Até mesmo o privilégio de transitar livremente tinha sido tomado da jovem. O próprio Brendan parecia ter desaparecido de sua vida e nas poucas vezes em que perguntou a um dos seguranças onde ele estava, tudo o que recebeu foi uma resposta desdenhosa, como:― Não faço ideia. ― Entretanto, alguns dias depois, quando descia as escadas, a jovem ouviu os brutamontes conversando entre si:― Sem brincadeira? Essa merda ainda é incompreensível para mim, sabia? Por que o Senhor Brighthall está mantendo a Senhorita Rosto de Amola
Deirdre estava prestes a desmoronar. A jovem respirava fundo, hiperventilando, então empurrou o médico para longe, mas sendo cega, tropeçou na perna da mesa e caiu para a frente. Sua bandagem ficou em um tom profundo de vermelho e o médico correu para ela, alarmado, mas Deirdre se levantou e se lançou novamente na direção da porta, com a dor esquecida. O segurança percebeu que algo estava errado e, em passos rápidos, a alcançou e a imobilizou, gritando: ― O que foi agora?! ― Deirdre gritou:― Deixe-me ir! Eu quero sair! ― ― Sem chance! ― Veio a resposta trovejante. O segurança nem franziu a testa, nem viu necessidade de ser mais gentil ― Senhor Brighthall te proibiu explicitamente de sair de casa, as ordens foram claras! ― Sua força contra Deirdre fez com que a ferida no pescoço se abrisse e sangue escorreu em profusão, fazendo o médico entrar em pânico. ― Isso não é nada bom! Prenda-a e não a deixe se mover mais! Se isso continuar, ela vai ter que voltar para a me
Brendan teve uma dor de cabeça abrupta. Ele não conseguia entender por que Deirdre causaria tanto sofrimento para si mesma. Ele então caminhou até a jovem, segurou seu pulso e exigiu:― Venha comigo, vamos comer alguma coisa! ― O cheiro familiar de seu antigo marido fez Deirdre sentir nojo e ela resmungou:― Não me toque! ― Mordendo o lábio, Deirdre lutou para afastar a mão. No entanto, como ela estava morrendo de fome e muito fraca. Sem muito esforço, Brendan puxou Deirdre para seu abraço, agarrando o queixo e erguendo a cabeça da jovem:― Que diabos está fazendo? Você acha que pode fazer o que quiser, porque conseguiu me ameaçar no outro dia? ― Deirdre sentiu uma dor aguda no queixo e, tentando se desvencilhar do aperto ela disse:― Você prometeu que não incomodaria Sterry! Você fez uma promessa! Então, por que ele tá sendo exposto daquela forma? ― Brendan ficou surpreso, por um momento, antes de berrar com raiva:― Então você passou fome e acabou com as minhas férias
Brendan franziu a testa:― Vou pegar uma tigela de mingau, para você. ― Brendan saiu imediatamente, desceu correndo a escada, encheu uma tigela de mingau e voltou a subir. Mas, ao abrir a porta, não viu Deirdre na cama. Preocupado, o homem correu os olhos pelo quarto até encontrar a jovem na sacada. Ele não sabia como Deirdre tinha conseguido chegar à janela da varanda, mas ficou chocado ao ver que ela havia aberto e estava completamente desprotegida. ― O que você está fazendo?! Volte aqui! ― O vento soprava nos ouvidos de Deirdre e ela tinha uma expressão vazia no rosto. Mas, não sentia mais dor, nem medo e tudo o que queria era se libertar o mais rápido possível. ― Brendan, não perturbe Sterry novamente. Ele é um dos poucos que me tratou bem. Querer ser sua esposa e fazer você me amar foi uma ilusão da minha parte, e sei que te deixei enojado. Sinto muito ― disse Deirdre, desculpando-se. Ela então fechou os olhos com determinação ― eu estou te dando minha vida. ― ―
Charlene ainda estava em uma cadeira de rodas e seus olhos ficaram vermelhos quando ela percebeu a injustiça a que seria submetida.― Brendan, você quer que eu doe meu sangue para aquela mulher? Você sabe que ainda não me recuperei... ― ― Quando ela estava grávida, doou sangue para você, não foi? ― Brendan impediu Charlene de fazer objeções ― Ela não deve morrer! Vou dizer à enfermeira para ter cuidado ao tirar seu sangue, para que não afete sua recuperação. ― A observação de Brendan foi, na verdade, um ultimato. Charlene parecia triste e arranhou a capa de couro da cadeira de rodas com as unhas, com tanta força que quase rasgou o tecido. Mas, no fim, ela forçou um sorriso e disse:― Bem, é uma vida humana, afinal. Contanto que ela sobreviva, não importa que eu morra, pode tirar todo o sangue necessário... ― Assim que ela terminou sua frase, a enfermeira apareceu, esbaforida:― O doador de sangue está aqui? E quem é o parente mais próximo da paciente? Preciso de uma assinatu
Depois de se recuperar do golpe, Steven permaneceu em silêncio e ajoelhou-se no chão. Então, Brendan mostrou a ele o relatório médico em seu telefone, com uma expressão intimidadora e apática:― Veja isso e me explique. ― Steven imaginava que, um dia, aquilo poderia acontecer, então já tinha uma explicação preparada. Ainda de joelhos, disse:― Sinto muito, senhor. Eu queria te contar na hora, mas te conheço muito bem. Se você tivesse descoberto que a Senhorita McQuenny tinha perdido a visão na prisão, você definitivamente teria feito tudo o que pudesse para tirá-la de lá. No entanto, como estávamos sob o olhar atento do público, suas ações certamente teriam causado um impacto negativo não intencional no Grupo Brighthall. Portanto tomei a liberdade de não lhe contar. Sinto muito! ― ― Você realmente tomou uma grande de uma liberdade! ― Brendan gargalhou, pois tinha chegado ao ponto extremo de sua raiva. Então, ele olhou para Steven com seu olhar mais gelado ― Parece que fui muito
Brendan estava disposto a ser um pilar em quem Deirdre sempre pudesse confiar. Ele desejava que Deirdre vivesse uma vida livre de preocupações até seu último suspiro. Mas, parecia que o desejo de Brendan nunca seria realizado, pois a jovem estava prestes a desaparecer do mundo. Isso o fez sentir tanta dor que o impedia de respirar. O médico simpatizou com os sentimentos de Brendan, e disse:― Também estamos desamparados. Seus pulmões foram perfurados e a lesão que ela sofreu é realmente grave. Além do mais, a paciente não tem nenhum desejo de viver. A menos que... ― Os olhos de Brendan brilharam, quando soube que havia uma pequena chance de salvar Deirdre:― A menos que, o quê? ― ― A menos que um renomado médico, o Doutor Killton esteja disposto a vir. Infelizmente, ele não mora mais em Neve e, mesmo que estivesse, já parou de fazer cirurgias, há algum tempo. ― Não foi uma resposta útil. Brendan cerrou os punhos e perguntou friamente:― Esse Doutor Killton não ensinou nin
― Não seja louco. Seu corpo está tão fraco agora que só ficarei em paz se eu a levar comigo! ― Sterling falou, com os dentes cerrados, e deu uma olhada em Charlene ― Você já tem uma nova esposa, certo? Você deveria deixar sua ex-mulher em paz, agora que a arruinou de tantas maneiras! ― O olhar de Brendan ficou gelado abruptamente quando ele ouviu esse comentário:― Quem você vai levar com você, Sterling? Deirdre é minha! Ela é minha por toda a vida e será enterrada no cemitério da minha família, quando morrer. Nem pense em se exibir, só porque você a salvou! ― Ao dizer isso, Brendan lançou um olhar para seu segurança, antes de se virar para ir ao centro de terapia intensiva, onde Deirdre tinha sido levada. ― Bren... ― Charlene manobrou a cadeira de rodas e partiu atrás dele. Ela tinha ouvido toda a conversa. Seu rosto estava pálido e ela disse, em um tom lamurioso ― Como a condição de Deirdre já foi estabilizada, você pode me levar para casa? As pessoas que me trouxeram aqui já