Steven não podia concordar e nem discordar, por ser apenas um funcionário. Por isso, buscou uma resposta neutra e disse em tom obediente:― Oh, sim, você e a Senhora McKinney são família. ― A Madame Brighthall assentiu e então olhou para a mulher ao lado de Steven, com uma leve curiosidade:― Quem é essa? ― Deirdre abaixou a cabeça ao ouvir a pergunta. Os pensamentos em sua cabeça ficaram confusos. Ela não esperava encontrar a Madame Brighthall e isso foi acontecer, justamente, na pior das circunstâncias. Depois de abaixar a cabeça, ela lembrou que seu rosto estava desfigurado, então a mulher não a reconheceria. ― Esta é uma amiga da Senhora McKinney. Ela é deficiente visual e o Senhor Brendan me instruiu a levá-la para casa. ― Oh... ela não pode ver? ― Madame Brighthall parecia compreensiva. Ela estava sem palavras, afinal, tinha certeza de que a jovem lhe era familiar. Então, com cortesia sincera, estendeu a mão e segurou os dedos da jovem cega: ― Minha querida, por q
Quaisquer outras emoções que Brendan sentia, ao sair da reunião, foram imediatamente substituídas por uma impaciência que nem ele mesmo poderia explicar, por isso, respondeu com grosseria:― Meu Deus do céu! Estou indo para casa. Amanhã eu a vejo. ― Aquilo pegou Steven de surpresa, mas mesmo assim, ele assentiu:― Devo levá-lo para casa, então? ― ― Não. Me dê as chaves. Eu vou dirigir. ― Brendan desamassou o terno, arrumou a gravata e se dirigiu para a garagem, caminhando em passos largos. Alguns minutos depois, seu carro disparou pelas avenidas de Neve, rasgando o ar como uma bala de fuzil. Quando chegou à mansão, examinou a sala de estar escura e um ressentimento passou por seus olhos. Ele achou que as luzes estariam acesas. Mas, a mansão estava em completa escuridão. Não tinha ninguém ali.Então, o homem se controlou. Deirdre era cega. Se uma sala estava iluminada ou não, não importava. Então, ele teve certeza de que a jovem estaria reclinada no sofá, como costumava fa
― Se esta é a sua vingança contra mim por sido teimosa e desejado continuar com a gravidez, então a morte dele não deveria ter agradado você o suficiente?! Fiquei um ano presa! Tive o rosto desfigurado e fiquei cega! Perdi tudo que já tive! Tudo! Meu Deus, Brendan! O que falta para você ficar satisfeito!? Para me deixar ir!? ―A jovem engasgou com as lágrimas, mas respirou fundo e concluiu, dessa vez, não estava mais gritando, mas com uma voz carregada de dor e arrependimento: ― Eu me arrependi de um dia ter assumido o... o manto tóxico de ser a falsa Senhora Brighthall... Não quero mais isso... Deixe-me ir, estou te implorando... Não quero mais isso. Não quero mais ter mais nenhum vínculo com você... ― A jovem desmaiou. Brendan soltou os braços moles, que não lutavam mais. Seu peito estava cheio de dor, uma dor tão grande que ele não conseguia conter. Uma força invisível pressionava seus pulmões, negando-lhe qualquer chance de respirar. O que estava acontecendo? Ele sempre se
Deirdre não teve chance de reagir. Uma força bruta, surgida do nada, prendeu-se ao redor de seu pulso, esmagando-o com tanta força que ela se perguntou se trituraria seus ossos. O terror drenou a cor de seu rosto, com a realização de que Brendan os havia encontrado.O homem olhou para ela:― Nada mal, Deirdre! Você realmente aperfeiçoou a arte da prostituição. Da última vez que verifiquei, você estava deitada na minha cama. Mas, de repente, aqui está você, abrindo as pernas ansiosamente e implorando pela companhia de outro homem! Muito bem! Muito bem! Vocês dois teriam fugido se eu demorasse mais dois segundos para aparecer... Que ó...! ― Sterling mal deu a Brendan tempo suficiente para terminar a frase antes de dar um soco furioso em seu nariz, enquanto gritava:― Vai se foder, Brighthall! Caramba! Como você é capaz de falar tanta merda? Qual seu problema? Como você ousa humilhá-la assim?! ― A força bruta e a precisão do golpe resultaram em um fio de sangue que escorria de u
Depois de distribuir as ordens sobre Deirdre, Brendan virou-se para Sterling:― Quanto a esse idiota aqui, tenho alguns negócios inacabados ― ele rosnou ― estou ansioso para ver se consigo vencer o desejo de um homem pela mulher de outro homem! ― O coração de Deirdre falhou uma batida e o pânico a possuiu. A jovem se desvencilhou dos seguranças e agarrou o braço de Brendan:― Não! O que você está planejando fazer, Brendan?! Isso é entre nós dois! Você pode gritar e me dar socos, mas por favor… não arraste um terceiro para isso! ― Seu instinto de defender Sterling fez os olhos de Brendan ficarem mais frios:― 'Terceiro'? ― Ele repetiu zombeteiramente ― Acho que nenhuma mulher ficaria feliz em fugir com um ‘terceiro', não é? De repente, o homem que você chama quando está inconsciente se tornou um ‘terceiro’, sem nome. Meu Deus, Deirdre, você é mesmo uma vadia insensível! Você poderia matar Sterling sem pestanejar, quando cansar dele, não é isso? Você não tem coração? ― Os olho
Entretanto, por trás da zombaria dos seguranças, havia uma acusação velada: Tudo que acontecesse com Sterling seria responsabilidade de Deirdre por tê-lo envolvido.‘Como esses homens podiam ser tão cruéis? Ela era tão humana quanto eles. Ela não era um brinquedo sem emoção! Por que ela deveria obedecer a todos os caprichos de Brendan? Porque ela teve a infelicidade de se tornar o objeto de obsessão de um monstro? Porque ela merecia ser punida por um dia ter aceitado se casar em uma relação temporária, e se tornando a Senhora Brighthall?’ A dor de Deirdre a consumia por dentro. Ela parecia ter esgotado todo seu estoque de lágrimas e agora tudo o que restava em seus olhos era um vazio sem fundo, ameaçando engolir, até mesmo, seu senso de identidade. Então, ela se lembrou. Sterling estava prestes a ser espancado por um homem extremamente violento. Com os dedos trêmulos, ela pensou em uma das manias de Brendan e tateou até o fundo do banco do motorista. Então, puxou uma faca e pres
A situação de Deirdre era crítica. A equipe de emergência levou horas de esforço extenuante para operá-la. Todos trabalhavam com a respiração suspensa e ninguém ousava relaxar. Quando finalmente acabou, eles deram um suspiro coletivo de alívio. Apesar dos médicos recomendarem que ela ficasse no hospital, Brendan usou dos recursos e de sua influência para conseguir que fosse liberada e levada para a mansão, onde ficaria de quarentena e em um verdadeiro cativeiro. Até mesmo o privilégio de transitar livremente tinha sido tomado da jovem. O próprio Brendan parecia ter desaparecido de sua vida e nas poucas vezes em que perguntou a um dos seguranças onde ele estava, tudo o que recebeu foi uma resposta desdenhosa, como:― Não faço ideia. ― Entretanto, alguns dias depois, quando descia as escadas, a jovem ouviu os brutamontes conversando entre si:― Sem brincadeira? Essa merda ainda é incompreensível para mim, sabia? Por que o Senhor Brighthall está mantendo a Senhorita Rosto de Amola
Deirdre estava prestes a desmoronar. A jovem respirava fundo, hiperventilando, então empurrou o médico para longe, mas sendo cega, tropeçou na perna da mesa e caiu para a frente. Sua bandagem ficou em um tom profundo de vermelho e o médico correu para ela, alarmado, mas Deirdre se levantou e se lançou novamente na direção da porta, com a dor esquecida. O segurança percebeu que algo estava errado e, em passos rápidos, a alcançou e a imobilizou, gritando: ― O que foi agora?! ― Deirdre gritou:― Deixe-me ir! Eu quero sair! ― ― Sem chance! ― Veio a resposta trovejante. O segurança nem franziu a testa, nem viu necessidade de ser mais gentil ― Senhor Brighthall te proibiu explicitamente de sair de casa, as ordens foram claras! ― Sua força contra Deirdre fez com que a ferida no pescoço se abrisse e sangue escorreu em profusão, fazendo o médico entrar em pânico. ― Isso não é nada bom! Prenda-a e não a deixe se mover mais! Se isso continuar, ela vai ter que voltar para a me